Análise|Solução para desafios energéticos e ambientais passa pela priorização de fontes limpas e confiáveis


Com vastos recursos naturais e alto potencial renovável, a jornada para uma matriz elétrica mais verde no Brasil está plena de oportunidades, mas também de desafios

Por Benedito Cláudio da Silva
Atualização:

À medida que o planeta enfrenta crescentes desafios climáticos, a transição para um sistema energético mais sustentável e menos poluente emerge como uma urgência. Os eventos extremos que temos vivenciado, a exemplo dos que causaram a tragédia destes dias no Rio Grande do Sul, mostram que soluções sustentáveis são inadiáveis.

No Brasil, com vastos recursos naturais e alto potencial renovável, a jornada para uma matriz elétrica mais verde está plena de oportunidades, mas também de desafios.

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Na última década, o País fez louváveis esforços para diversificar sua matriz, priorizando a expansão de energia solar e eólica. No entanto, sua expansão acelerada e, por vezes, descoordenada introduziu complexidades significativas para o sistema elétrico, afetando sua segurança, confiabilidade e equilíbrio de custos.

Transição de matriz energética no Brasil tem oportunidades, mas também tem desafios. Foto: Marcello Casal Jr/MARCELLO CASAL JR

A inserção de fontes intermitentes na matriz energética apresenta desafios de previsibilidade, uma vez que, nesse tipo de fonte, a energia não é gerada constantemente. A geração de energia solar e eólica depende fortemente das condições climáticas locais. Nos períodos de baixa produção, outras fontes de energia são necessárias para suprir a demanda, o que pode levar a picos de preço devido à necessidade de ativar usinas termelétricas – bem mais caras e poluentes.

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Enquanto uma térmica emite até 1,7 kg de CO2 para gerar um KWh de energia, a fonte hidráulica, a menos suja de todas, libera somente quatro gramas de dióxido de carbono por KWh.

A falta de capacidade de armazenamento de energia em larga escala é outro desafio, pois é vital para mitigar a intermitência das fontes renováveis. Atualmente, o Brasil ainda procura por soluções economicamente viáveis para o armazenamento em larga escala, como baterias, o que aumenta a dependência de fontes poluentes durante períodos de baixa geração pelas fontes limpas.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a participação da fonte hídrica na matriz elétrica atualmente está em aproximadamente 49%. As energias solar e eólica respondem por 32% do total. O que o planejamento federal estima é que, em 2028, essa distância será bastante reduzida, com os percentuais de participação na matriz passando a 42% e 39%, respectivamente.

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Esses números reforçam a sinalização de continuidade da inserção de fontes renováveis intermitentes na matriz elétrica brasileira. Não se trata aqui de condenar esse tipo de fonte, já que são limpas e trazem inúmeros benefícios, mas não se pode ignorar, por exemplo, os riscos das fontes inconstantes em horários de pico.

Ao mesmo tempo, a expansão projetada da fonte hídrica até 2030 é de menos de 1% em relação à capacidade atual. É um cenário preocupante, uma vez que, para enfrentar os desafios da intermitência, é crucial aumentar a participação de fontes classificadas de “despacháveis”, como as centrais hidrelétricas de pequeno e médio portes - até 50 MW - , que podem modular sua produção conforme a variação da demanda.

Essas centrais são componentes fundamentais para a estabilidade do sistema elétrico, oferecendo uma fonte de energia confiável e sustentável, com menor impacto ambiental em comparação com grandes hidrelétricas e termelétricas. Exigem, por exemplo, alagamento de áreas muito menores, sem o trauma de deslocar fauna e populações humanas para longe de represas. A legislação brasileira ainda prevê a criação de áreas de preservação permanente ao redor dessas estruturas, o que protege os recursos naturais.

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As pequenas e médias centrais, devido à sua proximidade com os centros de consumo, também reduzem a necessidade de novas linhas de transmissão, cujos custos são repassados aos consumidores.

A integração dessas fontes é uma abordagem estratégica para uma transição energética mais equilibrada e sustentável no Brasil. Como exemplo, de acordo com o ONS, nos últimos eventos de recorde de demanda, ocorridos em fevereiro e março deste ano, a geração hidrelétrica diária chegou a responder por 73% da produção total, confirmando o importante papel dessa fonte para rápida resposta às flutuações de demanda.

Para que o Brasil avance na sua transição energética de forma eficaz, é imperativo que as políticas públicas e os investimentos sejam cuidadosamente direcionados para promover a reinserção de hidrelétricas na expansão de sua matriz elétrica. Isso não apenas contribuirá para a estabilidade do sistema elétrico, mas também para a sustentabilidade ambiental e econômica do país, exigindo compromisso, inovação, e colaboração entre o governo, a indústria e a sociedade.

