Comunicado do Banco Central deixa em aberto futuro da taxa de juros, apontam economistas


Cenário para início de queda da Selic, mantida em 13,75% ao ano, continua indefinido diante do comunicado divulgado após reunião do Copom, dizem analistas

Por Redação
Atualização:

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado após a reunião desta quarta-feira, 21, frustrou a expectativa de quem esperava uma indicação mais explícita sobre o início do corte dos juros a partir de agosto. O tom cauteloso do Banco Central (BC) no documento deixou em aberto o futuro da taxa Selic, dependendo da evolução do cenário macroeconômico. Isso significa que os juros podem continuar no patamar atual, de 13,75% ao ano, por mais tempo.

“Apesar de mais ameno que o anterior, o comunicado de hoje (quarta) recomenda cautela e parcimônia na condução da política monetária. Citou a necessidade de aprovação e desenho final do arcabouço fiscal como um dos pontos de risco para o cenário inflacionário”, avaliou chefe de investimentos da Arton Advisors, Raphael Vieira.

Uma das mudanças feitas no comunicado foi a retirada do trecho sobre a possibilidade de “retomar ciclo de ajuste”. Na opinião da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, isso não traz sinalização sobre a evolução futura da taxa de juro e muito menos sobre uma eventual queda na próxima reunião. “Portanto, isso que era esperado pelo mercado não aconteceu.”

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A economista chama a atenção para o fato de o BC ter verificado que houve uma queda nas expectativas inflacionárias, tidas pela instituição como cruciais para movimentos subsequentes nos juros. “No entanto, essa magnitude, como ela foi vista, não foi suficiente para o BC fazer essa sinalização.”

Comunicado do BC não sinaliza data de início de queda da Selic Foto: DIDA SAMPAIO / Estadão

Segundo ela, há uma situação em que o BC entende que o movimento de conversão das expectativas inflacionárias começa a acontecer e há uma maturação fiscal positiva por conta da tramitação adiantada do arcabouço fiscal no Congresso Nacional, mas não o suficiente para sinalizar queda.

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Para Vitor Martello, economista-chefe da Parcitas Investimentos, pelo comunicado desta quarta, o início do corte dos juros segue indefinido. Ele entende que o documento mostra maior inclinação ao corte da Selic, se comparado ao tom e conteúdo dos comunicados anteriores.

Essa indicação, destaca, está evidente nas projeções de inflação do Copom, inferiores às feitas na reunião de maio, na retirada do cenário alternativo, que simulava o efeito nos preços de uma Selic constante, e na eliminação do trecho no qual o colegiado alertava que poderia retomar o ciclo de alta dos juros se necessário.

“Foram mudanças marginais na direção de sinalizar que o próximo passo é de cortes de juros”, observa Martello, para quem o BC buscou ser o mais neutro possível em relação ao que vinha sendo antecipado pelo mercado.

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Na opinião do economista, o início do ciclo de corte dos juros, pelas indicações do BC, vai depender da continuidade tanto da desinflação dos núcleos de inflação quanto das expectativas de mercado. Ele aposta que essa condição deve estar colocada até a reunião do Copom em agosto, sobretudo se o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar, na semana que vem, a manutenção do centro da meta em 3%, o que ajudará a acelerar a queda das expectativas.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, que viu no texto do BC um cenário menos benigno do que o aguardado pelo mercado, afirma não ter percebido indicação de corte da taxa Selic em agosto.

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Ele destaca que, apesar de uma queda de 0,2 ponto porcentual na comparação com a reunião de maio, a projeção do Banco Central para o IPCA de 2024 (3,4%) continua sensivelmente acima do centro da meta para o ano que vem, de 3%. Assim, os modelos do Copom mostram que ainda não há espaço para cortar a taxa Selic.

“Se o modelo dele não aponta uma inflação minimamente perto do centro da meta, o Copom não consegue, de maneira qualitativa, dar grandes sinais. Então, como a projeção para o IPCA de 2024 continua longe do alvo, o tom acabou sendo mais hawkish (posicionamento mais rigoroso)”, resume Caruso.

Mesmo assim, o Copom manteve a porta “entreaberta” para iniciar o ciclo de cortes da Selic, dependendo da evolução dos dados.

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Mais otimista, o economista do BTG Pactual Álvaro Frasson viu um tom moderado do BC, indicando um ambiente mais flexível para a política monetária.

Para o analista, o documento mostrou um tom mais dovish (mais leve, disposto a reduzir os juros) do que o observado na reunião anterior, em maio, e em linha com a expectativa do mercado. Com isso, tudo indica que o ciclo de cortes da taxa Selic deverá começar em agosto, provavelmente em um ritmo de 0,25 ponto porcentual, segundo o analista.

