O clima azedou com a piora nas contas públicas, e as projeções do Focus para inflação e juros refletiram isso. As expectativas servem como uma fotografia do momento. E, no momento, há uma desconfiança de mais mudanças no arcabouço fiscal pela frente. O PT gosta de dobrar a meta.
O governo começou com a PEC da Transição, uma licença para gastar. Deixaram as receitas para depois. Jogaram a bola na área esperando alguém cabecear. Não funcionou.
Não é só o mercado que anda de mau humor com Lula. Pesquisas mostram que a avaliação de seu governo não está boa, o centro liberal que lhe garantiu a vitória não está nada satisfeito e até mesmo sua base está descontente. Servidores em greve, Gleisi bombardeando política econômica nas redes, brigas na Esplanada, comunicação ruim e Haddad se equilibrando ― agradando cá, desagradando acolá.
As pesquisas já não andavam muito favoráveis a Lula, e o temor é de que ele pise no acelerador do populismo para, ao menos, manter seu fiel eleitorado.
Há um mal de raiz na filosofia petista: acreditam que a política monetária é a culpada por tudo. É só baixar os juros que o milagre do crescimento se faz. Mais um elemento de incerteza em ano de troca do comando do Banco Central. A experiência passada ainda não os convenceu que, sem ajuste nas contas públicas, não há redução dos juros.
A culpa é sempre dos outros: impeachment, Lava Jato, mas jamais do Petrolão ou da irresponsabilidade fiscal. Carregam um desejo incontrolável de gastar — no que são acompanhados por um Congresso irresponsável fiscalmente.
No meio desse tiroteio, Tebet apresentou sugestões para ajustes estruturais nas contas, como a desvinculação dos gastos com Saúde e Educação e da aposentadoria ao salário mínimo. Não recebeu apoio nem do colega Haddad.
A ministra foi até tímida: deixou de fora os militares e igualdade na idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres. Uma nova rodada de reforma da Previdência é inevitável. O envelhecimento da população também traz impacto — distintos — nos gastos com Saúde e Educação, aumentando a demanda por um e diminuindo por outro. Mais uma razão para desvinculação.
E, para piorar, Lula inventa de trocar o comando da Petrobras para torrar recursos em refinarias e indústria naval — de novo. É quase uma provocação.
Uma das delícias de ser avó é aprender com neto. Num desses papos filosóficos, ele disse: “Vovó, é o futuro que decide”. Rapidamente, completou: “Mas o passado ensina”. Aos seis anos, já sabe mais do que o PT com quase 50. Pedro para CEO da Petrobras.