Economia do Império cresceu, em vez de ficar estagnada, diz pesquisa capitaneada por Edmar Bacha


Projeto de pesquisa de Bacha com os professores Guilherme Tombolo, da Unespar, e Flávio Versiani, UnB, está recalculando o crescimento econômico; série para o século XX já havia sido apresentada, agora artigo apresenta resultados para o séculos XIX

Por Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O crescimento econômico do Brasil no século XIX, após a Independência, foi maior do que o consenso atualmente aceito entre especialistas em história da economia, indica um artigo dos professores Edmar Bacha, integrante da equipe que formulou o Plano Real, Guilherme Tombolo, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), e Flávio Versiani, da Universidade de Brasília (UnB). Em trabalho de pesquisa que atualiza a série estatística do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, os três professores sustentam que o crescimento médio anual de 1820 a 1900 foi de 0,9%, acima do cenário de estagnação atualmente descrito nos livros.

As revisões são, principalmente, estatísticas. Uma variação maior do PIB per capita refletiria melhor a atividade econômica do Brasil Império. Naquela época, o crescimento foi impulsionado pela expansão da produção de café, pela construção de ferrovias, pelo início da industrialização e pela melhora nos termos de troca (o aumento dos preços das exportações, na comparação com os preços das importações). Houve também dinamismo no mercado doméstico, com destaque para Minas Gerais, para atender uma demanda interna maior após a chegada de uma numerosa elite política e econômica junto da família real portuguesa, que se mudou para o Rio em 1808.

Edmar Bacha, integrante da equipe de economistas que formulou o Plano Real, trabalha em projeto de pesquisa para atualizar as séries estatísticas do PIB dos séculos XIX e XX Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 17/5/2018
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“Os resultados estão em flagrante contraste com estudos anteriores sobre o comportamento da economia do Brasil no século XIX”, dizem os autores, em texto para discussão publicado no site do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças, think tank capitaneado por Bacha, no Rio.

O artigo, publicado no início do mês, dá continuidade a um trabalho de atualização das estatísticas até 1980. Como mostrou o Estadão em setembro, os economistas sugerem que, por causa do crescimento mais acelerado no século XIX, o desempenho da economia brasileira no século XX foi mais moderado, incluindo o período conhecido como “milagre econômico”.

No consenso da história econômica do Brasil, a economia ficou praticamente estagnada no século XIX. Com base em dados sobre exportações, Celso Furtado, um dos mais famosos nomes da teoria econômica no País, sustentou que houve retração na primeira metade do século XIX, lembram Bacha, Tombolo e Versiani no artigo. No início deste ano, os professores Marcelo de Paiva Abreu e Luiz Aranha Corrêa do Lago, da PUC-Rio, e André Arruda Villela, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicaram um livro sobre a economia do Império sob o título de “A passos lentos (ed. Almedina).

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A re-estimativa de Bacha, Tombolo e Versiani ficou acima da faixa entre 0,2% e 0,5%, na média anual, sugerida por Abreu, Lago e Villela. Também ficou acima da série estatística pioneira do economista americano Raymond Goldsmith, proposta nos anos 1980, que acabaria por influenciar a maioria das séries atualizadas posteriormente. Tombolo vinha trabalhando na atualização das séries estatísticas do PIB desde seu mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2013, e deu novos passos na pesquisa com Bacha e Versiani.

Quebras extraordinárias

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O consenso vigente sobre a estagnação no século XIX implica “quebras extraordinárias” no ritmo da atividade econômica ao longo das décadas, como já haviam destacado os professores no artigo sobre a série do século XX. Isso porque, de um ritmo vagaroso no século XIX, o Brasil passou ao posto de um dos países que cresceram mais rapidamente no século XX.

Segundo Bacha, a estagnação no Império serve como pressuposto para o crescimento acelerado do século XX. Para crescer tanto no século passado, o PIB de 1900 tinha que partir de uma base baixa. A atualização da série do século passado – sugerindo que, afinal, o crescimento foi mais moderado – foi o primeiro passo do esforço acadêmico de atualizar os dados desde 1820.

O trabalho de pesquisa de Bacha, Tombolo e Versiani é, principalmente, estatístico. Faltam dados quantitativos sobre produção e consumo para tempos mais remotos. O trabalho incorpora atualizações recentes dos dados sobre exportações, mas os autores explicam no artigo que pesaram mais para elevar as estimativas de crescimento a harmonização da série estatística com os dados para o século XX e mudanças nos índices de preços utilizados. A estimativa da inflação é uma variável importante no cálculo do PIB. E, assim como os dados de produção e consumo, faltam informações de qualidade sobre as dinâmicas de preços em tempos remotos.

