RIO - O Conselho de Administração da Petrobras reagiu às declarações do ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, sobre mudanças na política de preços de combustíveis da companhia e possíveis reduções no preço do diesel em suas refinarias.
O Estadão/Broadcast apurou que o colegiado enviou uma carta a Silveira cobrando a nova diretriz de preços a qual ele se referiu em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira, 5. No documento, o colegiado afirma que nada foi disponibilizado para apreciação, o que é necessário para que a nova política entre em vigor na estatal.
Em entrevista à Globonews, Silveira chamou o preço de paridade de importação, o PPI, de “absurdo” e disse que “já determinou mudanças”. O ministro também afirmou que haveria espaço para uma redução no preço do diesel entre R$ 0,22 e R$ 0,25 por litro, caso fossem considerados os custos reais da empresa mais rentabilidade, em um “preço de competitividade interna”.
Na carta ao chefe do MME, assinada pelo presidente do colegiado, Gileno Gurjão Barreto, o conselho da Petrobras pede que Silveira formalize e apresente a aludida nova diretriz de preços e esclareça se isso já foi passado à direção da empresa.
Ao mesmo tempo, o colegiado marca posição, dizendo não ter recebido nenhuma proposta, até como forma de se proteger legalmente. Informações sensíveis aos negócios de empresas de capital aberto devem ser comunicadas a mercado em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), conforme resolução da autarquia.
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Além disso, conforme o estatuto da empresa, cabe ao colegiado aprovar ou não a chamada “Diretriz de Formação de Preços de Derivados no Mercado Interno”. Ao dizer que nada recebeu, o CA também afasta a ideia de que mudanças na precificação já aconteceram.
Nesta quinta-feira, após declarações do ministro sobre a empresa, a Petrobras informou, em nota, que não recebeu nenhuma proposta do Ministério de Minas e Energia (MME) a respeito da alteração da política de preços.
O posicionamento fez o valor nas ações da Petrobras fecharam no positivo, na contramão inclusive do petróleo. Elas chegaram a cair 4% com as declarações do ministro.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é favorável a abandonar o PPI, adotado desde 2016. Publicamente, ele já disse que vai seguir a referência dos preços externos, mas sem alinhamento automático ao preço do importador, que considera custos como frete e seguro marítimo, não incidentes sobre cargas da Petrobras fabricadas no País.
Ainda assim, Prates tem sido discreto nesse sentido e aguarda a renovação do conselho para avançar com suas propostas sobre o tema.
Ao se antecipar em tom de anúncio, Silveira coloca pressão sobre alta administração da empresa e sua direção executiva recém-empossada sob Prates, com quem tem acumulado ruídos desde a definição da lista dos seis novos conselheiros representantes da União, que devem ser aprovados em assembleia de acionistas marcada para 27 de abril.