No dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decide sobre o futuro da taxa Selic no País, o dólar registra forte alta e já alcança R$ 5,480, com avanço de 0,85% - trata-se do maior patamar da gestão Lula 3. Na máxima da manhã, a moeda bateu R$ 5,481.
Além dos fatores internos, como a persistente preocupação com o quadro fiscal e o futuro da Selic, o mercado de câmbio também acompanha a valorização externa do dólar frente algumas divisas emergentes.
Os ajustes no câmbio têm efeito também da baixa liquidez devido ao feriado americano nesta quarta-feira, 19. O real exibe o pior desempenho ante o dólar entre as divisas emergentes ligadas às commodities nesta quarta-feira (o minério de ferro caiu na China), refletindo também desconforto dos investidores com as contas públicas no Brasil e incertezas pré-Copom.
O mercado está ansioso para ver a decisão do Copom, após as críticas do presidente Lula ao patamar da Selic e à gestão de Roberto Campos Neto na terça-feira, 18. Mas, além da manutenção ou redução da taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, os economistas aguardam com grande expectativa o placar da votação, esperando que aponte unanimidade entre os diretores do Banco Central (BC), após forte ruído em maio com o racha no colegiado.
Embora o quadro fiscal venha dominando as preocupações dos investidores, contribuindo para o aumento dos prêmios de risco, analistas afirmam que um placar homogêneo tem potencial para reduzir a volatilidade das taxas.
Ainda na agenda política, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve receber os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), para um almoço nesta quarta-feira, 19.
Os dois principais pontos em discussão são a busca por uma compensação para a desoneração dos 17 setores e das prefeituras e a proposta de renegociação de dívidas dos Estados. Na semana passada, a Casa Alta do Congresso chegou a apresentar uma lista de medidas que poderiam servir a esse propósito (entre elas, a repatriação de recursos mantidos no exterior, o uso de depósitos judiciais esquecidos e um “refis” de multas de agências reguladoras).
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, porém, indicou que cálculos preliminares da Fazenda indicam que essas sugestões não são suficientes para alcançar os cerca de R$ 17 bilhões necessários para cobrir a renúncia fiscal da desoneração.