O brasileiro encerrou o ano passado consumindo, em média, a mesma quantidade de energia elétrica que consumia há oito anos, antes do início do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da Eletrobrás, o consumo médio das residências brasileiras em novembro de 2002 ficou em 142 kWh, semelhante ao registrado na média de 1994. A redução do consumo foi mais forte junto aos brasileiros que residem nas regiões afetadas pelo racionamento de energia elétrica - Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste - e que só devem retomar os mesmos hábitos de consumo por volta de 2009. Os consumidores das outras regiões (Norte e Sul) também reduziram o consumo de energia elétrica, mas em menor intensidade, e tendem a retomar os hábitos em dois ou três anos. O racionamento de energia elétrica vigorou entre junho de 2001 a fevereiro do ano passado. Segundo a Eletrobrás, em 2000, a média de consumo na região Sudeste/Centro-Oeste, que responde por 55% do consumo nacional, oscilava em torno de 199 kWh por mês e caiu para 145 kWh/mês na média de 12 meses encerrados em outubro de 2002, o que representa queda de 27%. No Nordeste, o comportamento foi semelhante, com queda de 24,5%, caindo de 113 kWh para 85 kWh/mês entre os dois períodos. As regiões que não sofreram racionamento, como o Sul e o Norte, registram comportamentos diferentes, com menor queda no consumo. Pelos dados da Eletrobrás, os consumidores residenciais do sul consumiam, em média, 174 kWh por mês e passaram a gastar 161 kWh após a crise, o que representa queda de 7,5%. Na região Norte (sistema interligado), a queda no consumo foi de 14,6%, caindo de 123 kWh antes do racionamento para 105 kWh após a crise. O brasileiro passou a considerar o item "consumo de energia" como um dos principais parâmetros na compra de um novo eletrodoméstico. A constatação é de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a Eletrobrás, abrangendo 20 mil domicílios em 12 capitais brasileiras. Segundo a pesquisa, ainda inédita, antes da crise apenas 8% da população considerava esse item como importante no processo de compra do eletrodoméstico. Após a crise, esse porcentual subiu para 58%. A mesma pesquisa constatou que 91% das residências pesquisadas adotaram medidas de racionalização do uso da energia durante o racionamento. Desses, 65% declaram que estão mantendo essas medidas, na mesma proporção, mesmo após o fim do racionamento.
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