O que deve mudar no dia a dia com a implementação do Drex, o real digital? Entenda


De transações de imóveis e veículos a crédito, veja como especialistas acreditam que o real digital pode mudar o cotidiano das pessoas quando for totalmente implementado

Por Clayton Freitas

A entrada em vigor do Drex, o real digital, tem, segundo especialistas, o potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de veículos ou imóveis, além de ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios. Ainda não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer em 2025.

“O Drex promete impactar a vida das pessoas ao oferecer uma série de vantagens. Uma das principais será a redução de custos nas transações financeiras, já que elimina intermediários e taxas associadas a processos tradicionais. Além disso, proporcionará economia de tempo, com transferências e pagamentos ocorrendo de forma instantânea, em qualquer hora ou dia”, afirma Nathaly Diniz, responsável por tokens e vendas institucionais da Lumx, especializada em infraestrutura blockchain, a tecnologia por trás do Drex.

O blockchain é uma tecnologia já usada em algumas transações do sistema financeiro, criptomoedas e também nos sistemas de cloud (armazenamento de dados em nuvem), e funciona como um sistema descentralizado para registrar transações. Ele possibilita que os participantes não somente registrem suas atividades, mas também acessem o histórico completo de transações de todos os usuários na rede, garantindo assim maior transparência e segurança.

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Não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer no ano que vem Foto: Banco Central

Comparação com o Pix

Alguns apostam até que a nova plataforma do Drex será tão revolucionária quanto o Pix. Um deles é Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras baseadas em blockchain. “Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex vai simplificar compras, transferências e pagamentos de forma mais eficiente”, afirma Silva, profissional que já atuou no setor bancário e de pagamentos eletrônicos durante mais de uma década.

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Atualmente são 13 os temas que estão em fase de testes para o real digital. No dia 14 deste mês, o Banco Central começou a receber propostas de entidades interessadas em participar da segunda fase. Essas propostas devem focar no desenvolvimento de smart contracts (contratos inteligentes). Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

“Será como derrubar peças de dominó”, afirma a advogada Núria López, head de tecnologia e proteção de dados da Daniel Advogados. “A partir do momento em que uma for acionada, todas as demais serão derrubadas automaticamente.”

Segundo ela, esse “efeito dominó” será sentido pelas pessoas no cotidiano, embora a maior parte dos temas em desenvolvimento sejam estruturantes para a adaptação do mercado à nova tecnologia.

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“Processo mais prático”

Um dos exemplos mais concretos citados pelos especialistas é o de compra e transferência de veículos e imóveis. Hoje, o interessado em adquirir um desses bens precisa recorrer a diversos órgãos e fontes para reunir a documentação, comprovar renda, patrimônio, se submeter à avaliação da saúde financeira e averiguar se está tudo em ordem, o que pode demorar dias ou semanas.

“Hoje, a compra de imóveis é um processo demorado, envolvendo cartórios e muitos documentos. Com o Drex, os registros serão digitais e automatizados, economizando tempo e reduzindo erros. A transação imobiliária será finalizada em menos tempo, com maior segurança”, avalia Márlyson Silva, da Transfero. “As transações de veículos envolvem burocracia e podem levar dias. Com o Drex, essas transações serão feitas de maneira instantânea e sem a necessidade de intermediários, tornando o processo mais prático e seguro”, afirma.

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Segundo explica Núria López, da Daniel Advogados, a centralização dessas informações necessárias para as transações será possível pela interligação de todos os dados, o que eliminará burocracias. “Você não vai precisar buscar dados em outro lugar”, diz a advogada.

Na avalição de Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e CEO da fintech Qesh, o Drex deverá sobretudo reduzir tempo e custos. “Atualmente, esse tipo de transação envolve muita burocracia e muitos intermediários (cartórios, bancos, etc) e alongam demais processos como a transferência de propriedade de um imóvel. O Drex vai eliminar essas etapas, fazendo elas serem digitalizadas e automatizadas. Dessa forma, os pagamentos podem ser vinculados a contratos inteligentes, que executam automaticamente a transferência de propriedade assim que as condições financeiras forem atendidas”, diz Maschio.

