O Itaú BBA vai superar este ano suas próprias metas no financiamento do agronegócio. A carteira do segmento no banco gira em torno de R$ 105 bilhões e deve chegar em dezembro a um montante entre R$ 107 bilhões e R$ 110 bilhões – foi de R$ 87 bilhões em 2023.
“É o maior ano de crescimento em valor nominal. Queremos manter um incremento robusto em 2025″, diz Pedro Fernandes, diretor de Agronegócios. Ele prevê avançar mais de 10% na concessão de crédito ao setor no próximo ano. O desempenho deve ser puxado por pecuária, bioenergia e citricultura, setores que estão investindo mais e, portanto, demandando recursos. Produtores que faturam acima de R$ 5 milhões ao ano atendem 40% da carteira de agro do banco, enquanto os outros elos da cadeia representam 60%.
Carteira cada vez mais verde
O banco amplia sua participação no financiamento ligado à produção sustentável. A carteira verde alcançou este ano R$ 1,5 bilhão para o setor agropecuário, ante R$ 500 milhões em 2023. O compromisso é financiar R$ 2 bilhões em linhas ESG do agro até o fim de 2025.
Estratégia para mitigar riscos
Além de diversificar a carteira, o Itaú BBA está seletivo: este ano, reduziu em 50% a base de novos clientes. A onda de recuperações judiciais no setor é um dos motivos, diz Fernandes. “Manteremos a alta seletividade em 2025. Nossa taxa de inadimplência no agro é menor que a do banco como um todo e a do mercado.”
Para o pequeno
O Sicoob está fechando as primeiras operações do programa Pró-Trator para cooperados de São Paulo. O projeto do governo do Estado é voltado à aquisição de tratores de até 125 cavalos para produtores rurais de pequeno porte com subsídio de até R$ 25 mil nas taxas de juros. O Sicoob prevê liberar R$ 12 bilhões em crédito para investimentos na safra 2024/25, incluindo para máquinas agrícolas.
Cesta cheia
A Mantiqueira Brasil aposta na produção de ovos a partir de galinhas livres de gaiolas para ampliar a participação no mercado, estimada entre 15% e 16%. Murilo Pinto, diretor comercial e de logística da empresa, diz que o volume de vendas da marca Happy Eggs cresceu 30% desde o início da campanha de marketing. Em sua segunda fase, abrange divulgação na TV, com investimento de R$ 30 milhões. O crescimento virá também da Fazenda da Toca Orgânicos, adquirida em fevereiro de 2023. A empresa está construindo três granjas em Santa Catarina, São Paulo e Goiás.
Mais consumo
Dados de mercado sustentam a perspectiva de aumento da demanda por ovos. Segundo o IBGE, a produção cresce desde 1999, com 5 bilhões de dúzias em 2023. Para 2024, a Associação Brasileira de Proteína Animal projeta alta de até 8,5% na produção. O fim de ano também traz otimismo à Mantiqueira. “As festas, como o Natal, são sempre momentos em que as pessoas preparam mais receitas e fazem mais eventos”, explica o executivo.
Recolhe
A Cargill, dona da marca de óleos vegetais Liza, avançou na parceria com o Carrefour e o Sam’s Club para ajudar na reciclagem do produto usado. Todos os 256 hipermercados e supermercados do grupo passam a coletar o óleo de cozinha descartado. Batizada de Ação Renove, a iniciativa já recebeu 612 mil litros de óleo vegetal usado, equivalente a 7 mil toneladas de gás carbônico que deixaram de ser emitidas, segundo Márcio Barela, gerente de sustentabilidade da Cargill.
Preocupa
O governo brasileiro acompanha com atenção a escalada do conflito no Oriente Médio. A região é importante consumidora de produtos do agronegócio brasileiro, principalmente carnes e açúcar, e fornece fertilizantes ao País. “Ainda não há impactos ao fluxo comercial, mas o custo de frete tende a aumentar com o maior risco às mercadorias”, diz integrante do Ministério da Agricultura. Neste ano, o Brasil exportou US$ 8,951 bilhões em produtos agropecuários para países do Oriente Médio.
Setor produtivo vê brecha em lei antidesmate da UE
A proposta da Comissão Europeia de adiar em um ano a lei antidesmatamento abre espaço para discussões e eventuais atualizações nas regras, avaliam representantes do agronegócio. Exportadores brasileiros defendem a distinção entre desmate legal e ilegal. A nova lei da UE proíbe a entrada de commodities de áreas desmatadas a partir de dezembro de 2020.
Lula deve sancionar lei do Combustível do Futuro
O projeto de lei do Combustível do Futuro deve ser sancionado amanhã pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Base Aérea de Brasília. O projeto trata sobre biodiesel, etanol e combustível sustentável para aviação. O novo marco legal vai destravar R$ 250 bilhões em investimentos no setor até 2030, diz a indústria. / ISADORA DUARTE e LEANDRO SILVEIRA