À medida que o planeta enfrenta crescentes desafios climáticos, a transição para um sistema energético mais sustentável e menos poluente emerge como uma urgência. Os eventos extremos que temos vivenciado, a exemplo dos que causaram a tragédia destes dias no Rio Grande do Sul, mostram que soluções sustentáveis são inadiáveis.

No Brasil, com vastos recursos naturais e alto potencial renovável, a jornada para uma matriz elétrica mais verde está plena de oportunidades, mas também de desafios.

Na última década, o País fez louváveis esforços para diversificar sua matriz, priorizando a expansão de energia solar e eólica. No entanto, sua expansão acelerada e, por vezes, descoordenada introduziu complexidades significativas para o sistema elétrico, afetando sua segurança, confiabilidade e equilíbrio de custos.

Transição de matriz energética no Brasil tem oportunidades, mas também tem desafios. Foto: Marcello Casal Jr/MARCELLO CASAL JR

A inserção de fontes intermitentes na matriz energética apresenta desafios de previsibilidade, uma vez que, nesse tipo de fonte, a energia não é gerada constantemente. A geração de energia solar e eólica depende fortemente das condições climáticas locais. Nos períodos de baixa produção, outras fontes de energia são necessárias para suprir a demanda, o que pode levar a picos de preço devido à necessidade de ativar usinas termelétricas – bem mais caras e poluentes.

Enquanto uma térmica emite até 1,7 kg de CO2 para gerar um KWh de energia, a fonte hidráulica, a menos suja de todas, libera somente quatro gramas de dióxido de carbono por KWh.

A falta de capacidade de armazenamento de energia em larga escala é outro desafio, pois é vital para mitigar a intermitência das fontes renováveis. Atualmente, o Brasil ainda procura por soluções economicamente viáveis para o armazenamento em larga escala, como baterias, o que aumenta a dependência de fontes poluentes durante períodos de baixa geração pelas fontes limpas.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a participação da fonte hídrica na matriz elétrica atualmente está em aproximadamente 49%. As energias solar e eólica respondem por 32% do total. O que o planejamento federal estima é que, em 2028, essa distância será bastante reduzida, com os percentuais de participação na matriz passando a 42% e 39%, respectivamente.

Esses números reforçam a sinalização de continuidade da inserção de fontes renováveis intermitentes na matriz elétrica brasileira. Não se trata aqui de condenar esse tipo de fonte, já que são limpas e trazem inúmeros benefícios, mas não se pode ignorar, por exemplo, os riscos das fontes inconstantes em horários de pico.

Ao mesmo tempo, a expansão projetada da fonte hídrica até 2030 é de menos de 1% em relação à capacidade atual. É um cenário preocupante, uma vez que, para enfrentar os desafios da intermitência, é crucial aumentar a participação de fontes classificadas de “despacháveis”, como as centrais hidrelétricas de pequeno e médio portes - até 50 MW - , que podem modular sua produção conforme a variação da demanda.

Essas centrais são componentes fundamentais para a estabilidade do sistema elétrico, oferecendo uma fonte de energia confiável e sustentável, com menor impacto ambiental em comparação com grandes hidrelétricas e termelétricas. Exigem, por exemplo, alagamento de áreas muito menores, sem o trauma de deslocar fauna e populações humanas para longe de represas. A legislação brasileira ainda prevê a criação de áreas de preservação permanente ao redor dessas estruturas, o que protege os recursos naturais.

As pequenas e médias centrais, devido à sua proximidade com os centros de consumo, também reduzem a necessidade de novas linhas de transmissão, cujos custos são repassados aos consumidores.

A integração dessas fontes é uma abordagem estratégica para uma transição energética mais equilibrada e sustentável no Brasil. Como exemplo, de acordo com o ONS, nos últimos eventos de recorde de demanda, ocorridos em fevereiro e março deste ano, a geração hidrelétrica diária chegou a responder por 73% da produção total, confirmando o importante papel dessa fonte para rápida resposta às flutuações de demanda.

Para que o Brasil avance na sua transição energética de forma eficaz, é imperativo que as políticas públicas e os investimentos sejam cuidadosamente direcionados para promover a reinserção de hidrelétricas na expansão de sua matriz elétrica. Isso não apenas contribuirá para a estabilidade do sistema elétrico, mas também para a sustentabilidade ambiental e econômica do país, exigindo compromisso, inovação, e colaboração entre o governo, a indústria e a sociedade.