Drex deve simplificar a burocracia dos cartórios, agilizando contratos e transações, segundo especialista.  Foto: André Dusek/Estadão
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Eduardo Silva, CEO do EdanBank, uma instituição financeira digital, também concorda que haverá mais agilidade e segurança, mas pondera ser necessário um amadurecimento do mercado. “As transações imobiliárias tendem a ser mais ágeis e seguras, mas existe ainda o amadurecimento do mercado. Por exemplo, hoje ainda não é possível tokenizar um ativo e retirar o cartório que é um intermediário garantidor. Nesse sentido, o mercado encontrou a solução de atribuir o token a matrícula. Este token pode ficar depositado num agente custodiante e ser utilizado com maior agilidade para outras transações”, afirma o CEO do EdanBank.

Apesar de dizerem acreditar que haverá mudanças profundas nos cartórios, os especialistas dizem que eles não irão acabar, já que o seu papel principal continuará a ser o de dar fé pública de documentos e sua custódia.

Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR), afirma que a nova tecnologia trará mais eficiência aos cartórios. “Entendemos a utilização de novos produtos digitais como uma oportunidade de melhoria na verificação de negócios jurídicos condicionais relacionados à transação imobiliária, podendo agilizar e automatizar procedimentos como a comprovação de quitação de pagamento e o acompanhamento de negócios imobiliários financiados em tempo real, por meio de uma plataforma que interligue as instituições financeiras e o Sistema de Registro Eletrônico Imobiliário (SREI), que já se encontra em operação no Brasil. São tecnologias que podem e devem ser incorporadas ao processo de transação imobiliária e que certamente trarão benefícios aos usuários”, diz Bacellar.

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Câmbio

Outro tema já em desenvolvimento prevê simplificar o câmbio. Uma possibilidade é a de que ele funcione ininterruptamente, 24 horas por dia.

“A adoção da tecnologia blockchain na atividade de câmbio e sua conexão com o Drex pode otimizar significativamente o processo ao reduzir custos, acelerar transações e facilitar a liquidação automática. Ao eliminar intermediários, a blockchain simplifica a reconciliação de transações, o que resulta em menores custos operacionais, especialmente em operações internacionais. Além disso, as transações podem ser processadas quase em tempo real, eliminando os atrasos comuns nos sistemas bancários tradicionais. A liquidação instantânea entre moedas também é possível, sem a necessidade de esperar dias para que os fundos sejam liberados, melhorando a eficiência geral do mercado de câmbio”, afirma Nathaly Diniz, da Lumx.

Maschio, da Qesh, complementa que o sistema será melhorado caso as moedas digitais emitidas por bancos centrais de todo mundo sejam integradas ao Drex. “Nesse caso, a ideia também é eliminar a necessidade de vários intermediários, fazendo com que as conversões cambiais sejam feitas de forma direta”, diz.

A reportagem tentou contato com o Banco Central, mas a instituição não atendeu o pedido até a publicação deste texto. Veja a seguir perguntas e respostas sobre o Drex.

O que é o Drex?

O Drex é uma moeda digital brasileira, equivalente digital do real, regulada pelo Banco Central. Funciona como a moeda física, seguindo regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e política monetária. Cada real digital vale um real físico, necessitando de bancos para uso pelo cidadão.

Por qual motivo ele se chama Drex?

Trat-se de uma combinação de letras. O “d” e o “r” fazem referência ao real digital, e o “e” vem de eletrônico. Já o “x” traz a ideia de conexão, associada à tecnologia utilizada, diz o BC.

Como as pessoas terão acesso ao Drex?

Para usar a Plataforma Drex, você vai precisar de um banco ou outra instituição financeira autorizada. Eles vão transferir o dinheiro da sua conta para a sua carteira digital do Drex. Assim, você pode fazer transações com ativos digitais de forma segura.

O Drex é o mesmo que uma criptomoeda?

Não. O Drex usará a tecnologia blockchain, que é um conjunto de códigos guardados em vários computadores para assegurar a propriedade do usuário na sua carteira digital, assim como o Bitcoin ou o Ethereum, que são criptomoedas famosas. A diferença é que o Drex é emitido de forma centralizada pelo Banco Central do Brasil e tem seu valor diretamente igual ao do real físico, e não volátil como as criptomoedas.

O uso do real digital terá custos?

Sim, embora sejam menores do que os praticados atualmente. Os novos valores ainda não são conhecidos.

