E-commerce favorece acesso a produtos sustentáveis da Amazônia, mas desafios vão além da logística


Empreendedores precisam investir na capacitação e na formalização de fornecedores da floresta para garantir qualidade e escala

Por 33° Curso Estadão de Jornalismo
Atualização:

À frente da startup paraense Manioca, Joanna Martins costuma resumir em poucas palavras a experiência na produção e na comercialização de tucupi, um caldo extraído da mandioca brava. “Empreender no Brasil não é fácil. Na Amazônia, fica um pouco mais difícil”, conta Joanna. “Fazer isso com ingredientes da floresta se torna ainda mais desafiador. Vender para o Brasil e para o mundo, então, é o ápice da dificuldade.”

Nascida em Belém (PA), a empreendedora viu o pai e a avó investirem na valorização dos ingredientes regionais no restaurante da família. Em 2014, decidiu seguir esse caminho para desenvolver produtos naturais a partir de 20 ingredientes nativos da Amazônia. Uma de suas motivações era reduzir a distância entre a região onde nasceu e o restante do País, algo que ficou muito claro no período em que fez faculdade em São Paulo. “Vi que tudo que era da minha cultura não existia em São Paulo”, relembra.

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Paulo Reis e Joanna Martins, sócios-diretores da Manioca: 'Entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta', diz Joanna Foto: AnaLu Rocha/Divulgação

E ela queria fazer isso garantindo impacto positivo na vida das pessoas que cultivam a matéria-prima de seus produtos. “A indústria precisa existir para gerar desenvolvimento”, acredita Joanna. Foi aí que as dificuldades começaram: a empreendedora percebeu que os produtores não tinham cadastros básicos, CNPJ, nota fiscal e nem mesmo noção do custo do trabalho deles. “Tivemos de fazer um trabalho personalizado porque cada produtor tem as suas necessidades e está em estágios diferentes.”

“Esse trabalho que fazemos no desenvolvimento de fornecedores não é nossa responsabilidade, era para o governo fazer. É o básico que a gente espera da política pública”, diz a empreendedora. “Que bom que hoje a gente tem no governo federal estruturas olhando para pequenos negócios, pequenos empreendimentos, e que bom que no governo estadual a gente começa a ter também.”

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Comércio digital ajuda a ampliar mercado

Hoje, a Manioca conta com 15 funcionários e a expectativa é de que o faturamento cresça 30% em 2023. Um bom momento, depois das dificuldades impostas pela pandemia, que obrigou a empreendedora a repensar a forma de chegar aos clientes.

Antes da covid-19, 50% das vendas da empresa eram feitas para restaurantes, bares e iates. “Nós perdemos esses clientes de uma hora para outra.” Joanna investiu no e-commerce e aderiu ao programa Empreender com Impacto + Biodiversidade, do Mercado Livre. Essas vendas online chegaram a representar um quinto dos negócios durante a pandemia. O porcentual atualmente está em cerca de 10%, segundo a empresária.

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A rede de clientes agora vai de supermercados e empórios a restaurantes e hotéis em diferentes regiões do Brasil. O tucupi também chegou a países como Estados Unidos e França. “Depois que criei a Manioca, entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta.”

Segundo Laura Motta, gerente sênior de Sustentabilidade do Mercado Livre, a procura por itens de impacto positivo vem crescendo, o que levou a plataforma a adotar estratégias específicas para esse segmento. Apenas em 2022, foram vendidos 12 milhões de produtos na América Latina dentro da categoria específica de itens sustentáveis.

“Nosso papel é fazer com que esses produtos alcancem as pessoas e dar possibilidades para eles”, diz a executiva. O programa tem como objetivo preparar empreendedores para obter capital externo, além de apoiar na operacionalização e na promoção dos produtos para entrar no mercado nacional.

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Frutas e legumes em casa

Em Manaus (AM), a Onisafra apostou na criação de um marketplace próprio para conectar produtores, consumidores e fornecedores de frutas, verduras e legumes. A plataforma abriga lojas virtuais com itens oriundos, principalmente, da agricultura familiar da região, integrando as cadeias produtivas da Amazônia.

Para que a iniciativa fosse adiante, o fundador e CEO da Onisafra, Macaulay Souza, precisou capacitar os parceiros para negociar no ambiente digital. “Atrelamos tecnologia a modelos operacionais, e isso é muito complexo. O nosso grande desafio é dar escala à produção”, diz o empreendedor.

