Economia aquecida, questão fiscal e inflação de serviços justificam cautela do BC, diz economista


Para Roberto Padovani, incertezas com relação à gestão do governo, como no caso da interferência na Petrobras, também são fatores que influenciam os juros

Por Renata Pedini
Atualização:
Foto: BV
Entrevista comRoberto PadovaniEconomista-chefe do BV

O economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, considera que atividade econômica aquecida, expansão dos gastos do governo e resistência da inflação de serviços, além de fatores externos, justificam um Banco Central mais cauteloso na redução da taxa Selic. Nesta quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa em 0,5 ponto (para 10,75% ao ano), mas optou por deixar em aberto o ritmo de diminuição da taxa básica a partir de junho, ao mudar seu comunicado após a reunião.

Com a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em revisão para cima, o economista pondera que interferências do governo, como no episódio dos dividendos da Petrobras, “têm sido muito ruidosas, o que não é bom para crescimento econômico”. No cenário fiscal, Padovani destaca que a preferência deste governo pelo gasto e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto “podem gerar uma frustração”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Qual sua avaliação sobre o Copom?

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O mais importante é a sinalização. O Copom não mudou seu cenário básico, mas optou mesmo assim por ter mais flexibilidade na condução da política monetária, o que consegue não se comprometendo com as próximas decisões. Então, sinaliza que em maio reduz a Selic em mais 0,5 ponto porcentual, que já estava dado, mas a partir de junho deixa a porta aberta. Para nós, isso implica uma redução no ritmo, passando a cair de 0,25 ponto em 0,25. A Selic deve fechar 2024 em 9% e 2025 em 8,5%.

Segundo Padovani, a projeção do banco é de crescimento de 1,5% do PIB neste ano, mas esse número está em revisão para cima  Foto: BV

Já esperava esta sinalização para 0,25 ponto em junho?

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Sim. Há uma série de incertezas globais. Os choques positivos na inflação em 2022 e 2023 foram superados. No Brasil, o mercado de trabalho segue apertado. Há expansão fiscal. Tudo isso faz com que as condições de renda sejam muito fortes. Os indicadores de janeiro mostraram uma atividade muito robusta. E isso acaba dificultando a convergência da inflação de serviços para a meta. Essa preocupação com o ritmo da convergência, para nós, é compatível com um banco central mais cauteloso.

Os dados melhoram sua previsão de PIB?

A projeção é de 1,5% para 2024, mas estamos em revisão para cima.

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Qual sua expectativa para o IPCA?

Estamos um pouco mais conservadores que o mercado - 3,79% no Focus -, com 4% para 2024 e 3,5% em 2025. É uma trajetória de convergência, por isso há espaço para cortes de juros. O que preocupa é que emprego, fiscal e atividade se manifestam em projeções de inflação acima do centro da meta, de 3%. As expectativas estão desancoradas por esses fatores. Além disso, a experiência internacional mostra que bancos centrais que estão em transição costumam ser mais cautelosos. Todo mundo coloca no preço as dúvidas sobre as preferências do próximo Banco Central.

No cenário fiscal, a mudança da meta é certa?

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Há um consenso de que o governo não vai alcançar a meta de déficit zero neste ano, então você poderia dizer que, em função disso, já é um cenário esperado, incorporado nos preços e, portanto, na dinâmica da economia como um todo. Acho que há uma visão adicional, de dados e incentivos que estão sendo colocados para que os números fiscais sejam hoje piores do que os imaginados.

Quais são eles?

São três motivos principais. O primeiro é uma preferência do governo por gasto público, que vemos nas declarações da política. O segundo ponto, esse é um incentivo, que é o ciclo eleitoral, de 2024 e 2026. Um ciclo eleitoral absolutamente competitivo. O incentivo é para que os políticos neste momento aumentem o gasto público também, que é o ciclo político dos negócios. O terceiro fator que me preocupa é que os mercados financeiros se mostram lenientes. Ninguém está muito preocupado com o tema fiscal no Brasil. Por que não? Porque há economias em situação pior e indicadores econômicos muito bons no Brasil. A ausência de preocupação acaba incentivando o governo a gastar mais. Há uma preferência por gasto deste governo e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto. Pode haver uma frustração na questão fiscal, que nada mais é do que trazer o tema de volta ao debate.

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O mercado vê mudança da meta fiscal em maio...

Pode ser. Mas vamos começar a ter surpresas mais negativas antes. O que estou dizendo é o seguinte: pode haver piora do desempenho mensal, outras discussões, não só mudança de meta, mas de regras do arcabouço fiscal. Pode haver vários problemas ao longo do ano, que vão caracterizando essa perda de ancoragem fiscal.

E a questão da interferência política do governo, preocupa?