A entrada em vigor do Drex, o real digital, tem, segundo especialistas, o potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de veículos ou imóveis, além de ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios. Ainda não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer em 2025.

“O Drex promete impactar a vida das pessoas ao oferecer uma série de vantagens. Uma das principais será a redução de custos nas transações financeiras, já que elimina intermediários e taxas associadas a processos tradicionais. Além disso, proporcionará economia de tempo, com transferências e pagamentos ocorrendo de forma instantânea, em qualquer hora ou dia”, afirma Nathaly Diniz, responsável por tokens e vendas institucionais da Lumx, especializada em infraestrutura blockchain, a tecnologia por trás do Drex.

O blockchain é uma tecnologia já usada em algumas transações do sistema financeiro, criptomoedas e também nos sistemas de cloud (armazenamento de dados em nuvem), e funciona como um sistema descentralizado para registrar transações. Ele possibilita que os participantes não somente registrem suas atividades, mas também acessem o histórico completo de transações de todos os usuários na rede, garantindo assim maior transparência e segurança.

Não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer no ano que vem Foto: Banco Central

Comparação com o Pix

Alguns apostam até que a nova plataforma do Drex será tão revolucionária quanto o Pix. Um deles é Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras baseadas em blockchain. “Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex vai simplificar compras, transferências e pagamentos de forma mais eficiente”, afirma Silva, profissional que já atuou no setor bancário e de pagamentos eletrônicos durante mais de uma década.

Atualmente são 13 os temas que estão em fase de testes para o real digital. No dia 14 deste mês, o Banco Central começou a receber propostas de entidades interessadas em participar da segunda fase. Essas propostas devem focar no desenvolvimento de smart contracts (contratos inteligentes). Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

“Será como derrubar peças de dominó”, afirma a advogada Núria López, head de tecnologia e proteção de dados da Daniel Advogados. “A partir do momento em que uma for acionada, todas as demais serão derrubadas automaticamente.”

Segundo ela, esse “efeito dominó” será sentido pelas pessoas no cotidiano, embora a maior parte dos temas em desenvolvimento sejam estruturantes para a adaptação do mercado à nova tecnologia.

“Processo mais prático”

Um dos exemplos mais concretos citados pelos especialistas é o de compra e transferência de veículos e imóveis. Hoje, o interessado em adquirir um desses bens precisa recorrer a diversos órgãos e fontes para reunir a documentação, comprovar renda, patrimônio, se submeter à avaliação da saúde financeira e averiguar se está tudo em ordem, o que pode demorar dias ou semanas.

“Hoje, a compra de imóveis é um processo demorado, envolvendo cartórios e muitos documentos. Com o Drex, os registros serão digitais e automatizados, economizando tempo e reduzindo erros. A transação imobiliária será finalizada em menos tempo, com maior segurança”, avalia Márlyson Silva, da Transfero. “As transações de veículos envolvem burocracia e podem levar dias. Com o Drex, essas transações serão feitas de maneira instantânea e sem a necessidade de intermediários, tornando o processo mais prático e seguro”, afirma.

Segundo explica Núria López, da Daniel Advogados, a centralização dessas informações necessárias para as transações será possível pela interligação de todos os dados, o que eliminará burocracias. “Você não vai precisar buscar dados em outro lugar”, diz a advogada.

Na avalição de Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e CEO da fintech Qesh, o Drex deverá sobretudo reduzir tempo e custos. “Atualmente, esse tipo de transação envolve muita burocracia e muitos intermediários (cartórios, bancos, etc) e alongam demais processos como a transferência de propriedade de um imóvel. O Drex vai eliminar essas etapas, fazendo elas serem digitalizadas e automatizadas. Dessa forma, os pagamentos podem ser vinculados a contratos inteligentes, que executam automaticamente a transferência de propriedade assim que as condições financeiras forem atendidas”, diz Maschio.

Drex deve simplificar a burocracia dos cartórios, agilizando contratos e transações, segundo especialista.  Foto: André Dusek/Estadão

Eduardo Silva, CEO do EdanBank, uma instituição financeira digital, também concorda que haverá mais agilidade e segurança, mas pondera ser necessário um amadurecimento do mercado. “As transações imobiliárias tendem a ser mais ágeis e seguras, mas existe ainda o amadurecimento do mercado. Por exemplo, hoje ainda não é possível tokenizar um ativo e retirar o cartório que é um intermediário garantidor. Nesse sentido, o mercado encontrou a solução de atribuir o token a matrícula. Este token pode ficar depositado num agente custodiante e ser utilizado com maior agilidade para outras transações”, afirma o CEO do EdanBank.

