Economista chama aumento da nota do Brasil pela Moody’s de ‘upgrade fajuto’ em reunião com BC


Segundo participantes do encontro, há dúvidas se o aumento da nota servirá como incentivo para novos ajustes fiscais ou se convencerá o governo de que o que foi feito até aqui é suficiente

Por Cícero Cotrim e Daniel Tozzi Mendes
Atualização:

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s foi pouco discutido na primeira reunião entre economistas e diretores do Banco Central nesta sexta-feira, 4, mas acabou sendo alvo de um comentário irônico de um participante. Segundo relatos de participantes, um dos analistas presentes se referiu à ação de rating como um “upgrade fajuto.”

Um economista que esteve no encontro e falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de não ter o seu nome divulgado afirmou que esse analista fez “um favor para todo mundo” ao expor ao BC um consenso entre os economistas e analistas do mercado, mas que nem todos tinham a disposição para falar.

Na terça-feira, 1º, a Moody’s aumentou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, deixando o País a apenas um degrau do grau de investimento, o “selo de bom pagador”. A agência de classificação de risco manteve a perspectiva “positiva” para o rating e atribuiu a mudança ao crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e ao avanço das reformas econômicas e fiscais no País.

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Segundo analista, economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Outro participante do encontro, conforme os relatos, chamou atenção justamente para o recado que a agência buscou passar com o upgrade. A percepção desse economista é a de que há uma dúvida sobre se o aumento da nota vai servir como incentivo para novos ajustes fiscais ou convencerá o governo de que o risco diminuiu e, por isso, não seria preciso avançar em novas medidas.

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Para um participante, se o upgrade sinalizar ao governo que, se fizer a lição de casa e escolher o caminho das reformas e o ajuste vai ser recompensado, seria um bom efeito. O risco, para ele, seria o governo perceber o upgrade como um sinal de que o que foi feito até aqui é suficiente.

A reunião ocorreu das 9h30 às 11h, na sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo. Três diretores participaram do encontro: Diogo Guillen, de Política Econômica; Paulo Picchetti, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Alta na Selic

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Os economistas que se reuniram nesta sexta com diretores do Banco Central disseram que a combinação entre economia forte e política fiscal expansionista sinaliza que o ciclo de aumento de juros embutido no relatório Focus, de 1,5 ponto porcentual, não será suficiente para fazer a inflação cair à meta. Um aumento mais robusto, de 2,5 a 3 pontos, para uma Selic em torno de 13%, seria necessário para garantir a convergência.

Segundo três participantes do encontro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa avaliação foi praticamente unânime entre os economistas. O último relatório Focus embute um ciclo de alta da Selic até 12%, em janeiro de 2025, seguido por cortes até 10,75% no fim do próximo ano. Com isso, o mercado vê uma inflação de 3,85% nos 12 meses fechados em março de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Um analista disse que os economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços. Eles avaliam que o ciclo de aperto vai ter de ser muito longo e expressivo para controlar a inflação.

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A leitura dos analistas é a de que, ao que tudo indica, o PIB brasileiro deve crescer mais do que se esperava no terceiro trimestre, a uma taxa entre 0,5% e 1% — que seria suficiente para manter o hiato do produto estável em terreno positivo. Isso, por si só, demandaria um choque de juros maior para conter a inflação, especialmente em um ambiente de crédito forte e otimismo para novas concessões, que tende a reforçar a demanda agregada.

Um dos economistas presentes no encontro ainda acrescentou que o aumento nas projeções de inflação para o próximo ano feito por instituições como a XP Investimentos e o Itaú Unibanco na manhã desta sexta-feira foi citado como evidência da necessidade de um aperto monetário adicional.

Segundo dois analistas, os participantes também ressaltaram o desconforto com o impulso das políticas fiscal e parafiscal à economia. A avaliação é que, mesmo que o impulso fiscal diminua nos próximos meses, ele vai no máximo dificultar menos a convergência da inflação para a meta, mas não vai tornar esse processo mais fácil.