RIO - O crescimento econômico do Brasil no século XIX, após a Independência, foi maior do que o consenso atualmente aceito entre especialistas em história da economia, indica um artigo dos professores Edmar Bacha, integrante da equipe que formulou o Plano Real, Guilherme Tombolo, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), e Flávio Versiani, da Universidade de Brasília (UnB). Em trabalho de pesquisa que atualiza a série estatística do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, os três professores sustentam que o crescimento médio anual de 1820 a 1900 foi de 0,9%, acima do cenário de estagnação atualmente descrito nos livros.

As revisões são, principalmente, estatísticas. Uma variação maior do PIB per capita refletiria melhor a atividade econômica do Brasil Império. Naquela época, o crescimento foi impulsionado pela expansão da produção de café, pela construção de ferrovias, pelo início da industrialização e pela melhora nos termos de troca (o aumento dos preços das exportações, na comparação com os preços das importações). Houve também dinamismo no mercado doméstico, com destaque para Minas Gerais, para atender uma demanda interna maior após a chegada de uma numerosa elite política e econômica junto da família real portuguesa, que se mudou para o Rio em 1808.

Edmar Bacha, integrante da equipe de economistas que formulou o Plano Real, trabalha em projeto de pesquisa para atualizar as séries estatísticas do PIB dos séculos XIX e XX Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 17/5/2018

“Os resultados estão em flagrante contraste com estudos anteriores sobre o comportamento da economia do Brasil no século XIX”, dizem os autores, em texto para discussão publicado no site do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças, think tank capitaneado por Bacha, no Rio.

O artigo, publicado no início do mês, dá continuidade a um trabalho de atualização das estatísticas até 1980. Como mostrou o Estadão em setembro, os economistas sugerem que, por causa do crescimento mais acelerado no século XIX, o desempenho da economia brasileira no século XX foi mais moderado, incluindo o período conhecido como “milagre econômico”.

No consenso da história econômica do Brasil, a economia ficou praticamente estagnada no século XIX. Com base em dados sobre exportações, Celso Furtado, um dos mais famosos nomes da teoria econômica no País, sustentou que houve retração na primeira metade do século XIX, lembram Bacha, Tombolo e Versiani no artigo. No início deste ano, os professores Marcelo de Paiva Abreu e Luiz Aranha Corrêa do Lago, da PUC-Rio, e André Arruda Villela, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicaram um livro sobre a economia do Império sob o título de “A passos lentos (ed. Almedina).

A re-estimativa de Bacha, Tombolo e Versiani ficou acima da faixa entre 0,2% e 0,5%, na média anual, sugerida por Abreu, Lago e Villela. Também ficou acima da série estatística pioneira do economista americano Raymond Goldsmith, proposta nos anos 1980, que acabaria por influenciar a maioria das séries atualizadas posteriormente. Tombolo vinha trabalhando na atualização das séries estatísticas do PIB desde seu mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2013, e deu novos passos na pesquisa com Bacha e Versiani.

Quebras extraordinárias

O consenso vigente sobre a estagnação no século XIX implica “quebras extraordinárias” no ritmo da atividade econômica ao longo das décadas, como já haviam destacado os professores no artigo sobre a série do século XX. Isso porque, de um ritmo vagaroso no século XIX, o Brasil passou ao posto de um dos países que cresceram mais rapidamente no século XX.

Segundo Bacha, a estagnação no Império serve como pressuposto para o crescimento acelerado do século XX. Para crescer tanto no século passado, o PIB de 1900 tinha que partir de uma base baixa. A atualização da série do século passado – sugerindo que, afinal, o crescimento foi mais moderado – foi o primeiro passo do esforço acadêmico de atualizar os dados desde 1820.

O trabalho de pesquisa de Bacha, Tombolo e Versiani é, principalmente, estatístico. Faltam dados quantitativos sobre produção e consumo para tempos mais remotos. O trabalho incorpora atualizações recentes dos dados sobre exportações, mas os autores explicam no artigo que pesaram mais para elevar as estimativas de crescimento a harmonização da série estatística com os dados para o século XX e mudanças nos índices de preços utilizados. A estimativa da inflação é uma variável importante no cálculo do PIB. E, assim como os dados de produção e consumo, faltam informações de qualidade sobre as dinâmicas de preços em tempos remotos.