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As declarações do governo aumentam o ruído no ambiente econômico. Então, quanto mais ruidoso o ambiente, pior para os negócios, porque o cenário fica menos previsível. Quando aumenta a incerteza, os mercados financeiros operam com prêmios de risco mais elevados. No fundo, o que está acontecendo é que todas as incertezas com relação à gestão do governo geram taxas de juros mais elevadas e, portanto, isso acaba encarecendo o crédito, reduzindo o crescimento e aumentando o desemprego. As sinalizações de governo têm sido muito ruidosas, o que não é bom para o crescimento econômico.

Nos preços dos ativos, há também o fator externo...

O desempenho dos ativos locais está mais correlacionado com o exterior que com temas locais. As incertezas no Brasil só ganham importância quando há um ambiente global adverso. Foi um pouco o visto em janeiro, fevereiro e neste mês de março. Teve muita instabilidade nos juros de 10 anos nos Estados Unidos e isso impactou o fluxo financeiro para economias emergentes, tornando o investidor mais sensível a temas locais. A decisão desta quarta-feira do Federal Reserve foi importante porque, apesar da cautela com o processo de desinflação, manteve o espaço para cortes de juros em 2024. O mercado leu que o espaço para cortes foi preservado. Isso é bom para crescimento e fluxo de capitais. Portanto, favorece economias como a brasileira, e temas locais ficam em segundo plano. Europa e Ásia importam, mas o que faz preço é o mercado monetário americano. Diante do comunicado, os ruídos locais ficam em segundo plano.

E qual sua expectativa para o Fed?

Em maio, o Fed deve comunicar a intenção de cortar os juros. A partir de junho, corta 0,25 ponto, uma vez por trimestre. A projeção é de três cortes no ano.

O economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, considera que atividade econômica aquecida, expansão dos gastos do governo e resistência da inflação de serviços, além de fatores externos, justificam um Banco Central mais cauteloso na redução da taxa Selic. Nesta quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa em 0,5 ponto (para 10,75% ao ano), mas optou por deixar em aberto o ritmo de diminuição da taxa básica a partir de junho, ao mudar seu comunicado após a reunião.

Com a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em revisão para cima, o economista pondera que interferências do governo, como no episódio dos dividendos da Petrobras, “têm sido muito ruidosas, o que não é bom para crescimento econômico”. No cenário fiscal, Padovani destaca que a preferência deste governo pelo gasto e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto “podem gerar uma frustração”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Qual sua avaliação sobre o Copom?

O mais importante é a sinalização. O Copom não mudou seu cenário básico, mas optou mesmo assim por ter mais flexibilidade na condução da política monetária, o que consegue não se comprometendo com as próximas decisões. Então, sinaliza que em maio reduz a Selic em mais 0,5 ponto porcentual, que já estava dado, mas a partir de junho deixa a porta aberta. Para nós, isso implica uma redução no ritmo, passando a cair de 0,25 ponto em 0,25. A Selic deve fechar 2024 em 9% e 2025 em 8,5%.

Segundo Padovani, a projeção do banco é de crescimento de 1,5% do PIB neste ano, mas esse número está em revisão para cima  Foto: BV

Já esperava esta sinalização para 0,25 ponto em junho?

Sim. Há uma série de incertezas globais. Os choques positivos na inflação em 2022 e 2023 foram superados. No Brasil, o mercado de trabalho segue apertado. Há expansão fiscal. Tudo isso faz com que as condições de renda sejam muito fortes. Os indicadores de janeiro mostraram uma atividade muito robusta. E isso acaba dificultando a convergência da inflação de serviços para a meta. Essa preocupação com o ritmo da convergência, para nós, é compatível com um banco central mais cauteloso.

Os dados melhoram sua previsão de PIB?

A projeção é de 1,5% para 2024, mas estamos em revisão para cima.

Qual sua expectativa para o IPCA?

Estamos um pouco mais conservadores que o mercado - 3,79% no Focus -, com 4% para 2024 e 3,5% em 2025. É uma trajetória de convergência, por isso há espaço para cortes de juros. O que preocupa é que emprego, fiscal e atividade se manifestam em projeções de inflação acima do centro da meta, de 3%. As expectativas estão desancoradas por esses fatores. Além disso, a experiência internacional mostra que bancos centrais que estão em transição costumam ser mais cautelosos. Todo mundo coloca no preço as dúvidas sobre as preferências do próximo Banco Central.

No cenário fiscal, a mudança da meta é certa?

Há um consenso de que o governo não vai alcançar a meta de déficit zero neste ano, então você poderia dizer que, em função disso, já é um cenário esperado, incorporado nos preços e, portanto, na dinâmica da economia como um todo. Acho que há uma visão adicional, de dados e incentivos que estão sendo colocados para que os números fiscais sejam hoje piores do que os imaginados.

