Selic: Até onde o Copom terá de ir para trazer a inflação para a meta?


Reunião que termina nesta quarta-feira deve elevar a taxa de juros básica para 11,25%; no radar do mercado já aparece Selic de até 13,5% no fim do ciclo de altas

Por Cícero Cotrim

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne entre esta terça-feira, 5, e a quarta-feira, 6, para definir a nova taxa de juros básica (Selic) do País. É praticamente unânime a expectativa de um aumento de 0,5 ponto porcentual, para 11,25%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. Mas, em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, há muitas dúvidas em relação aos próximos passos. Analistas têm falado em juros cada vez mais altos para que o BC consiga trazer a inflação para a meta.

Enquanto o mercado espera por um pacote de cortes de gastos - prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para depois das eleições municipais, mas ainda não entregue -, o temor fiscal levou a uma piora nas variáveis observadas pelo Copom desde a última reunião, em 18 de setembro. O dólar saltou de R$ 5,60 para R$ 5,70, segundo o arredondamento usado pelo Comitê, e fechou a última sexta-feira, 1.º, em R$ 5,8694, o segundo maior nível da história.

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No relatório Focus, do BC, que compila as expectativas do mercado financeiro, a mediana para a taxa Selic no fim do ciclo de alta passou de 11,5% em 13 de setembro para 12,5% no último boletim, divulgado nesta segunda-feira, 4. Mesmo assim, a projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, que agora se tornará o horizonte relevante da política monetária - ou seja, o período à frente que o Copom observa para avaliar se a inflação estará dentro da meta -, subiu de 3,81% para 3,86%. O centro da meta de inflação é 3%.

“A grande questão nesta reunião é entender até onde o BC vai”, diz o ex-diretor de Política Monetária do BC e chairman da Jive Investments, Luiz Fernando Figueiredo. “Antes, se imaginava que ele iria até 12% ou 12,5%. Mas, com esse cenário de desemprego muito baixo, crescimento forte e dólar alto, parece que talvez a gente tenha de ir para 13% ou 13,5%. Ele (BC) provavelmente vai deixar claro, no comunicado, que vai ter de ir mais longe do que se pensava inicialmente.”

A explicação para esse ciclo mais longo, segundo Figueiredo, é a política fiscal expansionista e a incerteza sobre o quanto o crescimento dos gastos públicos vai desacelerar. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros membros do Copom deixaram claro em aparições públicas que o ceticismo do mercado quanto ao futuro das contas públicas tem adicionado prêmios nas expectativas e nos preços de ativos, e que será necessário um “choque fiscal positivo” para reverter esse movimento.

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“A política monetária não consegue compensar todo o prêmio fiscal, que vem de tudo que tem acontecido, mas também de sinais que o governo dá, de que não está tão comprometido assim. O BC só reage. O BC não é protagonista, ele é passageiro”, diz Figueiredo.

Reunião do Copom, do BC, tem início nesta terça-feira, 5 Foto: Talita/Adobe Stock

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, espera que o BC aumente o tom dos seus comentários sobre a política fiscal no comunicado desta quarta-feira. Ele explica que, desde que o Copom começou a aumentar a Selic, o movimento tem sido o oposto do que se espera em um ciclo de aperto: inclinação da curva de juros futuros, desvalorização do real e aumento das inflações implícitas (a expectativa de inflação futura embutida nos juros dos títulos vendidos no mercado). Sem o auxílio da política fiscal, a política monetária fica impotente para reverter essa situação.

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Independente do tom, Goldenstein espera que o Copom mantenha a postura baseada nos indicadores, sem sinalizar um orçamento total de aperto monetário - ou seja, qual será o tamanho exato do ciclo de altas. Enquanto as incertezas sobre o desfecho das eleições americanas e o pacote fiscal do governo continuarem, o melhor, segundo ele, é que o BC acelere o ritmo de aperto para 0,5 ponto porcentual, de forma a evitar uma correção negativa dos mercados, mas evite sinalizações excessivas sobre o futuro.

