Crédito consignado: governo quer unir trabalhador e banco em plataforma com ‘leilão’ por menor juro


Nova modalidade de empréstimo, que será proposta pelo governo ao Congresso, terá estrutura tecnológica para fomentar competição entre instituições financeiras

Por Bianca Lima e Mariana Carneiro
Atualização:

BRASÍLIA - O governo realiza os ajustes finais em uma plataforma que pretende unir, de um lado, trabalhadores da iniciativa privada interessados em contratar crédito e, de outro, instituições financeiras aptas a oferecer esses valores. Essa será a base tecnológica do novo empréstimo consignado privado, que os ministérios da Fazenda e do Trabalho devem propor ao Congresso Nacional ainda em 2024.

“Desenvolvemos com o Serpro e a Dataprev toda a estrutura de tecnologia da informação. Está pronta e deve sair em breve, neste ano”, afirmou ao Estadão o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto.

O sistema seguirá os moldes do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas que vigorou até maio. A ideia é que os bancos compitam pela contratação do crédito, numa espécie de “leilão” pelos menores juros e melhores prazos e condições.

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Plataforma do consignado privado estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“O trabalhador vai levantar a mão, nessa plataforma, e dizer: ‘Quero um consignado’. Com isso, ele dá autorização para os bancos olharem os dados dentro do INSS, e aí ele escolhe a instituição que fizer a melhor oferta”, explica Pinto.

Hoje, o consignado privado fica bem atrás dos consignados voltados ao setor público e aos aposentados. O diagnóstico da equipe econômica é de que dois fatores brecam esse tipo de concessão.

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“O primeiro problema é que precisa de um convênio entre banco e empregador, o que exclui praticamente todas as pequenas e médias empresas. E o segundo é que, quando o trabalhador sai ou perde o emprego, ele perde o vínculo (que possibilita o crédito)”, explica Pinto.

Com a nova plataforma, que estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital, a contratação do empréstimo será diretamente com o banco, sem necessidade de convênio com a empresa. “Na hora que o empregador for pagar os encargos trabalhistas, ele já terá de deduzir a parcela do empréstimo, e isso vai direto para o banco”, diz o secretário.

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Caso o funcionário mude de emprego, a dívida continuará ativa e poderá ser redirecionada para o novo vínculo. Além disso, no caso de demissão, parte das verbas recisórias poderá ser dada como garantia. Atualmente, o limite é de 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa, mas há discussões dentro do governo para que esse lastro seja elevado.

Além das pequenas empresas, o objetivo é levar o consignado a públicos que hoje contam com oferta limitada ou inexistente dessa modalidade, como por exemplo os trabalhadores domésticos.“Esse (trabalhador doméstico) é um público importante. Pessoas que se financiam em crediários supercaros do varejo ou no rotativo do cartão de crédito e que vão poder pegar esse novo tipo de financiamento”, afirma.

A ideia é que os trabalhadores possam comprometer até 35% de sua remuneração bruta mensal com esse crédito, mas o porcentual ainda pode sofrer ajustes, afirma Pinto. Questionado sobre a taxa de juros, o secretário diz que a média será inevitavelmente superior à observada no consignado dos aposentados e servidores públicos, uma vez que o risco será maior.

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Sobre a possibilidade de definição de um teto para essa taxa, Pinto diz que a decisão sobre estabelecer ou não um limite e qual será ele ficará a cargo do Conselho Curador do FGTS, como já previsto em legislação vigente atualmente.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, embora os bancos já tenham se manifestado de forma contrária, segue de pé no Ministério do Trabalho a possibilidade de haver um teto de juros no novo desenho do consignado para trabalhadores do setor privado.

A pasta também defende que o novo consignado seja atrelado ao fim do chamado saque-aniversário do FGTS, modalidade em que os trabalhadores sacam anualmente uma parcela do fundo. Os bancos criaram um crédito em cima desse saque, que hoje movimenta bilhões de reais — e, por isso, se opõem à extinção desse produto. O Ministério do Trabalho alega, porém, que as retiradas anuais ameaçam a sustentabilidade do FGTS.

