Cobre, ferro, alumínio, estanho, ouro, prata, cromo, mercúrio e chumbo são alguns dos metais mais comuns em televisões, chips, celulares e baterias. No meio ambiente, são altamente tóxicos. Além disso, a extração desses materiais pesados é extremamente agressiva ao meio-ambiente. Ou seja, ao deixar de reciclar um celular ou computador velho, estamos agredindo a natureza duplamente.
Falando apenas de celulares, foram 435 mil toneladas de resíduos. A recuperação desse material poderia acrescentar 9,4 bilhões de euros. Com os processos de reciclagem dos aparelhos de telefone, é possível aproveitar até para fazer medalhas olímpicas. Em 2020, o Japão fabricará suas medalhas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos feitas 100% a partir de celulares e aparelhos eletrônicos velhos. A campanha do governo já conseguiu arrecadar 80 mil itens até agora.
Marcus Oliveira, CEO da Reciclo Inteligência Ambiental, lembra que o processo de reciclagem tem a vantagem de transformar quase todo o aparelho em matérias-primas, que podem ser usadas para diversos fins e indústrias. A Reciclo é uma das organizações que baseia seu modelo de negócios operando a logística reversa de materiais eletrônicos. Após a coleta, há uma avaliação dos produtos: o que precisa de reparos simples e recondicionamento passa por processos e é colocado à venda através de e-commerce. O que não consegue ser recuperado é desmontado, resíduos contaminantes são encaminhados à destinação correta.
"Trabalhamos com o recondicionamento e reuso de equipamentos, de acordo com a hierarquia do descarte: reduzir, recondicionar e reciclar, dependendo do cliente", relata. Por fim, o resto dos materiais é reciclado e volta a ser matéria-prima: atualmente, a organização está entre os três maiores exportadores de placas eletrônicas: são de 500 a 600 toneladas anualmente.
Oliveira enxerga que o principal desafio relacionado ao tema é o sistema de coleta e a logística por trás da reciclagem de eletrônicos. "Hoje temos a legislação de Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem obrigatoriedade, mas isso ainda não está em andamento, falta implementar uma infraestrutura de logística reversa. Também falta um sistema de incentivo para que o consumidor retorne o produto, enxergando o valor da reciclagem, que é a economia de recursos naturais e preservação ambiental. Temos ainda que pensar em soluções de tecnologia, divulgação, ampliação dos processos de reciclagem e sistemas de coleta", opina.
Algumas ações de empresas tentam ajudar nesses aspectos apontados por Oliveira. Um exemplo disso é a Claro, que disponibiliza urnas voltadas ao descarte de celulares, acessórios e baterias antigos. A coleta fica disponível em mais de duas mil lojas Claro e é aberta todos, sejam clientes da companhia ou não. O conteúdo depositado é regularmente recolhido e transferido para empresas de logística especializadas em reciclagem.
Outra iniciativa da organização foi a cartilha de Lixo Eletrônico, material voltado à educação das pessoas. Daniely Gomiero, Vice-Presidente de projetos do Instituto NET Claro Embratel e diretora de comunicação e responsabilidade social corporativa, lembra que o nível de reciclagem só aumentará com uma grande mudança de cultura.
"É um processo de mudança de cultura e hábito. Como grupo, nos preocupamos muito com isso: tem a urna, o espaço físico para descarte, mas precisamos trabalhar com conscientização tanto de colaboradores quanto pessoas em geral. A empresa é uma parte do processo de descarte correto. Por conta dessa onda de tecnologia, com equipamentos sendo trocados, temos que ter esse cuidado de atuar de maneira correta. É uma questão de cidadania", destaca. Até dezembro de 2017, a companhia recolheu 100 mil celulares e mais de 149 toneladas em materiais para reciclagem.