Economista e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Luís Eduardo Assis escreve quinzenalmente

Opinião|Diversidade no Banco Central


A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão a respeito dos juros e do combate à inflação

Por Luís Eduardo Assis
Atualização:

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central veio a público afirmar que é injusto atribuir motivação política à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter juros tão altos por tanto tempo. De fato, seria abusivo supor que o Copom tenha se transformado em uma célula que conspira contra as intenções do governo recentemente eleito de promover o crescimento da renda e do emprego.

Juros na Lua, como sabemos, pioram a vida de todos, com exceção dos rentistas, que podem usufruir de ganhos extraordinários sem correr maiores riscos. Mas a inflação renitente, eis aqui o argumento nuclear do Banco Central, é ainda pior para lidar com nossas mazelas. O Copom, nessa visão, apenas nos salva de fazer escolhas erradas no dilema intertemporal que aflige todos os governos. Melhor um sacrifício agora do que a purgação eterna. Assim dizem.

Não há motivação política no Copom – acreditemos. Mas haverá motivação ideológica? É fácil constatar que a definição dos juros no Brasil se dá em um contexto bastante propício ao “pensamento de grupo”. “Groupthink” é o cerne do trabalho seminal do psicólogo americano Irving Janis, que, já nos anos 1970, estudou as condições em que grupos homogêneos e coesos, submetidos à situação de estresse, podem tomar decisões irracionais (ver Victims of Groupthink, 1972).

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A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão sobre juros e inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Faz parte dos sintomas do pensamento de grupo a ideia de que todos os membros são portadores de uma ideia intrinsecamente correta, baseada em princípios inquestionáveis e verdades absolutas. As críticas e ameaças externas servem apenas para enrijecer os dogmas que nutrem o pensamento coletivo. O dissenso é desestimulado em favor de uma coesão que evita os dissabores do atrito, ao custo de suprimir o pensamento independente.

O Copom hoje preenche perigosamente as condições descritas por Janis. A tentativa, tosca, de tipificar o embate atual dos juros como se fosse um duelo pueril entre considerações técnicas e conveniências políticas é mais um sintoma desse quadro. Quem deseja a queda dos juros não pode ser comparado aos defensores da cloroquina, já que mesmo entre os economistas há nítido dissenso sobre a Selic ideal.

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Felizmente, a nomeação dos novos diretores do Banco Central tem tudo para contribuir para a diluição das falsas certezas. Também no Copom a diversidade será funcional e poderá enriquecer a discussão a respeito das debilidades de nossa política anti-inflacionária, a começar pelo fato de que ela é exageradamente dependente das decisões de um pequeno grupo de pessoas. Que, não esqueçamos, podem estar erradas.

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central veio a público afirmar que é injusto atribuir motivação política à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter juros tão altos por tanto tempo. De fato, seria abusivo supor que o Copom tenha se transformado em uma célula que conspira contra as intenções do governo recentemente eleito de promover o crescimento da renda e do emprego.

Juros na Lua, como sabemos, pioram a vida de todos, com exceção dos rentistas, que podem usufruir de ganhos extraordinários sem correr maiores riscos. Mas a inflação renitente, eis aqui o argumento nuclear do Banco Central, é ainda pior para lidar com nossas mazelas. O Copom, nessa visão, apenas nos salva de fazer escolhas erradas no dilema intertemporal que aflige todos os governos. Melhor um sacrifício agora do que a purgação eterna. Assim dizem.

Não há motivação política no Copom – acreditemos. Mas haverá motivação ideológica? É fácil constatar que a definição dos juros no Brasil se dá em um contexto bastante propício ao “pensamento de grupo”. “Groupthink” é o cerne do trabalho seminal do psicólogo americano Irving Janis, que, já nos anos 1970, estudou as condições em que grupos homogêneos e coesos, submetidos à situação de estresse, podem tomar decisões irracionais (ver Victims of Groupthink, 1972).

A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão sobre juros e inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Faz parte dos sintomas do pensamento de grupo a ideia de que todos os membros são portadores de uma ideia intrinsecamente correta, baseada em princípios inquestionáveis e verdades absolutas. As críticas e ameaças externas servem apenas para enrijecer os dogmas que nutrem o pensamento coletivo. O dissenso é desestimulado em favor de uma coesão que evita os dissabores do atrito, ao custo de suprimir o pensamento independente.

