BRASÍLIA - As contas do governo registraram rombo de R$ 41 bilhões em fevereiro, o pior resultado da série histórica, com início em 1997. Em fevereiro de 2022, o resultado havia sido negativo em R$ 20,4 bilhões.
O resultado do mês passado foi pior do que a mediana das expectativas do mercado financeiro, cuja projeção apontava um saldo negativo de R$ 35,7 bilhões, de acordo com levantamento do Estadão/Broadcast junto a 20 instituições financeiras.
Leia mais sobre economia
Haddad fala em novas medidas para acabar com ‘jabutis tributários’ e arrecadar até R$ 150 bi
Criação de novos impostos é ‘fake news’, diz secretário do Tesouro sobre novo arcabouço fiscal
Fundos imobiliários relatam calote no recebimento de juros de papéis do setor
Arcabouço fiscal pode não especificar corte de despesas em caso de descumprimento da meta
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que o segundo mês do ano costuma ser sazonalmente deficitário (ou seja, quando as despesas superam as receitas com arrecadação de impostos e transferências). No bimestre, porém, o resultado apresenta R$ 38 bilhões de superávit acumulado.
“Os três primeiros meses são mais desafiadores porque não têm efeitos das medidas que já tomamos”, disse durante entrevista coletiva e acrescentando que o resultado parece ser “satisfatório”. O secretário afirmou também que o déficit visto no mês passado foi maior porque não houve as receitas extraordinárias, que ingressaram em fevereiro de 2022.
No acumulado dos primeiros dois meses do ano, o governo registrou superávit de R$ 37,8 bilhões, o segundo melhor resultado para o período na série, só atrás do primeiro bimestre de 2022. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era positivo em R$ 56,4 bilhões.
Em fevereiro, as receitas tiveram queda real de 12,1% em relação a igual mês do ano passado. No acumulado do ano, houve baixa de 3,3%. Já as despesas caíram 0,9% em fevereiro, já descontada a inflação. No acumulado de 2023, a variação foi positiva em 2,4%.
A meta fiscal para 2023 estabelecida na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) autorizava um déficit de até R$ 65,8 bilhões nas contas do Governo Central.
No entanto, após a aprovação da PEC da Transição, a Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano contemplou um rombo muito maior, de até R$ 228,1 bilhões (2,1% do PIB).
A equipe econômica lançou um pacote fiscal em janeiro para tentar atenuar esse resultado negativo e agora espera fechar o ano com um rombo de R$ 107,6 bilhões (1,0%), conforme projeção divulgada no Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas deste mês.