Crise econômica gera tensão entre Argentina e Brasil


Produtos fabricados no Brasil são incluídos em lista de itens que terão maior controle.

Por Marcia Carmo

A Aduana argentina incluiu nesta quinta-feira 120 produtos, muitos deles fabricados no Brasil, em uma lista de quase 22 mil itens que passarão a ter maior rigor para entrar no mercado argentino. Oficialmente, a Aduana, que é responsável pelo controle do que entra na Argentina, negou que a medida afete produtos brasileiros, argumentando que o alvo são os produtos asiáticos, que tentam entrar no país com preços de dumping. De acordo com a Aduana, mais de 70% dos produtos que terão maior controle são de origem asiática. No entanto, emissoras de rádio e jornais argentinos como Clarín e Ambito Financeiro destacaram em suas manchetes que a "Argentina impõe barreiras à China e ao Brasil". Entre os produtos fabricados no Brasil incluídos na lista estão itens dos setores têxtil e de eletrônicos. Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil o momento é de tensão e pode levar Brasil e Argentina a uma nova rodada de disputas comerciais. "O momento é de tensão. A iniciativa da Aduana reforça a sensação de que a Argentina quer, principalmente, proteger a sua indústria e com medidas unilaterais", disse o economista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA). "Essa imensa quantidade de produtos envolve itens fabricados no Brasil e trata-se de medida unilateral. Mesmo que o alvo sejam produtos asiáticos, os brasileiros serão afetados com a maior lentidão no dsembarque de seus produtos exportados para a Argentina", afirmou Ochoa. "Gestos de proteção" Para o economista, os "gestos de proteção" da Argentina vão continuar, mesmo que seja dentro dos limites máximos permitidos pela OMC (Organização Mundial de Comércio) e com um discurso "dúbio" em relação ao Brasil. "O governo argentino continuará mandando sinais ao empresariado local de que estão protegidos, neste momento (de volatilidade) do real", disse Ochoa. Nesta quinta-feira, o secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, disse que os argentinos deverão se "acostumar" a consumir produtos locais. Mais de uma vez durante a semana Fraguío afirmou que adotará as chamadas "licenças não automáticas" - que aumentam a burocracia do desembarque - para as importações, mas sem se referir a nenhum país especificamente. "Estamos percorrendo o caminho inverso do Brasil. Isso também vai contribuir para gerar mais tensão entre os dois principais sócios do Mercosul", afirmou Ochoa. Discursos diferentes Para o cientista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, Brasil e Argentina têm hoje discursos e posturas bem diferentes. "A Argentina quer proteger e desvalorizar e vai na contramão do que o Brasil defende", disse Fraga. Nos últimos dias, a presidente argentina, Cristina Kirchner, fez pelo menos três discursos afirmando que o comércio do país continuará "administrado". Ela também falou, na terça-feira, que "adotará salvaguardas" para proteger o emprego local. Pouco antes, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, havia criticado qualquer medida protecionista, dizendo que foi um dos motivos da crise de 1929. Desvalorização O discurso de Cristina atende os pedidos públicos feitos, cada vez com mais intensidade, pelos industriais do país reunidos na União Industrial Argentina (UIA). O presidente da entidade, Juan Lascurrain, voltou a dizer, na quarta-feira, que a desvalorização do real prejudica "fortemente" a indústria argentina. Lascurrain defende a desvalorização do peso - hoje cotado em torno de US$ 3,23 - para acompanhar a desvalorização do valor do real e quer ainda a adoção de barreiras para evitar prejuízos aos fabricantes locais. "Esperamos que o governo adote estas medidas em defesa do emprego dos argentinos", disse. Ao mesmo tempo, foi aberto um debate em programas de rádio e de televisão do país para saber o que os economistas acham, se o peso deve ou não acompanhar o real. "Os industriais não deveriam se limitar a falar em desvalorização, mas buscar caminhos para serem mais competitivos", disse o ex-presidente do Banco Central, Alfonso Prat-Gay. Entre os economistas o temor é o de que o dólar mais alto gere ainda mais inflação na Argentina, que vive um momento de desaceleração da economia. Autoridades brasileiras e argentinas devem participar de uma reunião no dia 27 para discutir o impacto da crise internacional na região. Até lá, os dois países poderão ter afinado ou