A CR Zongshen, que em 2009 comprou a brasileira Kasinski, está construindo em Manaus um centro industrial que vai abrigar, além de uma nova fábrica, com capacidade para 180 mil motocicletas ao ano, um grupo de fornecedores para operar em sistema modular. Três empresas da China já confirmaram unidades para produzir chassis, assentos e peças plásticas, hoje importadas. Fabricantes de outras peças estão em negociação.O grupo espera, com isso, adquirir localmente 45% das peças usadas na produção. Hoje, compra no máximo 20% de empresas instaladas no País e o restante traz principalmente da China, onde a Zongshen produz 2 milhões de motos anualmente. "Vamos adotar no Brasil o mesmo sistema de clusters usado na China, com fabricantes de componentes instalados ao lado da fábrica", diz Claudio Rosa Junior, presidente da CR Zongshen.O engenheiro brasileiro Rosa Junior, dono da CR Motors, e a chinesa Zongshen têm parceria de 50% cada na CR Zongshen, que se instalou em Manaus após comprar a empresa do empresário Abraham Kasinsky. O grupo manteve a marca nas motos e na fachada das concessionárias.O centro industrial ficará pronto em 2013. Está sendo erguido em área própria, para onde a linha atual de montagem, que funciona em prédio alugado, será transferida. Outra fábrica será inaugurada no segundo semestre em Sapucaia (RJ) e concentrará a produção de motos e bicicletas elétricas. A unidade se chamará ePower e terá capacidade para 20 mil veículos ao ano. "Vamos produzir três modelos de motos elétricas e dois de bicicletas", informa Rosa Junior.Até agora, a CR Zongshen investiu US$ 80 milhões (R$ 130 milhões), montante modesto para as ambições do grupo, que este ano quer vender 70 mil veículos no atacado (para as lojas), ante 23,7 mil em 2009. Rosa Junior diz que mais R$ 50 milhões serão gastos este ano em marketing. Pelos dados de registro de licenciamentos, usados para medir as vendas ao consumidor, a Kasinski encerrou 2010 com 14.435 unidades, quase 70% a mais que no ano anterior.A Honda, líder do mercado com 77% de participação nas vendas, cresceu 19% (1,39 milhão de unidades). A Yamaha teve aumento de 11,3% (217 mil), enquanto a Suzuki teve queda de 32,7% (55,7 mil), a Dafra caiu 23,6% (49,9 mil) e a Sundown, 58% (16,2 mil), segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos (Fenabrave). O mercado total consumiu 1,8 milhão de motos, 12% a mais que em 2009. A projeção para este ano é de 2 milhões de motos.Rosa Junior afirma que os chineses estão interessados em ampliar negócios no Brasil. "O objetivo é transformar o País em base exportadora para as Américas". A unidade local deverá abastecer países da América do Sul que hoje importam da China. Para dar suporte ao mercado interno, os bancos chineses estão dispostos a criar mecanismos de financiamento ao consumidor "com dinheiro da China", diz.A Kasinski tem 12 modelos à venda, sendo sete chineses, com até 250 cm³, da Zongshen, e cinco modelos mais potentes, da coreana Hyosung. O carro chefe da marca deve ser a Comet 150, lançada em dezembro. Custa R$ 5.790 e tem três anos de garantia. No primeiro ano, o consumidor também tem direito a seguro contra roubo e assistência 24 horas da Porto Seguro.Eletricidade. A Kasinski também já tem à venda uma moto elétrica, a Prima 2000, que custa R$ 5.290. O modelo pode ser abastecido na tomada comum. Uma carga completa leva de quatro a cinco horas e garante autonomia de 50 km. Pelos cálculos da empresa, a carga completa custa R$ 1,10. Para percorrer o mesmo trajeto com gasolina o consumidor gasta R$ 6. A bateria dura um ano e uma nova custa R$ 600. Rosa Junior admite que o Brasil precisa desenvolver infraestrutura para veículos elétricos. "Somos os precursores e pagamos um preço por isso." A CR Zongshen trouxe da China uma pequena central de abastecimento que armazena energia solar e pode carregar três motos simultaneamente. A ideia é instalar algumas centrais em concessionárias e postos de combustível, em parceria com companhias energéticas.