A Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), distribuidora de energia do interior do Estado de São Paulo, vai distribuir aos seus clientes um livro de receitas de pratos fáceis preparados no microondas, e até sacos de pipoca específica para este tipo de forno, para incentivar o consumo de energia após o fim do racionamento, a partir de março. Essas duas idéias fazem parte de uma estratégia maior da empresa, de retomar a venda de energia, engessada pela crise energética. O presidente da CPFL, Wilson Ferreira Júnior, disse que a distribuidora encomendou uma pesquisa para saber dos consumidores quais os eletrodomésticos estão sem uso por medo de um gasto elevado de energia. "O microondas, por exemplo, é visto como o vilão do consumo", afirmou. A economia de energia entre os consumidores residenciais na área da CPFL, segundo Ferreira Júnior, está em torno de 25%. A estimativa da empresa é a de que esta economia caia para 15% logo após o fim do racionamento e chegue a 10% no fim deste ano. Entre todas as classes de consumidores atendidas pela CPFL, a economia de energia com o fim do racionamento deverá ser de 8% em março e chegar a 6% em dezembro de 2002, o que representa R$ 120 milhões em faturamento. "A estratégia é estimular o uso de equipamentos que as pessoas já possuam e auxiliar a compra de outros", disse Wilson Ferreira Júnior. Para incentivar a retomada do consumo de energia, a empresa promoveria descontos nos preços de eletrodomésticos em parcerias com lojas de departamento. O cliente da CPFL apresentaria a conta de luz, ganharia um desconto e a distribuidora arcaria com a diferença. Segundo Ferreira Júnior, a empresa já fez outras campanhas parecidas, como no verão de 2000/2001, quando foram vendidos quatro mil aparelhos de ar condicionado por um preço abaixo do mercado. "As pessoas têm que perder o medo de consumir", afirmou. A campanha da distribuidora pretende mostrar o benefício que a energia traz e o seu "baixo" custo. "Vamos mostrar que duas horas uso de ar condicionado custa um minuto de ligação internacional, R$ 0,19", disse Ferreira Júnior, após participar, na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de reunião com integrantes da Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE) para discutir as medidas de revitalização do setor. Wilson Ferreira Júnior disse que um eventual aumento do consumo de energia não irá comprometer o abastecimento. Ele assegurou que mesmo na melhor hipótese, o gasto de energia não irá superar o montante previsto para o ano passado, sem as medidas do racionamento. A previsão de consumo na área da CPFL para 2001 era de 20 milhões de MWh e foram vendidos 18,2 milhões de MWh como conseqüência da economia compulsória definida pelo governo. A energia para 2002, segundo ele, já está comparada. A CPFL estuda também uma forma de substituir os geradores de energia adquiridos durante o racionamento. Na área da empresa, são 120 geradores que representam 2% a 3% do total da energia distribuída. A CPFL atende a 234 municípios paulistas. A campanha para incentivar o consumo atingirá também os consumidores da Piratininga, que atende a 27 municípios no Estado de São Paulo. Ao todo, na área de atuação das duas empresas, são 4 milhões de unidades consumidoras e 12 milhões de pessoas.