Apesar de dizerem acreditar que haverá mudanças profundas nos cartórios, os especialistas dizem que eles não irão acabar, já que o seu papel principal continuará a ser o de dar fé pública de documentos e sua custódia.

Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR), afirma que a nova tecnologia trará mais eficiência aos cartórios. “Entendemos a utilização de novos produtos digitais como uma oportunidade de melhoria na verificação de negócios jurídicos condicionais relacionados à transação imobiliária, podendo agilizar e automatizar procedimentos como a comprovação de quitação de pagamento e o acompanhamento de negócios imobiliários financiados em tempo real, por meio de uma plataforma que interligue as instituições financeiras e o Sistema de Registro Eletrônico Imobiliário (SREI), que já se encontra em operação no Brasil. São tecnologias que podem e devem ser incorporadas ao processo de transação imobiliária e que certamente trarão benefícios aos usuários”, diz Bacellar.

Câmbio

Outro tema já em desenvolvimento prevê simplificar o câmbio. Uma possibilidade é a de que ele funcione ininterruptamente, 24 horas por dia.

“A adoção da tecnologia blockchain na atividade de câmbio e sua conexão com o Drex pode otimizar significativamente o processo ao reduzir custos, acelerar transações e facilitar a liquidação automática. Ao eliminar intermediários, a blockchain simplifica a reconciliação de transações, o que resulta em menores custos operacionais, especialmente em operações internacionais. Além disso, as transações podem ser processadas quase em tempo real, eliminando os atrasos comuns nos sistemas bancários tradicionais. A liquidação instantânea entre moedas também é possível, sem a necessidade de esperar dias para que os fundos sejam liberados, melhorando a eficiência geral do mercado de câmbio”, afirma Nathaly Diniz, da Lumx.

Maschio, da Qesh, complementa que o sistema será melhorado caso as moedas digitais emitidas por bancos centrais de todo mundo sejam integradas ao Drex. “Nesse caso, a ideia também é eliminar a necessidade de vários intermediários, fazendo com que as conversões cambiais sejam feitas de forma direta”, diz.

A reportagem tentou contato com o Banco Central, mas a instituição não atendeu o pedido até a publicação deste texto. Veja a seguir perguntas e respostas sobre o Drex.

O que é o Drex?

O Drex é uma moeda digital brasileira, equivalente digital do real, regulada pelo Banco Central. Funciona como a moeda física, seguindo regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e política monetária. Cada real digital vale um real físico, necessitando de bancos para uso pelo cidadão.

Por qual motivo ele se chama Drex?

Trat-se de uma combinação de letras. O “d” e o “r” fazem referência ao real digital, e o “e” vem de eletrônico. Já o “x” traz a ideia de conexão, associada à tecnologia utilizada, diz o BC.

Como as pessoas terão acesso ao Drex?

Para usar a Plataforma Drex, você vai precisar de um banco ou outra instituição financeira autorizada. Eles vão transferir o dinheiro da sua conta para a sua carteira digital do Drex. Assim, você pode fazer transações com ativos digitais de forma segura.

O Drex é o mesmo que uma criptomoeda?

Não. O Drex usará a tecnologia blockchain, que é um conjunto de códigos guardados em vários computadores para assegurar a propriedade do usuário na sua carteira digital, assim como o Bitcoin ou o Ethereum, que são criptomoedas famosas. A diferença é que o Drex é emitido de forma centralizada pelo Banco Central do Brasil e tem seu valor diretamente igual ao do real físico, e não volátil como as criptomoedas.

O uso do real digital terá custos?

Sim, embora sejam menores do que os praticados atualmente. Os novos valores ainda não são conhecidos.

A entrada em vigor do Drex, o real digital, tem, segundo especialistas, o potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de veículos ou imóveis, além de ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios. Ainda não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer em 2025.