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Credibilidade

Outro ponto em favor de um ciclo maior é o tema da própria credibilidade do BC, segundo os participantes da reunião. Enquanto a transição no comando da autoridade monetária se aproxima — com a troca de Roberto Campos Neto por Gabriel Galípolo prevista para 1º de janeiro —, os analistas dizem que ainda resta dúvidas sobre a postura futura da política monetária.

Para um analista, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros agora, ainda existe uma dúvida sobre se isso será uma estratégia persistente ao longo do tempo. Outro participante relatou que parte da discussão girou em torno da própria comunicação do Copom no último ciclo, que foi mais hawkish do que o aumento efetivamente definido para a taxa Selic, de 0,25 ponto porcentual.

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Houve críticas a essa dissonância e algumas pessoas externaram a preocupação de que um aumento de 0,25 ponto na próxima reunião poderia passar a mensagem que atingir a meta de inflação demoraria muito mais tempo, o que seria uma preocupação para o mercado, disse um dos presentes.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s foi pouco discutido na primeira reunião entre economistas e diretores do Banco Central nesta sexta-feira, 4, mas acabou sendo alvo de um comentário irônico de um participante. Segundo relatos de participantes, um dos analistas presentes se referiu à ação de rating como um “upgrade fajuto.”

Um economista que esteve no encontro e falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de não ter o seu nome divulgado afirmou que esse analista fez “um favor para todo mundo” ao expor ao BC um consenso entre os economistas e analistas do mercado, mas que nem todos tinham a disposição para falar.

Na terça-feira, 1º, a Moody’s aumentou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, deixando o País a apenas um degrau do grau de investimento, o “selo de bom pagador”. A agência de classificação de risco manteve a perspectiva “positiva” para o rating e atribuiu a mudança ao crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e ao avanço das reformas econômicas e fiscais no País.

Segundo analista, economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Outro participante do encontro, conforme os relatos, chamou atenção justamente para o recado que a agência buscou passar com o upgrade. A percepção desse economista é a de que há uma dúvida sobre se o aumento da nota vai servir como incentivo para novos ajustes fiscais ou convencerá o governo de que o risco diminuiu e, por isso, não seria preciso avançar em novas medidas.

Para um participante, se o upgrade sinalizar ao governo que, se fizer a lição de casa e escolher o caminho das reformas e o ajuste vai ser recompensado, seria um bom efeito. O risco, para ele, seria o governo perceber o upgrade como um sinal de que o que foi feito até aqui é suficiente.

A reunião ocorreu das 9h30 às 11h, na sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo. Três diretores participaram do encontro: Diogo Guillen, de Política Econômica; Paulo Picchetti, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Alta na Selic

Os economistas que se reuniram nesta sexta com diretores do Banco Central disseram que a combinação entre economia forte e política fiscal expansionista sinaliza que o ciclo de aumento de juros embutido no relatório Focus, de 1,5 ponto porcentual, não será suficiente para fazer a inflação cair à meta. Um aumento mais robusto, de 2,5 a 3 pontos, para uma Selic em torno de 13%, seria necessário para garantir a convergência.

Segundo três participantes do encontro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa avaliação foi praticamente unânime entre os economistas. O último relatório Focus embute um ciclo de alta da Selic até 12%, em janeiro de 2025, seguido por cortes até 10,75% no fim do próximo ano. Com isso, o mercado vê uma inflação de 3,85% nos 12 meses fechados em março de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Um analista disse que os economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços. Eles avaliam que o ciclo de aperto vai ter de ser muito longo e expressivo para controlar a inflação.

A leitura dos analistas é a de que, ao que tudo indica, o PIB brasileiro deve crescer mais do que se esperava no terceiro trimestre, a uma taxa entre 0,5% e 1% — que seria suficiente para manter o hiato do produto estável em terreno positivo. Isso, por si só, demandaria um choque de juros maior para conter a inflação, especialmente em um ambiente de crédito forte e otimismo para novas concessões, que tende a reforçar a demanda agregada.