não a postura frente à turbulência internacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Aduana argentina incluiu nesta quinta-feira 120 produtos, muitos deles fabricados no Brasil, em uma lista de quase 22 mil itens que passarão a ter maior rigor para entrar no mercado argentino. Oficialmente, a Aduana, que é responsável pelo controle do que entra na Argentina, negou que a medida afete produtos brasileiros, argumentando que o alvo são os produtos asiáticos, que tentam entrar no país com preços de dumping. De acordo com a Aduana, mais de 70% dos produtos que terão maior controle são de origem asiática. No entanto, emissoras de rádio e jornais argentinos como Clarín e Ambito Financeiro destacaram em suas manchetes que a "Argentina impõe barreiras à China e ao Brasil". Entre os produtos fabricados no Brasil incluídos na lista estão itens dos setores têxtil e de eletrônicos. Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil o momento é de tensão e pode levar Brasil e Argentina a uma nova rodada de disputas comerciais. "O momento é de tensão. A iniciativa da Aduana reforça a sensação de que a Argentina quer, principalmente, proteger a sua indústria e com medidas unilaterais", disse o economista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA). "Essa imensa quantidade de produtos envolve itens fabricados no Brasil e trata-se de medida unilateral. Mesmo que o alvo sejam produtos asiáticos, os brasileiros serão afetados com a maior lentidão no dsembarque de seus produtos exportados para a Argentina", afirmou Ochoa. "Gestos de proteção" Para o economista, os "gestos de proteção" da Argentina vão continuar, mesmo que seja dentro dos limites máximos permitidos pela OMC (Organização Mundial de Comércio) e com um discurso "dúbio" em relação ao Brasil. "O governo argentino continuará mandando sinais ao empresariado local de que estão protegidos, neste momento (de volatilidade) do real", disse Ochoa. Nesta quinta-feira, o secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, disse que os argentinos deverão se "acostumar" a consumir produtos locais. Mais de uma vez durante a semana Fraguío afirmou que adotará as chamadas "licenças não automáticas" - que aumentam a burocracia do desembarque - para as importações, mas sem se referir a nenhum país especificamente. "Estamos percorrendo o caminho inverso do Brasil. Isso também vai contribuir para gerar mais tensão entre os dois principais sócios do Mercosul", afirmou Ochoa. Discursos diferentes Para o cientista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, Brasil e Argentina têm hoje discursos e posturas bem diferentes. "A Argentina quer proteger e desvalorizar e vai na contramão do que o Brasil defende", disse Fraga. Nos últimos dias, a presidente argentina, Cristina Kirchner, fez pelo menos três discursos afirmando que o comércio do país continuará "administrado". Ela também falou, na terça-feira, que "adotará salvaguardas" para proteger o emprego local. Pouco antes, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, havia criticado qualquer medida protecionista, dizendo que foi um dos motivos da crise de 1929. Desvalorização O discurso de Cristina atende os pedidos públicos feitos, cada vez com mais intensidade, pelos industriais do país reunidos na União Industrial Argentina (UIA). O presidente da entidade, Juan Lascurrain, voltou a dizer, na quarta-feira, que a desvalorização do real prejudica "fortemente" a indústria argentina. Lascurrain defende a desvalorização do peso - hoje cotado em torno de US$ 3,23 - para acompanhar a desvalorização do valor do real e quer ainda a adoção de barreiras para evitar prejuízos aos fabricantes locais. "Esperamos que o governo adote estas medidas em defesa do emprego dos argentinos", disse. Ao mesmo tempo, foi aberto um debate em programas de rádio e de televisão do país para saber o que os economistas acham, se o peso deve ou não acompanhar o real. "Os industriais não deveriam se limitar a falar em desvalorização, mas buscar caminhos para serem mais competitivos", disse o ex-presidente do Banco Central, Alfonso Prat-Gay. Entre os economistas o temor é o de que o dólar mais alto gere ainda mais inflação na Argentina, que vive um momento de desaceleração da economia. Autoridades brasileiras e argentinas devem participar de uma reunião no dia 27 para discutir o impacto da crise internacional na região. Até lá, os dois países poderão ter afinado ou não a postura frente à turbulência internacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Aduana argentina incluiu nesta quinta-feira 120 produtos, muitos deles fabricados no Brasil, em uma lista de quase 22 mil itens que passarão a ter maior rigor para entrar no mercado argentino. Oficialmente, a Aduana, que é responsável pelo controle do que entra na Argentina, negou que a medida afete produtos brasileiros, argumentando que o alvo são os produtos asiáticos, que tentam entrar no país com preços de dumping. De acordo com a Aduana, mais de 70% dos produtos que terão maior controle são de origem asiática. No entanto, emissoras de rádio e jornais argentinos como Clarín e Ambito Financeiro destacaram em suas manchetes que a "Argentina impõe barreiras à China e ao Brasil". Entre os produtos fabricados no Brasil incluídos na lista estão itens dos setores têxtil e de eletrônicos. Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil o momento é de tensão e pode levar Brasil e Argentina a uma nova rodada de disputas comerciais. "O momento é de tensão. A iniciativa da Aduana reforça a sensação de que a Argentina quer, principalmente, proteger a sua indústria e com medidas unilaterais", disse o economista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA). "Essa imensa quantidade de produtos envolve itens fabricados no Brasil e trata-se de medida unilateral. Mesmo que o alvo sejam produtos asiáticos, os brasileiros serão afetados com a maior lentidão no dsembarque de seus produtos exportados para a Argentina", afirmou Ochoa. "Gestos de proteção" Para o economista, os "gestos de proteção" da Argentina vão continuar, mesmo que seja dentro dos limites máximos permitidos pela OMC (Organização Mundial de Comércio) e com um discurso "dúbio" em relação ao Brasil. "O governo argentino continuará mandando sinais ao empresariado local de que estão protegidos, neste momento (de volatilidade) do real", disse Ochoa. Nesta quinta-feira, o secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, disse que os argentinos deverão se "acostumar" a consumir produtos locais. Mais de uma vez durante a semana Fraguío afirmou que adotará as chamadas "licenças não automáticas" - que aumentam a burocracia do desembarque - para as importações, mas sem se referir a nenhum país especificamente. "Estamos percorrendo o caminho inverso do Brasil. Isso também vai contribuir para gerar mais tensão entre os dois principais sócios do Mercosul", afirmou Ochoa. Discursos diferentes Para o cientista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, Brasil e Argentina têm hoje discursos e posturas bem diferentes. "A Argentina quer proteger e desvalorizar e vai na contramão do que o Brasil defende", disse Fraga. Nos últimos dias, a presidente argentina, Cristina Kirchner, fez pelo menos três discursos afirmando que o comércio do país continuará "administrado". Ela também falou, na terça-feira, que "adotará salvaguardas" para proteger o emprego local. Pouco antes, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, havia criticado qualquer medida protecionista, dizendo que foi um dos motivos da crise de 1929. Desvalorização O discurso de Cristina atende os pedidos públicos feitos, cada vez com mais intensidade, pelos industriais do país reunidos na União Industrial Argentina (UIA). O presidente da entidade, Juan Lascurrain, voltou a dizer, na quarta-feira, que a desvalorização do real prejudica "fortemente" a indústria argentina. Lascurrain defende a desvalorização do peso - hoje cotado em torno de US$ 3,23 - para acompanhar a desvalorização do valor do real e quer ainda a adoção de barreiras para evitar prejuízos aos fabricantes locais. "Esperamos que o governo adote estas medidas em defesa do emprego dos argentinos", disse. Ao mesmo tempo, foi aberto um debate em programas de rádio e de televisão do país para saber o que os economistas acham, se o peso deve ou não acompanhar o real. "Os industriais não deveriam se limitar a falar em desvalorização, mas buscar caminhos para serem mais competitivos", disse o ex-presidente do Banco Central, Alfonso Prat-Gay. Entre os economistas o temor é o de que o dólar mais alto gere ainda mais inflação na Argentina, que vive um momento de desaceleração da economia. Autoridades brasileiras e argentinas devem participar de uma reunião no dia 27 para discutir o impacto da crise internacional na região. Até lá, os dois países poderão ter afinado ou não a postura frente à turbulência internacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

