Cemig volta às origens, vende ativos e foca investimentos em Minas


Programa da estatal prevê R$ 22,5 bilhões até 2025 em projetos no Estado; presidente da empresa diz que estatal não teve sucesso em participações minoritárias

Por Renée Pereira

Depois de iniciar um movimento de expansão para além das fronteiras de Minas Gerais na década de 90, a Cemig volta às suas origens. A estatal, fundada há mais de 70 anos, está se desfazendo de negócios fora do Estado e apostando em investimentos dentro do território mineiro. Hoje a empresa de energia elétrica tem o maior programa de investimento da história, de R$ 22,5 bilhões até 2025. “Queremos voltar a ser uma indutora do crescimento de Minas”, afirma o presidente da companhia, Reynaldo Passanezi.

No comando da Cemig desde o início de 2020, o executivo fez um amplo ajuste nas contas e estruturas da estatal para retomar o processo de investimentos. O ponto de partida foi definir três pilares: ser eficiente, cumprir a política de dividendos e se desfazer de ativos fora da estratégia da empresa. Para ter ideia, diz ele, entre 2009 e 2018, a empresa gastou R$ 8 bilhões de despesas operacionais acima do valor do limite regulatório, reconhecido pela agência na tarifa. Em 2021, esse montante ficou R$ 448 milhões abaixo do limite.

Usina solar Três Marias construída pela Cemig no Estado Foto: Glenio Campregher/Acervo Cemig
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Outra iniciativa foi unir algumas unidades da Cemig num único prédio, o que diminuiu as despesas em R$ 40 milhões. A empresa – que atua na geração, distribuição, transmissão e gás natural – também tinha dois aviões com três pilotos para uso exclusivo da diretoria e um hangar na Pampulha que custava R$ 1 milhão por ano. As aeronaves foram vendidas e os profissionais desligados da estatal. “Além disso, tínhamos 100 pessoas disponíveis para a diretoria, como garçons e motoristas. Hoje estamos com apenas 10. Quando vamos somando essas coisas, o resultado é impressionante”, diz Passanezi.

Ele calcula que os ajustes somam uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que permitiu, pela primeira vez na história, o equilíbrio operacional da estatal. A receita líquida da empresa no primeiro semestre cresceu 11%, para R$ 16 bilhões. O lucro, no entanto, caiu para R$ 1,5 bilhão por causa da decisão de fazer provisões referente à devolução de créditos tributários.

Uma mudança significativa na política da empresa está no plano de investimentos. A decisão é se desfazer de negócios minoritários fora do Estado que não deram certo. A empresa vendeu, por exemplo, Renova e Light. Tem ainda outros que estão na lista de Passanezi, como as participações nas hidrelétricas Belo Monte e Santo Antônio, além de Taesa.

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Presidente da Cemig diz que empresa decidiu se desfazer de participações minoritárias em vários empreendimentos Foto: Denis Ribeiro

Segundo o executivo, entre 2009 e 2018, as participações minoritárias da empresa nesses empreendimentos somaram R$ 19 bilhões. Na média, esse valor representa uma perda de R$ 11 bilhões já que hoje a fatia da Cemig nesses negócios vale R$ 8 bilhões. “Foram aquisições minoritárias que deram errado.”

Daqui para frente, a Cemig vai focar nas oportunidades dentro do Estado. Um dos maiores programas de investimentos é a construção de 200 novas subestações, elevando de 415 para 615 unidades. Ao reforçar a rede, o objetivo é trazer novas indústrias para o Estado – no passado, uma das maiores críticas do setor produtivo local era a falta de capacidade para atender à demanda de novos negócios. “Também vamos converter cerca de 30 mil km de linhas monofásica em trifásica, o que amplia a capacidade do usuário.”

