O CEO da Raízen, Ricardo Mussa, avaliou haver espaço para o aumento do consumo de etanol, assim como para a alta dos preços do biocombustível ao longo dos próximos meses. Ele apontou que o preço mais baixo do etanol e a competitividade frente à gasolina têm elevado a demanda. “O que estamos vendo é um consumo muito elevado, está surpreendendo”, disse, durante entrevista à imprensa, nesta sexta-feira, 9.
Mussa indicou que a Raízen trabalha com a perspectiva de continuidade do consumo elevado de etanol. “Vai continuar alto, ainda há uma diferença, com um preço que atrai o consumidor. Não vejo arrefecimento até março, a não ser com um grande aumento do preço”, afirmou.
Com a distância entre o preço da gasolina e do etanol, Mussa citou haver espaço para aumento do valor cobrado pelo etanol, em função da alta procura. “O quanto mais tivermos de consumo de etanol vai determinar até aonde irá a alta do preço”, disse o CEO, garantindo que a Raízen estará bem posicionada para aproveitar esse cenário positivo dos preços.
De acordo com resultado financeiro divulgado na quinta-feira, 8, a Raízen apresentou queda de 17,6% nos volumes de etanol vendidos no terceiro trimestre do ano-safra 2023/24 ante igual período do ano anterior. A empresa, porém, buscou justificar o resultado com o argumento de que se tratou de um posicionamento do estoque para venda futura, pelos preços depreciados. No período, a queda do preço foi de 31%, na comparação anualizada.
A Raízen registrou um lucro líquido ajustado de R$ 754,4 milhões no terceiro trimestre do exercício 2023/2024 — o equivalente ao quarto trimestre do ano passado —, uma alta de 195% ante os R$ 255,7 milhões apurados em igual período de 2023.
A receita líquida da Raízen caiu 3,1% na comparação anual, chegando a R$ 58,491 bilhões no trimestre encerrado em dezembro. Na mesma base de comparação, o resultado operacional medido pelo Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 3,929 bilhões, alta de 32,5%.
Ao longo do trimestre, a Raízen processou 18,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, alta de 36,2% sobre igual período de 2022. O mix foi de 50% de açúcar e 50% etanol, contra índices de 48% e 52%, respectivamente, um ano antes. Segundo a companhia, houve queda de 5,4% no ATR, para 130,5 quilogramas por tonelada e aumento de 12,5% no TCH, para 77,2 toneladas por hectare.
Em mensagem sobre o balanço, Mussa classifica o trimestre como um “dos melhores resultados da história” da empresa. “Em Renováveis & Açúcar, batemos recorde de moagem com substancial recuperação da produtividade. Temos comercializado nosso açúcar em um novo patamar de preços com importante melhora nos resultados. No etanol, mesmo neste ambiente de preços mais pressionados, nosso portfólio diferenciado sustentou preços superiores à média do mercado e nossa estratégia de comercialização vem se mostrando acertada”, disse.