O dólar acelerou o ritmo de alta no mercado doméstico de câmbio nesta segunda-feira, 1º, e fechou em R$ 5,6533, uma alta de 1,16%. É a maior cotação desde 10 de janeiro de 2022. O movimento coincide com uma aceleração dos ganhos da moeda americana no exterior e com novas máximas dos retornos dos treasuries (títulos de dívidas emitidos pelo governo norte-americano) de 10 e 30 anos, o que castiga em especial as divisas emergentes. Tal quadro leva também a uma aceleração da alta das taxas dos juros futuros curtos.
O real já apresenta o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Entre as moedas pares, apenas o rand sul-africano tem perdas maiores.
Embora os analistas não tenham notado um fato novo no quadro local que leve à alta do dólar, eles afirmam que a busca por posições defensivas e hedge cambial (proteção contra variações cambiais) tem como pano de fundo o desconforto com o panorama fiscal diante da resistência do governo Lula em cortar gastos.
Há temores de ingerência política no Banco Central a partir de 2025, quando o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, será substituído por nome indicado pelo presidente Lula, crítico da gestão da política monetária. Pela manha, Lula afirmou que “quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou também nesta segunda que o governo promete coibir fraudes e passar um pente-fino nas despesas, reiterando o compromisso com o arcabouço fiscal. “Vamos reafirmar compromisso com o arcabouço fiscal no envio da PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) em agosto”, disse. “Quem fica especulando sobre irresponsabilidade fiscal do governo vai errar de novo.”
O dólar futuro para agosto avançou 0,88%, a R$ 5,6705. O Ibovespa fechou em alta de 0,65%, aos 124.718,07 pontos.