BRASÍLIA - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira, 27, a bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o mês de outubro. Será o maior patamar de cobrança adicional na conta de luz desde abril de 2022, mês em que se encerrou a bandeira “escassez hídrica” e deu lugar à bandeira verde, conforme antecipou o Estadão/Broadcast.
Para o próximo mês, serão cobrados R$ 7,877 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Os fatores que acionaram a bandeira vermelha patamar 2 foram: risco hidrológico (GSF) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) — valor da energia elétrica calculado para a energia a ser produzida em determinado período. Na prática, as previsões de baixa afluência para os reservatórios das hidrelétricas e pela elevação do preço do mercado de energia elétrica ao longo do mês de outubro levaram ao resultado.
Estimativas apresentadas na semana passada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já apontavam que o PLD de outubro deve superar os R$ 500 por megawatt-hora (MWh).
Qual é o impacto na inflação
O acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2 representará um acréscimo sobre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial,
Conforme a projeção feita pela CM Capital, esse impacto será de 0,45 ponto porcentual.
Na avaliação de Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos, deve ser de 21 pontos-base (0,21 ponto porcentual) e de 5,2% para a energia elétrica.
O cenário-base da Terra é de que o IPCA esteja em 0,50% em setembro, 0,35% em outubro, 0,26% em novembro (com bônus de Itaipu), e 0,37% em dezembro (com quitação da conta covid e bandeira vermelha 1). Em termos anuais, a projeção é de que o IPCA para 2024 seja de 4,4% e o para 2025, de 3,9%.
Segundo a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, a impacto deverá ser de 17 pontos-base (0,17 ponto porcentual) para o mês. A projeção para o IPCA do mês de outubro se manteve em 0,23%, pois a Warren já esperava essa bandeira.
A atual projeção da Warren para o IPCA de 2024 está em 4,6%, mas poderia subir em 32 pontos-base (0,32 ponto porcentual) caso a bandeira vermelha patamar 2 se prolongasse, indo para 4,9%, segundo Angelo.
Daniel Xavier, economista do Banco ABC Brasil, calcula um acréscimo de 0,18 ponto porcentual no IPCA para o mês. “Tudo o mais constante, temos 0,41% para este número de outubro, já embutida a bandeira vermelha patamar 2″, complementa o economista.
Quando sai a bandeira vermelha 2
“Em relação a nosso cenário anterior, deslocamos o retorno da bandeira vermelha 1 de novembro para dezembro”, diz Homero Guizzo, economista da Terra Investimentos.
Ele afirma ainda que a bandeira vermelha patamar 1 deve continuar até meados de 2025, ficar amarela durante o segundo semestre, e fechar o ano que vem em vermelha patamar 1 novamente.
Para a estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, no ano a premissa não é de que a bandeira continue em vermelha patamar 2: “Esperamos bandeira amarela em dezembro”, diz.
Entenda o sistema de bandeiras
Houve um sequência de bandeiras verdes — iniciada em abril de 2022 e interrompida em julho de 2024 com bandeira amarela. Houve bandeira verde no mês passado e a vermelha, patamar 1, em setembro. A bandeira vermelha patamar 2 chegou a ser anunciada no fim de agosto, para vigorar em setembro, mas depois de uma revisão nos cálculos a Aneel anunciou uma reclassificação para bandeira 1.
O sistema de bandeiras tarifárias, criado em 2015, vai atingir em outubro a marca de 60 acionamentos na classificação amarela, vermelha 1, vermelha 2 ou, a de maior impacto, bandeira de “escassez hídrica”. Em quase 10 anos, a economia com juro foi de R$ 4 bilhões. Os dados são da Aneel.
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O sistema de bandeiras tarifárias indica aos consumidores os custos da geração de energia no País e tem a finalidade de atenuar os impactos nos orçamentos das distribuidoras de energia.
Antes, o custo da energia em momentos de mais dificuldades para geração era repassado às tarifas apenas no reajuste anual de cada empresa, com incidência de juros. No modelo atual, os recursos são cobrados e transferidos às distribuidoras mensalmente por meio da “conta Bandeiras”. /Com Caroline Aragaki