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Souza uniu esforços com a empresa de logística fluvial e urbana Navegan, para ampliar a estrutura de produção. A parceria garantiu o processo de monitoramento, de acompanhamento e de desenvolvimento de fornecedores. “Conseguimos dar uma perspectiva para aumentar a renda desses produtores.” (Reportagem de Alexandre Meiken, Geovana Melo, Laura Abreu, Marco Dias, Rariane Costa e Róbson Martins)

 

À frente da startup paraense Manioca, Joanna Martins costuma resumir em poucas palavras a experiência na produção e na comercialização de tucupi, um caldo extraído da mandioca brava. “Empreender no Brasil não é fácil. Na Amazônia, fica um pouco mais difícil”, conta Joanna. “Fazer isso com ingredientes da floresta se torna ainda mais desafiador. Vender para o Brasil e para o mundo, então, é o ápice da dificuldade.”

Nascida em Belém (PA), a empreendedora viu o pai e a avó investirem na valorização dos ingredientes regionais no restaurante da família. Em 2014, decidiu seguir esse caminho para desenvolver produtos naturais a partir de 20 ingredientes nativos da Amazônia. Uma de suas motivações era reduzir a distância entre a região onde nasceu e o restante do País, algo que ficou muito claro no período em que fez faculdade em São Paulo. “Vi que tudo que era da minha cultura não existia em São Paulo”, relembra.

Paulo Reis e Joanna Martins, sócios-diretores da Manioca: 'Entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta', diz Joanna Foto: AnaLu Rocha/Divulgação

E ela queria fazer isso garantindo impacto positivo na vida das pessoas que cultivam a matéria-prima de seus produtos. “A indústria precisa existir para gerar desenvolvimento”, acredita Joanna. Foi aí que as dificuldades começaram: a empreendedora percebeu que os produtores não tinham cadastros básicos, CNPJ, nota fiscal e nem mesmo noção do custo do trabalho deles. “Tivemos de fazer um trabalho personalizado porque cada produtor tem as suas necessidades e está em estágios diferentes.”

“Esse trabalho que fazemos no desenvolvimento de fornecedores não é nossa responsabilidade, era para o governo fazer. É o básico que a gente espera da política pública”, diz a empreendedora. “Que bom que hoje a gente tem no governo federal estruturas olhando para pequenos negócios, pequenos empreendimentos, e que bom que no governo estadual a gente começa a ter também.”

Comércio digital ajuda a ampliar mercado

Hoje, a Manioca conta com 15 funcionários e a expectativa é de que o faturamento cresça 30% em 2023. Um bom momento, depois das dificuldades impostas pela pandemia, que obrigou a empreendedora a repensar a forma de chegar aos clientes.

Antes da covid-19, 50% das vendas da empresa eram feitas para restaurantes, bares e iates. “Nós perdemos esses clientes de uma hora para outra.” Joanna investiu no e-commerce e aderiu ao programa Empreender com Impacto + Biodiversidade, do Mercado Livre. Essas vendas online chegaram a representar um quinto dos negócios durante a pandemia. O porcentual atualmente está em cerca de 10%, segundo a empresária.

A rede de clientes agora vai de supermercados e empórios a restaurantes e hotéis em diferentes regiões do Brasil. O tucupi também chegou a países como Estados Unidos e França. “Depois que criei a Manioca, entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta.”

Segundo Laura Motta, gerente sênior de Sustentabilidade do Mercado Livre, a procura por itens de impacto positivo vem crescendo, o que levou a plataforma a adotar estratégias específicas para esse segmento. Apenas em 2022, foram vendidos 12 milhões de produtos na América Latina dentro da categoria específica de itens sustentáveis.

“Nosso papel é fazer com que esses produtos alcancem as pessoas e dar possibilidades para eles”, diz a executiva. O programa tem como objetivo preparar empreendedores para obter capital externo, além de apoiar na operacionalização e na promoção dos produtos para entrar no mercado nacional.

Frutas e legumes em casa

Em Manaus (AM), a Onisafra apostou na criação de um marketplace próprio para conectar produtores, consumidores e fornecedores de frutas, verduras e legumes. A plataforma abriga lojas virtuais com itens oriundos, principalmente, da agricultura familiar da região, integrando as cadeias produtivas da Amazônia.

Para que a iniciativa fosse adiante, o fundador e CEO da Onisafra, Macaulay Souza, precisou capacitar os parceiros para negociar no ambiente digital. “Atrelamos tecnologia a modelos operacionais, e isso é muito complexo. O nosso grande desafio é dar escala à produção”, diz o empreendedor.