“O Drex promete impactar a vida das pessoas ao oferecer uma série de vantagens. Uma das principais será a redução de custos nas transações financeiras, já que elimina intermediários e taxas associadas a processos tradicionais. Além disso, proporcionará economia de tempo, com transferências e pagamentos ocorrendo de forma instantânea, em qualquer hora ou dia”, afirma Nathaly Diniz, responsável por tokens e vendas institucionais da Lumx, especializada em infraestrutura blockchain, a tecnologia por trás do Drex.

O blockchain é uma tecnologia já usada em algumas transações do sistema financeiro, criptomoedas e também nos sistemas de cloud (armazenamento de dados em nuvem), e funciona como um sistema descentralizado para registrar transações. Ele possibilita que os participantes não somente registrem suas atividades, mas também acessem o histórico completo de transações de todos os usuários na rede, garantindo assim maior transparência e segurança.

Não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer no ano que vem Foto: Banco Central

Comparação com o Pix

Alguns apostam até que a nova plataforma do Drex será tão revolucionária quanto o Pix. Um deles é Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras baseadas em blockchain. “Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex vai simplificar compras, transferências e pagamentos de forma mais eficiente”, afirma Silva, profissional que já atuou no setor bancário e de pagamentos eletrônicos durante mais de uma década.

Atualmente são 13 os temas que estão em fase de testes para o real digital. No dia 14 deste mês, o Banco Central começou a receber propostas de entidades interessadas em participar da segunda fase. Essas propostas devem focar no desenvolvimento de smart contracts (contratos inteligentes). Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

“Será como derrubar peças de dominó”, afirma a advogada Núria López, head de tecnologia e proteção de dados da Daniel Advogados. “A partir do momento em que uma for acionada, todas as demais serão derrubadas automaticamente.”

Segundo ela, esse “efeito dominó” será sentido pelas pessoas no cotidiano, embora a maior parte dos temas em desenvolvimento sejam estruturantes para a adaptação do mercado à nova tecnologia.

“Processo mais prático”

Um dos exemplos mais concretos citados pelos especialistas é o de compra e transferência de veículos e imóveis. Hoje, o interessado em adquirir um desses bens precisa recorrer a diversos órgãos e fontes para reunir a documentação, comprovar renda, patrimônio, se submeter à avaliação da saúde financeira e averiguar se está tudo em ordem, o que pode demorar dias ou semanas.

“Hoje, a compra de imóveis é um processo demorado, envolvendo cartórios e muitos documentos. Com o Drex, os registros serão digitais e automatizados, economizando tempo e reduzindo erros. A transação imobiliária será finalizada em menos tempo, com maior segurança”, avalia Márlyson Silva, da Transfero. “As transações de veículos envolvem burocracia e podem levar dias. Com o Drex, essas transações serão feitas de maneira instantânea e sem a necessidade de intermediários, tornando o processo mais prático e seguro”, afirma.

Segundo explica Núria López, da Daniel Advogados, a centralização dessas informações necessárias para as transações será possível pela interligação de todos os dados, o que eliminará burocracias. “Você não vai precisar buscar dados em outro lugar”, diz a advogada.

Na avalição de Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e CEO da fintech Qesh, o Drex deverá sobretudo reduzir tempo e custos. “Atualmente, esse tipo de transação envolve muita burocracia e muitos intermediários (cartórios, bancos, etc) e alongam demais processos como a transferência de propriedade de um imóvel. O Drex vai eliminar essas etapas, fazendo elas serem digitalizadas e automatizadas. Dessa forma, os pagamentos podem ser vinculados a contratos inteligentes, que executam automaticamente a transferência de propriedade assim que as condições financeiras forem atendidas”, diz Maschio.

Drex deve simplificar a burocracia dos cartórios, agilizando contratos e transações, segundo especialista.  Foto: André Dusek/Estadão

Eduardo Silva, CEO do EdanBank, uma instituição financeira digital, também concorda que haverá mais agilidade e segurança, mas pondera ser necessário um amadurecimento do mercado. “As transações imobiliárias tendem a ser mais ágeis e seguras, mas existe ainda o amadurecimento do mercado. Por exemplo, hoje ainda não é possível tokenizar um ativo e retirar o cartório que é um intermediário garantidor. Nesse sentido, o mercado encontrou a solução de atribuir o token a matrícula. Este token pode ficar depositado num agente custodiante e ser utilizado com maior agilidade para outras transações”, afirma o CEO do EdanBank.

