Após inaugurar, em março, sua maior planta de abate de suínos em Assis Chateaubriand (PR) e elevar em 80% a capacidade produtiva deste ano, a Frimesa investe no mercado paulista. Tem promovido eventos com potenciais clientes e no primeiro semestre de 2024 deve inaugurar seu quarto centro de distribuição em São Paulo, na cidade de Campinas.
Com cerca de 12 mil pontos de venda hoje no Estado, entre varejo, atacado e padarias, a cooperativa quer chegar a 20 mil até julho de 2024. No País, serão 60 mil, ante 48 mil atualmente. A contribuição do consumidor paulista ao faturamento, de 15% das vendas internas, deve ir a 25% pelo menos, diz Elias Zydek, presidente executivo. “Nosso maior esforço de vendas está em São Paulo”, afirma.
Peso das exportações vai aumentar
As vendas internas representam 75% do faturamento da Frimesa e as exportações, 25%, mas Zydek espera ver essa fatia chegar perto de 28% em 2024 e 30% em 2025, com a abertura dos mercados sul-coreano, chileno, mexicano e filipino à carne suína paranaense.
Preço da carne limita avanço da receita
A Frimesa deve fechar 2023 com faturamento próximo de R$ 6,8 bilhões, 23% acima de 2022, e abaixo da expectativa inicial, de R$ 7,1 bilhões. A explicação está na queda dos preços internacionais da carne suína em reação à menor demanda chinesa, no fraco consumo interno, no aumento de custos domésticos e no dólar desvalorizado
Pé no freio. A Case IH, fabricante de máquinas agrícolas do grupo CNH Industrial, vê o mercado nacional mais contido este ano. Espera vendas estáveis ou até 5% menores, após o recorde do ano passado. “Produtor vendia soja por preços que variavam de R$ 160 a R$ 200 a saca. Agora, gira em torno de R$ 130 a saca”, explica Eduardo Penha, diretor de Marketing e Comunicação da Case IH para a América Latina. Segundo ele, os custos de produção caíram, mas não na mesma proporção e, para o produtor, “a conta não fecha”.
No horizonte. No médio prazo, a tendência de queda da taxa básica de juros, a Selic, pode contribuir para a renovação da frota agrícola, geralmente financiada para sete a dez anos. Mas o executivo acredita que o possível efeito dos juros no aumento das vendas não deve ser visto no próximo ano. “A Selic ainda está elevada. Entendemos que a movimentação para baixo vai levar um certo tempo, a menos que a queda seja mais rápida”, observa Penha.
De volta ao jogo. A agtech Agrotools desenvolveu uma ferramenta, a Plataforma Reconecta, que tem facilitado a recuperação de áreas desmatadas ilegalmente em Mato Grosso. A solução, usada no Programa de Reinserção e Monitoramento (PREM) de áreas criado pelo Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), incorpora tecnologias que permitem que a vistoria de terras antes desmatadas e agora em recuperação seja feita pelo próprio pecuarista ou produtor, e não mais um terceiro, o que encarecia o processo. Vários frigoríficos, incluindo a JBS, já usam a ferramenta.
Potencial. Breno Felix, diretor de produtos da Agrotools, lembra que a agtech há 15 anos fornece soluções de monitoramento do desmatamento a bancos, tradings e frigoríficos, mas faltava uma tecnologia que ajudasse a reinserir produtores no mercado formal. Quem participa do PREM paga a multa, recebe autorização temporária de compra do frigorífico e é monitorado regularmente com a ferramenta. 30 pecuaristas de Mato Grosso já aderiram ao PREM e usam a tecnologia e outros 700 estão em análise. A Agrotools quer chegar perto de mil em um ano.
Mais segurança. A Tereos adotou na sua frota de caminhões que transportam açúcar e etanol uma tecnologia que detecta fadiga e distração dos motoristas por meio de inteligência artificial. Com o sistema, as ocorrências de alta gravidade caíram 40% e o tombamento de veículos diminuiu 21%, segundo a empresa. O aporte no programa foi de R$ 1,1 milhão.
Giro. Representantes da indústria do biodiesel veem uma sinalização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a antecipação do cronograma do teor mínimo de adição do óleo vegetal ao diesel. Nesta semana, Lula disse que o porcentual pode ser aumentado dos atuais 12% para 13% ou para 14%. Industriais pedem que chegue em 14% ainda este ano e 15% em março de 2024.
Vem aí. Com o início do plantio da safra brasileira 2023/24, o mercado aguarda a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a oferta e a demanda, que sai na terça-feira (19). Consultorias privadas trabalham com a ideia de estabilidade e até queda da área plantada em virtude dos preços mais baixos das commodities. /Clarice Couto e Isadora Duarte.