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Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia

Reynaldo Passanezi, presidente da Cemig

Em geração, os investimentos deverão somar cerca de R$ 5 bilhões em 1,5 GW de potência em fontes renováveis, como solar e eólica. Outros R$ 1,5 bilhão será aplicado em geração distribuída, aquela dos painéis solares nas residências. A distribuição ficará com a maior parte dos investimentos, de R$ 14 bilhões; e o gás natural, R$ 1,5 bilhão. “Em todos os investimentos, queremos ter o controle do negócio, pois a experiência da Cemig com participações minoritárias não foi exitosa.”

Os investimentos devem ser feitos com caixa ou valor conseguido com a desalavancagem da empresa com a venda de ativos. Só com Light e Renova, a estatal embolsou R$ 2,5 bilhões. Com exceção das energias renováveis, que poderão ser construídas no Nordeste devido ao potencial da região, os demais projetos devem ocorrer em Minas. “Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia”, diz Passanezi.

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Hoje a dívida líquida da Cemig está em R$ 7,2 bilhões. Em 2024, a empresa terá de quitar ou renegociar cerca de US$ 1 bilhão. Na visão da agência de classificação de risco Fitch Rating, a diversificação da empresa dilui os riscos de negócios e regulatórios. “A companhia é um dos maiores grupos integrados do setor do Brasil, distribuindo energia elétrica a 8,9 milhões de usuários, com 5,8 GW de capacidade instalada de geração e 7,96 mil km de linhas de transmissão”, diz a agência, em relatório em que atribui nota AA para a emissão de debêntures da estatal.

A agência de classificação de risco destaca ainda que a redução de despesas que vem sendo feita na empresa vai resultar numa melhora dos índices financeiros deste ano.

Depois de iniciar um movimento de expansão para além das fronteiras de Minas Gerais na década de 90, a Cemig volta às suas origens. A estatal, fundada há mais de 70 anos, está se desfazendo de negócios fora do Estado e apostando em investimentos dentro do território mineiro. Hoje a empresa de energia elétrica tem o maior programa de investimento da história, de R$ 22,5 bilhões até 2025. “Queremos voltar a ser uma indutora do crescimento de Minas”, afirma o presidente da companhia, Reynaldo Passanezi.

No comando da Cemig desde o início de 2020, o executivo fez um amplo ajuste nas contas e estruturas da estatal para retomar o processo de investimentos. O ponto de partida foi definir três pilares: ser eficiente, cumprir a política de dividendos e se desfazer de ativos fora da estratégia da empresa. Para ter ideia, diz ele, entre 2009 e 2018, a empresa gastou R$ 8 bilhões de despesas operacionais acima do valor do limite regulatório, reconhecido pela agência na tarifa. Em 2021, esse montante ficou R$ 448 milhões abaixo do limite.

Usina solar Três Marias construída pela Cemig no Estado Foto: Glenio Campregher/Acervo Cemig

Outra iniciativa foi unir algumas unidades da Cemig num único prédio, o que diminuiu as despesas em R$ 40 milhões. A empresa – que atua na geração, distribuição, transmissão e gás natural – também tinha dois aviões com três pilotos para uso exclusivo da diretoria e um hangar na Pampulha que custava R$ 1 milhão por ano. As aeronaves foram vendidas e os profissionais desligados da estatal. “Além disso, tínhamos 100 pessoas disponíveis para a diretoria, como garçons e motoristas. Hoje estamos com apenas 10. Quando vamos somando essas coisas, o resultado é impressionante”, diz Passanezi.

Ele calcula que os ajustes somam uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que permitiu, pela primeira vez na história, o equilíbrio operacional da estatal. A receita líquida da empresa no primeiro semestre cresceu 11%, para R$ 16 bilhões. O lucro, no entanto, caiu para R$ 1,5 bilhão por causa da decisão de fazer provisões referente à devolução de créditos tributários.

Uma mudança significativa na política da empresa está no plano de investimentos. A decisão é se desfazer de negócios minoritários fora do Estado que não deram certo. A empresa vendeu, por exemplo, Renova e Light. Tem ainda outros que estão na lista de Passanezi, como as participações nas hidrelétricas Belo Monte e Santo Antônio, além de Taesa.