O Copom hoje preenche perigosamente as condições descritas por Janis. A tentativa, tosca, de tipificar o embate atual dos juros como se fosse um duelo pueril entre considerações técnicas e conveniências políticas é mais um sintoma desse quadro. Quem deseja a queda dos juros não pode ser comparado aos defensores da cloroquina, já que mesmo entre os economistas há nítido dissenso sobre a Selic ideal.

Felizmente, a nomeação dos novos diretores do Banco Central tem tudo para contribuir para a diluição das falsas certezas. Também no Copom a diversidade será funcional e poderá enriquecer a discussão a respeito das debilidades de nossa política anti-inflacionária, a começar pelo fato de que ela é exageradamente dependente das decisões de um pequeno grupo de pessoas. Que, não esqueçamos, podem estar erradas.

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central veio a público afirmar que é injusto atribuir motivação política à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter juros tão altos por tanto tempo. De fato, seria abusivo supor que o Copom tenha se transformado em uma célula que conspira contra as intenções do governo recentemente eleito de promover o crescimento da renda e do emprego.

Juros na Lua, como sabemos, pioram a vida de todos, com exceção dos rentistas, que podem usufruir de ganhos extraordinários sem correr maiores riscos. Mas a inflação renitente, eis aqui o argumento nuclear do Banco Central, é ainda pior para lidar com nossas mazelas. O Copom, nessa visão, apenas nos salva de fazer escolhas erradas no dilema intertemporal que aflige todos os governos. Melhor um sacrifício agora do que a purgação eterna. Assim dizem.

Não há motivação política no Copom – acreditemos. Mas haverá motivação ideológica? É fácil constatar que a definição dos juros no Brasil se dá em um contexto bastante propício ao “pensamento de grupo”. “Groupthink” é o cerne do trabalho seminal do psicólogo americano Irving Janis, que, já nos anos 1970, estudou as condições em que grupos homogêneos e coesos, submetidos à situação de estresse, podem tomar decisões irracionais (ver Victims of Groupthink, 1972).

A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão sobre juros e inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Faz parte dos sintomas do pensamento de grupo a ideia de que todos os membros são portadores de uma ideia intrinsecamente correta, baseada em princípios inquestionáveis e verdades absolutas. As críticas e ameaças externas servem apenas para enrijecer os dogmas que nutrem o pensamento coletivo. O dissenso é desestimulado em favor de uma coesão que evita os dissabores do atrito, ao custo de suprimir o pensamento independente.

O Copom hoje preenche perigosamente as condições descritas por Janis. A tentativa, tosca, de tipificar o embate atual dos juros como se fosse um duelo pueril entre considerações técnicas e conveniências políticas é mais um sintoma desse quadro. Quem deseja a queda dos juros não pode ser comparado aos defensores da cloroquina, já que mesmo entre os economistas há nítido dissenso sobre a Selic ideal.

Felizmente, a nomeação dos novos diretores do Banco Central tem tudo para contribuir para a diluição das falsas certezas. Também no Copom a diversidade será funcional e poderá enriquecer a discussão a respeito das debilidades de nossa política anti-inflacionária, a começar pelo fato de que ela é exageradamente dependente das decisões de um pequeno grupo de pessoas. Que, não esqueçamos, podem estar erradas.

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central veio a público afirmar que é injusto atribuir motivação política à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter juros tão altos por tanto tempo. De fato, seria abusivo supor que o Copom tenha se transformado em uma célula que conspira contra as intenções do governo recentemente eleito de promover o crescimento da renda e do emprego.

Juros na Lua, como sabemos, pioram a vida de todos, com exceção dos rentistas, que podem usufruir de ganhos extraordinários sem correr maiores riscos. Mas a inflação renitente, eis aqui o argumento nuclear do Banco Central, é ainda pior para lidar com nossas mazelas. O Copom, nessa visão, apenas nos salva de fazer escolhas erradas no dilema intertemporal que aflige todos os governos. Melhor um sacrifício agora do que a purgação eterna. Assim dizem.

