Dólar em alta mexe no comércio exterior, preços e inflação? Veja o que dizem os especialistas


Ciclo de compras externas é longo, dura cerca de 120 dias, e depende da consolidação da moeda americana em um novo patamar; procura das empresas por proteção contra variações cambiais aumentou

Por Márcia De Chiara

A disparada do dólar, que se valorizou neste ano quase 17% em relação ao real, pode ter impactos nas importações e exportações a partir da virada do ano e no início de 2025, se o câmbio, de fato, se consolidar em um novo patamar, avaliam especialistas em comércio exterior consultados pelo Estadão.

Na terça-feira, 2, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,70, maior cotação desde 7 de janeiro de 2022, mas encerrou o dia cotado a R$ 5,66. Nos últimos 30 dias, a moeda americana acumula alta de 7,87%.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz não ver, por ora, impacto na balança comercial. Ele argumenta que o reflexo do câmbio nas importações e exportações demora, no mínimo, seis meses para aparecer.

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Caso dólar se sustente em novo patamar até o final do ano, empresas terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações Foto: José Patrício/Estadão

Segundo Castro, se o dólar se sustentar nesse novo patamar até o final do ano, as empresas começam a trabalhar com a nova taxa de câmbio e terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações.

O motivo para o reflexo não ser imediato nas compras externas e nos preços domésticos é que o ciclo das transações no comércio exterior geralmente é longo. Primeiro, é preciso buscar um comprador, vender, produzir, embarcar as mercadorias. “Bate só no ano que vem”, prevê Castro.

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José Augustode Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que efeito da alta do câmbio será a médio prazo Foto: Wilton Junior/Estadão

Luciano Sapata, vice-presidente e sócio da Sertrading, uma das maiores tradings do País, focada em importações, e membro do Conselho da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), concorda com o presidente da AEB. “A tendência desse câmbio é de um impacto maior no médio e longo prazos.”

Ele se refere aos reflexos não apenas nas transações internacionais, como importações e exportações, mas também à perda de competitividade provocada pela alta do câmbio, como aumento de preços no mercado interno das mercadorias que levam itens importados e, consequentemente, o repasse dessa alta de custos para o consumidor final. “A tendência a médio prazo é que se importe menos e se consuma menos.”

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Cerca de 90% dos negócios da Sertranding estão relacionados a importações que, neste ano, devem somar R$ 23 bilhões. A trading tem como clientes grandes empresas multinacionais, espalhadas por 16 setores da economia. Os mais relevantes são a indústria automobilística, farmacêutica, de cosméticos, higiene e limpeza, máquinas e equipamentos e aviação executiva.

Luciano Sapata, vice-presidente da Sertrading, diz que procura por hedge aumentou 30% desde que o câmbio disparou Foto: Werther Santana/ Estadão

Sapata conta que ainda não recebeu pedidos dos clientes com volumes menores para importações em 2025. “Mas a diferença do câmbio de R$ 5 para R$ 5,70 é importante e isso (o volume) vai ser reavaliado, com certeza.” Por enquanto, a trading administra o dia a dia das importações feitas no final do ano passado e início deste ano.

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A única mudança observada até agora por Sapata na rotina dos clientes por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar foi um aumento da procura por hedge.

O hedge é uma operação financeira que funciona como uma espécie de seguro. Ela protege as importações e exportações das oscilações do câmbio. “Nossa tesouraria registrou aumento de cerca de 30% na demanda por hedge nos últimos três meses.”

Inflação de alimentos

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Os reflexos da alta do câmbio nos preços e na inflação ainda são difusos. Os índices de preços ao consumidor não apontam uma tendência consistente de repasse, segundo economistas especializados em inflação.

No momento, a preocupação maior dos especialistas em relação à alta de preços ao consumidor está concentrada na pressão dos alimentos, principalmente por conta dos estragos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul na safra atual e futura.

A disparada do dólar, que se valorizou neste ano quase 17% em relação ao real, pode ter impactos nas importações e exportações a partir da virada do ano e no início de 2025, se o câmbio, de fato, se consolidar em um novo patamar, avaliam especialistas em comércio exterior consultados pelo Estadão.

Na terça-feira, 2, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,70, maior cotação desde 7 de janeiro de 2022, mas encerrou o dia cotado a R$ 5,66. Nos últimos 30 dias, a moeda americana acumula alta de 7,87%.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz não ver, por ora, impacto na balança comercial. Ele argumenta que o reflexo do câmbio nas importações e exportações demora, no mínimo, seis meses para aparecer.

Caso dólar se sustente em novo patamar até o final do ano, empresas terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações Foto: José Patrício/Estadão

Segundo Castro, se o dólar se sustentar nesse novo patamar até o final do ano, as empresas começam a trabalhar com a nova taxa de câmbio e terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações.

O motivo para o reflexo não ser imediato nas compras externas e nos preços domésticos é que o ciclo das transações no comércio exterior geralmente é longo. Primeiro, é preciso buscar um comprador, vender, produzir, embarcar as mercadorias. “Bate só no ano que vem”, prevê Castro.

José Augustode Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que efeito da alta do câmbio será a médio prazo Foto: Wilton Junior/Estadão

Luciano Sapata, vice-presidente e sócio da Sertrading, uma das maiores tradings do País, focada em importações, e membro do Conselho da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), concorda com o presidente da AEB. “A tendência desse câmbio é de um impacto maior no médio e longo prazos.”