À medida que o planeta enfrenta crescentes desafios climáticos, a transição para um sistema energético mais sustentável e menos poluente emerge como uma urgência. Os eventos extremos que temos vivenciado, a exemplo dos que causaram a tragédia destes dias no Rio Grande do Sul, mostram que soluções sustentáveis são inadiáveis.

No Brasil, com vastos recursos naturais e alto potencial renovável, a jornada para uma matriz elétrica mais verde está plena de oportunidades, mas também de desafios.

Na última década, o País fez louváveis esforços para diversificar sua matriz, priorizando a expansão de energia solar e eólica. No entanto, sua expansão acelerada e, por vezes, descoordenada introduziu complexidades significativas para o sistema elétrico, afetando sua segurança, confiabilidade e equilíbrio de custos.

Transição de matriz energética no Brasil tem oportunidades, mas também tem desafios. Foto: Marcello Casal Jr/MARCELLO CASAL JR

A inserção de fontes intermitentes na matriz energética apresenta desafios de previsibilidade, uma vez que, nesse tipo de fonte, a energia não é gerada constantemente. A geração de energia solar e eólica depende fortemente das condições climáticas locais. Nos períodos de baixa produção, outras fontes de energia são necessárias para suprir a demanda, o que pode levar a picos de preço devido à necessidade de ativar usinas termelétricas – bem mais caras e poluentes.

Enquanto uma térmica emite até 1,7 kg de CO2 para gerar um KWh de energia, a fonte hidráulica, a menos suja de todas, libera somente quatro gramas de dióxido de carbono por KWh.

A falta de capacidade de armazenamento de energia em larga escala é outro desafio, pois é vital para mitigar a intermitência das fontes renováveis. Atualmente, o Brasil ainda procura por soluções economicamente viáveis para o armazenamento em larga escala, como baterias, o que aumenta a dependência de fontes poluentes durante períodos de baixa geração pelas fontes limpas.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a participação da fonte hídrica na matriz elétrica atualmente está em aproximadamente 49%. As energias solar e eólica respondem por 32% do total. O que o planejamento federal estima é que, em 2028, essa distância será bastante reduzida, com os percentuais de participação na matriz passando a 42% e 39%, respectivamente.

Esses números reforçam a sinalização de continuidade da inserção de fontes renováveis intermitentes na matriz elétrica brasileira. Não se trata aqui de condenar esse tipo de fonte, já que são limpas e trazem inúmeros benefícios, mas não se pode ignorar, por exemplo, os riscos das fontes inconstantes em horários de pico.

Ao mesmo tempo, a expansão projetada da fonte hídrica até 2030 é de menos de 1% em relação à capacidade atual. É um cenário preocupante, uma vez que, para enfrentar os desafios da intermitência, é crucial aumentar a participação de fontes classificadas de “despacháveis”, como as centrais hidrelétricas de pequeno e médio portes - até 50 MW - , que podem modular sua produção conforme a variação da demanda.

Essas centrais são componentes fundamentais para a estabilidade do sistema elétrico, oferecendo uma fonte de energia confiável e sustentável, com menor impacto ambiental em comparação com grandes hidrelétricas e termelétricas. Exigem, por exemplo, alagamento de áreas muito menores, sem o trauma de deslocar fauna e populações humanas para longe de represas. A legislação brasileira ainda prevê a criação de áreas de preservação permanente ao redor dessas estruturas, o que protege os recursos naturais.

As pequenas e médias centrais, devido à sua proximidade com os centros de consumo, também reduzem a necessidade de novas linhas de transmissão, cujos custos são repassados aos consumidores.

A integração dessas fontes é uma abordagem estratégica para uma transição energética mais equilibrada e sustentável no Brasil. Como exemplo, de acordo com o ONS, nos últimos eventos de recorde de demanda, ocorridos em fevereiro e março deste ano, a geração hidrelétrica diária chegou a responder por 73% da produção total, confirmando o importante papel dessa fonte para rápida resposta às flutuações de demanda.

Para que o Brasil avance na sua transição energética de forma eficaz, é imperativo que as políticas públicas e os investimentos sejam cuidadosamente direcionados para promover a reinserção de hidrelétricas na expansão de sua matriz elétrica. Isso não apenas contribuirá para a estabilidade do sistema elétrico, mas também para a sustentabilidade ambiental e econômica do país, exigindo compromisso, inovação, e colaboração entre o governo, a indústria e a sociedade.

Análise por Benedito Cláudio da Silva

Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas, da Universidade Federal de Itajubá (MG)

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