Não há motivação política no Copom – acreditemos. Mas haverá motivação ideológica? É fácil constatar que a definição dos juros no Brasil se dá em um contexto bastante propício ao “pensamento de grupo”. “Groupthink” é o cerne do trabalho seminal do psicólogo americano Irving Janis, que, já nos anos 1970, estudou as condições em que grupos homogêneos e coesos, submetidos à situação de estresse, podem tomar decisões irracionais (ver Victims of Groupthink, 1972).

A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão sobre juros e inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Faz parte dos sintomas do pensamento de grupo a ideia de que todos os membros são portadores de uma ideia intrinsecamente correta, baseada em princípios inquestionáveis e verdades absolutas. As críticas e ameaças externas servem apenas para enrijecer os dogmas que nutrem o pensamento coletivo. O dissenso é desestimulado em favor de uma coesão que evita os dissabores do atrito, ao custo de suprimir o pensamento independente.

O Copom hoje preenche perigosamente as condições descritas por Janis. A tentativa, tosca, de tipificar o embate atual dos juros como se fosse um duelo pueril entre considerações técnicas e conveniências políticas é mais um sintoma desse quadro. Quem deseja a queda dos juros não pode ser comparado aos defensores da cloroquina, já que mesmo entre os economistas há nítido dissenso sobre a Selic ideal.

Felizmente, a nomeação dos novos diretores do Banco Central tem tudo para contribuir para a diluição das falsas certezas. Também no Copom a diversidade será funcional e poderá enriquecer a discussão a respeito das debilidades de nossa política anti-inflacionária, a começar pelo fato de que ela é exageradamente dependente das decisões de um pequeno grupo de pessoas. Que, não esqueçamos, podem estar erradas.

A diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central veio a público afirmar que é injusto atribuir motivação política à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter juros tão altos por tanto tempo. De fato, seria abusivo supor que o Copom tenha se transformado em uma célula que conspira contra as intenções do governo recentemente eleito de promover o crescimento da renda e do emprego.

Juros na Lua, como sabemos, pioram a vida de todos, com exceção dos rentistas, que podem usufruir de ganhos extraordinários sem correr maiores riscos. Mas a inflação renitente, eis aqui o argumento nuclear do Banco Central, é ainda pior para lidar com nossas mazelas. O Copom, nessa visão, apenas nos salva de fazer escolhas erradas no dilema intertemporal que aflige todos os governos. Melhor um sacrifício agora do que a purgação eterna. Assim dizem.

Não há motivação política no Copom – acreditemos. Mas haverá motivação ideológica? É fácil constatar que a definição dos juros no Brasil se dá em um contexto bastante propício ao “pensamento de grupo”. “Groupthink” é o cerne do trabalho seminal do psicólogo americano Irving Janis, que, já nos anos 1970, estudou as condições em que grupos homogêneos e coesos, submetidos à situação de estresse, podem tomar decisões irracionais (ver Victims of Groupthink, 1972).

A nomeação de novos diretores do BC deve enriquecer a discussão sobre juros e inflação Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Faz parte dos sintomas do pensamento de grupo a ideia de que todos os membros são portadores de uma ideia intrinsecamente correta, baseada em princípios inquestionáveis e verdades absolutas. As críticas e ameaças externas servem apenas para enrijecer os dogmas que nutrem o pensamento coletivo. O dissenso é desestimulado em favor de uma coesão que evita os dissabores do atrito, ao custo de suprimir o pensamento independente.

O Copom hoje preenche perigosamente as condições descritas por Janis. A tentativa, tosca, de tipificar o embate atual dos juros como se fosse um duelo pueril entre considerações técnicas e conveniências políticas é mais um sintoma desse quadro. Quem deseja a queda dos juros não pode ser comparado aos defensores da cloroquina, já que mesmo entre os economistas há nítido dissenso sobre a Selic ideal.

Felizmente, a nomeação dos novos diretores do Banco Central tem tudo para contribuir para a diluição das falsas certezas. Também no Copom a diversidade será funcional e poderá enriquecer a discussão a respeito das debilidades de nossa política anti-inflacionária, a começar pelo fato de que ela é exageradamente dependente das decisões de um pequeno grupo de pessoas. Que, não esqueçamos, podem estar erradas.

Opinião por Luís Eduardo Assis

Economista. Autor de 'O Poder das Ideias Erradas' (Ed.Almedina). Foi diretor de Política Monetária do Banco Central e professor de Economia da PUC-SP e FGV-SP

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