BRASÍLIA - O governo realiza os ajustes finais em uma plataforma que pretende unir, de um lado, trabalhadores da iniciativa privada interessados em contratar crédito e, de outro, instituições financeiras aptas a oferecer esses valores. Essa será a base tecnológica do novo empréstimo consignado privado, que os ministérios da Fazenda e do Trabalho devem propor ao Congresso Nacional ainda em 2024.

“Desenvolvemos com o Serpro e a Dataprev toda a estrutura de tecnologia da informação. Está pronta e deve sair em breve, neste ano”, afirmou ao Estadão o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto.

O sistema seguirá os moldes do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas que vigorou até maio. A ideia é que os bancos compitam pela contratação do crédito, numa espécie de “leilão” pelos menores juros e melhores prazos e condições.

Plataforma do consignado privado estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“O trabalhador vai levantar a mão, nessa plataforma, e dizer: ‘Quero um consignado’. Com isso, ele dá autorização para os bancos olharem os dados dentro do INSS, e aí ele escolhe a instituição que fizer a melhor oferta”, explica Pinto.

Hoje, o consignado privado fica bem atrás dos consignados voltados ao setor público e aos aposentados. O diagnóstico da equipe econômica é de que dois fatores brecam esse tipo de concessão.

“O primeiro problema é que precisa de um convênio entre banco e empregador, o que exclui praticamente todas as pequenas e médias empresas. E o segundo é que, quando o trabalhador sai ou perde o emprego, ele perde o vínculo (que possibilita o crédito)”, explica Pinto.

Com a nova plataforma, que estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital, a contratação do empréstimo será diretamente com o banco, sem necessidade de convênio com a empresa. “Na hora que o empregador for pagar os encargos trabalhistas, ele já terá de deduzir a parcela do empréstimo, e isso vai direto para o banco”, diz o secretário.

Caso o funcionário mude de emprego, a dívida continuará ativa e poderá ser redirecionada para o novo vínculo. Além disso, no caso de demissão, parte das verbas recisórias poderá ser dada como garantia. Atualmente, o limite é de 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa, mas há discussões dentro do governo para que esse lastro seja elevado.

Além das pequenas empresas, o objetivo é levar o consignado a públicos que hoje contam com oferta limitada ou inexistente dessa modalidade, como por exemplo os trabalhadores domésticos.“Esse (trabalhador doméstico) é um público importante. Pessoas que se financiam em crediários supercaros do varejo ou no rotativo do cartão de crédito e que vão poder pegar esse novo tipo de financiamento”, afirma.

A ideia é que os trabalhadores possam comprometer até 35% de sua remuneração bruta mensal com esse crédito, mas o porcentual ainda pode sofrer ajustes, afirma Pinto. Questionado sobre a taxa de juros, o secretário diz que a média será inevitavelmente superior à observada no consignado dos aposentados e servidores públicos, uma vez que o risco será maior.

Sobre a possibilidade de definição de um teto para essa taxa, Pinto diz que a decisão sobre estabelecer ou não um limite e qual será ele ficará a cargo do Conselho Curador do FGTS, como já previsto em legislação vigente atualmente.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, embora os bancos já tenham se manifestado de forma contrária, segue de pé no Ministério do Trabalho a possibilidade de haver um teto de juros no novo desenho do consignado para trabalhadores do setor privado.

A pasta também defende que o novo consignado seja atrelado ao fim do chamado saque-aniversário do FGTS, modalidade em que os trabalhadores sacam anualmente uma parcela do fundo. Os bancos criaram um crédito em cima desse saque, que hoje movimenta bilhões de reais — e, por isso, se opõem à extinção desse produto. O Ministério do Trabalho alega, porém, que as retiradas anuais ameaçam a sustentabilidade do FGTS.

