Economista e advogada

Opinião|Como tantos podem tolerar as atrocidades cometidas pelo Hamas? É momento de condená-las, sem porém


Nada do que ocorreu foi em nome da defesa da causa palestina: é selvageria; triste a imagem de jovens que foram às ruas apoiando o terrorismo

Por Elena Landau

Não vou discutir nem a história nem a geopolítica da Palestina. É momento de condenar as atrocidades cometidas pelo Hamas de forma radical e absoluta. Sem porém.

O mundo assistiu a assassinatos de civis em suas casas, o estupro em massa de mulheres. Idosos foram mortos; 260 jovens foram executados em uma festa rave. Crianças foram sequestradas e sofreram tortura mental: presenciaram o assassinato de seus pais, irmãos e irmãs. Foram trancadas em jaulas, apresentadas como troféus. É a reedição dos pogroms.

Nada disso vem em nome da defesa da causa palestina. É selvageria. Triste a imagem de jovens que foram às ruas com bandeiras da Palestina apoiando o terrorismo.

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Não sou judia. Sou batizada, filha de pai judeu e mãe católica. Como eu, meus irmãos não abraçaram qualquer religião. Na minha família há de tudo; sionistas, pró-Palestina, defensores de dois Estados. Há até quem use no pescoço uma cruz e uma estrela de David juntas. Faço parte de grupos de discussão de judeus progressistas em permanente oposição a Netanyahu e, como muitos deles, defendo a criação dos dois Estados em Israel.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu Foto: Teresa Suarez/Efe/Epa

Chocante que, mesmo diante de todos os horrores, ainda há quem trate o Hamas como “ativistas”. O Itamaraty chegou a noticiar o “falecimento” de um brasileiro, como se tivesse sido um acidente. Não há diplomacia que justifique essa covardia. Sigo Biden nas palavras de seu duro discurso: “Foram violados todos os códigos de moralidade”. Não tenho dúvidas de se tratar de crime contra a humanidade.

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A família Landau veio de Bucareste para o Rio em 1940, fugindo dos nazistas. Metade dos judeus romenos foram assassinados. Meu pai e minha tia tiveram a sorte de conseguir fugir juntos e, diferentemente de muitas crianças, não foram separados da família.

Há poucos meses, em um museu sobre a Segunda Guerra Mundial, uma imagem me fez chorar sem controle: uma malinha com um ursinho, uma muda de roupa e alguns objetos de higiene. Era usada para enviar crianças para fora da zona de guerra. Pais e mães entregaram seus filhos para estranhos na esperança de salvá-los do holocausto. Melhor opção que escolher qual deles iria para a câmara de gás, como Sofia.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu, na melhor definição de genocídio, se tivessem os meios para isso. Soa familiar, e não foi há muito tempo.

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Esta foi a coluna mais difícil que já fiz. A impotência diante de todos esses horrores me faz pensar em desistir de escrever, não há tema que seja relevante diante da barbárie. Como tantos podem tolerar uma selvageria dessa ordem?

Não vou discutir nem a história nem a geopolítica da Palestina. É momento de condenar as atrocidades cometidas pelo Hamas de forma radical e absoluta. Sem porém.

O mundo assistiu a assassinatos de civis em suas casas, o estupro em massa de mulheres. Idosos foram mortos; 260 jovens foram executados em uma festa rave. Crianças foram sequestradas e sofreram tortura mental: presenciaram o assassinato de seus pais, irmãos e irmãs. Foram trancadas em jaulas, apresentadas como troféus. É a reedição dos pogroms.

Nada disso vem em nome da defesa da causa palestina. É selvageria. Triste a imagem de jovens que foram às ruas com bandeiras da Palestina apoiando o terrorismo.

Não sou judia. Sou batizada, filha de pai judeu e mãe católica. Como eu, meus irmãos não abraçaram qualquer religião. Na minha família há de tudo; sionistas, pró-Palestina, defensores de dois Estados. Há até quem use no pescoço uma cruz e uma estrela de David juntas. Faço parte de grupos de discussão de judeus progressistas em permanente oposição a Netanyahu e, como muitos deles, defendo a criação dos dois Estados em Israel.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu Foto: Teresa Suarez/Efe/Epa

Chocante que, mesmo diante de todos os horrores, ainda há quem trate o Hamas como “ativistas”. O Itamaraty chegou a noticiar o “falecimento” de um brasileiro, como se tivesse sido um acidente. Não há diplomacia que justifique essa covardia. Sigo Biden nas palavras de seu duro discurso: “Foram violados todos os códigos de moralidade”. Não tenho dúvidas de se tratar de crime contra a humanidade.