Um dos economistas presentes no encontro ainda acrescentou que o aumento nas projeções de inflação para o próximo ano feito por instituições como a XP Investimentos e o Itaú Unibanco na manhã desta sexta-feira foi citado como evidência da necessidade de um aperto monetário adicional.

Segundo dois analistas, os participantes também ressaltaram o desconforto com o impulso das políticas fiscal e parafiscal à economia. A avaliação é que, mesmo que o impulso fiscal diminua nos próximos meses, ele vai no máximo dificultar menos a convergência da inflação para a meta, mas não vai tornar esse processo mais fácil.

Credibilidade

Outro ponto em favor de um ciclo maior é o tema da própria credibilidade do BC, segundo os participantes da reunião. Enquanto a transição no comando da autoridade monetária se aproxima — com a troca de Roberto Campos Neto por Gabriel Galípolo prevista para 1º de janeiro —, os analistas dizem que ainda resta dúvidas sobre a postura futura da política monetária.

Para um analista, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros agora, ainda existe uma dúvida sobre se isso será uma estratégia persistente ao longo do tempo. Outro participante relatou que parte da discussão girou em torno da própria comunicação do Copom no último ciclo, que foi mais hawkish do que o aumento efetivamente definido para a taxa Selic, de 0,25 ponto porcentual.

Houve críticas a essa dissonância e algumas pessoas externaram a preocupação de que um aumento de 0,25 ponto na próxima reunião poderia passar a mensagem que atingir a meta de inflação demoraria muito mais tempo, o que seria uma preocupação para o mercado, disse um dos presentes.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s foi pouco discutido na primeira reunião entre economistas e diretores do Banco Central nesta sexta-feira, 4, mas acabou sendo alvo de um comentário irônico de um participante. Segundo relatos de participantes, um dos analistas presentes se referiu à ação de rating como um “upgrade fajuto.”

Um economista que esteve no encontro e falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de não ter o seu nome divulgado afirmou que esse analista fez “um favor para todo mundo” ao expor ao BC um consenso entre os economistas e analistas do mercado, mas que nem todos tinham a disposição para falar.

Na terça-feira, 1º, a Moody’s aumentou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, deixando o País a apenas um degrau do grau de investimento, o “selo de bom pagador”. A agência de classificação de risco manteve a perspectiva “positiva” para o rating e atribuiu a mudança ao crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e ao avanço das reformas econômicas e fiscais no País.

Segundo analista, economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Outro participante do encontro, conforme os relatos, chamou atenção justamente para o recado que a agência buscou passar com o upgrade. A percepção desse economista é a de que há uma dúvida sobre se o aumento da nota vai servir como incentivo para novos ajustes fiscais ou convencerá o governo de que o risco diminuiu e, por isso, não seria preciso avançar em novas medidas.

Para um participante, se o upgrade sinalizar ao governo que, se fizer a lição de casa e escolher o caminho das reformas e o ajuste vai ser recompensado, seria um bom efeito. O risco, para ele, seria o governo perceber o upgrade como um sinal de que o que foi feito até aqui é suficiente.

A reunião ocorreu das 9h30 às 11h, na sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo. Três diretores participaram do encontro: Diogo Guillen, de Política Econômica; Paulo Picchetti, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Alta na Selic

Os economistas que se reuniram nesta sexta com diretores do Banco Central disseram que a combinação entre economia forte e política fiscal expansionista sinaliza que o ciclo de aumento de juros embutido no relatório Focus, de 1,5 ponto porcentual, não será suficiente para fazer a inflação cair à meta. Um aumento mais robusto, de 2,5 a 3 pontos, para uma Selic em torno de 13%, seria necessário para garantir a convergência.