Apesar de dizerem acreditar que haverá mudanças profundas nos cartórios, os especialistas dizem que eles não irão acabar, já que o seu papel principal continuará a ser o de dar fé pública de documentos e sua custódia.

Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR), afirma que a nova tecnologia trará mais eficiência aos cartórios. “Entendemos a utilização de novos produtos digitais como uma oportunidade de melhoria na verificação de negócios jurídicos condicionais relacionados à transação imobiliária, podendo agilizar e automatizar procedimentos como a comprovação de quitação de pagamento e o acompanhamento de negócios imobiliários financiados em tempo real, por meio de uma plataforma que interligue as instituições financeiras e o Sistema de Registro Eletrônico Imobiliário (SREI), que já se encontra em operação no Brasil. São tecnologias que podem e devem ser incorporadas ao processo de transação imobiliária e que certamente trarão benefícios aos usuários”, diz Bacellar.

Câmbio

Outro tema já em desenvolvimento prevê simplificar o câmbio. Uma possibilidade é a de que ele funcione ininterruptamente, 24 horas por dia.

“A adoção da tecnologia blockchain na atividade de câmbio e sua conexão com o Drex pode otimizar significativamente o processo ao reduzir custos, acelerar transações e facilitar a liquidação automática. Ao eliminar intermediários, a blockchain simplifica a reconciliação de transações, o que resulta em menores custos operacionais, especialmente em operações internacionais. Além disso, as transações podem ser processadas quase em tempo real, eliminando os atrasos comuns nos sistemas bancários tradicionais. A liquidação instantânea entre moedas também é possível, sem a necessidade de esperar dias para que os fundos sejam liberados, melhorando a eficiência geral do mercado de câmbio”, afirma Nathaly Diniz, da Lumx.

Maschio, da Qesh, complementa que o sistema será melhorado caso as moedas digitais emitidas por bancos centrais de todo mundo sejam integradas ao Drex. “Nesse caso, a ideia também é eliminar a necessidade de vários intermediários, fazendo com que as conversões cambiais sejam feitas de forma direta”, diz.

A reportagem tentou contato com o Banco Central, mas a instituição não atendeu o pedido até a publicação deste texto. Veja a seguir perguntas e respostas sobre o Drex.

O que é o Drex?

O Drex é uma moeda digital brasileira, equivalente digital do real, regulada pelo Banco Central. Funciona como a moeda física, seguindo regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e política monetária. Cada real digital vale um real físico, necessitando de bancos para uso pelo cidadão.

Por qual motivo ele se chama Drex?

Trat-se de uma combinação de letras. O “d” e o “r” fazem referência ao real digital, e o “e” vem de eletrônico. Já o “x” traz a ideia de conexão, associada à tecnologia utilizada, diz o BC.

Como as pessoas terão acesso ao Drex?

Para usar a Plataforma Drex, você vai precisar de um banco ou outra instituição financeira autorizada. Eles vão transferir o dinheiro da sua conta para a sua carteira digital do Drex. Assim, você pode fazer transações com ativos digitais de forma segura.

O Drex é o mesmo que uma criptomoeda?

Não. O Drex usará a tecnologia blockchain, que é um conjunto de códigos guardados em vários computadores para assegurar a propriedade do usuário na sua carteira digital, assim como o Bitcoin ou o Ethereum, que são criptomoedas famosas. A diferença é que o Drex é emitido de forma centralizada pelo Banco Central do Brasil e tem seu valor diretamente igual ao do real físico, e não volátil como as criptomoedas.

O uso do real digital terá custos?

Sim, embora sejam menores do que os praticados atualmente. Os novos valores ainda não são conhecidos.

A entrada em vigor do Drex, o real digital, tem, segundo especialistas, o potencial de mudar para melhor as atuais relações de consumo em transações como a compra, venda ou transferência de titularidade de veículos ou imóveis, além de ajudar na solicitação de crédito, inclusive rural, e ainda colaborar para eliminar parte da burocracia existente atualmente nos cartórios. Ainda não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer em 2025.