RIO - O crescimento econômico do Brasil no século XIX, após a Independência, foi maior do que o consenso atualmente aceito entre especialistas em história da economia, indica um artigo dos professores Edmar Bacha, integrante da equipe que formulou o Plano Real, Guilherme Tombolo, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), e Flávio Versiani, da Universidade de Brasília (UnB). Em trabalho de pesquisa que atualiza a série estatística do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, os três professores sustentam que o crescimento médio anual de 1820 a 1900 foi de 0,9%, acima do cenário de estagnação atualmente descrito nos livros.

As revisões são, principalmente, estatísticas. Uma variação maior do PIB per capita refletiria melhor a atividade econômica do Brasil Império. Naquela época, o crescimento foi impulsionado pela expansão da produção de café, pela construção de ferrovias, pelo início da industrialização e pela melhora nos termos de troca (o aumento dos preços das exportações, na comparação com os preços das importações). Houve também dinamismo no mercado doméstico, com destaque para Minas Gerais, para atender uma demanda interna maior após a chegada de uma numerosa elite política e econômica junto da família real portuguesa, que se mudou para o Rio em 1808.

Edmar Bacha, integrante da equipe de economistas que formulou o Plano Real, trabalha em projeto de pesquisa para atualizar as séries estatísticas do PIB dos séculos XIX e XX Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 17/5/2018

“Os resultados estão em flagrante contraste com estudos anteriores sobre o comportamento da economia do Brasil no século XIX”, dizem os autores, em texto para discussão publicado no site do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças, think tank capitaneado por Bacha, no Rio.

O artigo, publicado no início do mês, dá continuidade a um trabalho de atualização das estatísticas até 1980. Como mostrou o Estadão em setembro, os economistas sugerem que, por causa do crescimento mais acelerado no século XIX, o desempenho da economia brasileira no século XX foi mais moderado, incluindo o período conhecido como “milagre econômico”.

No consenso da história econômica do Brasil, a economia ficou praticamente estagnada no século XIX. Com base em dados sobre exportações, Celso Furtado, um dos mais famosos nomes da teoria econômica no País, sustentou que houve retração na primeira metade do século XIX, lembram Bacha, Tombolo e Versiani no artigo. No início deste ano, os professores Marcelo de Paiva Abreu e Luiz Aranha Corrêa do Lago, da PUC-Rio, e André Arruda Villela, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicaram um livro sobre a economia do Império sob o título de “A passos lentos (ed. Almedina).

A re-estimativa de Bacha, Tombolo e Versiani ficou acima da faixa entre 0,2% e 0,5%, na média anual, sugerida por Abreu, Lago e Villela. Também ficou acima da série estatística pioneira do economista americano Raymond Goldsmith, proposta nos anos 1980, que acabaria por influenciar a maioria das séries atualizadas posteriormente. Tombolo vinha trabalhando na atualização das séries estatísticas do PIB desde seu mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2013, e deu novos passos na pesquisa com Bacha e Versiani.

Quebras extraordinárias

O consenso vigente sobre a estagnação no século XIX implica “quebras extraordinárias” no ritmo da atividade econômica ao longo das décadas, como já haviam destacado os professores no artigo sobre a série do século XX. Isso porque, de um ritmo vagaroso no século XIX, o Brasil passou ao posto de um dos países que cresceram mais rapidamente no século XX.

Segundo Bacha, a estagnação no Império serve como pressuposto para o crescimento acelerado do século XX. Para crescer tanto no século passado, o PIB de 1900 tinha que partir de uma base baixa. A atualização da série do século passado – sugerindo que, afinal, o crescimento foi mais moderado – foi o primeiro passo do esforço acadêmico de atualizar os dados desde 1820.

O trabalho de pesquisa de Bacha, Tombolo e Versiani é, principalmente, estatístico. Faltam dados quantitativos sobre produção e consumo para tempos mais remotos. O trabalho incorpora atualizações recentes dos dados sobre exportações, mas os autores explicam no artigo que pesaram mais para elevar as estimativas de crescimento a harmonização da série estatística com os dados para o século XX e mudanças nos índices de preços utilizados. A estimativa da inflação é uma variável importante no cálculo do PIB. E, assim como os dados de produção e consumo, faltam informações de qualidade sobre as dinâmicas de preços em tempos remotos.