“Ele continuou dizendo que o cenário demanda ‘parcimônia e cautela’, que é um termo que vinha sendo utilizado em maio e, na nossa avaliação, a repetição desse termo deve indicar que, caso o corte em agosto aconteça, ele será de 25 pontos-base”, afirma Frasson. O economista também lembra que o BC não se referiu a um “mercado de trabalho apertado”. /Cícero Cotrim, Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado após a reunião desta quarta-feira, 21, frustrou a expectativa de quem esperava uma indicação mais explícita sobre o início do corte dos juros a partir de agosto. O tom cauteloso do Banco Central (BC) no documento deixou em aberto o futuro da taxa Selic, dependendo da evolução do cenário macroeconômico. Isso significa que os juros podem continuar no patamar atual, de 13,75% ao ano, por mais tempo.

“Apesar de mais ameno que o anterior, o comunicado de hoje (quarta) recomenda cautela e parcimônia na condução da política monetária. Citou a necessidade de aprovação e desenho final do arcabouço fiscal como um dos pontos de risco para o cenário inflacionário”, avaliou chefe de investimentos da Arton Advisors, Raphael Vieira.

Uma das mudanças feitas no comunicado foi a retirada do trecho sobre a possibilidade de “retomar ciclo de ajuste”. Na opinião da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, isso não traz sinalização sobre a evolução futura da taxa de juro e muito menos sobre uma eventual queda na próxima reunião. “Portanto, isso que era esperado pelo mercado não aconteceu.”

A economista chama a atenção para o fato de o BC ter verificado que houve uma queda nas expectativas inflacionárias, tidas pela instituição como cruciais para movimentos subsequentes nos juros. “No entanto, essa magnitude, como ela foi vista, não foi suficiente para o BC fazer essa sinalização.”

Comunicado do BC não sinaliza data de início de queda da Selic Foto: DIDA SAMPAIO / Estadão

Segundo ela, há uma situação em que o BC entende que o movimento de conversão das expectativas inflacionárias começa a acontecer e há uma maturação fiscal positiva por conta da tramitação adiantada do arcabouço fiscal no Congresso Nacional, mas não o suficiente para sinalizar queda.

Para Vitor Martello, economista-chefe da Parcitas Investimentos, pelo comunicado desta quarta, o início do corte dos juros segue indefinido. Ele entende que o documento mostra maior inclinação ao corte da Selic, se comparado ao tom e conteúdo dos comunicados anteriores.

Essa indicação, destaca, está evidente nas projeções de inflação do Copom, inferiores às feitas na reunião de maio, na retirada do cenário alternativo, que simulava o efeito nos preços de uma Selic constante, e na eliminação do trecho no qual o colegiado alertava que poderia retomar o ciclo de alta dos juros se necessário.

“Foram mudanças marginais na direção de sinalizar que o próximo passo é de cortes de juros”, observa Martello, para quem o BC buscou ser o mais neutro possível em relação ao que vinha sendo antecipado pelo mercado.

Na opinião do economista, o início do ciclo de corte dos juros, pelas indicações do BC, vai depender da continuidade tanto da desinflação dos núcleos de inflação quanto das expectativas de mercado. Ele aposta que essa condição deve estar colocada até a reunião do Copom em agosto, sobretudo se o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar, na semana que vem, a manutenção do centro da meta em 3%, o que ajudará a acelerar a queda das expectativas.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, que viu no texto do BC um cenário menos benigno do que o aguardado pelo mercado, afirma não ter percebido indicação de corte da taxa Selic em agosto.

Ele destaca que, apesar de uma queda de 0,2 ponto porcentual na comparação com a reunião de maio, a projeção do Banco Central para o IPCA de 2024 (3,4%) continua sensivelmente acima do centro da meta para o ano que vem, de 3%. Assim, os modelos do Copom mostram que ainda não há espaço para cortar a taxa Selic.

“Se o modelo dele não aponta uma inflação minimamente perto do centro da meta, o Copom não consegue, de maneira qualitativa, dar grandes sinais. Então, como a projeção para o IPCA de 2024 continua longe do alvo, o tom acabou sendo mais hawkish (posicionamento mais rigoroso)”, resume Caruso.

Mesmo assim, o Copom manteve a porta “entreaberta” para iniciar o ciclo de cortes da Selic, dependendo da evolução dos dados.

Mais otimista, o economista do BTG Pactual Álvaro Frasson viu um tom moderado do BC, indicando um ambiente mais flexível para a política monetária.

Para o analista, o documento mostrou um tom mais dovish (mais leve, disposto a reduzir os juros) do que o observado na reunião anterior, em maio, e em linha com a expectativa do mercado. Com isso, tudo indica que o ciclo de cortes da taxa Selic deverá começar em agosto, provavelmente em um ritmo de 0,25 ponto porcentual, segundo o analista.

