Crédito para veículos tem novo recorde de inadimplência


Taxa de atrasos acima de 90 dias passou de 5,7% em março para 5,9% em abril, maior porcentual da série de quase 12 anos

Por BRASÍLIA

A inadimplência nas operações de crédito para a compra de veículos bateu novo recorde em abril, mês em que as concessões recuaram e os prazos de financiamento voltaram a encolher, segundo o Banco Central. Os números estão entre os motivos que levaram o governo a anunciar na segunda-feira o pacote de redução de imposto e liberação de crédito para o setor. A taxa de atrasos acima de 90 dias (prazo para classificação de inadimplência) passou de 5,7% em março para 5,9% no mês passado, maior porcentual da série iniciada em junho de 2000. Em dezembro de 2010, estava em menos da metade: 2,5%. Se forem contabilizados também os pagamentos vencidos há menos de 90 dias, o porcentual de dívidas em atraso mínimo de 15 dias sobe para 15% do total de empréstimos para compra de carros. O aumento nos atrasos levou os bancos a reduzirem ainda mais os prazos, que caíram pelo décimo mês seguido e retornaram aos níveis da crise de 2009. Também cortaram a liberação de empréstimos, que recuou 10% no primeiro quadrimestre, em relação ao mesmo período de 2011. "O prazo menor reflete a adoção de medidas macroprudenciais para o setor de veículos e também a cautela maior dos bancos", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. A notícia positiva ficou por conta da redução nas taxas de juros para esses empréstimos, que chegaram a 26% ao ano em abril, menor porcentual desde dezembro de 2010 (25,2% ao ano). Questionado sobre o que poderia ser feito para destravar o crédito para veículos, Maciel disse que a ampliação de prazos, compromisso assumido no início da semana pelos bancos com o governo, reduz o valor das parcelas mensais, o que pode atrair mais clientes para o setor. "Historicamente, prazos maiores são um atrativo adicional para as concessões de financiamento", disse Maciel, que fez uma ressalva: "Ao mesmo tempo, prazos maiores significam risco maior. Portanto, é preciso ponderação, e não necessariamente os prazos tendem a se estender. " A analista do setor de crédito da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, acredita que a inadimplência na pessoa física e também em veículos deve cair a partir do segundo semestre. "Com a redução dos juros, alongamento dos prazos e economia mais forte, o refinanciamento vai ser facilitado e clientes com dificuldade tendem a encontrar uma solução", diz. Por enquanto, afirma, é possível observar o destravamento na maioria das linhas de crédito, mas o crédito de veículos ainda segue mais lento. Mas a previsão de queda dos calotes não é unânime. O economista-chefe de CM Capital Markets, Darwin Dib, observa que a atual desaceleração da economia pode aumentar a inadimplência. "A elevação da taxa de desemprego está contratada diante do desaquecimento da atividade. O que preocupa é que, se a inadimplência da pessoa física, que normalmente acompanha o viés do desemprego, já está em alta faz tempo, o que esperar quando o desemprego finalmente começar a subir?", afirma, em relatório aos clientes. / E.C. e F.N.

