Economista e advogada

Opinião|De mulher para mulher


Lula mostra, mais uma vez, que sua agenda está atrasada em pelo menos 20 anos

Por Elena Landau
Atualização:

“Esse critério (raça e gênero) não será usado”, declarou Lula, sobre indicação para STF e PGR. De Zanin aos nomes que estão nas bolsas de apostas, seu critério está claro: ser terrivelmente fiel.

Pela pesquisa do Datafolha, 47% dos brasileiros consideram importante a escolha de uma mulher para substituir outra que se aposenta. É um porcentual bastante elevado, ainda que não seja a maioria. Bons nomes não faltam. Lula já indicou Daniela Teixeira, para o STJ, e Edilene Lobo para o TSE; não coloca uma no STF porque não quer.

Mulheres no comando têm importância que vai além da representatividade numérica. As pioneiras servem de inspiração para outras. Foi assim com Tereza Grossi, no Banco Central; Eliana Calmon, no STJ; e Ellen Gracie, no STF. Há muitas outras. Mas ainda somos a minoria na alta administração, pública ou privada.

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A maior qualificação profissional reduz a dependência financeira, muitas vezes ajudando a quebrar um ciclo de violência doméstica. A melhor escolaridade da mãe ajuda na mobilidade social de seus filhos.

Rosa Weber se aposentou do Supremo Tribunal Federal; Lula disse que critério de diversidade não será levado em conta na hora de escolher próximo ministro  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Elas trazem mais diversidade à pauta de políticas públicas, com olhar mais agudo para questões sociais e com ações que têm impacto no longo prazo. No STF, foi uma mulher que pautou a descriminalização do aborto. A mesma Rosa Weber ajudou a criar uma regra de paridade no CNJ. A sociedade ganha com a ampliação de iniciativas e temas.

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Mas é preciso que tenham poder de fato. É vergonhoso que elas próprias tenham votado a favor da PEC da Anistia. Aceitaram a troca do mínimo exigido de mulheres candidatas (30%) pelo de cadeiras no Parlamento, com porcentual (20%) quase igual ao vigente (18%). Patético que esse retrocesso tenha unido mulheres da esquerda à direita.

O governo começou com 11 ministras, hoje são nove. A paridade era tema de campanha, só que elas juntas não controlam nem sequer 13% do Orçamento. Desse total, quase 90% são para um único ministério, o da Saúde. O resto divide as migalhas que sobram do banquete masculino. O Ministério das Mulheres e o da Igualdade Racial somam, juntos, míseros 0,02% do total.

O desafio não está apenas em incluir minorias na base da pirâmide profissional, mas em fazer com que cheguem ao topo. Políticas de cotas têm sido utilizadas, mas deveriam ser temporárias. Mulheres com poder efetivo abrem caminho para outras, seja como exemplo – “se elas podem, também posso” –, seja por pensar em ações que garantam a progressão na carreira.

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Importante é mudar a cultura. Isso Lula parece não querer entender. Mais uma vez, sua agenda está atrasada em pelo menos 20 anos.

“Esse critério (raça e gênero) não será usado”, declarou Lula, sobre indicação para STF e PGR. De Zanin aos nomes que estão nas bolsas de apostas, seu critério está claro: ser terrivelmente fiel.

Pela pesquisa do Datafolha, 47% dos brasileiros consideram importante a escolha de uma mulher para substituir outra que se aposenta. É um porcentual bastante elevado, ainda que não seja a maioria. Bons nomes não faltam. Lula já indicou Daniela Teixeira, para o STJ, e Edilene Lobo para o TSE; não coloca uma no STF porque não quer.

Mulheres no comando têm importância que vai além da representatividade numérica. As pioneiras servem de inspiração para outras. Foi assim com Tereza Grossi, no Banco Central; Eliana Calmon, no STJ; e Ellen Gracie, no STF. Há muitas outras. Mas ainda somos a minoria na alta administração, pública ou privada.

A maior qualificação profissional reduz a dependência financeira, muitas vezes ajudando a quebrar um ciclo de violência doméstica. A melhor escolaridade da mãe ajuda na mobilidade social de seus filhos.