BRASÍLIA - O governo realiza os ajustes finais em uma plataforma que pretende unir, de um lado, trabalhadores da iniciativa privada interessados em contratar crédito e, de outro, instituições financeiras aptas a oferecer esses valores. Essa será a base tecnológica do novo empréstimo consignado privado, que os ministérios da Fazenda e do Trabalho devem propor ao Congresso Nacional ainda em 2024.

“Desenvolvemos com o Serpro e a Dataprev toda a estrutura de tecnologia da informação. Está pronta e deve sair em breve, neste ano”, afirmou ao Estadão o secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto.

O sistema seguirá os moldes do Desenrola, o programa de renegociação de dívidas que vigorou até maio. A ideia é que os bancos compitam pela contratação do crédito, numa espécie de “leilão” pelos menores juros e melhores prazos e condições.

Plataforma do consignado privado estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

“O trabalhador vai levantar a mão, nessa plataforma, e dizer: ‘Quero um consignado’. Com isso, ele dá autorização para os bancos olharem os dados dentro do INSS, e aí ele escolhe a instituição que fizer a melhor oferta”, explica Pinto.

Hoje, o consignado privado fica bem atrás dos consignados voltados ao setor público e aos aposentados. O diagnóstico da equipe econômica é de que dois fatores brecam esse tipo de concessão.

“O primeiro problema é que precisa de um convênio entre banco e empregador, o que exclui praticamente todas as pequenas e médias empresas. E o segundo é que, quando o trabalhador sai ou perde o emprego, ele perde o vínculo (que possibilita o crédito)”, explica Pinto.

Com a nova plataforma, que estará interligada ao e-Social e ao FGTS Digital, a contratação do empréstimo será diretamente com o banco, sem necessidade de convênio com a empresa. “Na hora que o empregador for pagar os encargos trabalhistas, ele já terá de deduzir a parcela do empréstimo, e isso vai direto para o banco”, diz o secretário.

Caso o funcionário mude de emprego, a dívida continuará ativa e poderá ser redirecionada para o novo vínculo. Além disso, no caso de demissão, parte das verbas recisórias poderá ser dada como garantia. Atualmente, o limite é de 10% do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 100% da multa, mas há discussões dentro do governo para que esse lastro seja elevado.

Além das pequenas empresas, o objetivo é levar o consignado a públicos que hoje contam com oferta limitada ou inexistente dessa modalidade, como por exemplo os trabalhadores domésticos.“Esse (trabalhador doméstico) é um público importante. Pessoas que se financiam em crediários supercaros do varejo ou no rotativo do cartão de crédito e que vão poder pegar esse novo tipo de financiamento”, afirma.

A ideia é que os trabalhadores possam comprometer até 35% de sua remuneração bruta mensal com esse crédito, mas o porcentual ainda pode sofrer ajustes, afirma Pinto. Questionado sobre a taxa de juros, o secretário diz que a média será inevitavelmente superior à observada no consignado dos aposentados e servidores públicos, uma vez que o risco será maior.

Sobre a possibilidade de definição de um teto para essa taxa, Pinto diz que a decisão sobre estabelecer ou não um limite e qual será ele ficará a cargo do Conselho Curador do FGTS, como já previsto em legislação vigente atualmente.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, embora os bancos já tenham se manifestado de forma contrária, segue de pé no Ministério do Trabalho a possibilidade de haver um teto de juros no novo desenho do consignado para trabalhadores do setor privado.

A pasta também defende que o novo consignado seja atrelado ao fim do chamado saque-aniversário do FGTS, modalidade em que os trabalhadores sacam anualmente uma parcela do fundo. Os bancos criaram um crédito em cima desse saque, que hoje movimenta bilhões de reais — e, por isso, se opõem à extinção desse produto. O Ministério do Trabalho alega, porém, que as retiradas anuais ameaçam a sustentabilidade do FGTS.

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