Presidente da Cemig diz que empresa decidiu se desfazer de participações minoritárias em vários empreendimentos Foto: Denis Ribeiro

Segundo o executivo, entre 2009 e 2018, as participações minoritárias da empresa nesses empreendimentos somaram R$ 19 bilhões. Na média, esse valor representa uma perda de R$ 11 bilhões já que hoje a fatia da Cemig nesses negócios vale R$ 8 bilhões. “Foram aquisições minoritárias que deram errado.”

Daqui para frente, a Cemig vai focar nas oportunidades dentro do Estado. Um dos maiores programas de investimentos é a construção de 200 novas subestações, elevando de 415 para 615 unidades. Ao reforçar a rede, o objetivo é trazer novas indústrias para o Estado – no passado, uma das maiores críticas do setor produtivo local era a falta de capacidade para atender à demanda de novos negócios. “Também vamos converter cerca de 30 mil km de linhas monofásica em trifásica, o que amplia a capacidade do usuário.”

Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia

Reynaldo Passanezi, presidente da Cemig

Em geração, os investimentos deverão somar cerca de R$ 5 bilhões em 1,5 GW de potência em fontes renováveis, como solar e eólica. Outros R$ 1,5 bilhão será aplicado em geração distribuída, aquela dos painéis solares nas residências. A distribuição ficará com a maior parte dos investimentos, de R$ 14 bilhões; e o gás natural, R$ 1,5 bilhão. “Em todos os investimentos, queremos ter o controle do negócio, pois a experiência da Cemig com participações minoritárias não foi exitosa.”

Os investimentos devem ser feitos com caixa ou valor conseguido com a desalavancagem da empresa com a venda de ativos. Só com Light e Renova, a estatal embolsou R$ 2,5 bilhões. Com exceção das energias renováveis, que poderão ser construídas no Nordeste devido ao potencial da região, os demais projetos devem ocorrer em Minas. “Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia”, diz Passanezi.

Hoje a dívida líquida da Cemig está em R$ 7,2 bilhões. Em 2024, a empresa terá de quitar ou renegociar cerca de US$ 1 bilhão. Na visão da agência de classificação de risco Fitch Rating, a diversificação da empresa dilui os riscos de negócios e regulatórios. “A companhia é um dos maiores grupos integrados do setor do Brasil, distribuindo energia elétrica a 8,9 milhões de usuários, com 5,8 GW de capacidade instalada de geração e 7,96 mil km de linhas de transmissão”, diz a agência, em relatório em que atribui nota AA para a emissão de debêntures da estatal.

A agência de classificação de risco destaca ainda que a redução de despesas que vem sendo feita na empresa vai resultar numa melhora dos índices financeiros deste ano.

Depois de iniciar um movimento de expansão para além das fronteiras de Minas Gerais na década de 90, a Cemig volta às suas origens. A estatal, fundada há mais de 70 anos, está se desfazendo de negócios fora do Estado e apostando em investimentos dentro do território mineiro. Hoje a empresa de energia elétrica tem o maior programa de investimento da história, de R$ 22,5 bilhões até 2025. “Queremos voltar a ser uma indutora do crescimento de Minas”, afirma o presidente da companhia, Reynaldo Passanezi.

No comando da Cemig desde o início de 2020, o executivo fez um amplo ajuste nas contas e estruturas da estatal para retomar o processo de investimentos. O ponto de partida foi definir três pilares: ser eficiente, cumprir a política de dividendos e se desfazer de ativos fora da estratégia da empresa. Para ter ideia, diz ele, entre 2009 e 2018, a empresa gastou R$ 8 bilhões de despesas operacionais acima do valor do limite regulatório, reconhecido pela agência na tarifa. Em 2021, esse montante ficou R$ 448 milhões abaixo do limite.