A inadimplência nas operações de crédito para a compra de veículos bateu novo recorde em abril, mês em que as concessões recuaram e os prazos de financiamento voltaram a encolher, segundo o Banco Central. Os números estão entre os motivos que levaram o governo a anunciar na segunda-feira o pacote de redução de imposto e liberação de crédito para o setor. A taxa de atrasos acima de 90 dias (prazo para classificação de inadimplência) passou de 5,7% em março para 5,9% no mês passado, maior porcentual da série iniciada em junho de 2000. Em dezembro de 2010, estava em menos da metade: 2,5%. Se forem contabilizados também os pagamentos vencidos há menos de 90 dias, o porcentual de dívidas em atraso mínimo de 15 dias sobe para 15% do total de empréstimos para compra de carros. O aumento nos atrasos levou os bancos a reduzirem ainda mais os prazos, que caíram pelo décimo mês seguido e retornaram aos níveis da crise de 2009. Também cortaram a liberação de empréstimos, que recuou 10% no primeiro quadrimestre, em relação ao mesmo período de 2011. "O prazo menor reflete a adoção de medidas macroprudenciais para o setor de veículos e também a cautela maior dos bancos", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. A notícia positiva ficou por conta da redução nas taxas de juros para esses empréstimos, que chegaram a 26% ao ano em abril, menor porcentual desde dezembro de 2010 (25,2% ao ano). Questionado sobre o que poderia ser feito para destravar o crédito para veículos, Maciel disse que a ampliação de prazos, compromisso assumido no início da semana pelos bancos com o governo, reduz o valor das parcelas mensais, o que pode atrair mais clientes para o setor. "Historicamente, prazos maiores são um atrativo adicional para as concessões de financiamento", disse Maciel, que fez uma ressalva: "Ao mesmo tempo, prazos maiores significam risco maior. Portanto, é preciso ponderação, e não necessariamente os prazos tendem a se estender. " A analista do setor de crédito da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, acredita que a inadimplência na pessoa física e também em veículos deve cair a partir do segundo semestre. "Com a redução dos juros, alongamento dos prazos e economia mais forte, o refinanciamento vai ser facilitado e clientes com dificuldade tendem a encontrar uma solução", diz. Por enquanto, afirma, é possível observar o destravamento na maioria das linhas de crédito, mas o crédito de veículos ainda segue mais lento. Mas a previsão de queda dos calotes não é unânime. O economista-chefe de CM Capital Markets, Darwin Dib, observa que a atual desaceleração da economia pode aumentar a inadimplência. "A elevação da taxa de desemprego está contratada diante do desaquecimento da atividade. O que preocupa é que, se a inadimplência da pessoa física, que normalmente acompanha o viés do desemprego, já está em alta faz tempo, o que esperar quando o desemprego finalmente começar a subir?", afirma, em relatório aos clientes. / E.C. e F.N.

A inadimplência nas operações de crédito para a compra de veículos bateu novo recorde em abril, mês em que as concessões recuaram e os prazos de financiamento voltaram a encolher, segundo o Banco Central. Os números estão entre os motivos que levaram o governo a anunciar na segunda-feira o pacote de redução de imposto e liberação de crédito para o setor. A taxa de atrasos acima de 90 dias (prazo para classificação de inadimplência) passou de 5,7% em março para 5,9% no mês passado, maior porcentual da série iniciada em junho de 2000. Em dezembro de 2010, estava em menos da metade: 2,5%. Se forem contabilizados também os pagamentos vencidos há menos de 90 dias, o porcentual de dívidas em atraso mínimo de 15 dias sobe para 15% do total de empréstimos para compra de carros. O aumento nos atrasos levou os bancos a reduzirem ainda mais os prazos, que caíram pelo décimo mês seguido e retornaram aos níveis da crise de 2009. Também cortaram a liberação de empréstimos, que recuou 10% no primeiro quadrimestre, em relação ao mesmo período de 2011. "O prazo menor reflete a adoção de medidas macroprudenciais para o setor de veículos e também a cautela maior dos bancos", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel. A notícia positiva ficou por conta da redução nas taxas de juros para esses empréstimos, que chegaram a 26% ao ano em abril, menor porcentual desde dezembro de 2010 (25,2% ao ano). Questionado sobre o que poderia ser feito para destravar o crédito para veículos, Maciel disse que a ampliação de prazos, compromisso assumido no início da semana pelos bancos com o governo, reduz o valor das parcelas mensais, o que pode atrair mais clientes para o setor. "Historicamente, prazos maiores são um atrativo adicional para as concessões de financiamento", disse Maciel, que fez uma ressalva: "Ao mesmo tempo, prazos maiores significam risco maior. Portanto, é preciso ponderação, e não necessariamente os prazos tendem a se estender. " A analista do setor de crédito da Tendências Consultoria, Mariana Oliveira, acredita que a inadimplência na pessoa física e também em veículos deve cair a partir do segundo semestre. "Com a redução dos juros, alongamento dos prazos e economia mais forte, o refinanciamento vai ser facilitado e clientes com dificuldade tendem a encontrar uma solução", diz. Por enquanto, afirma, é possível observar o destravamento na maioria das linhas de crédito, mas o crédito de veículos ainda segue mais lento. Mas a previsão de queda dos calotes não é unânime. O economista-chefe de CM Capital Markets, Darwin Dib, observa que a atual desaceleração da economia pode aumentar a inadimplência. "A elevação da taxa de desemprego está contratada diante do desaquecimento da atividade. O que preocupa é que, se a inadimplência da pessoa física, que normalmente acompanha o viés do desemprego, já está em alta faz tempo, o que esperar quando o desemprego finalmente começar a subir?", afirma, em relatório aos clientes. / E.C. e F.N.

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