Novo governo deve se pautar pelo desarmamento dos espíritos e planejamento centrado em diagnósticos


Um dos sintomas atuais são a manipulação da linguagem, para viabilizar interesses próprios, nem sempre legítimos, gerando uma peculiar guerra de palavras

Por Everardo Maciel
Atualização:

No Brasil, a reflexão nunca foi razoavelmente prestigiada. Preferimos, sempre, reagir percorrendo o circuito das emoções.

Ocorre que a revolução digital, com a força descomunal das redes sociais, enfraqueceu a mediação reflexiva da informação, acentuando a prevalência, quase absoluta, da emoção sobre a reflexão, em um processo de autoamputação da razão.

É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
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Sem juízo de valor, basta ver a capacidade de convencimento dos influenciadores digitais, profissionais ou eventuais, vis-à-vis à mídia tradicional. Seu poder de convencimento é avassalador.

Não é, contudo, um fenômeno local, mas, em menor ou maior intensidade, mundial. Aparentemente, é, também, irreversível, o que imporá uma rediscussão da natureza do Estado e dos institutos que o integram.

Como já ocorreu tantas vezes, talvez estejamos vivendo uma transição entre duas realidades históricas, o que remete à conhecida reflexão do pensador italiano Antonio Gramsci: “O velho está morrendo e o novo não pode nascer; nesse interregno surgem os sintomas mórbidos mais variados”.

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Um desses sintomas, hoje, são os movimentos oportunistas que buscam, por meio da manipulação da linguagem, viabilizar interesses próprios, nem sempre legítimos, gerando uma peculiar guerra de palavras.

Grandes dicionários costumam eleger a palavra do ano. O Merriam-Webster, que nos dois últimos anos destacou as palavras pandemia e vacina, elegeu, para este ano, gaslighting. Segundo ele, essa palavra corresponde ao ato ou prática de enganar grosseiramente alguém especialmente para vantagem própria, de forma mais elaborada que a mentira improvisada, porque decorre de um planejamento com propósitos iníquos. O Brasil é um terreno fértil para esses atos ou práticas em virtude de nossa acanhada capacidade de reflexão.

Nesse delicado contexto, que se soma ao imprevisível curso das mudanças climáticas, à guerra da Ucrânia e outros focos de tensão bélica, ao desabastecimento alimentar, à inflação em escala internacional e à crise da democracia, teremos a instalação de um novo governo no Brasil, em circunstâncias em que se constatam visíveis e irresolutas instabilidades institucionais.

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É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador. Ainda que possa parecer uma platitude, é recomendável que a ação política seja pautada pelo comedimento de linguagem, desarmamento dos espíritos, planejamento centrado em diagnósticos e em escolha de soluções qualificadas e negociação sem apelo a meios pouco virtuosos.

No Brasil, a reflexão nunca foi razoavelmente prestigiada. Preferimos, sempre, reagir percorrendo o circuito das emoções.

Ocorre que a revolução digital, com a força descomunal das redes sociais, enfraqueceu a mediação reflexiva da informação, acentuando a prevalência, quase absoluta, da emoção sobre a reflexão, em um processo de autoamputação da razão.

É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

Sem juízo de valor, basta ver a capacidade de convencimento dos influenciadores digitais, profissionais ou eventuais, vis-à-vis à mídia tradicional. Seu poder de convencimento é avassalador.

Não é, contudo, um fenômeno local, mas, em menor ou maior intensidade, mundial. Aparentemente, é, também, irreversível, o que imporá uma rediscussão da natureza do Estado e dos institutos que o integram.

Como já ocorreu tantas vezes, talvez estejamos vivendo uma transição entre duas realidades históricas, o que remete à conhecida reflexão do pensador italiano Antonio Gramsci: “O velho está morrendo e o novo não pode nascer; nesse interregno surgem os sintomas mórbidos mais variados”.