Segundo três participantes do encontro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa avaliação foi praticamente unânime entre os economistas. O último relatório Focus embute um ciclo de alta da Selic até 12%, em janeiro de 2025, seguido por cortes até 10,75% no fim do próximo ano. Com isso, o mercado vê uma inflação de 3,85% nos 12 meses fechados em março de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Um analista disse que os economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços. Eles avaliam que o ciclo de aperto vai ter de ser muito longo e expressivo para controlar a inflação.

A leitura dos analistas é a de que, ao que tudo indica, o PIB brasileiro deve crescer mais do que se esperava no terceiro trimestre, a uma taxa entre 0,5% e 1% — que seria suficiente para manter o hiato do produto estável em terreno positivo. Isso, por si só, demandaria um choque de juros maior para conter a inflação, especialmente em um ambiente de crédito forte e otimismo para novas concessões, que tende a reforçar a demanda agregada.

Um dos economistas presentes no encontro ainda acrescentou que o aumento nas projeções de inflação para o próximo ano feito por instituições como a XP Investimentos e o Itaú Unibanco na manhã desta sexta-feira foi citado como evidência da necessidade de um aperto monetário adicional.

Segundo dois analistas, os participantes também ressaltaram o desconforto com o impulso das políticas fiscal e parafiscal à economia. A avaliação é que, mesmo que o impulso fiscal diminua nos próximos meses, ele vai no máximo dificultar menos a convergência da inflação para a meta, mas não vai tornar esse processo mais fácil.

Credibilidade

Outro ponto em favor de um ciclo maior é o tema da própria credibilidade do BC, segundo os participantes da reunião. Enquanto a transição no comando da autoridade monetária se aproxima — com a troca de Roberto Campos Neto por Gabriel Galípolo prevista para 1º de janeiro —, os analistas dizem que ainda resta dúvidas sobre a postura futura da política monetária.

Para um analista, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros agora, ainda existe uma dúvida sobre se isso será uma estratégia persistente ao longo do tempo. Outro participante relatou que parte da discussão girou em torno da própria comunicação do Copom no último ciclo, que foi mais hawkish do que o aumento efetivamente definido para a taxa Selic, de 0,25 ponto porcentual.

Houve críticas a essa dissonância e algumas pessoas externaram a preocupação de que um aumento de 0,25 ponto na próxima reunião poderia passar a mensagem que atingir a meta de inflação demoraria muito mais tempo, o que seria uma preocupação para o mercado, disse um dos presentes.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s foi pouco discutido na primeira reunião entre economistas e diretores do Banco Central nesta sexta-feira, 4, mas acabou sendo alvo de um comentário irônico de um participante. Segundo relatos de participantes, um dos analistas presentes se referiu à ação de rating como um “upgrade fajuto.”

Um economista que esteve no encontro e falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de não ter o seu nome divulgado afirmou que esse analista fez “um favor para todo mundo” ao expor ao BC um consenso entre os economistas e analistas do mercado, mas que nem todos tinham a disposição para falar.

Na terça-feira, 1º, a Moody’s aumentou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, deixando o País a apenas um degrau do grau de investimento, o “selo de bom pagador”. A agência de classificação de risco manteve a perspectiva “positiva” para o rating e atribuiu a mudança ao crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e ao avanço das reformas econômicas e fiscais no País.

Segundo analista, economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Outro participante do encontro, conforme os relatos, chamou atenção justamente para o recado que a agência buscou passar com o upgrade. A percepção desse economista é a de que há uma dúvida sobre se o aumento da nota vai servir como incentivo para novos ajustes fiscais ou convencerá o governo de que o risco diminuiu e, por isso, não seria preciso avançar em novas medidas.

Para um participante, se o upgrade sinalizar ao governo que, se fizer a lição de casa e escolher o caminho das reformas e o ajuste vai ser recompensado, seria um bom efeito. O risco, para ele, seria o governo perceber o upgrade como um sinal de que o que foi feito até aqui é suficiente.

