Delfim Netto participou do governo Lula e petista lamentou quando ele não foi reeleito deputado


Em nota oficial, petista diz que durante 30 anos criticou Delfim, mas que pediu desculpas em 2006

Por Clayton Freitas
Atualização:

O economista Delfim Netto, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi preso pelo regime em 1980 durante a greve que mobilizou 200 mil metalúrgicos. Apesar de origens políticas distintas, os dois acabaram se aproximando, a ponto de o economista ter participado do governo petista como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação.

Delfim Netto, morto nesta segunda-feira aos 96 anos Foto: Iara Morselli/Estadão

Planalto emite nota sobre morte

continua após a publicidade

Em nota emitida pelo Palácio do Planalto nesta segunda, Lula lamentou a morte do economista. “Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, diz um trecho do texto.

O petista relembrou que Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período.” Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, diz um trecho do texto.

Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente e candidato à reeleição, cumprimenta o economista Delfim Netto em outubro de 2006 Foto: Evelson de Freitas/Estadão Conteúdi
continua após a publicidade

Influência de empresários e acadêmicos

Segundo Fábio Andrade, economista e cientista político da ESPM, algumas variáveis ajudam a explicar a relação entre os dois, que teve início entre 1998 e 2002, às vésperas da primeira eleição vencida por Lula. “O primeiro laço de aproximação foi quando o PT se aproximou do empresariado, e o empresariado sempre se consultou com Antonio Delfim Netto. Sempre, desde sempre”, diz. “O escritório dele [Delfim] no Pacaembu [zona oeste de São Paulo] sempre foi muito bem frequentado por pessoas muito relevantes do empresariado paulista e brasileiro”, complementa.

Uma ponta importante desse laço foi a escolha do nome de José Alencar, um empresário, para compor a chapa do petista.

continua após a publicidade

Ainda segundo o especialista, outra ponta desse laço foi a acadêmica. Segundo ele, academicamente, a Unicamp era uma escola ligada ao PMDB, e que depois foi ligada ao PT. “As raízes de pensamento da Unicamp, sobretudo em termos de desenvolvimentismo e a preocupação com o desenvolvimento nacional, fizeram, do ponto de vista de análise [do PT] ser menos antipática e, em alguns casos, até simpática a Antonio Delfim Netto”, diz.

“O maior economista do Brasil”

continua após a publicidade

A aproximação entre ambos se tornou mais aparente como o elogio, feito por Delfim, à “Carta ao Povo Brasileiro”, documento lançado pelo petista durante a campanha de 2002 à presidência, em que ele acenou diálogo com diversos setores produtivos da sociedade. Isso, à época, foi visto como uma preocupação não só com a justiça social, mas também com o mercado interno e externo.

Segundo entrevista publicada no site de Lula, Delfim Netto chegou a manifestar seu apoio à campanha do petista quando ele foi para o segundo turno com José Serra.

Ao vencer as eleições presidenciais em 2002, após derrotas em 1989, 1994 e 1998, aliados do petista procuraram conselheiros, e Delfim Netto foi um deles. Então deputado federal, o economista já tinha passagens como como ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ter sido embaixador. No governo petista, teve um assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, indicou pessoas próximas para cargos em estatais, foi conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação e cogitado diversas vezes para ser ministro.

continua após a publicidade

Em 2006, após a frustrada tentativa de reeleição de Delfim, Lula criticou o eleitor paulista por deixar de eleger o economista para mais um mandato. “Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe, tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele”, afirmou o petista, em evento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).

Dois anos depois, em 2008, Delfim disse que Lula era a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, disse, em entrevista à Agência Estado. Um ano depois, em 2009, o economista disse que “Lula salvou o capitalismo brasileiro”. Em 2022, Lula escolheu como QG de campanha uma casa que pertenceu a Delfim, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.

O economista Delfim Netto, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi preso pelo regime em 1980 durante a greve que mobilizou 200 mil metalúrgicos. Apesar de origens políticas distintas, os dois acabaram se aproximando, a ponto de o economista ter participado do governo petista como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação.

Delfim Netto, morto nesta segunda-feira aos 96 anos Foto: Iara Morselli/Estadão

Planalto emite nota sobre morte

Em nota emitida pelo Palácio do Planalto nesta segunda, Lula lamentou a morte do economista. “Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, diz um trecho do texto.

O petista relembrou que Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período.” Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, diz um trecho do texto.

Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente e candidato à reeleição, cumprimenta o economista Delfim Netto em outubro de 2006 Foto: Evelson de Freitas/Estadão Conteúdi

Influência de empresários e acadêmicos

Segundo Fábio Andrade, economista e cientista político da ESPM, algumas variáveis ajudam a explicar a relação entre os dois, que teve início entre 1998 e 2002, às vésperas da primeira eleição vencida por Lula. “O primeiro laço de aproximação foi quando o PT se aproximou do empresariado, e o empresariado sempre se consultou com Antonio Delfim Netto. Sempre, desde sempre”, diz. “O escritório dele [Delfim] no Pacaembu [zona oeste de São Paulo] sempre foi muito bem frequentado por pessoas muito relevantes do empresariado paulista e brasileiro”, complementa.

Uma ponta importante desse laço foi a escolha do nome de José Alencar, um empresário, para compor a chapa do petista.