Um desses sintomas, hoje, são os movimentos oportunistas que buscam, por meio da manipulação da linguagem, viabilizar interesses próprios, nem sempre legítimos, gerando uma peculiar guerra de palavras.

Grandes dicionários costumam eleger a palavra do ano. O Merriam-Webster, que nos dois últimos anos destacou as palavras pandemia e vacina, elegeu, para este ano, gaslighting. Segundo ele, essa palavra corresponde ao ato ou prática de enganar grosseiramente alguém especialmente para vantagem própria, de forma mais elaborada que a mentira improvisada, porque decorre de um planejamento com propósitos iníquos. O Brasil é um terreno fértil para esses atos ou práticas em virtude de nossa acanhada capacidade de reflexão.

Nesse delicado contexto, que se soma ao imprevisível curso das mudanças climáticas, à guerra da Ucrânia e outros focos de tensão bélica, ao desabastecimento alimentar, à inflação em escala internacional e à crise da democracia, teremos a instalação de um novo governo no Brasil, em circunstâncias em que se constatam visíveis e irresolutas instabilidades institucionais.

É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador. Ainda que possa parecer uma platitude, é recomendável que a ação política seja pautada pelo comedimento de linguagem, desarmamento dos espíritos, planejamento centrado em diagnósticos e em escolha de soluções qualificadas e negociação sem apelo a meios pouco virtuosos.

No Brasil, a reflexão nunca foi razoavelmente prestigiada. Preferimos, sempre, reagir percorrendo o circuito das emoções.

Ocorre que a revolução digital, com a força descomunal das redes sociais, enfraqueceu a mediação reflexiva da informação, acentuando a prevalência, quase absoluta, da emoção sobre a reflexão, em um processo de autoamputação da razão.

É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

Sem juízo de valor, basta ver a capacidade de convencimento dos influenciadores digitais, profissionais ou eventuais, vis-à-vis à mídia tradicional. Seu poder de convencimento é avassalador.

Não é, contudo, um fenômeno local, mas, em menor ou maior intensidade, mundial. Aparentemente, é, também, irreversível, o que imporá uma rediscussão da natureza do Estado e dos institutos que o integram.

Como já ocorreu tantas vezes, talvez estejamos vivendo uma transição entre duas realidades históricas, o que remete à conhecida reflexão do pensador italiano Antonio Gramsci: “O velho está morrendo e o novo não pode nascer; nesse interregno surgem os sintomas mórbidos mais variados”.

Um desses sintomas, hoje, são os movimentos oportunistas que buscam, por meio da manipulação da linguagem, viabilizar interesses próprios, nem sempre legítimos, gerando uma peculiar guerra de palavras.

Grandes dicionários costumam eleger a palavra do ano. O Merriam-Webster, que nos dois últimos anos destacou as palavras pandemia e vacina, elegeu, para este ano, gaslighting. Segundo ele, essa palavra corresponde ao ato ou prática de enganar grosseiramente alguém especialmente para vantagem própria, de forma mais elaborada que a mentira improvisada, porque decorre de um planejamento com propósitos iníquos. O Brasil é um terreno fértil para esses atos ou práticas em virtude de nossa acanhada capacidade de reflexão.

Nesse delicado contexto, que se soma ao imprevisível curso das mudanças climáticas, à guerra da Ucrânia e outros focos de tensão bélica, ao desabastecimento alimentar, à inflação em escala internacional e à crise da democracia, teremos a instalação de um novo governo no Brasil, em circunstâncias em que se constatam visíveis e irresolutas instabilidades institucionais.

É previsível que surjam muitos projetos governamentais para enfrentar os problemas atuais e um futuro desafiador. Ainda que possa parecer uma platitude, é recomendável que a ação política seja pautada pelo comedimento de linguagem, desarmamento dos espíritos, planejamento centrado em diagnósticos e em escolha de soluções qualificadas e negociação sem apelo a meios pouco virtuosos.

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