A reunião ocorreu das 9h30 às 11h, na sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo. Três diretores participaram do encontro: Diogo Guillen, de Política Econômica; Paulo Picchetti, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Alta na Selic

Os economistas que se reuniram nesta sexta com diretores do Banco Central disseram que a combinação entre economia forte e política fiscal expansionista sinaliza que o ciclo de aumento de juros embutido no relatório Focus, de 1,5 ponto porcentual, não será suficiente para fazer a inflação cair à meta. Um aumento mais robusto, de 2,5 a 3 pontos, para uma Selic em torno de 13%, seria necessário para garantir a convergência.

Segundo três participantes do encontro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa avaliação foi praticamente unânime entre os economistas. O último relatório Focus embute um ciclo de alta da Selic até 12%, em janeiro de 2025, seguido por cortes até 10,75% no fim do próximo ano. Com isso, o mercado vê uma inflação de 3,85% nos 12 meses fechados em março de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Um analista disse que os economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços. Eles avaliam que o ciclo de aperto vai ter de ser muito longo e expressivo para controlar a inflação.

A leitura dos analistas é a de que, ao que tudo indica, o PIB brasileiro deve crescer mais do que se esperava no terceiro trimestre, a uma taxa entre 0,5% e 1% — que seria suficiente para manter o hiato do produto estável em terreno positivo. Isso, por si só, demandaria um choque de juros maior para conter a inflação, especialmente em um ambiente de crédito forte e otimismo para novas concessões, que tende a reforçar a demanda agregada.

Um dos economistas presentes no encontro ainda acrescentou que o aumento nas projeções de inflação para o próximo ano feito por instituições como a XP Investimentos e o Itaú Unibanco na manhã desta sexta-feira foi citado como evidência da necessidade de um aperto monetário adicional.

Segundo dois analistas, os participantes também ressaltaram o desconforto com o impulso das políticas fiscal e parafiscal à economia. A avaliação é que, mesmo que o impulso fiscal diminua nos próximos meses, ele vai no máximo dificultar menos a convergência da inflação para a meta, mas não vai tornar esse processo mais fácil.

Credibilidade

Outro ponto em favor de um ciclo maior é o tema da própria credibilidade do BC, segundo os participantes da reunião. Enquanto a transição no comando da autoridade monetária se aproxima — com a troca de Roberto Campos Neto por Gabriel Galípolo prevista para 1º de janeiro —, os analistas dizem que ainda resta dúvidas sobre a postura futura da política monetária.

Para um analista, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros agora, ainda existe uma dúvida sobre se isso será uma estratégia persistente ao longo do tempo. Outro participante relatou que parte da discussão girou em torno da própria comunicação do Copom no último ciclo, que foi mais hawkish do que o aumento efetivamente definido para a taxa Selic, de 0,25 ponto porcentual.

Houve críticas a essa dissonância e algumas pessoas externaram a preocupação de que um aumento de 0,25 ponto na próxima reunião poderia passar a mensagem que atingir a meta de inflação demoraria muito mais tempo, o que seria uma preocupação para o mercado, disse um dos presentes.

BRASÍLIA E SÃO PAULO - O aumento da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s foi pouco discutido na primeira reunião entre economistas e diretores do Banco Central nesta sexta-feira, 4, mas acabou sendo alvo de um comentário irônico de um participante. Segundo relatos de participantes, um dos analistas presentes se referiu à ação de rating como um “upgrade fajuto.”

Um economista que esteve no encontro e falou com o Estadão/Broadcast sob a condição de não ter o seu nome divulgado afirmou que esse analista fez “um favor para todo mundo” ao expor ao BC um consenso entre os economistas e analistas do mercado, mas que nem todos tinham a disposição para falar.

Na terça-feira, 1º, a Moody’s aumentou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1, deixando o País a apenas um degrau do grau de investimento, o “selo de bom pagador”. A agência de classificação de risco manteve a perspectiva “positiva” para o rating e atribuiu a mudança ao crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e ao avanço das reformas econômicas e fiscais no País.

