Banco Central mantém juros em 13,75% e não indica corte em agosto, apesar de pressão do governo


Copom manteve a Selic pela sétima vez seguida; notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio

Por Thaís Barcellos e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida — ou mais de dez meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Contrariando novamente o governo e, desta vez, até mesmo uma boa parte do mercado, o Copom não trouxe no comunicado nenhuma sinalização de corte da taxa básica de juros na próxima reunião, em agosto. O colegiado voltou a pregar cautela e serenidade em suas decisões.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”, argumentou o órgão, sem sinalizar a redução da Selic no próximo encontro.

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O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem — já considerada pouco provável na última reunião — de que poderia, inclusive, voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, concluiu o comunicado.

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Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida Foto: Wilton Junior/Estadão

Arcabouço fiscal

Com o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso, o Copom do Banco Central atenuou o risco advindo das discussões fiscais para o cenário de inflação no comunicado da decisão de hoje. Da mesma forma, dentre os riscos de baixa para a inflação, o comitê também abrandou o risco de uma queda adicional de commodities, avaliando que “parte importante” do movimento já foi verificada.

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No documento, o BC repete que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Dentre os riscos de alta para o cenário de inflação e as expectativas, o Copom cita “alguma incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso, em vez da “incerteza ainda presente” mencionada no comunicado da reunião anterior, em maio. O arcabouço foi aprovado na Câmara no fim de maio, depois do encontro do Copom, e está sendo votado hoje pelo Senado.

O colegiado continuou a dizer que o mais importante para a condução da política monetária são os impactos da “incerteza residual” sobre o arcabouço sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

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Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% — ainda acima do teto da meta (4,75%) —, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

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Diante das “boas novas”, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido “paciência” e repetido que é só “um voto de nove” no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou haver “sinais preliminares” de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

Juro real

Com a estabilidade da taxa Selic pela sétima reunião consecutiva e recuo das expectativas inflacionárias, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,54% ao ano.

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Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,94%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -0,73%.

BRASÍLIA - Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida — ou mais de dez meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Contrariando novamente o governo e, desta vez, até mesmo uma boa parte do mercado, o Copom não trouxe no comunicado nenhuma sinalização de corte da taxa básica de juros na próxima reunião, em agosto. O colegiado voltou a pregar cautela e serenidade em suas decisões.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”, argumentou o órgão, sem sinalizar a redução da Selic no próximo encontro.

O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem — já considerada pouco provável na última reunião — de que poderia, inclusive, voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, concluiu o comunicado.

Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida Foto: Wilton Junior/Estadão

Arcabouço fiscal

Com o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso, o Copom do Banco Central atenuou o risco advindo das discussões fiscais para o cenário de inflação no comunicado da decisão de hoje. Da mesma forma, dentre os riscos de baixa para a inflação, o comitê também abrandou o risco de uma queda adicional de commodities, avaliando que “parte importante” do movimento já foi verificada.

No documento, o BC repete que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Dentre os riscos de alta para o cenário de inflação e as expectativas, o Copom cita “alguma incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso, em vez da “incerteza ainda presente” mencionada no comunicado da reunião anterior, em maio. O arcabouço foi aprovado na Câmara no fim de maio, depois do encontro do Copom, e está sendo votado hoje pelo Senado.

O colegiado continuou a dizer que o mais importante para a condução da política monetária são os impactos da “incerteza residual” sobre o arcabouço sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% — ainda acima do teto da meta (4,75%) —, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

Diante das “boas novas”, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido “paciência” e repetido que é só “um voto de nove” no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou haver “sinais preliminares” de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

Juro real

Com a estabilidade da taxa Selic pela sétima reunião consecutiva e recuo das expectativas inflacionárias, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,54% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,94%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -0,73%.

BRASÍLIA - Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida — ou mais de dez meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Contrariando novamente o governo e, desta vez, até mesmo uma boa parte do mercado, o Copom não trouxe no comunicado nenhuma sinalização de corte da taxa básica de juros na próxima reunião, em agosto. O colegiado voltou a pregar cautela e serenidade em suas decisões.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”, argumentou o órgão, sem sinalizar a redução da Selic no próximo encontro.

O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem — já considerada pouco provável na última reunião — de que poderia, inclusive, voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, concluiu o comunicado.

Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida Foto: Wilton Junior/Estadão

Arcabouço fiscal

Com o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso, o Copom do Banco Central atenuou o risco advindo das discussões fiscais para o cenário de inflação no comunicado da decisão de hoje. Da mesma forma, dentre os riscos de baixa para a inflação, o comitê também abrandou o risco de uma queda adicional de commodities, avaliando que “parte importante” do movimento já foi verificada.

No documento, o BC repete que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Dentre os riscos de alta para o cenário de inflação e as expectativas, o Copom cita “alguma incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso, em vez da “incerteza ainda presente” mencionada no comunicado da reunião anterior, em maio. O arcabouço foi aprovado na Câmara no fim de maio, depois do encontro do Copom, e está sendo votado hoje pelo Senado.

O colegiado continuou a dizer que o mais importante para a condução da política monetária são os impactos da “incerteza residual” sobre o arcabouço sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% — ainda acima do teto da meta (4,75%) —, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

Diante das “boas novas”, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido “paciência” e repetido que é só “um voto de nove” no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou haver “sinais preliminares” de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

Juro real

Com a estabilidade da taxa Selic pela sétima reunião consecutiva e recuo das expectativas inflacionárias, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,54% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,94%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -0,73%.

