A expansão no emprego formal fez o mercado de trabalho voltar a mostrar bom desempenho em abril. A taxa de desemprego no País caiu de 7,9% no trimestre móvel encerrado em março para 7,5% no trimestre encerrado em abril, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados nesta quarta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado, o mais baixo para esse período do ano desde 2014, surpreendeu até as previsões mais otimistas de analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma taxa de desemprego mais elevada, entre 7,6% e 8,2%, com mediana de 7,7%.
“A gente vem registrando ganhos no mercado de trabalho. Muito provavelmente é pelo cenário econômico, redução de inadimplência e de taxa de inflação, pode estar relacionado a crédito”, justificou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. “A melhoria desses elementos, desses fundamentos, contribui para o desempenho melhor do mercado de trabalho”, acrescentou.
Após a taxa de desemprego ter registrado um aumento sazonal na passagem do quarto trimestre de 2023 para o primeiro trimestre de 2024, as informações referentes a abril já mostraram uma redução no ritmo de demissões pelo comércio e aumento nas contratações de profissionais por estabelecimentos de educação básica, sobretudo no ensino fundamental, ambos movimentos característicos também desses primeiros meses de cada ano, apontou a coordenadora do IBGE.
“A entrada do mês de abril na composição desse trimestre móvel já interrompeu esse movimento de expansão da taxa de desocupação”, frisou Beringuy. “O cenário ainda é de manutenção de ganhos da população ocupada, também de trabalho com carteira assinada, de rendimento do trabalhador”, enumerou.
Em apenas um trimestre, houve uma abertura de 211 mil vagas no mercado de trabalho, elevando a população ocupada a um total de 100,804 milhões de pessoas trabalhando no trimestre até abril. Em um ano, mais 2,773 milhões de trabalhadores encontraram uma ocupação.
Ao mesmo tempo, a população desocupada recuou em 78 mil pessoas em um trimestre, para 8,213 milhões de desempregados. Em um ano, 882 mil pessoas deixaram o desemprego.
“Passado o aumento sazonal do desemprego no primeiro trimestre, observamos uma retomada do movimento de queda da taxa de desemprego, sinal da solidez do mercado de trabalho como um dos principais vetores para a expansão da demanda este ano”, observou, em nota, o economista Rafael Perez, da casa de análises de investimentos Suno Research. “O crescimento mais forte da atividade nesse começo do ano está bastante relacionado com o baixo desemprego e alta dos salários, o que tem se refletido numa expansão mais forte da economia”, completou Perez, prevendo uma acomodação na taxa de desemprego nos atuais patamares para o restante de 2024.
A melhora no emprego em abril foi impulsionada pela expansão do trabalho formal, ao passo que o contingente de pessoas atuando na informalidade diminuiu. Houve uma geração de 239 mil vagas com carteira assinada no setor privado em um trimestre, levando o total de pessoas trabalhando nessas condições a um recorde de 38,188 milhões. Em um ano, 1,382 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas no setor privado.
“Com a taxa de desemprego em patamar historicamente baixo, os empregadores devem reajustar os salários acima dos ganhos de produtividade e repassar o aumento de custo aos preços finais. Por isso, o mercado de trabalho deve continuar pressionando a inflação de serviços, setor mais intensivo em mão de obra”, previu a economista Claudia Moreno, do C6 Bank, em comentário.
Com mais pessoas trabalhando e vagas mais qualificadas sendo criadas, a massa de salários em circulação na economia alcançou um ápice de R$ 313,137 bilhões no trimestre encerrado em abril, um aumento de R$ 3,296 bilhões em relação ao trimestre móvel anterior, terminado em janeiro.
O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 0,8% em um trimestre, para R$ 3.151. Segundo Adriana Beringuy, do IBGE, a renda do trabalhador cresceu puxada pela expansão do emprego formal, que possui tradicionalmente remuneração mais elevada que a de ocupações informais.