Quais são eles?

São três motivos principais. O primeiro é uma preferência do governo por gasto público, que vemos nas declarações da política. O segundo ponto, esse é um incentivo, que é o ciclo eleitoral, de 2024 e 2026. Um ciclo eleitoral absolutamente competitivo. O incentivo é para que os políticos neste momento aumentem o gasto público também, que é o ciclo político dos negócios. O terceiro fator que me preocupa é que os mercados financeiros se mostram lenientes. Ninguém está muito preocupado com o tema fiscal no Brasil. Por que não? Porque há economias em situação pior e indicadores econômicos muito bons no Brasil. A ausência de preocupação acaba incentivando o governo a gastar mais. Há uma preferência por gasto deste governo e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto. Pode haver uma frustração na questão fiscal, que nada mais é do que trazer o tema de volta ao debate.

O mercado vê mudança da meta fiscal em maio...

Pode ser. Mas vamos começar a ter surpresas mais negativas antes. O que estou dizendo é o seguinte: pode haver piora do desempenho mensal, outras discussões, não só mudança de meta, mas de regras do arcabouço fiscal. Pode haver vários problemas ao longo do ano, que vão caracterizando essa perda de ancoragem fiscal.

E a questão da interferência política do governo, preocupa?

As declarações do governo aumentam o ruído no ambiente econômico. Então, quanto mais ruidoso o ambiente, pior para os negócios, porque o cenário fica menos previsível. Quando aumenta a incerteza, os mercados financeiros operam com prêmios de risco mais elevados. No fundo, o que está acontecendo é que todas as incertezas com relação à gestão do governo geram taxas de juros mais elevadas e, portanto, isso acaba encarecendo o crédito, reduzindo o crescimento e aumentando o desemprego. As sinalizações de governo têm sido muito ruidosas, o que não é bom para o crescimento econômico.

Nos preços dos ativos, há também o fator externo...

O desempenho dos ativos locais está mais correlacionado com o exterior que com temas locais. As incertezas no Brasil só ganham importância quando há um ambiente global adverso. Foi um pouco o visto em janeiro, fevereiro e neste mês de março. Teve muita instabilidade nos juros de 10 anos nos Estados Unidos e isso impactou o fluxo financeiro para economias emergentes, tornando o investidor mais sensível a temas locais. A decisão desta quarta-feira do Federal Reserve foi importante porque, apesar da cautela com o processo de desinflação, manteve o espaço para cortes de juros em 2024. O mercado leu que o espaço para cortes foi preservado. Isso é bom para crescimento e fluxo de capitais. Portanto, favorece economias como a brasileira, e temas locais ficam em segundo plano. Europa e Ásia importam, mas o que faz preço é o mercado monetário americano. Diante do comunicado, os ruídos locais ficam em segundo plano.

E qual sua expectativa para o Fed?

Em maio, o Fed deve comunicar a intenção de cortar os juros. A partir de junho, corta 0,25 ponto, uma vez por trimestre. A projeção é de três cortes no ano.

O economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, considera que atividade econômica aquecida, expansão dos gastos do governo e resistência da inflação de serviços, além de fatores externos, justificam um Banco Central mais cauteloso na redução da taxa Selic. Nesta quarta-feira, 20, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa em 0,5 ponto (para 10,75% ao ano), mas optou por deixar em aberto o ritmo de diminuição da taxa básica a partir de junho, ao mudar seu comunicado após a reunião.

Com a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em revisão para cima, o economista pondera que interferências do governo, como no episódio dos dividendos da Petrobras, “têm sido muito ruidosas, o que não é bom para crescimento econômico”. No cenário fiscal, Padovani destaca que a preferência deste governo pelo gasto e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto “podem gerar uma frustração”. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Qual sua avaliação sobre o Copom?

O mais importante é a sinalização. O Copom não mudou seu cenário básico, mas optou mesmo assim por ter mais flexibilidade na condução da política monetária, o que consegue não se comprometendo com as próximas decisões. Então, sinaliza que em maio reduz a Selic em mais 0,5 ponto porcentual, que já estava dado, mas a partir de junho deixa a porta aberta. Para nós, isso implica uma redução no ritmo, passando a cair de 0,25 ponto em 0,25. A Selic deve fechar 2024 em 9% e 2025 em 8,5%.

Segundo Padovani, a projeção do banco é de crescimento de 1,5% do PIB neste ano, mas esse número está em revisão para cima  Foto: BV

Já esperava esta sinalização para 0,25 ponto em junho?