Segundo analista, economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Outro participante do encontro, conforme os relatos, chamou atenção justamente para o recado que a agência buscou passar com o upgrade. A percepção desse economista é a de que há uma dúvida sobre se o aumento da nota vai servir como incentivo para novos ajustes fiscais ou convencerá o governo de que o risco diminuiu e, por isso, não seria preciso avançar em novas medidas.

Para um participante, se o upgrade sinalizar ao governo que, se fizer a lição de casa e escolher o caminho das reformas e o ajuste vai ser recompensado, seria um bom efeito. O risco, para ele, seria o governo perceber o upgrade como um sinal de que o que foi feito até aqui é suficiente.

A reunião ocorreu das 9h30 às 11h, na sede do BC na Avenida Paulista, em São Paulo. Três diretores participaram do encontro: Diogo Guillen, de Política Econômica; Paulo Picchetti, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos; e Renato Gomes, de Organização do Sistema Financeiro e Resolução.

Alta na Selic

Os economistas que se reuniram nesta sexta com diretores do Banco Central disseram que a combinação entre economia forte e política fiscal expansionista sinaliza que o ciclo de aumento de juros embutido no relatório Focus, de 1,5 ponto porcentual, não será suficiente para fazer a inflação cair à meta. Um aumento mais robusto, de 2,5 a 3 pontos, para uma Selic em torno de 13%, seria necessário para garantir a convergência.

Segundo três participantes do encontro ouvidos pelo Estadão/Broadcast, essa avaliação foi praticamente unânime entre os economistas. O último relatório Focus embute um ciclo de alta da Selic até 12%, em janeiro de 2025, seguido por cortes até 10,75% no fim do próximo ano. Com isso, o mercado vê uma inflação de 3,85% nos 12 meses fechados em março de 2026, o horizonte relevante da política monetária.

Um analista disse que os economistas estão cada vez mais preocupados com a atividade econômica superaquecida e com o impacto do mercado de trabalho na inflação de serviços. Eles avaliam que o ciclo de aperto vai ter de ser muito longo e expressivo para controlar a inflação.

A leitura dos analistas é a de que, ao que tudo indica, o PIB brasileiro deve crescer mais do que se esperava no terceiro trimestre, a uma taxa entre 0,5% e 1% — que seria suficiente para manter o hiato do produto estável em terreno positivo. Isso, por si só, demandaria um choque de juros maior para conter a inflação, especialmente em um ambiente de crédito forte e otimismo para novas concessões, que tende a reforçar a demanda agregada.

Um dos economistas presentes no encontro ainda acrescentou que o aumento nas projeções de inflação para o próximo ano feito por instituições como a XP Investimentos e o Itaú Unibanco na manhã desta sexta-feira foi citado como evidência da necessidade de um aperto monetário adicional.

Segundo dois analistas, os participantes também ressaltaram o desconforto com o impulso das políticas fiscal e parafiscal à economia. A avaliação é que, mesmo que o impulso fiscal diminua nos próximos meses, ele vai no máximo dificultar menos a convergência da inflação para a meta, mas não vai tornar esse processo mais fácil.

Credibilidade

Outro ponto em favor de um ciclo maior é o tema da própria credibilidade do BC, segundo os participantes da reunião. Enquanto a transição no comando da autoridade monetária se aproxima — com a troca de Roberto Campos Neto por Gabriel Galípolo prevista para 1º de janeiro —, os analistas dizem que ainda resta dúvidas sobre a postura futura da política monetária.

Para um analista, mesmo que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente os juros agora, ainda existe uma dúvida sobre se isso será uma estratégia persistente ao longo do tempo. Outro participante relatou que parte da discussão girou em torno da própria comunicação do Copom no último ciclo, que foi mais hawkish do que o aumento efetivamente definido para a taxa Selic, de 0,25 ponto porcentual.

Houve críticas a essa dissonância e algumas pessoas externaram a preocupação de que um aumento de 0,25 ponto na próxima reunião poderia passar a mensagem que atingir a meta de inflação demoraria muito mais tempo, o que seria uma preocupação para o mercado, disse um dos presentes.

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