“O Drex promete impactar a vida das pessoas ao oferecer uma série de vantagens. Uma das principais será a redução de custos nas transações financeiras, já que elimina intermediários e taxas associadas a processos tradicionais. Além disso, proporcionará economia de tempo, com transferências e pagamentos ocorrendo de forma instantânea, em qualquer hora ou dia”, afirma Nathaly Diniz, responsável por tokens e vendas institucionais da Lumx, especializada em infraestrutura blockchain, a tecnologia por trás do Drex.

O blockchain é uma tecnologia já usada em algumas transações do sistema financeiro, criptomoedas e também nos sistemas de cloud (armazenamento de dados em nuvem), e funciona como um sistema descentralizado para registrar transações. Ele possibilita que os participantes não somente registrem suas atividades, mas também acessem o histórico completo de transações de todos os usuários na rede, garantindo assim maior transparência e segurança.

Não há uma data específica para a implementação total do Drex, mas deve acontecer no ano que vem Foto: Banco Central

Comparação com o Pix

Alguns apostam até que a nova plataforma do Drex será tão revolucionária quanto o Pix. Um deles é Márlyson Silva, CEO da Transfero, empresa de soluções financeiras baseadas em blockchain. “Assim como o Pix revolucionou os pagamentos instantâneos, o Drex vai simplificar compras, transferências e pagamentos de forma mais eficiente”, afirma Silva, profissional que já atuou no setor bancário e de pagamentos eletrônicos durante mais de uma década.

Atualmente são 13 os temas que estão em fase de testes para o real digital. No dia 14 deste mês, o Banco Central começou a receber propostas de entidades interessadas em participar da segunda fase. Essas propostas devem focar no desenvolvimento de smart contracts (contratos inteligentes). Os smarts contracts, ou contratos inteligentes, consistem em programas que executam automaticamente os termos e condições de um contrato baseados no blockchain, a tecnologia de registro instantâneo, confiável e transparente de dados. Isso significa que, uma vez que o contrato é ativado, as ações acordadas (como transferências de dinheiro, registros ou qualquer outra transação) são realizadas automaticamente sem a necessidade de intermediários, reduzindo custos e aumentando a eficiência.

“Será como derrubar peças de dominó”, afirma a advogada Núria López, head de tecnologia e proteção de dados da Daniel Advogados. “A partir do momento em que uma for acionada, todas as demais serão derrubadas automaticamente.”

Segundo ela, esse “efeito dominó” será sentido pelas pessoas no cotidiano, embora a maior parte dos temas em desenvolvimento sejam estruturantes para a adaptação do mercado à nova tecnologia.

“Processo mais prático”

Um dos exemplos mais concretos citados pelos especialistas é o de compra e transferência de veículos e imóveis. Hoje, o interessado em adquirir um desses bens precisa recorrer a diversos órgãos e fontes para reunir a documentação, comprovar renda, patrimônio, se submeter à avaliação da saúde financeira e averiguar se está tudo em ordem, o que pode demorar dias ou semanas.

“Hoje, a compra de imóveis é um processo demorado, envolvendo cartórios e muitos documentos. Com o Drex, os registros serão digitais e automatizados, economizando tempo e reduzindo erros. A transação imobiliária será finalizada em menos tempo, com maior segurança”, avalia Márlyson Silva, da Transfero. “As transações de veículos envolvem burocracia e podem levar dias. Com o Drex, essas transações serão feitas de maneira instantânea e sem a necessidade de intermediários, tornando o processo mais prático e seguro”, afirma.

Segundo explica Núria López, da Daniel Advogados, a centralização dessas informações necessárias para as transações será possível pela interligação de todos os dados, o que eliminará burocracias. “Você não vai precisar buscar dados em outro lugar”, diz a advogada.

Na avalição de Cristiano Maschio, especialista em pagamentos e CEO da fintech Qesh, o Drex deverá sobretudo reduzir tempo e custos. “Atualmente, esse tipo de transação envolve muita burocracia e muitos intermediários (cartórios, bancos, etc) e alongam demais processos como a transferência de propriedade de um imóvel. O Drex vai eliminar essas etapas, fazendo elas serem digitalizadas e automatizadas. Dessa forma, os pagamentos podem ser vinculados a contratos inteligentes, que executam automaticamente a transferência de propriedade assim que as condições financeiras forem atendidas”, diz Maschio.

