Consignado do Auxílio Brasil: MP junto ao TCU pede suspensão da oferta de crédito pela Caixa


Sub-procurador geral na oferta de crédito motivação eleitoral a fim de ‘beneficiar o atual Presidente da República’

Por Thaís Barcellos e Débora Alvares
Atualização:

BRASÍLIA – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”.

Na segunda, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco havia concedido R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11. Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem maior rejeição.

Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 5/7/2022
continua após a publicidade

A Caixa foi um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania para operar a linha de crédito, e o único entre os cinco maiores do País. Como antecipou o Estadão, grandes bancos resolveram ficar de fora da oferta do consignado. A modalidade é vista por analistas como eleitoreira e com grande potencial de ampliação do endividamento das famílias.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o “assombroso montante” de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade “impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”. “Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público”. Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, “tudo indica”, diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

continua após a publicidade

“Com efeito, não é desarrazoado supor (...) que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, diz Furtado na representação, citando também a agilidade “inesperada” das concessões.

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Lula. No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam “ocorrência de extrema gravidade”, inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências da Corte de Contas, além de outras implicações administrativas.

“Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU.”

continua após a publicidade

Procurada, a Caixa informou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o tema.

Reclamações

Em apenas uma semana desde o lançamento do consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram relatadas por beneficiários do programa, de acordo com mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em relatos feitos em redes sociais.

continua após a publicidade

Segundo o instituto, a principal queixa é a dificuldade de acesso aos canais das instituições financeiras, seguida da falta de clareza em relação à operação e às etapas do processo. Há ainda relatos de venda casada (como a contratação de seguros não solicitados, por exemplo) e atraso em relação ao pagamento da primeira parcela.

Modalidade

O consignado do Auxílio Brasil oferecido pela Caixa tem juro de 3,45% ao mês, beirando o limite de 3,5% estabelecido pelo Ministério da Cidadania. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil; já a parcela mínima é de R$ 15 reais. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

continua após a publicidade

O teto de 3,50% ao ano estipulado para a modalidade é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).

BRASÍLIA – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”.

Na segunda, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco havia concedido R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11. Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem maior rejeição.

Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 5/7/2022

A Caixa foi um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania para operar a linha de crédito, e o único entre os cinco maiores do País. Como antecipou o Estadão, grandes bancos resolveram ficar de fora da oferta do consignado. A modalidade é vista por analistas como eleitoreira e com grande potencial de ampliação do endividamento das famílias.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o “assombroso montante” de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade “impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”. “Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público”. Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, “tudo indica”, diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

“Com efeito, não é desarrazoado supor (...) que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, diz Furtado na representação, citando também a agilidade “inesperada” das concessões.

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Lula. No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam “ocorrência de extrema gravidade”, inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências da Corte de Contas, além de outras implicações administrativas.

“Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU.”

Procurada, a Caixa informou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o tema.

Reclamações

Em apenas uma semana desde o lançamento do consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram relatadas por beneficiários do programa, de acordo com mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em relatos feitos em redes sociais.

Segundo o instituto, a principal queixa é a dificuldade de acesso aos canais das instituições financeiras, seguida da falta de clareza em relação à operação e às etapas do processo. Há ainda relatos de venda casada (como a contratação de seguros não solicitados, por exemplo) e atraso em relação ao pagamento da primeira parcela.

Modalidade

O consignado do Auxílio Brasil oferecido pela Caixa tem juro de 3,45% ao mês, beirando o limite de 3,5% estabelecido pelo Ministério da Cidadania. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil; já a parcela mínima é de R$ 15 reais. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

O teto de 3,50% ao ano estipulado para a modalidade é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).

BRASÍLIA – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”.

Na segunda, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco havia concedido R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11. Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem maior rejeição.

Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 5/7/2022

A Caixa foi um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania para operar a linha de crédito, e o único entre os cinco maiores do País. Como antecipou o Estadão, grandes bancos resolveram ficar de fora da oferta do consignado. A modalidade é vista por analistas como eleitoreira e com grande potencial de ampliação do endividamento das famílias.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o “assombroso montante” de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade “impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”. “Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público”. Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, “tudo indica”, diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

“Com efeito, não é desarrazoado supor (...) que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, diz Furtado na representação, citando também a agilidade “inesperada” das concessões.

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Lula. No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam “ocorrência de extrema gravidade”, inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências da Corte de Contas, além de outras implicações administrativas.

“Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU.”

Procurada, a Caixa informou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o tema.

Reclamações

Em apenas uma semana desde o lançamento do consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram relatadas por beneficiários do programa, de acordo com mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em relatos feitos em redes sociais.

Segundo o instituto, a principal queixa é a dificuldade de acesso aos canais das instituições financeiras, seguida da falta de clareza em relação à operação e às etapas do processo. Há ainda relatos de venda casada (como a contratação de seguros não solicitados, por exemplo) e atraso em relação ao pagamento da primeira parcela.

Modalidade

O consignado do Auxílio Brasil oferecido pela Caixa tem juro de 3,45% ao mês, beirando o limite de 3,5% estabelecido pelo Ministério da Cidadania. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil; já a parcela mínima é de R$ 15 reais. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

O teto de 3,50% ao ano estipulado para a modalidade é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).

BRASÍLIA – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”.

Na segunda, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco havia concedido R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11. Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem maior rejeição.

Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 5/7/2022

A Caixa foi um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania para operar a linha de crédito, e o único entre os cinco maiores do País. Como antecipou o Estadão, grandes bancos resolveram ficar de fora da oferta do consignado. A modalidade é vista por analistas como eleitoreira e com grande potencial de ampliação do endividamento das famílias.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o “assombroso montante” de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade “impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”. “Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público”. Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, “tudo indica”, diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

“Com efeito, não é desarrazoado supor (...) que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, diz Furtado na representação, citando também a agilidade “inesperada” das concessões.