A família Landau veio de Bucareste para o Rio em 1940, fugindo dos nazistas. Metade dos judeus romenos foram assassinados. Meu pai e minha tia tiveram a sorte de conseguir fugir juntos e, diferentemente de muitas crianças, não foram separados da família.

Há poucos meses, em um museu sobre a Segunda Guerra Mundial, uma imagem me fez chorar sem controle: uma malinha com um ursinho, uma muda de roupa e alguns objetos de higiene. Era usada para enviar crianças para fora da zona de guerra. Pais e mães entregaram seus filhos para estranhos na esperança de salvá-los do holocausto. Melhor opção que escolher qual deles iria para a câmara de gás, como Sofia.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu, na melhor definição de genocídio, se tivessem os meios para isso. Soa familiar, e não foi há muito tempo.

Esta foi a coluna mais difícil que já fiz. A impotência diante de todos esses horrores me faz pensar em desistir de escrever, não há tema que seja relevante diante da barbárie. Como tantos podem tolerar uma selvageria dessa ordem?

Não vou discutir nem a história nem a geopolítica da Palestina. É momento de condenar as atrocidades cometidas pelo Hamas de forma radical e absoluta. Sem porém.

O mundo assistiu a assassinatos de civis em suas casas, o estupro em massa de mulheres. Idosos foram mortos; 260 jovens foram executados em uma festa rave. Crianças foram sequestradas e sofreram tortura mental: presenciaram o assassinato de seus pais, irmãos e irmãs. Foram trancadas em jaulas, apresentadas como troféus. É a reedição dos pogroms.

Nada disso vem em nome da defesa da causa palestina. É selvageria. Triste a imagem de jovens que foram às ruas com bandeiras da Palestina apoiando o terrorismo.

Não sou judia. Sou batizada, filha de pai judeu e mãe católica. Como eu, meus irmãos não abraçaram qualquer religião. Na minha família há de tudo; sionistas, pró-Palestina, defensores de dois Estados. Há até quem use no pescoço uma cruz e uma estrela de David juntas. Faço parte de grupos de discussão de judeus progressistas em permanente oposição a Netanyahu e, como muitos deles, defendo a criação dos dois Estados em Israel.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu Foto: Teresa Suarez/Efe/Epa

Chocante que, mesmo diante de todos os horrores, ainda há quem trate o Hamas como “ativistas”. O Itamaraty chegou a noticiar o “falecimento” de um brasileiro, como se tivesse sido um acidente. Não há diplomacia que justifique essa covardia. Sigo Biden nas palavras de seu duro discurso: “Foram violados todos os códigos de moralidade”. Não tenho dúvidas de se tratar de crime contra a humanidade.

A família Landau veio de Bucareste para o Rio em 1940, fugindo dos nazistas. Metade dos judeus romenos foram assassinados. Meu pai e minha tia tiveram a sorte de conseguir fugir juntos e, diferentemente de muitas crianças, não foram separados da família.

Há poucos meses, em um museu sobre a Segunda Guerra Mundial, uma imagem me fez chorar sem controle: uma malinha com um ursinho, uma muda de roupa e alguns objetos de higiene. Era usada para enviar crianças para fora da zona de guerra. Pais e mães entregaram seus filhos para estranhos na esperança de salvá-los do holocausto. Melhor opção que escolher qual deles iria para a câmara de gás, como Sofia.

Não se pode contemporizar com um grupo terrorista cujo objetivo desde sua criação é eliminar o povo judeu, na melhor definição de genocídio, se tivessem os meios para isso. Soa familiar, e não foi há muito tempo.

Esta foi a coluna mais difícil que já fiz. A impotência diante de todos esses horrores me faz pensar em desistir de escrever, não há tema que seja relevante diante da barbárie. Como tantos podem tolerar uma selvageria dessa ordem?

Opinião por Elena Landau

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