Usina solar Três Marias construída pela Cemig no Estado Foto: Glenio Campregher/Acervo Cemig

Outra iniciativa foi unir algumas unidades da Cemig num único prédio, o que diminuiu as despesas em R$ 40 milhões. A empresa – que atua na geração, distribuição, transmissão e gás natural – também tinha dois aviões com três pilotos para uso exclusivo da diretoria e um hangar na Pampulha que custava R$ 1 milhão por ano. As aeronaves foram vendidas e os profissionais desligados da estatal. “Além disso, tínhamos 100 pessoas disponíveis para a diretoria, como garçons e motoristas. Hoje estamos com apenas 10. Quando vamos somando essas coisas, o resultado é impressionante”, diz Passanezi.

Ele calcula que os ajustes somam uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que permitiu, pela primeira vez na história, o equilíbrio operacional da estatal. A receita líquida da empresa no primeiro semestre cresceu 11%, para R$ 16 bilhões. O lucro, no entanto, caiu para R$ 1,5 bilhão por causa da decisão de fazer provisões referente à devolução de créditos tributários.

Uma mudança significativa na política da empresa está no plano de investimentos. A decisão é se desfazer de negócios minoritários fora do Estado que não deram certo. A empresa vendeu, por exemplo, Renova e Light. Tem ainda outros que estão na lista de Passanezi, como as participações nas hidrelétricas Belo Monte e Santo Antônio, além de Taesa.

Presidente da Cemig diz que empresa decidiu se desfazer de participações minoritárias em vários empreendimentos Foto: Denis Ribeiro

Segundo o executivo, entre 2009 e 2018, as participações minoritárias da empresa nesses empreendimentos somaram R$ 19 bilhões. Na média, esse valor representa uma perda de R$ 11 bilhões já que hoje a fatia da Cemig nesses negócios vale R$ 8 bilhões. “Foram aquisições minoritárias que deram errado.”

Daqui para frente, a Cemig vai focar nas oportunidades dentro do Estado. Um dos maiores programas de investimentos é a construção de 200 novas subestações, elevando de 415 para 615 unidades. Ao reforçar a rede, o objetivo é trazer novas indústrias para o Estado – no passado, uma das maiores críticas do setor produtivo local era a falta de capacidade para atender à demanda de novos negócios. “Também vamos converter cerca de 30 mil km de linhas monofásica em trifásica, o que amplia a capacidade do usuário.”

Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia

Reynaldo Passanezi, presidente da Cemig

Em geração, os investimentos deverão somar cerca de R$ 5 bilhões em 1,5 GW de potência em fontes renováveis, como solar e eólica. Outros R$ 1,5 bilhão será aplicado em geração distribuída, aquela dos painéis solares nas residências. A distribuição ficará com a maior parte dos investimentos, de R$ 14 bilhões; e o gás natural, R$ 1,5 bilhão. “Em todos os investimentos, queremos ter o controle do negócio, pois a experiência da Cemig com participações minoritárias não foi exitosa.”

Os investimentos devem ser feitos com caixa ou valor conseguido com a desalavancagem da empresa com a venda de ativos. Só com Light e Renova, a estatal embolsou R$ 2,5 bilhões. Com exceção das energias renováveis, que poderão ser construídas no Nordeste devido ao potencial da região, os demais projetos devem ocorrer em Minas. “Temos um monopólio aqui. Por que vou abrir mão disso e investir em Rondônia”, diz Passanezi.

Hoje a dívida líquida da Cemig está em R$ 7,2 bilhões. Em 2024, a empresa terá de quitar ou renegociar cerca de US$ 1 bilhão. Na visão da agência de classificação de risco Fitch Rating, a diversificação da empresa dilui os riscos de negócios e regulatórios. “A companhia é um dos maiores grupos integrados do setor do Brasil, distribuindo energia elétrica a 8,9 milhões de usuários, com 5,8 GW de capacidade instalada de geração e 7,96 mil km de linhas de transmissão”, diz a agência, em relatório em que atribui nota AA para a emissão de debêntures da estatal.

A agência de classificação de risco destaca ainda que a redução de despesas que vem sendo feita na empresa vai resultar numa melhora dos índices financeiros deste ano.

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