“Se vier um pacote (de corte de gastos) muito bom, ao longo do tempo isso levaria a um ciclo muito menor do que o precificado pela curva (de juros futuros)”, diz o analista, lembrando que os juros futuros indicam hoje um aumento da Selic a um nível entre 13,75% e 14% no fim do ciclo de alta. A Warren espera uma taxa de 12,5% no fim do ciclo, contando com uma desaceleração da economia e redução dos prêmios de risco ao longo do ano que vem.

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O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, diz que toda a evolução do cenário nos últimos 45 dias aponta para aceleração do ritmo de aperto monetário a 0,5 ponto nesta quarta-feira. Ele espera um ciclo total de 2 pontos porcentuais de alta, que levaria a Selic a 12,5%. Mas também defende que o BC evite sinalizar um orçamento, em meio às incertezas no cenário.

Ele diz que a mudança no tom usado pelos membros do Copom nas últimas aparições públicas já sinaliza algum endurecimento nas mensagens do colegiado sobre a política fiscal. O destaque que foi dado pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, para a dificuldade de medir os impactos da política fiscal na demanda e a ênfase na dinâmica da dívida já sugerem uma preocupação maior com o futuro das contas públicas.

“O desafio do próximo Copom talvez não seja só aumentar os juros, talvez seja identificar o tamanho do orçamento em um ambiente tão incerto, com eleição nos Estados Unidos e a questão fiscal. Eu diria que o ambiente de incerteza está aumentando, que o BC vai ter de tomar uma decisão nesse ambiente. E o que ele vai fazer é subir taxa e deixar em aberto a estratégia”, afirma.

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne entre esta terça-feira, 5, e a quarta-feira, 6, para definir a nova taxa de juros básica (Selic) do País. É praticamente unânime a expectativa de um aumento de 0,5 ponto porcentual, para 11,25%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. Mas, em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, há muitas dúvidas em relação aos próximos passos. Analistas têm falado em juros cada vez mais altos para que o BC consiga trazer a inflação para a meta.

Enquanto o mercado espera por um pacote de cortes de gastos - prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para depois das eleições municipais, mas ainda não entregue -, o temor fiscal levou a uma piora nas variáveis observadas pelo Copom desde a última reunião, em 18 de setembro. O dólar saltou de R$ 5,60 para R$ 5,70, segundo o arredondamento usado pelo Comitê, e fechou a última sexta-feira, 1.º, em R$ 5,8694, o segundo maior nível da história.

No relatório Focus, do BC, que compila as expectativas do mercado financeiro, a mediana para a taxa Selic no fim do ciclo de alta passou de 11,5% em 13 de setembro para 12,5% no último boletim, divulgado nesta segunda-feira, 4. Mesmo assim, a projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, que agora se tornará o horizonte relevante da política monetária - ou seja, o período à frente que o Copom observa para avaliar se a inflação estará dentro da meta -, subiu de 3,81% para 3,86%. O centro da meta de inflação é 3%.

“A grande questão nesta reunião é entender até onde o BC vai”, diz o ex-diretor de Política Monetária do BC e chairman da Jive Investments, Luiz Fernando Figueiredo. “Antes, se imaginava que ele iria até 12% ou 12,5%. Mas, com esse cenário de desemprego muito baixo, crescimento forte e dólar alto, parece que talvez a gente tenha de ir para 13% ou 13,5%. Ele (BC) provavelmente vai deixar claro, no comunicado, que vai ter de ir mais longe do que se pensava inicialmente.”

A explicação para esse ciclo mais longo, segundo Figueiredo, é a política fiscal expansionista e a incerteza sobre o quanto o crescimento dos gastos públicos vai desacelerar. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros membros do Copom deixaram claro em aparições públicas que o ceticismo do mercado quanto ao futuro das contas públicas tem adicionado prêmios nas expectativas e nos preços de ativos, e que será necessário um “choque fiscal positivo” para reverter esse movimento.

“A política monetária não consegue compensar todo o prêmio fiscal, que vem de tudo que tem acontecido, mas também de sinais que o governo dá, de que não está tão comprometido assim. O BC só reage. O BC não é protagonista, ele é passageiro”, diz Figueiredo.