Sim. Há uma série de incertezas globais. Os choques positivos na inflação em 2022 e 2023 foram superados. No Brasil, o mercado de trabalho segue apertado. Há expansão fiscal. Tudo isso faz com que as condições de renda sejam muito fortes. Os indicadores de janeiro mostraram uma atividade muito robusta. E isso acaba dificultando a convergência da inflação de serviços para a meta. Essa preocupação com o ritmo da convergência, para nós, é compatível com um banco central mais cauteloso.

Os dados melhoram sua previsão de PIB?

A projeção é de 1,5% para 2024, mas estamos em revisão para cima.

Qual sua expectativa para o IPCA?

Estamos um pouco mais conservadores que o mercado - 3,79% no Focus -, com 4% para 2024 e 3,5% em 2025. É uma trajetória de convergência, por isso há espaço para cortes de juros. O que preocupa é que emprego, fiscal e atividade se manifestam em projeções de inflação acima do centro da meta, de 3%. As expectativas estão desancoradas por esses fatores. Além disso, a experiência internacional mostra que bancos centrais que estão em transição costumam ser mais cautelosos. Todo mundo coloca no preço as dúvidas sobre as preferências do próximo Banco Central.

No cenário fiscal, a mudança da meta é certa?

Há um consenso de que o governo não vai alcançar a meta de déficit zero neste ano, então você poderia dizer que, em função disso, já é um cenário esperado, incorporado nos preços e, portanto, na dinâmica da economia como um todo. Acho que há uma visão adicional, de dados e incentivos que estão sendo colocados para que os números fiscais sejam hoje piores do que os imaginados.

Quais são eles?

São três motivos principais. O primeiro é uma preferência do governo por gasto público, que vemos nas declarações da política. O segundo ponto, esse é um incentivo, que é o ciclo eleitoral, de 2024 e 2026. Um ciclo eleitoral absolutamente competitivo. O incentivo é para que os políticos neste momento aumentem o gasto público também, que é o ciclo político dos negócios. O terceiro fator que me preocupa é que os mercados financeiros se mostram lenientes. Ninguém está muito preocupado com o tema fiscal no Brasil. Por que não? Porque há economias em situação pior e indicadores econômicos muito bons no Brasil. A ausência de preocupação acaba incentivando o governo a gastar mais. Há uma preferência por gasto deste governo e uma estrutura de incentivos que não penaliza mais gasto. Pode haver uma frustração na questão fiscal, que nada mais é do que trazer o tema de volta ao debate.

O mercado vê mudança da meta fiscal em maio...

Pode ser. Mas vamos começar a ter surpresas mais negativas antes. O que estou dizendo é o seguinte: pode haver piora do desempenho mensal, outras discussões, não só mudança de meta, mas de regras do arcabouço fiscal. Pode haver vários problemas ao longo do ano, que vão caracterizando essa perda de ancoragem fiscal.

E a questão da interferência política do governo, preocupa?

As declarações do governo aumentam o ruído no ambiente econômico. Então, quanto mais ruidoso o ambiente, pior para os negócios, porque o cenário fica menos previsível. Quando aumenta a incerteza, os mercados financeiros operam com prêmios de risco mais elevados. No fundo, o que está acontecendo é que todas as incertezas com relação à gestão do governo geram taxas de juros mais elevadas e, portanto, isso acaba encarecendo o crédito, reduzindo o crescimento e aumentando o desemprego. As sinalizações de governo têm sido muito ruidosas, o que não é bom para o crescimento econômico.

Nos preços dos ativos, há também o fator externo...

O desempenho dos ativos locais está mais correlacionado com o exterior que com temas locais. As incertezas no Brasil só ganham importância quando há um ambiente global adverso. Foi um pouco o visto em janeiro, fevereiro e neste mês de março. Teve muita instabilidade nos juros de 10 anos nos Estados Unidos e isso impactou o fluxo financeiro para economias emergentes, tornando o investidor mais sensível a temas locais. A decisão desta quarta-feira do Federal Reserve foi importante porque, apesar da cautela com o processo de desinflação, manteve o espaço para cortes de juros em 2024. O mercado leu que o espaço para cortes foi preservado. Isso é bom para crescimento e fluxo de capitais. Portanto, favorece economias como a brasileira, e temas locais ficam em segundo plano. Europa e Ásia importam, mas o que faz preço é o mercado monetário americano. Diante do comunicado, os ruídos locais ficam em segundo plano.

E qual sua expectativa para o Fed?

Em maio, o Fed deve comunicar a intenção de cortar os juros. A partir de junho, corta 0,25 ponto, uma vez por trimestre. A projeção é de três cortes no ano.

Entrevista por Renata Pedini

Renata Pedini é editora de Macroeconomia e Mercados do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, e colunista da Rádio Eldorado. Foi produtora e chefe de reportagem na Rádio CBN. Formada pela PUC-SP, cursou o MBA em Derivativos e informações econômico-financeiras da FIA e o Master em Jornalismo Econômico IICS.

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