O resultado abaixo do esperado para o IPCA de maio - ficou em 0,23%, enquanto o mercado financeiro projetava 0,33% - faz as previsões para a inflação fechada no ano ganharem viés de baixa. Uma deflação neste mês de junho e um IPCA abaixo de 5% no ano começam a entrar no radar dos analistas. A meta de inflação para este ano perseguida pelo Banco Central é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos - ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
“Se pegarmos o IPCA-15 e o (IPCA) cheio, não tínhamos uma surpresa acumulada tão grande desde 2005 na série histórica”, diz o economista Luís Menon, da Garde Asset. Segundo ele, após esse resultado, as chances de uma deflação em junho voltaram a aparecer.
Para o ano, a projeção de alta de 5,1% do IPCA ganhou viés de baixa, e Menon diz não ser improvável a inflação fechar o ano abaixo de 5,0%. “É impressionante a velocidade desta queda, que é muito puxada por alimentos. Temos acompanhado mês após mês os preços no atacado surpreendendo para baixo, pelo cenário internacional e a supersafra aqui.”
A estrategista de inflação da corretora Warren Rena, Andréa Angelo, projeta uma deflação de 0,09% para o próximo IPCA, de junho. Para o mês seguinte, porém, a expectativa é de retorno ao terreno positivo, com alta projetada entre 0,20% e 0,24%. As projeções da Warren para o IPCA de 2023, de alta de 4,8%, e 2024, de 4,2%, estão em revisão.
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A economista, em relatório, avalia que a desaceleração na leitura mensal, em grande medida, é consequência do arrefecimento de combustíveis, passagem aérea e alimentação, que juntos retiraram 0,39 ponto porcentual do índice na margem. A descompressão em itens de Artigo de residência e Vestuário também contribuiu com o alívio, acrescenta.
A projeção da XP Investimentos para o IPCA de junho hoje é de 0,18% mas, segunda a instituição, tem viés de baixa. “Não ficaríamos surpresos se tivéssemos uma deflação em junho”, avalia o economista da XP Alexandre Maluf, em nota. No entanto, a instituição, por ora, mantém a projeção de 5,4% para o IPCA de 2023, com a perspectiva de uma resiliência maior da inflação de serviços.