A cooperativa Frísia, de Carambeí (PR), espera faturamento próximo de R$ 7 bilhões neste ano. A cifra alcançada em 2022 caiu 10% no ano passado em virtude dos preços mais baixos dos grãos. “Os preços da commodities vão ditar o faturamento no Paraná e a expectativa é de que as cotações da soja e do milho reajam”, afirma Mário Dykstra, superintendente da Frísia.
A aposta está na produção estável nos Campos Gerais nesta safra, que deve resultar na entrega de cerca de 1 milhão de toneladas de grãos pelos cooperados. O incremento da receita virá ainda da queijaria instalada em Ponta Grossa (PR) com as cooperativas Castrolanda e Capal, projeto de R$ 460 milhões. Prevista para operar em julho, a unidade terá capacidade de processar 600 mil litros de leite por dia.
Investimento em armazenagem e sementes
A cooperativa vem reforçando sua capacidade de armazenagem, hoje de 562,5 mil toneladas. Neste ano, concluirá investimento de R$ 140 milhões para modernizar e ampliar os silos. As unidades de beneficiamento de sementes também recebem aportes para alcançar 1 milhão de sacas produzidas até 2025. Outros R$ 40 milhões serão aplicados na fábrica de ração em Carambeí.
Operação no Norte ajuda na receita
A Frísia pretende expandir a operação com grãos no Tocantins. A ideia é ampliar na próxima safra a área de atuação em 10 mil hectares, ante os atuais 76 mil hectares. “À medida que a área cresce, novos investimentos serão avaliados”, antecipa Dykstra. Um terceiro entreposto de grãos na região está em estudo.
Sem perder o foco...
Para não colocar em risco a produtividade das lavouras de milho, produtores aumentaram em mais de quatro vezes nos últimos 10 anos os gastos com fungicidas. Na safra 2014/15, foram R$ 561 milhões e, em 2022/23, R$ 2,8 bilhões, mostra estudo da Kynetec. Segundo a consultoria, 85% do total, ou R$ 2,4 bilhões, correspondem ao plantio da segunda safra do cereal, cultivada no outono/inverno e por isso mais vulnerável ao clima, e os 15% restantes, R$ 412 milhões, à primeira safra, no verão.
... na prevenção
A Kynetec prevê que o investimento em fungicidas, que cresceu 26% na última safra, não retroceda em 2023/24, apesar da tendência de queda na área e de preços mais baixos dos grãos. Segundo Gabriel Pedroso, analista de inteligência de mercado da consultoria, o produtor já demonstrou ser prioridade o controle de doenças que possam reduzir a produtividade.
Conecta
A startup Sol, de soluções tecnológicas para o agro e conectividade rural, e a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) se juntaram para conectar 12 milhões de hectares de lavouras. O Projeto Algodão MT Conectado prevê a instalação até o fim do ano de 123 torres de internet 4G em Mato Grosso. “Além da infraestrutura, o pacote tecnológico de inteligência de dados será fornecido aos cotonicultores”, conta Rodrigo Oliveira, CEO da Sol.
Agro 4.0
Na primeira fase do projeto, já em andamento, serão entregues 37 torres em seis núcleos regionais de produção de algodão no Estado. O investimento será compartilhado entre a Sol e a Ampa, que não revelam valores. “Possibilitaremos mais eficiência no uso de recursos e gestão de insumos. O monitoramento em tempo real ajuda inclusive na mitigação de riscos”, avalia Décio Tocantins, diretor-executivo da Ampa.
Na palma da mão
Para aproximar a pesquisa dos produtores rurais, a Embrapa terá 27 plataformas virtuais com informações sobre as tecnologias disponíveis. Hoje, são quatro hubtechs para agricultura familiar: para feijão-caupi, apicultura, mudanças climáticas e sistemas agroflorestais. A ideia é congregar as informações nos portais interativos para apoiar os técnicos da extensão rural, afirma Silvia Massruhá, presidente da Embrapa. “Essa parceria é importante para fazer a tecnologia chegar no pequeno e no médio produtor”, observa.
Giro
Indústrias de carne podem ver margens apertadas neste ano com a menor colheita de milho, importante insumo para a produção. Analistas dizem que no Sul, que concentra criações de frangos e suínos, a safra de verão será insuficiente para suprir a demanda. No Rio Grande do Sul, a Farsul estima déficit de 2 milhões de toneladas do cereal.
Vem aí
O governo federal vai intensificar as articulações e estudos para ações de socorro aos produtores rurais que colherão menos grãos neste ano. Os Ministérios da Agricultura e da Fazenda discutem prorrogar os investimentos contratados para a safra e refinanciar o custeio. O BNDES deve anunciar medidas./Isadora Duarte e Audryn Karolyne