Rosa Weber se aposentou do Supremo Tribunal Federal; Lula disse que critério de diversidade não será levado em conta na hora de escolher próximo ministro  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Elas trazem mais diversidade à pauta de políticas públicas, com olhar mais agudo para questões sociais e com ações que têm impacto no longo prazo. No STF, foi uma mulher que pautou a descriminalização do aborto. A mesma Rosa Weber ajudou a criar uma regra de paridade no CNJ. A sociedade ganha com a ampliação de iniciativas e temas.

Mas é preciso que tenham poder de fato. É vergonhoso que elas próprias tenham votado a favor da PEC da Anistia. Aceitaram a troca do mínimo exigido de mulheres candidatas (30%) pelo de cadeiras no Parlamento, com porcentual (20%) quase igual ao vigente (18%). Patético que esse retrocesso tenha unido mulheres da esquerda à direita.

O governo começou com 11 ministras, hoje são nove. A paridade era tema de campanha, só que elas juntas não controlam nem sequer 13% do Orçamento. Desse total, quase 90% são para um único ministério, o da Saúde. O resto divide as migalhas que sobram do banquete masculino. O Ministério das Mulheres e o da Igualdade Racial somam, juntos, míseros 0,02% do total.

O desafio não está apenas em incluir minorias na base da pirâmide profissional, mas em fazer com que cheguem ao topo. Políticas de cotas têm sido utilizadas, mas deveriam ser temporárias. Mulheres com poder efetivo abrem caminho para outras, seja como exemplo – “se elas podem, também posso” –, seja por pensar em ações que garantam a progressão na carreira.

Importante é mudar a cultura. Isso Lula parece não querer entender. Mais uma vez, sua agenda está atrasada em pelo menos 20 anos.

“Esse critério (raça e gênero) não será usado”, declarou Lula, sobre indicação para STF e PGR. De Zanin aos nomes que estão nas bolsas de apostas, seu critério está claro: ser terrivelmente fiel.

Pela pesquisa do Datafolha, 47% dos brasileiros consideram importante a escolha de uma mulher para substituir outra que se aposenta. É um porcentual bastante elevado, ainda que não seja a maioria. Bons nomes não faltam. Lula já indicou Daniela Teixeira, para o STJ, e Edilene Lobo para o TSE; não coloca uma no STF porque não quer.

Mulheres no comando têm importância que vai além da representatividade numérica. As pioneiras servem de inspiração para outras. Foi assim com Tereza Grossi, no Banco Central; Eliana Calmon, no STJ; e Ellen Gracie, no STF. Há muitas outras. Mas ainda somos a minoria na alta administração, pública ou privada.

A maior qualificação profissional reduz a dependência financeira, muitas vezes ajudando a quebrar um ciclo de violência doméstica. A melhor escolaridade da mãe ajuda na mobilidade social de seus filhos.

Rosa Weber se aposentou do Supremo Tribunal Federal; Lula disse que critério de diversidade não será levado em conta na hora de escolher próximo ministro  Foto: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Elas trazem mais diversidade à pauta de políticas públicas, com olhar mais agudo para questões sociais e com ações que têm impacto no longo prazo. No STF, foi uma mulher que pautou a descriminalização do aborto. A mesma Rosa Weber ajudou a criar uma regra de paridade no CNJ. A sociedade ganha com a ampliação de iniciativas e temas.

Mas é preciso que tenham poder de fato. É vergonhoso que elas próprias tenham votado a favor da PEC da Anistia. Aceitaram a troca do mínimo exigido de mulheres candidatas (30%) pelo de cadeiras no Parlamento, com porcentual (20%) quase igual ao vigente (18%). Patético que esse retrocesso tenha unido mulheres da esquerda à direita.

O governo começou com 11 ministras, hoje são nove. A paridade era tema de campanha, só que elas juntas não controlam nem sequer 13% do Orçamento. Desse total, quase 90% são para um único ministério, o da Saúde. O resto divide as migalhas que sobram do banquete masculino. O Ministério das Mulheres e o da Igualdade Racial somam, juntos, míseros 0,02% do total.

O desafio não está apenas em incluir minorias na base da pirâmide profissional, mas em fazer com que cheguem ao topo. Políticas de cotas têm sido utilizadas, mas deveriam ser temporárias. Mulheres com poder efetivo abrem caminho para outras, seja como exemplo – “se elas podem, também posso” –, seja por pensar em ações que garantam a progressão na carreira.

Importante é mudar a cultura. Isso Lula parece não querer entender. Mais uma vez, sua agenda está atrasada em pelo menos 20 anos.

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