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Lula. No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam “ocorrência de extrema gravidade”, inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências da Corte de Contas, além de outras implicações administrativas.

“Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU.”

Procurada, a Caixa informou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o tema.

Reclamações

Em apenas uma semana desde o lançamento do consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram relatadas por beneficiários do programa, de acordo com mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em relatos feitos em redes sociais.

Segundo o instituto, a principal queixa é a dificuldade de acesso aos canais das instituições financeiras, seguida da falta de clareza em relação à operação e às etapas do processo. Há ainda relatos de venda casada (como a contratação de seguros não solicitados, por exemplo) e atraso em relação ao pagamento da primeira parcela.

Modalidade

O consignado do Auxílio Brasil oferecido pela Caixa tem juro de 3,45% ao mês, beirando o limite de 3,5% estabelecido pelo Ministério da Cidadania. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil; já a parcela mínima é de R$ 15 reais. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

O teto de 3,50% ao ano estipulado para a modalidade é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).

BRASÍLIA – O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu a suspensão da oferta do crédito consignado do Auxílio Brasil pela Caixa Econômica Federal, citando possível “desvio de finalidade” e uso “meramente eleitoral”.

Na segunda, a presidente da Caixa, Daniella Marques, afirmou que, até a última sexta-feira, 14, o banco havia concedido R$ 1,8 bilhão de crédito consignado a 700 mil beneficiários do auxílio em apenas três dias, já que o lançamento foi no dia 11. Desde o início do segundo turno das eleições presidenciais, a Caixa tem acelerado o lançamento de medidas e programas, principalmente com foco nas classes mais baixas e nas mulheres, públicos em que a rejeição do presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, tem maior rejeição.

Daniella Marques, presidente da Caixa Econômica Federal Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 5/7/2022

A Caixa foi um dos 12 bancos credenciados pelo Ministério da Cidadania para operar a linha de crédito, e o único entre os cinco maiores do País. Como antecipou o Estadão, grandes bancos resolveram ficar de fora da oferta do consignado. A modalidade é vista por analistas como eleitoreira e com grande potencial de ampliação do endividamento das famílias.

No pedido de medida cautelar, o subprocurador-geral, Lucas Rocha Furtado, afirma que, apesar da lei que prevê o consignado, o “assombroso montante” de R$ 1,8 bilhão em crédito já liberado em três dias de existência da modalidade “impõe dúvidas sobre as finalidades perseguidas mediante essa atividade”. “Bem como sobre se vem sendo respeitados procedimentos destinados a salvaguardar os interesses do banco e, por consequência, o interesse público”. Ele pede que a suspensão das concessões seja feita até que a corte de contas se manifeste definitivamente sobre o assunto.

Furtado cita a proximidade do segundo turno das eleições e a posição de desvantagem do presidente Jair Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto ante o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sendo assim, “tudo indica”, diz o sub-procurador, que trata-se de uma medida para atender interesses políticos-eleitorais em detrimento da população.

“Com efeito, não é desarrazoado supor (...) que o verdadeiro propósito dessas ações, ou pelo menos da forma como elas vêm sendo conduzidas, seja o de beneficiar eleitoralmente o atual Presidente da República e candidato à reeleição”, diz Furtado na representação, citando também a agilidade “inesperada” das concessões.

Ele também cita que a ação visa majoritariamente o público feminino, público que o presidente Jair Bolsonaro tem desvantagem ante o seu adversário na disputa eleitoral, o ex-presidente Lula. No pedido, Furtado ainda diz que, se confirmadas as suspeitas, configurariam “ocorrência de extrema gravidade”, inclusive com implicações criminais comuns e de crime de responsabilidade, alheias às competências da Corte de Contas, além de outras implicações administrativas.

“Há a possibilidade de a empresa pública haver incorrido em flagrante desvio de finalidade pública, utilizando-se indevidamente de seus recursos e de sua estrutura para interferir politicamente nas eleições presidenciais, situação a demandar notoriamente a atuação do TCU.”

Procurada, a Caixa informou que ainda não foi notificada para se manifestar sobre o tema.

Reclamações

Em apenas uma semana desde o lançamento do consignado do Auxílio Brasil, mais de 2 mil reclamações foram relatadas por beneficiários do programa, de acordo com mapeamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em relatos feitos em redes sociais.

Segundo o instituto, a principal queixa é a dificuldade de acesso aos canais das instituições financeiras, seguida da falta de clareza em relação à operação e às etapas do processo. Há ainda relatos de venda casada (como a contratação de seguros não solicitados, por exemplo) e atraso em relação ao pagamento da primeira parcela.

Modalidade

O consignado do Auxílio Brasil oferecido pela Caixa tem juro de 3,45% ao mês, beirando o limite de 3,5% estabelecido pelo Ministério da Cidadania. A prestação máxima é de 40% do valor do Auxílio Brasil; já a parcela mínima é de R$ 15 reais. A duração do empréstimo é de até 24 meses.

O teto de 3,50% ao ano estipulado para a modalidade é maior do que o imposto pelos bancos ao consignado do INSS: 2,14%. Além disso, segundo os dados do Banco Central, está acima do que é cobrado, em média, nos vários tipos de consignado: para trabalhadores do setor privado (2,61%), para trabalhadores do setor público (1,70%), para aposentados e pensionistas do INSS (1,97%) e consignado pessoal total (1,85%).

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.