Reunião do Copom, do BC, tem início nesta terça-feira, 5 Foto: Talita/Adobe Stock

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, espera que o BC aumente o tom dos seus comentários sobre a política fiscal no comunicado desta quarta-feira. Ele explica que, desde que o Copom começou a aumentar a Selic, o movimento tem sido o oposto do que se espera em um ciclo de aperto: inclinação da curva de juros futuros, desvalorização do real e aumento das inflações implícitas (a expectativa de inflação futura embutida nos juros dos títulos vendidos no mercado). Sem o auxílio da política fiscal, a política monetária fica impotente para reverter essa situação.

Independente do tom, Goldenstein espera que o Copom mantenha a postura baseada nos indicadores, sem sinalizar um orçamento total de aperto monetário - ou seja, qual será o tamanho exato do ciclo de altas. Enquanto as incertezas sobre o desfecho das eleições americanas e o pacote fiscal do governo continuarem, o melhor, segundo ele, é que o BC acelere o ritmo de aperto para 0,5 ponto porcentual, de forma a evitar uma correção negativa dos mercados, mas evite sinalizações excessivas sobre o futuro.

“Se vier um pacote (de corte de gastos) muito bom, ao longo do tempo isso levaria a um ciclo muito menor do que o precificado pela curva (de juros futuros)”, diz o analista, lembrando que os juros futuros indicam hoje um aumento da Selic a um nível entre 13,75% e 14% no fim do ciclo de alta. A Warren espera uma taxa de 12,5% no fim do ciclo, contando com uma desaceleração da economia e redução dos prêmios de risco ao longo do ano que vem.

O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, diz que toda a evolução do cenário nos últimos 45 dias aponta para aceleração do ritmo de aperto monetário a 0,5 ponto nesta quarta-feira. Ele espera um ciclo total de 2 pontos porcentuais de alta, que levaria a Selic a 12,5%. Mas também defende que o BC evite sinalizar um orçamento, em meio às incertezas no cenário.

Ele diz que a mudança no tom usado pelos membros do Copom nas últimas aparições públicas já sinaliza algum endurecimento nas mensagens do colegiado sobre a política fiscal. O destaque que foi dado pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, para a dificuldade de medir os impactos da política fiscal na demanda e a ênfase na dinâmica da dívida já sugerem uma preocupação maior com o futuro das contas públicas.

“O desafio do próximo Copom talvez não seja só aumentar os juros, talvez seja identificar o tamanho do orçamento em um ambiente tão incerto, com eleição nos Estados Unidos e a questão fiscal. Eu diria que o ambiente de incerteza está aumentando, que o BC vai ter de tomar uma decisão nesse ambiente. E o que ele vai fazer é subir taxa e deixar em aberto a estratégia”, afirma.

BRASÍLIA - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne entre esta terça-feira, 5, e a quarta-feira, 6, para definir a nova taxa de juros básica (Selic) do País. É praticamente unânime a expectativa de um aumento de 0,5 ponto porcentual, para 11,25%, conforme pesquisa do Projeções Broadcast. Mas, em meio ao aumento das desconfianças em relação ao risco fiscal, que fez, por exemplo, o dólar disparar nas últimas semanas, há muitas dúvidas em relação aos próximos passos. Analistas têm falado em juros cada vez mais altos para que o BC consiga trazer a inflação para a meta.

Enquanto o mercado espera por um pacote de cortes de gastos - prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para depois das eleições municipais, mas ainda não entregue -, o temor fiscal levou a uma piora nas variáveis observadas pelo Copom desde a última reunião, em 18 de setembro. O dólar saltou de R$ 5,60 para R$ 5,70, segundo o arredondamento usado pelo Comitê, e fechou a última sexta-feira, 1.º, em R$ 5,8694, o segundo maior nível da história.

No relatório Focus, do BC, que compila as expectativas do mercado financeiro, a mediana para a taxa Selic no fim do ciclo de alta passou de 11,5% em 13 de setembro para 12,5% no último boletim, divulgado nesta segunda-feira, 4. Mesmo assim, a projeção para a inflação acumulada em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026, que agora se tornará o horizonte relevante da política monetária - ou seja, o período à frente que o Copom observa para avaliar se a inflação estará dentro da meta -, subiu de 3,81% para 3,86%. O centro da meta de inflação é 3%.