“Ele continuou dizendo que o cenário demanda ‘parcimônia e cautela’, que é um termo que vinha sendo utilizado em maio e, na nossa avaliação, a repetição desse termo deve indicar que, caso o corte em agosto aconteça, ele será de 25 pontos-base”, afirma Frasson. O economista também lembra que o BC não se referiu a um “mercado de trabalho apertado”. /Cícero Cotrim, Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado após a reunião desta quarta-feira, 21, frustrou a expectativa de quem esperava uma indicação mais explícita sobre o início do corte dos juros a partir de agosto. O tom cauteloso do Banco Central (BC) no documento deixou em aberto o futuro da taxa Selic, dependendo da evolução do cenário macroeconômico. Isso significa que os juros podem continuar no patamar atual, de 13,75% ao ano, por mais tempo.

“Apesar de mais ameno que o anterior, o comunicado de hoje (quarta) recomenda cautela e parcimônia na condução da política monetária. Citou a necessidade de aprovação e desenho final do arcabouço fiscal como um dos pontos de risco para o cenário inflacionário”, avaliou chefe de investimentos da Arton Advisors, Raphael Vieira.

Uma das mudanças feitas no comunicado foi a retirada do trecho sobre a possibilidade de “retomar ciclo de ajuste”. Na opinião da economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, isso não traz sinalização sobre a evolução futura da taxa de juro e muito menos sobre uma eventual queda na próxima reunião. “Portanto, isso que era esperado pelo mercado não aconteceu.”

A economista chama a atenção para o fato de o BC ter verificado que houve uma queda nas expectativas inflacionárias, tidas pela instituição como cruciais para movimentos subsequentes nos juros. “No entanto, essa magnitude, como ela foi vista, não foi suficiente para o BC fazer essa sinalização.”

Comunicado do BC não sinaliza data de início de queda da Selic Foto: DIDA SAMPAIO / Estadão

Segundo ela, há uma situação em que o BC entende que o movimento de conversão das expectativas inflacionárias começa a acontecer e há uma maturação fiscal positiva por conta da tramitação adiantada do arcabouço fiscal no Congresso Nacional, mas não o suficiente para sinalizar queda.

Para Vitor Martello, economista-chefe da Parcitas Investimentos, pelo comunicado desta quarta, o início do corte dos juros segue indefinido. Ele entende que o documento mostra maior inclinação ao corte da Selic, se comparado ao tom e conteúdo dos comunicados anteriores.

Essa indicação, destaca, está evidente nas projeções de inflação do Copom, inferiores às feitas na reunião de maio, na retirada do cenário alternativo, que simulava o efeito nos preços de uma Selic constante, e na eliminação do trecho no qual o colegiado alertava que poderia retomar o ciclo de alta dos juros se necessário.

“Foram mudanças marginais na direção de sinalizar que o próximo passo é de cortes de juros”, observa Martello, para quem o BC buscou ser o mais neutro possível em relação ao que vinha sendo antecipado pelo mercado.

Na opinião do economista, o início do ciclo de corte dos juros, pelas indicações do BC, vai depender da continuidade tanto da desinflação dos núcleos de inflação quanto das expectativas de mercado. Ele aposta que essa condição deve estar colocada até a reunião do Copom em agosto, sobretudo se o Conselho Monetário Nacional (CMN) confirmar, na semana que vem, a manutenção do centro da meta em 3%, o que ajudará a acelerar a queda das expectativas.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, que viu no texto do BC um cenário menos benigno do que o aguardado pelo mercado, afirma não ter percebido indicação de corte da taxa Selic em agosto.

Ele destaca que, apesar de uma queda de 0,2 ponto porcentual na comparação com a reunião de maio, a projeção do Banco Central para o IPCA de 2024 (3,4%) continua sensivelmente acima do centro da meta para o ano que vem, de 3%. Assim, os modelos do Copom mostram que ainda não há espaço para cortar a taxa Selic.

“Se o modelo dele não aponta uma inflação minimamente perto do centro da meta, o Copom não consegue, de maneira qualitativa, dar grandes sinais. Então, como a projeção para o IPCA de 2024 continua longe do alvo, o tom acabou sendo mais hawkish (posicionamento mais rigoroso)”, resume Caruso.

Mesmo assim, o Copom manteve a porta “entreaberta” para iniciar o ciclo de cortes da Selic, dependendo da evolução dos dados.

Mais otimista, o economista do BTG Pactual Álvaro Frasson viu um tom moderado do BC, indicando um ambiente mais flexível para a política monetária.

Para o analista, o documento mostrou um tom mais dovish (mais leve, disposto a reduzir os juros) do que o observado na reunião anterior, em maio, e em linha com a expectativa do mercado. Com isso, tudo indica que o ciclo de cortes da taxa Selic deverá começar em agosto, provavelmente em um ritmo de 0,25 ponto porcentual, segundo o analista.

“Ele continuou dizendo que o cenário demanda ‘parcimônia e cautela’, que é um termo que vinha sendo utilizado em maio e, na nossa avaliação, a repetição desse termo deve indicar que, caso o corte em agosto aconteça, ele será de 25 pontos-base”, afirma Frasson. O economista também lembra que o BC não se referiu a um “mercado de trabalho apertado”. /Cícero Cotrim, Eduardo Laguna e Francisco Carlos de Assis

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