A Jotabasso, uma das maiores produtoras de sementes de soja do Brasil, concluiu recentemente a emissão de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) no valor de R$ 300 milhões. A operação deve ajudar a empresa a fortalecer o fluxo de caixa em um ano de resultados contidos, devido à quebra de produção por causa do clima adverso. José Américo Basso Amaral, o CEO, diz que a Sementes Jotabasso deve faturar cerca de R$ 1 bilhão este ano, ou de 15% a 20% abaixo do previsto inicialmente e mesmo valor do ano passado. Mas ele é otimista quanto ao cenário. Diz que a empresa, nos próximos anos, estará atenta a oportunidades de fusões e aquisições (M&A) no setor de sementes. “Estamos preparando a casa para fazer frente a uma oportunidade quando ela passar”, afirma Amaral.
IPO pode vir, mas sem pressa
Embora mantenha a abertura de capital da Jotabasso no radar, Amaral ressalta que não é prioridade. “Não estamos restritos a possibilidades, mas entendemos que é preciso ter o faturamento e resultado adequados, além de um timing certo”, pondera.
Área de produção não deve mudar
A Jotabasso planeja, na safra 2024/25, manter em 50 mil hectares a área de soja. “O foco é a qualidade das sementes, não trocamos volume por qualidade”, diz Amaral. Metade do faturamento vem da venda de sementes; a outra, da produção agropecuária. A empresa prevê volume 30% maior de sementes para venda em 2025/26.
À frente
A trading norte-americana ADM projeta crescer até 40% no setor de nutrição animal no Brasil nos próximos cinco anos, acima da expansão do setor como um todo, projetada em 25%. Uma nova fábrica em Apucarana (PR), que deve ser inaugurada no segundo semestre do ano que vem, vai ajudar nessa meta. A unidade terá como foco atender a produtores de frangos, suínos e leite, em uma região que vai de Ourinhos (SP) a Chapecó (SC). Além do mercado doméstico, a ADM mira nichos, como pet food e piscicultura, com destaque para a indústria de salmão no Chile. A empresa não revela o valor investido.
Mais rápido
A plataforma digital Orbia e a fintech Agrolend fecharam uma parceria para expandir a concessão de crédito ao setor do agronegócio. A iniciativa promete agilizar o acesso ao crédito, com liberação dos recursos em até seis dias e sem necessidade de garantias. “Conseguimos estruturar para dar uma condição melhor na ponta”, diz Adriana Iwassaki, CFO da Orbia. A captação via LCA permite taxas de juros de 30% a 50% mais baixas do que as do mercado. Em um primeiro momento, devem liberar R$ 30 milhões em crédito para a compra de insumos agrícolas, com meta de chegar a R$ 500 milhões até 2025.
Com menos risco
Para reduzir o risco de inadimplência, as empresas apostam na pulverização de crédito. As operações serão distribuídas entre até cem parceiros, com tíquete médio de R$ 300 mil a R$ 400 mil por produtor. “O crédito tem que ser dado pela capacidade financeira do tomador. Estruturamos toda a operação pensando no produtor”, afirma Carlos Fagundes, cofundador da Agrolend.
Ataque às pragas
A australiana AgBiTech, de bioinseticidas, viu sua carteira de pedidos triplicar em um ano no Brasil. Com 95% de participação no mercado de baculovírus para soja no País, a empresa já cobre 5 milhões de hectares. Adriano Vilas Boas, o CEO, destaca que a resistência das pragas aumentou a demanda. Ele projeta crescimento de 40% no faturamento em 2024.
Novos produtos
O Brasil já perfaz 60% do faturamento global da AgBiTech, adquirida por um fundo americano em 2015. Ainda neste ano, a companhia planeja lançar mais bioinseticidas, com foco no controle da mosca-branca e da cigarrinha-do-milho.
Camil vê preços elevados do arroz até o fim do ano
A Camil Alimentos, maior fabricante de arroz do País, prevê que o preço do grão deve se manter firme neste último trimestre, com o aperto entre oferta e demanda. “Não vemos alteração nos patamares no curto prazo”, diz Flávio Vargas, diretor financeiro e de relações com investidores. Para a próxima safra, a perspectiva é de alívio, com aumento na produção interna.
Conab divulga primeiras estimativas da safra
A Companhia Nacional de Abastecimento publica amanhã seu 1.º levantamento da safra de grãos 2024/25. Produtores, tradings e indústria aguardam os números e, em especial, o efeito da seca e do atraso do plantio. Antes de os técnicos irem a campo, a Conab projetava colheita de 326,9 milhões de toneladas. / GABRIEL AZEVEDO, LEANDRO SILVEIRA e ISADORA DUARTE