RIO - O crescimento econômico do Brasil no século XIX, após a Independência, foi maior do que o consenso atualmente aceito entre especialistas em história da economia, indica um artigo dos professores Edmar Bacha, integrante da equipe que formulou o Plano Real, Guilherme Tombolo, da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), e Flávio Versiani, da Universidade de Brasília (UnB). Em trabalho de pesquisa que atualiza a série estatística do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, os três professores sustentam que o crescimento médio anual de 1820 a 1900 foi de 0,9%, acima do cenário de estagnação atualmente descrito nos livros.

As revisões são, principalmente, estatísticas. Uma variação maior do PIB per capita refletiria melhor a atividade econômica do Brasil Império. Naquela época, o crescimento foi impulsionado pela expansão da produção de café, pela construção de ferrovias, pelo início da industrialização e pela melhora nos termos de troca (o aumento dos preços das exportações, na comparação com os preços das importações). Houve também dinamismo no mercado doméstico, com destaque para Minas Gerais, para atender uma demanda interna maior após a chegada de uma numerosa elite política e econômica junto da família real portuguesa, que se mudou para o Rio em 1808.

Edmar Bacha, integrante da equipe de economistas que formulou o Plano Real, trabalha em projeto de pesquisa para atualizar as séries estatísticas do PIB dos séculos XIX e XX Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 17/5/2018

“Os resultados estão em flagrante contraste com estudos anteriores sobre o comportamento da economia do Brasil no século XIX”, dizem os autores, em texto para discussão publicado no site do Instituto de Estudos de Política Econômica Casa das Garças, think tank capitaneado por Bacha, no Rio.

O artigo, publicado no início do mês, dá continuidade a um trabalho de atualização das estatísticas até 1980. Como mostrou o Estadão em setembro, os economistas sugerem que, por causa do crescimento mais acelerado no século XIX, o desempenho da economia brasileira no século XX foi mais moderado, incluindo o período conhecido como “milagre econômico”.

No consenso da história econômica do Brasil, a economia ficou praticamente estagnada no século XIX. Com base em dados sobre exportações, Celso Furtado, um dos mais famosos nomes da teoria econômica no País, sustentou que houve retração na primeira metade do século XIX, lembram Bacha, Tombolo e Versiani no artigo. No início deste ano, os professores Marcelo de Paiva Abreu e Luiz Aranha Corrêa do Lago, da PUC-Rio, e André Arruda Villela, da Fundação Getulio Vargas (FGV), publicaram um livro sobre a economia do Império sob o título de “A passos lentos (ed. Almedina).

A re-estimativa de Bacha, Tombolo e Versiani ficou acima da faixa entre 0,2% e 0,5%, na média anual, sugerida por Abreu, Lago e Villela. Também ficou acima da série estatística pioneira do economista americano Raymond Goldsmith, proposta nos anos 1980, que acabaria por influenciar a maioria das séries atualizadas posteriormente. Tombolo vinha trabalhando na atualização das séries estatísticas do PIB desde seu mestrado na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 2013, e deu novos passos na pesquisa com Bacha e Versiani.

Quebras extraordinárias

O consenso vigente sobre a estagnação no século XIX implica “quebras extraordinárias” no ritmo da atividade econômica ao longo das décadas, como já haviam destacado os professores no artigo sobre a série do século XX. Isso porque, de um ritmo vagaroso no século XIX, o Brasil passou ao posto de um dos países que cresceram mais rapidamente no século XX.

Segundo Bacha, a estagnação no Império serve como pressuposto para o crescimento acelerado do século XX. Para crescer tanto no século passado, o PIB de 1900 tinha que partir de uma base baixa. A atualização da série do século passado – sugerindo que, afinal, o crescimento foi mais moderado – foi o primeiro passo do esforço acadêmico de atualizar os dados desde 1820.

O trabalho de pesquisa de Bacha, Tombolo e Versiani é, principalmente, estatístico. Faltam dados quantitativos sobre produção e consumo para tempos mais remotos. O trabalho incorpora atualizações recentes dos dados sobre exportações, mas os autores explicam no artigo que pesaram mais para elevar as estimativas de crescimento a harmonização da série estatística com os dados para o século XX e mudanças nos índices de preços utilizados. A estimativa da inflação é uma variável importante no cálculo do PIB. E, assim como os dados de produção e consumo, faltam informações de qualidade sobre as dinâmicas de preços em tempos remotos.

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