A Aduana argentina incluiu nesta quinta-feira 120 produtos, muitos deles fabricados no Brasil, em uma lista de quase 22 mil itens que passarão a ter maior rigor para entrar no mercado argentino. Oficialmente, a Aduana, que é responsável pelo controle do que entra na Argentina, negou que a medida afete produtos brasileiros, argumentando que o alvo são os produtos asiáticos, que tentam entrar no país com preços de dumping. De acordo com a Aduana, mais de 70% dos produtos que terão maior controle são de origem asiática. No entanto, emissoras de rádio e jornais argentinos como Clarín e Ambito Financeiro destacaram em suas manchetes que a "Argentina impõe barreiras à China e ao Brasil". Entre os produtos fabricados no Brasil incluídos na lista estão itens dos setores têxtil e de eletrônicos. Segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil o momento é de tensão e pode levar Brasil e Argentina a uma nova rodada de disputas comerciais. "O momento é de tensão. A iniciativa da Aduana reforça a sensação de que a Argentina quer, principalmente, proteger a sua indústria e com medidas unilaterais", disse o economista Raul Ochoa, professor de comércio internacional da Universidade de Buenos Aires (UBA). "Essa imensa quantidade de produtos envolve itens fabricados no Brasil e trata-se de medida unilateral. Mesmo que o alvo sejam produtos asiáticos, os brasileiros serão afetados com a maior lentidão no dsembarque de seus produtos exportados para a Argentina", afirmou Ochoa. "Gestos de proteção" Para o economista, os "gestos de proteção" da Argentina vão continuar, mesmo que seja dentro dos limites máximos permitidos pela OMC (Organização Mundial de Comércio) e com um discurso "dúbio" em relação ao Brasil. "O governo argentino continuará mandando sinais ao empresariado local de que estão protegidos, neste momento (de volatilidade) do real", disse Ochoa. Nesta quinta-feira, o secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, disse que os argentinos deverão se "acostumar" a consumir produtos locais. Mais de uma vez durante a semana Fraguío afirmou que adotará as chamadas "licenças não automáticas" - que aumentam a burocracia do desembarque - para as importações, mas sem se referir a nenhum país especificamente. "Estamos percorrendo o caminho inverso do Brasil. Isso também vai contribuir para gerar mais tensão entre os dois principais sócios do Mercosul", afirmou Ochoa. Discursos diferentes Para o cientista político Rosendo Fraga, do Centro de Estudos Nova Maioria, Brasil e Argentina têm hoje discursos e posturas bem diferentes. "A Argentina quer proteger e desvalorizar e vai na contramão do que o Brasil defende", disse Fraga. Nos últimos dias, a presidente argentina, Cristina Kirchner, fez pelo menos três discursos afirmando que o comércio do país continuará "administrado". Ela também falou, na terça-feira, que "adotará salvaguardas" para proteger o emprego local. Pouco antes, o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, havia criticado qualquer medida protecionista, dizendo que foi um dos motivos da crise de 1929. Desvalorização O discurso de Cristina atende os pedidos públicos feitos, cada vez com mais intensidade, pelos industriais do país reunidos na União Industrial Argentina (UIA). O presidente da entidade, Juan Lascurrain, voltou a dizer, na quarta-feira, que a desvalorização do real prejudica "fortemente" a indústria argentina. Lascurrain defende a desvalorização do peso - hoje cotado em torno de US$ 3,23 - para acompanhar a desvalorização do valor do real e quer ainda a adoção de barreiras para evitar prejuízos aos fabricantes locais. "Esperamos que o governo adote estas medidas em defesa do emprego dos argentinos", disse. Ao mesmo tempo, foi aberto um debate em programas de rádio e de televisão do país para saber o que os economistas acham, se o peso deve ou não acompanhar o real. "Os industriais não deveriam se limitar a falar em desvalorização, mas buscar caminhos para serem mais competitivos", disse o ex-presidente do Banco Central, Alfonso Prat-Gay. Entre os economistas o temor é o de que o dólar mais alto gere ainda mais inflação na Argentina, que vive um momento de desaceleração da economia. Autoridades brasileiras e argentinas devem participar de uma reunião no dia 27 para discutir o impacto da crise internacional na região. Até lá, os dois países poderão ter afinado ou não a postura frente à turbulência internacional. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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