Souza uniu esforços com a empresa de logística fluvial e urbana Navegan, para ampliar a estrutura de produção. A parceria garantiu o processo de monitoramento, de acompanhamento e de desenvolvimento de fornecedores. “Conseguimos dar uma perspectiva para aumentar a renda desses produtores.” (Reportagem de Alexandre Meiken, Geovana Melo, Laura Abreu, Marco Dias, Rariane Costa e Róbson Martins)

 

À frente da startup paraense Manioca, Joanna Martins costuma resumir em poucas palavras a experiência na produção e na comercialização de tucupi, um caldo extraído da mandioca brava. “Empreender no Brasil não é fácil. Na Amazônia, fica um pouco mais difícil”, conta Joanna. “Fazer isso com ingredientes da floresta se torna ainda mais desafiador. Vender para o Brasil e para o mundo, então, é o ápice da dificuldade.”

Nascida em Belém (PA), a empreendedora viu o pai e a avó investirem na valorização dos ingredientes regionais no restaurante da família. Em 2014, decidiu seguir esse caminho para desenvolver produtos naturais a partir de 20 ingredientes nativos da Amazônia. Uma de suas motivações era reduzir a distância entre a região onde nasceu e o restante do País, algo que ficou muito claro no período em que fez faculdade em São Paulo. “Vi que tudo que era da minha cultura não existia em São Paulo”, relembra.

Paulo Reis e Joanna Martins, sócios-diretores da Manioca: 'Entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta', diz Joanna Foto: AnaLu Rocha/Divulgação

E ela queria fazer isso garantindo impacto positivo na vida das pessoas que cultivam a matéria-prima de seus produtos. “A indústria precisa existir para gerar desenvolvimento”, acredita Joanna. Foi aí que as dificuldades começaram: a empreendedora percebeu que os produtores não tinham cadastros básicos, CNPJ, nota fiscal e nem mesmo noção do custo do trabalho deles. “Tivemos de fazer um trabalho personalizado porque cada produtor tem as suas necessidades e está em estágios diferentes.”

“Esse trabalho que fazemos no desenvolvimento de fornecedores não é nossa responsabilidade, era para o governo fazer. É o básico que a gente espera da política pública”, diz a empreendedora. “Que bom que hoje a gente tem no governo federal estruturas olhando para pequenos negócios, pequenos empreendimentos, e que bom que no governo estadual a gente começa a ter também.”

Comércio digital ajuda a ampliar mercado

Hoje, a Manioca conta com 15 funcionários e a expectativa é de que o faturamento cresça 30% em 2023. Um bom momento, depois das dificuldades impostas pela pandemia, que obrigou a empreendedora a repensar a forma de chegar aos clientes.

Antes da covid-19, 50% das vendas da empresa eram feitas para restaurantes, bares e iates. “Nós perdemos esses clientes de uma hora para outra.” Joanna investiu no e-commerce e aderiu ao programa Empreender com Impacto + Biodiversidade, do Mercado Livre. Essas vendas online chegaram a representar um quinto dos negócios durante a pandemia. O porcentual atualmente está em cerca de 10%, segundo a empresária.

A rede de clientes agora vai de supermercados e empórios a restaurantes e hotéis em diferentes regiões do Brasil. O tucupi também chegou a países como Estados Unidos e França. “Depois que criei a Manioca, entendi que esse era o modelo de negócio: gerar desenvolvimento junto com a floresta e valorizando a floresta.”

Segundo Laura Motta, gerente sênior de Sustentabilidade do Mercado Livre, a procura por itens de impacto positivo vem crescendo, o que levou a plataforma a adotar estratégias específicas para esse segmento. Apenas em 2022, foram vendidos 12 milhões de produtos na América Latina dentro da categoria específica de itens sustentáveis.

“Nosso papel é fazer com que esses produtos alcancem as pessoas e dar possibilidades para eles”, diz a executiva. O programa tem como objetivo preparar empreendedores para obter capital externo, além de apoiar na operacionalização e na promoção dos produtos para entrar no mercado nacional.

Frutas e legumes em casa

Em Manaus (AM), a Onisafra apostou na criação de um marketplace próprio para conectar produtores, consumidores e fornecedores de frutas, verduras e legumes. A plataforma abriga lojas virtuais com itens oriundos, principalmente, da agricultura familiar da região, integrando as cadeias produtivas da Amazônia.

Para que a iniciativa fosse adiante, o fundador e CEO da Onisafra, Macaulay Souza, precisou capacitar os parceiros para negociar no ambiente digital. “Atrelamos tecnologia a modelos operacionais, e isso é muito complexo. O nosso grande desafio é dar escala à produção”, diz o empreendedor.

Souza uniu esforços com a empresa de logística fluvial e urbana Navegan, para ampliar a estrutura de produção. A parceria garantiu o processo de monitoramento, de acompanhamento e de desenvolvimento de fornecedores. “Conseguimos dar uma perspectiva para aumentar a renda desses produtores.” (Reportagem de Alexandre Meiken, Geovana Melo, Laura Abreu, Marco Dias, Rariane Costa e Róbson Martins)

 

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