A queda dos preços ao consumidor em julho é a manchete do dia, mas não chega a ser uma surpresa. As expectativas de mercado já indicavam deflação para o mês passado, algo que deve se repetir em agosto. Os consumidores também já vinham sentindo a melhora, especialmente nos dois itens mais importantes para o resultado do mês passado: combustíveis e energia. Quem abastece o carro com gasolina já tem convivido há semanas com descontos de mais de 1 real por litro nos postos, em relação aos preços de maio e junho.
O efeito da inflação baixa sobre a popularidade do presidente Jair Bolsonaro e sobre as eleições de outubro, portanto, já está bastante refletido nas pesquisas eleitorais mais recentes. Os preços de alimentos continuam em alta, atrapalhando a campanha de Bolsonaro entre os mais pobres. Mas, com os combustíveis em baixa, Bolsonaro tem recuperado um pouco de apoio entre eleitores arrependidos, que o apoiaram em 2018 e agora se mantinham mais à distância.
A queda recente da inflação e a recuperação do mercado de trabalho contribuíram para que Bolsonaro melhorasse sua popularidade ao longo do ano e continuasse no páreo. As chances de Bolsonaro vencer a eleição até subiram um pouco de um mês para cá.
Mas olhar para a deflação de julho é olhar para o retrovisor. Para Bolsonaro vencer a eleição, ele precisa que as notícias boas continuem. O cenário internacional um pouco mais calmo, com preços em queda, ajudam o presidente. Para Bolsonaro, é importante que não só que o IPCA de agosto também aponte deflação, mas que a Petrobras continue reduzindo os preços da gasolina e do diesel em setembro e outubro. Uma eventual queda do dólar também poderia ajudar a reduzir preços de alimentos. O mercado de trabalho precisa continuar quente. A cada notícia como essa, Bolsonaro pode reduzir um pouco mais a distância que ainda o separa de Lula.