“A grande questão nesta reunião é entender até onde o BC vai”, diz o ex-diretor de Política Monetária do BC e chairman da Jive Investments, Luiz Fernando Figueiredo. “Antes, se imaginava que ele iria até 12% ou 12,5%. Mas, com esse cenário de desemprego muito baixo, crescimento forte e dólar alto, parece que talvez a gente tenha de ir para 13% ou 13,5%. Ele (BC) provavelmente vai deixar claro, no comunicado, que vai ter de ir mais longe do que se pensava inicialmente.”

A explicação para esse ciclo mais longo, segundo Figueiredo, é a política fiscal expansionista e a incerteza sobre o quanto o crescimento dos gastos públicos vai desacelerar. Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e outros membros do Copom deixaram claro em aparições públicas que o ceticismo do mercado quanto ao futuro das contas públicas tem adicionado prêmios nas expectativas e nos preços de ativos, e que será necessário um “choque fiscal positivo” para reverter esse movimento.

“A política monetária não consegue compensar todo o prêmio fiscal, que vem de tudo que tem acontecido, mas também de sinais que o governo dá, de que não está tão comprometido assim. O BC só reage. O BC não é protagonista, ele é passageiro”, diz Figueiredo.

Reunião do Copom, do BC, tem início nesta terça-feira, 5 Foto: Talita/Adobe Stock

O estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sergio Goldenstein, espera que o BC aumente o tom dos seus comentários sobre a política fiscal no comunicado desta quarta-feira. Ele explica que, desde que o Copom começou a aumentar a Selic, o movimento tem sido o oposto do que se espera em um ciclo de aperto: inclinação da curva de juros futuros, desvalorização do real e aumento das inflações implícitas (a expectativa de inflação futura embutida nos juros dos títulos vendidos no mercado). Sem o auxílio da política fiscal, a política monetária fica impotente para reverter essa situação.

Independente do tom, Goldenstein espera que o Copom mantenha a postura baseada nos indicadores, sem sinalizar um orçamento total de aperto monetário - ou seja, qual será o tamanho exato do ciclo de altas. Enquanto as incertezas sobre o desfecho das eleições americanas e o pacote fiscal do governo continuarem, o melhor, segundo ele, é que o BC acelere o ritmo de aperto para 0,5 ponto porcentual, de forma a evitar uma correção negativa dos mercados, mas evite sinalizações excessivas sobre o futuro.

“Se vier um pacote (de corte de gastos) muito bom, ao longo do tempo isso levaria a um ciclo muito menor do que o precificado pela curva (de juros futuros)”, diz o analista, lembrando que os juros futuros indicam hoje um aumento da Selic a um nível entre 13,75% e 14% no fim do ciclo de alta. A Warren espera uma taxa de 12,5% no fim do ciclo, contando com uma desaceleração da economia e redução dos prêmios de risco ao longo do ano que vem.

O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, diz que toda a evolução do cenário nos últimos 45 dias aponta para aceleração do ritmo de aperto monetário a 0,5 ponto nesta quarta-feira. Ele espera um ciclo total de 2 pontos porcentuais de alta, que levaria a Selic a 12,5%. Mas também defende que o BC evite sinalizar um orçamento, em meio às incertezas no cenário.

Ele diz que a mudança no tom usado pelos membros do Copom nas últimas aparições públicas já sinaliza algum endurecimento nas mensagens do colegiado sobre a política fiscal. O destaque que foi dado pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, para a dificuldade de medir os impactos da política fiscal na demanda e a ênfase na dinâmica da dívida já sugerem uma preocupação maior com o futuro das contas públicas.

“O desafio do próximo Copom talvez não seja só aumentar os juros, talvez seja identificar o tamanho do orçamento em um ambiente tão incerto, com eleição nos Estados Unidos e a questão fiscal. Eu diria que o ambiente de incerteza está aumentando, que o BC vai ter de tomar uma decisão nesse ambiente. E o que ele vai fazer é subir taxa e deixar em aberto a estratégia”, afirma.

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