Ainda segundo o especialista, outra ponta desse laço foi a acadêmica. Segundo ele, academicamente, a Unicamp era uma escola ligada ao PMDB, e que depois foi ligada ao PT. “As raízes de pensamento da Unicamp, sobretudo em termos de desenvolvimentismo e a preocupação com o desenvolvimento nacional, fizeram, do ponto de vista de análise [do PT] ser menos antipática e, em alguns casos, até simpática a Antonio Delfim Netto”, diz.

“O maior economista do Brasil”

A aproximação entre ambos se tornou mais aparente como o elogio, feito por Delfim, à “Carta ao Povo Brasileiro”, documento lançado pelo petista durante a campanha de 2002 à presidência, em que ele acenou diálogo com diversos setores produtivos da sociedade. Isso, à época, foi visto como uma preocupação não só com a justiça social, mas também com o mercado interno e externo.

Segundo entrevista publicada no site de Lula, Delfim Netto chegou a manifestar seu apoio à campanha do petista quando ele foi para o segundo turno com José Serra.

Ao vencer as eleições presidenciais em 2002, após derrotas em 1989, 1994 e 1998, aliados do petista procuraram conselheiros, e Delfim Netto foi um deles. Então deputado federal, o economista já tinha passagens como como ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ter sido embaixador. No governo petista, teve um assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, indicou pessoas próximas para cargos em estatais, foi conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação e cogitado diversas vezes para ser ministro.

Em 2006, após a frustrada tentativa de reeleição de Delfim, Lula criticou o eleitor paulista por deixar de eleger o economista para mais um mandato. “Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe, tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele”, afirmou o petista, em evento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).

Dois anos depois, em 2008, Delfim disse que Lula era a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, disse, em entrevista à Agência Estado. Um ano depois, em 2009, o economista disse que “Lula salvou o capitalismo brasileiro”. Em 2022, Lula escolheu como QG de campanha uma casa que pertenceu a Delfim, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.

O economista Delfim Netto, que morreu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, foi ministro do regime militar nos governos dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à época presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, foi preso pelo regime em 1980 durante a greve que mobilizou 200 mil metalúrgicos. Apesar de origens políticas distintas, os dois acabaram se aproximando, a ponto de o economista ter participado do governo petista como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação.

Delfim Netto, morto nesta segunda-feira aos 96 anos Foto: Iara Morselli/Estadão

Planalto emite nota sobre morte

Em nota emitida pelo Palácio do Planalto nesta segunda, Lula lamentou a morte do economista. “Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, diz um trecho do texto.

O petista relembrou que Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período.” Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, diz um trecho do texto.

Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente e candidato à reeleição, cumprimenta o economista Delfim Netto em outubro de 2006 Foto: Evelson de Freitas/Estadão Conteúdi

Influência de empresários e acadêmicos

Segundo Fábio Andrade, economista e cientista político da ESPM, algumas variáveis ajudam a explicar a relação entre os dois, que teve início entre 1998 e 2002, às vésperas da primeira eleição vencida por Lula. “O primeiro laço de aproximação foi quando o PT se aproximou do empresariado, e o empresariado sempre se consultou com Antonio Delfim Netto. Sempre, desde sempre”, diz. “O escritório dele [Delfim] no Pacaembu [zona oeste de São Paulo] sempre foi muito bem frequentado por pessoas muito relevantes do empresariado paulista e brasileiro”, complementa.

Uma ponta importante desse laço foi a escolha do nome de José Alencar, um empresário, para compor a chapa do petista.

Ainda segundo o especialista, outra ponta desse laço foi a acadêmica. Segundo ele, academicamente, a Unicamp era uma escola ligada ao PMDB, e que depois foi ligada ao PT. “As raízes de pensamento da Unicamp, sobretudo em termos de desenvolvimentismo e a preocupação com o desenvolvimento nacional, fizeram, do ponto de vista de análise [do PT] ser menos antipática e, em alguns casos, até simpática a Antonio Delfim Netto”, diz.

“O maior economista do Brasil”

A aproximação entre ambos se tornou mais aparente como o elogio, feito por Delfim, à “Carta ao Povo Brasileiro”, documento lançado pelo petista durante a campanha de 2002 à presidência, em que ele acenou diálogo com diversos setores produtivos da sociedade. Isso, à época, foi visto como uma preocupação não só com a justiça social, mas também com o mercado interno e externo.

Segundo entrevista publicada no site de Lula, Delfim Netto chegou a manifestar seu apoio à campanha do petista quando ele foi para o segundo turno com José Serra.

Ao vencer as eleições presidenciais em 2002, após derrotas em 1989, 1994 e 1998, aliados do petista procuraram conselheiros, e Delfim Netto foi um deles. Então deputado federal, o economista já tinha passagens como como ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ter sido embaixador. No governo petista, teve um assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, indicou pessoas próximas para cargos em estatais, foi conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação e cogitado diversas vezes para ser ministro.

Em 2006, após a frustrada tentativa de reeleição de Delfim, Lula criticou o eleitor paulista por deixar de eleger o economista para mais um mandato. “Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe, tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele”, afirmou o petista, em evento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).

Dois anos depois, em 2008, Delfim disse que Lula era a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, disse, em entrevista à Agência Estado. Um ano depois, em 2009, o economista disse que “Lula salvou o capitalismo brasileiro”. Em 2022, Lula escolheu como QG de campanha uma casa que pertenceu a Delfim, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.