Ele se refere aos reflexos não apenas nas transações internacionais, como importações e exportações, mas também à perda de competitividade provocada pela alta do câmbio, como aumento de preços no mercado interno das mercadorias que levam itens importados e, consequentemente, o repasse dessa alta de custos para o consumidor final. “A tendência a médio prazo é que se importe menos e se consuma menos.”

Cerca de 90% dos negócios da Sertranding estão relacionados a importações que, neste ano, devem somar R$ 23 bilhões. A trading tem como clientes grandes empresas multinacionais, espalhadas por 16 setores da economia. Os mais relevantes são a indústria automobilística, farmacêutica, de cosméticos, higiene e limpeza, máquinas e equipamentos e aviação executiva.

Luciano Sapata, vice-presidente da Sertrading, diz que procura por hedge aumentou 30% desde que o câmbio disparou Foto: Werther Santana/ Estadão

Sapata conta que ainda não recebeu pedidos dos clientes com volumes menores para importações em 2025. “Mas a diferença do câmbio de R$ 5 para R$ 5,70 é importante e isso (o volume) vai ser reavaliado, com certeza.” Por enquanto, a trading administra o dia a dia das importações feitas no final do ano passado e início deste ano.

A única mudança observada até agora por Sapata na rotina dos clientes por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar foi um aumento da procura por hedge.

O hedge é uma operação financeira que funciona como uma espécie de seguro. Ela protege as importações e exportações das oscilações do câmbio. “Nossa tesouraria registrou aumento de cerca de 30% na demanda por hedge nos últimos três meses.”

Inflação de alimentos

Os reflexos da alta do câmbio nos preços e na inflação ainda são difusos. Os índices de preços ao consumidor não apontam uma tendência consistente de repasse, segundo economistas especializados em inflação.

No momento, a preocupação maior dos especialistas em relação à alta de preços ao consumidor está concentrada na pressão dos alimentos, principalmente por conta dos estragos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul na safra atual e futura.

A disparada do dólar, que se valorizou neste ano quase 17% em relação ao real, pode ter impactos nas importações e exportações a partir da virada do ano e no início de 2025, se o câmbio, de fato, se consolidar em um novo patamar, avaliam especialistas em comércio exterior consultados pelo Estadão.

Na terça-feira, 2, o dólar atingiu a máxima de R$ 5,70, maior cotação desde 7 de janeiro de 2022, mas encerrou o dia cotado a R$ 5,66. Nos últimos 30 dias, a moeda americana acumula alta de 7,87%.

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, diz não ver, por ora, impacto na balança comercial. Ele argumenta que o reflexo do câmbio nas importações e exportações demora, no mínimo, seis meses para aparecer.

Caso dólar se sustente em novo patamar até o final do ano, empresas terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações Foto: José Patrício/Estadão

Segundo Castro, se o dólar se sustentar nesse novo patamar até o final do ano, as empresas começam a trabalhar com a nova taxa de câmbio e terão maiores custos nas importações e mais competitividade nas exportações.

O motivo para o reflexo não ser imediato nas compras externas e nos preços domésticos é que o ciclo das transações no comércio exterior geralmente é longo. Primeiro, é preciso buscar um comprador, vender, produzir, embarcar as mercadorias. “Bate só no ano que vem”, prevê Castro.

José Augustode Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), diz que efeito da alta do câmbio será a médio prazo Foto: Wilton Junior/Estadão

Luciano Sapata, vice-presidente e sócio da Sertrading, uma das maiores tradings do País, focada em importações, e membro do Conselho da Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), concorda com o presidente da AEB. “A tendência desse câmbio é de um impacto maior no médio e longo prazos.”

Ele se refere aos reflexos não apenas nas transações internacionais, como importações e exportações, mas também à perda de competitividade provocada pela alta do câmbio, como aumento de preços no mercado interno das mercadorias que levam itens importados e, consequentemente, o repasse dessa alta de custos para o consumidor final. “A tendência a médio prazo é que se importe menos e se consuma menos.”

Cerca de 90% dos negócios da Sertranding estão relacionados a importações que, neste ano, devem somar R$ 23 bilhões. A trading tem como clientes grandes empresas multinacionais, espalhadas por 16 setores da economia. Os mais relevantes são a indústria automobilística, farmacêutica, de cosméticos, higiene e limpeza, máquinas e equipamentos e aviação executiva.

Luciano Sapata, vice-presidente da Sertrading, diz que procura por hedge aumentou 30% desde que o câmbio disparou Foto: Werther Santana/ Estadão

Sapata conta que ainda não recebeu pedidos dos clientes com volumes menores para importações em 2025. “Mas a diferença do câmbio de R$ 5 para R$ 5,70 é importante e isso (o volume) vai ser reavaliado, com certeza.” Por enquanto, a trading administra o dia a dia das importações feitas no final do ano passado e início deste ano.

A única mudança observada até agora por Sapata na rotina dos clientes por conta da forte desvalorização do real em relação ao dólar foi um aumento da procura por hedge.

O hedge é uma operação financeira que funciona como uma espécie de seguro. Ela protege as importações e exportações das oscilações do câmbio. “Nossa tesouraria registrou aumento de cerca de 30% na demanda por hedge nos últimos três meses.”

Inflação de alimentos

Os reflexos da alta do câmbio nos preços e na inflação ainda são difusos. Os índices de preços ao consumidor não apontam uma tendência consistente de repasse, segundo economistas especializados em inflação.

No momento, a preocupação maior dos especialistas em relação à alta de preços ao consumidor está concentrada na pressão dos alimentos, principalmente por conta dos estragos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul na safra atual e futura.

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