Drex deve simplificar a burocracia dos cartórios, agilizando contratos e transações, segundo especialista.  Foto: André Dusek/Estadão

Eduardo Silva, CEO do EdanBank, uma instituição financeira digital, também concorda que haverá mais agilidade e segurança, mas pondera ser necessário um amadurecimento do mercado. “As transações imobiliárias tendem a ser mais ágeis e seguras, mas existe ainda o amadurecimento do mercado. Por exemplo, hoje ainda não é possível tokenizar um ativo e retirar o cartório que é um intermediário garantidor. Nesse sentido, o mercado encontrou a solução de atribuir o token a matrícula. Este token pode ficar depositado num agente custodiante e ser utilizado com maior agilidade para outras transações”, afirma o CEO do EdanBank.

Apesar de dizerem acreditar que haverá mudanças profundas nos cartórios, os especialistas dizem que eles não irão acabar, já que o seu papel principal continuará a ser o de dar fé pública de documentos e sua custódia.

Rogério Bacellar, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg/BR), afirma que a nova tecnologia trará mais eficiência aos cartórios. “Entendemos a utilização de novos produtos digitais como uma oportunidade de melhoria na verificação de negócios jurídicos condicionais relacionados à transação imobiliária, podendo agilizar e automatizar procedimentos como a comprovação de quitação de pagamento e o acompanhamento de negócios imobiliários financiados em tempo real, por meio de uma plataforma que interligue as instituições financeiras e o Sistema de Registro Eletrônico Imobiliário (SREI), que já se encontra em operação no Brasil. São tecnologias que podem e devem ser incorporadas ao processo de transação imobiliária e que certamente trarão benefícios aos usuários”, diz Bacellar.

Câmbio

Outro tema já em desenvolvimento prevê simplificar o câmbio. Uma possibilidade é a de que ele funcione ininterruptamente, 24 horas por dia.

“A adoção da tecnologia blockchain na atividade de câmbio e sua conexão com o Drex pode otimizar significativamente o processo ao reduzir custos, acelerar transações e facilitar a liquidação automática. Ao eliminar intermediários, a blockchain simplifica a reconciliação de transações, o que resulta em menores custos operacionais, especialmente em operações internacionais. Além disso, as transações podem ser processadas quase em tempo real, eliminando os atrasos comuns nos sistemas bancários tradicionais. A liquidação instantânea entre moedas também é possível, sem a necessidade de esperar dias para que os fundos sejam liberados, melhorando a eficiência geral do mercado de câmbio”, afirma Nathaly Diniz, da Lumx.

Maschio, da Qesh, complementa que o sistema será melhorado caso as moedas digitais emitidas por bancos centrais de todo mundo sejam integradas ao Drex. “Nesse caso, a ideia também é eliminar a necessidade de vários intermediários, fazendo com que as conversões cambiais sejam feitas de forma direta”, diz.

A reportagem tentou contato com o Banco Central, mas a instituição não atendeu o pedido até a publicação deste texto. Veja a seguir perguntas e respostas sobre o Drex.

O que é o Drex?

O Drex é uma moeda digital brasileira, equivalente digital do real, regulada pelo Banco Central. Funciona como a moeda física, seguindo regras do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e política monetária. Cada real digital vale um real físico, necessitando de bancos para uso pelo cidadão.

Por qual motivo ele se chama Drex?

Trat-se de uma combinação de letras. O “d” e o “r” fazem referência ao real digital, e o “e” vem de eletrônico. Já o “x” traz a ideia de conexão, associada à tecnologia utilizada, diz o BC.

Como as pessoas terão acesso ao Drex?

Para usar a Plataforma Drex, você vai precisar de um banco ou outra instituição financeira autorizada. Eles vão transferir o dinheiro da sua conta para a sua carteira digital do Drex. Assim, você pode fazer transações com ativos digitais de forma segura.

O Drex é o mesmo que uma criptomoeda?

Não. O Drex usará a tecnologia blockchain, que é um conjunto de códigos guardados em vários computadores para assegurar a propriedade do usuário na sua carteira digital, assim como o Bitcoin ou o Ethereum, que são criptomoedas famosas. A diferença é que o Drex é emitido de forma centralizada pelo Banco Central do Brasil e tem seu valor diretamente igual ao do real físico, e não volátil como as criptomoedas.

O uso do real digital terá custos?

Sim, embora sejam menores do que os praticados atualmente. Os novos valores ainda não são conhecidos.

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