BRASÍLIA - Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida — ou mais de dez meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Contrariando novamente o governo e, desta vez, até mesmo uma boa parte do mercado, o Copom não trouxe no comunicado nenhuma sinalização de corte da taxa básica de juros na próxima reunião, em agosto. O colegiado voltou a pregar cautela e serenidade em suas decisões.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”, argumentou o órgão, sem sinalizar a redução da Selic no próximo encontro.

O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem — já considerada pouco provável na última reunião — de que poderia, inclusive, voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, concluiu o comunicado.

Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida Foto: Wilton Junior/Estadão

Arcabouço fiscal

Com o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso, o Copom do Banco Central atenuou o risco advindo das discussões fiscais para o cenário de inflação no comunicado da decisão de hoje. Da mesma forma, dentre os riscos de baixa para a inflação, o comitê também abrandou o risco de uma queda adicional de commodities, avaliando que “parte importante” do movimento já foi verificada.

No documento, o BC repete que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Dentre os riscos de alta para o cenário de inflação e as expectativas, o Copom cita “alguma incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso, em vez da “incerteza ainda presente” mencionada no comunicado da reunião anterior, em maio. O arcabouço foi aprovado na Câmara no fim de maio, depois do encontro do Copom, e está sendo votado hoje pelo Senado.

O colegiado continuou a dizer que o mais importante para a condução da política monetária são os impactos da “incerteza residual” sobre o arcabouço sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% — ainda acima do teto da meta (4,75%) —, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

Diante das “boas novas”, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido “paciência” e repetido que é só “um voto de nove” no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou haver “sinais preliminares” de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

Juro real

Com a estabilidade da taxa Selic pela sétima reunião consecutiva e recuo das expectativas inflacionárias, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,54% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,94%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -0,73%.

BRASÍLIA - Sob renovada ofensiva do governo e do setor produtivo para a queda de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central perseverou em sua estratégia e manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida — ou mais de dez meses. A decisão foi unânime.

A decisão desta quarta-feira, 21, que mantém a Selic no maior nível desde janeiro de 2017, já era amplamente aguardada pelo mercado financeiro. Contrariando novamente o governo e, desta vez, até mesmo uma boa parte do mercado, o Copom não trouxe no comunicado nenhuma sinalização de corte da taxa básica de juros na próxima reunião, em agosto. O colegiado voltou a pregar cautela e serenidade em suas decisões.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação desancoradas, segue demandando cautela e parcimônia. O Copom conduzirá a política monetária necessária para o cumprimento das metas e avalia que a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado tem se mostrado adequada para assegurar a convergência da inflação”, argumentou o órgão, sem sinalizar a redução da Selic no próximo encontro.

O BC repetiu ainda que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom abandonou, porém, a mensagem — já considerada pouco provável na última reunião — de que poderia, inclusive, voltar a subir os juros caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

“O Comitê avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária e relembra que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, concluiu o comunicado.

Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez seguida Foto: Wilton Junior/Estadão

Arcabouço fiscal

Com o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso, o Copom do Banco Central atenuou o risco advindo das discussões fiscais para o cenário de inflação no comunicado da decisão de hoje. Da mesma forma, dentre os riscos de baixa para a inflação, o comitê também abrandou o risco de uma queda adicional de commodities, avaliando que “parte importante” do movimento já foi verificada.

No documento, o BC repete que, nos cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Dentre os riscos de alta para o cenário de inflação e as expectativas, o Copom cita “alguma incerteza residual” sobre o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso, em vez da “incerteza ainda presente” mencionada no comunicado da reunião anterior, em maio. O arcabouço foi aprovado na Câmara no fim de maio, depois do encontro do Copom, e está sendo votado hoje pelo Senado.

O colegiado continuou a dizer que o mais importante para a condução da política monetária são os impactos da “incerteza residual” sobre o arcabouço sobre as expectativas para as trajetórias da dívida pública e da inflação, e sobre os ativos de risco.

Apesar da manutenção, notícias favoráveis se acumularam desde a última reunião, em maio, em relação ao cenário inflacionário e aos riscos considerados pelo Copom.

Houve surpresa desinflacionária nos dados do IPCA de maio e as expectativas de inflação começaram a ceder de forma mais consistente, ainda que permaneçam acima da meta. Além disso, houve forte valorização da moeda brasileira, e o avanço do novo arcabouço fiscal reduziu a curva longa de juros.

No último Boletim Focus, a expectativa para o IPCA de 2023 era de 5,12% — ainda acima do teto da meta (4,75%) —, contra 6,05% na pesquisa anterior ao Copom de maio. Já a projeção para 2024, foco da política monetária, cedeu de 4,18% para 4,00%, contra o centro da meta de 3,0%. No longo prazo, as expectativas estão em 3,80%.

Diante das “boas novas”, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem sinalizado espaço para queda de juros à frente, mas tem pedido “paciência” e repetido que é só “um voto de nove” no colegiado. Outros membros do Copom, como o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Dias Gomes, afirmou haver “sinais preliminares” de melhoria. No mercado, a aposta é de queda da Selic em agosto.

Juro real

Com a estabilidade da taxa Selic pela sétima reunião consecutiva e recuo das expectativas inflacionárias, o Brasil continua a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,54% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera as economias mais relevantes, aparece o México (5,94%), seguido da Colômbia (5,16%). A média dos 40 países avaliados é de -0,73%.

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