Economista e advogada

Opinião|Lula parece querer alterar o curso da história, mas reescreve uma realidade paralela no gogó mesmo


Reescrever a história do impeachment traz consequências óbvias: a recessão histórica, o recorde de desemprego, a inflação e juros de dois dígitos não foram resultado da desastrosa política de Dilma

Por Elena Landau

Uma das minhas séries favoritas quando criança era O Túnel do Tempo. Não havia qualquer efeito especial ou sofisticação na entrada da dupla de heróis em um corredor que parecia um rodamoinho. Mesmo assim, era fascinante a ideia de viajar pelo tempo, assistir a parte da história e, quem sabe, ainda corrigir alguns erros do passado.

No cinema, De volta para o Futuro também mostrava a busca do homem em interferir na sua linha do tempo. As reviravoltas que McFly vive mostram que o risco é acabar alterando seu destino na direção oposta do desejado.

Foi Schwarzenegger, em O Exterminador do Futuro, quem melhor representou a ideia da vinda do futuro para lutar uma batalha que poderia mudar o destino da humanidade. É tentadora essa busca de alterar o curso da história.

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Lula parece estar querendo fazer o mesmo. Como não estamos no mundo do cinema, a realidade paralela vem sendo reescrita no gogó mesmo.

Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em Brasília. Foto: André Borges/Efe Foto: André Borges/EFE

O afastamento de Dilma por conta de crime de responsabilidade fiscal virou golpe de Estado. Ou seja, um processo que seguiu todas as formalidades processuais, tanto pelo Congresso Nacional quanto pelo STF, foi colocado no mesmo patamar que os eventos do dia 8 de janeiro.

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Depois de esconder sua sucessora durante toda a campanha eleitoral, Lula resolveu reinventar o lugar de Dilma na história.

Óbvio que há uma estratégia por trás disso, afinal, Lula é, ou era, um dos políticos mais espertos do País. Pode ser para reforçar sua base de apoio, criando seu cercadinho, estimulando a polarização, onde ele se sente confortável politicamente. Só que, ao mesmo tempo, traz os golpistas para a base do governo. Difícil entender.

Na economia, parece haver mais lógica. Reescrever a história do impeachment traz consequências óbvias: a recessão histórica, o recorde de desemprego, a inflação e juros de dois dígitos não foram resultado da desastrosa política de Dilma. Ao contrário, foi o golpe contra a ex-presidente que destruiu a economia do País. A década perdida – queda de 9% do PIB per capita em apenas dois anos – passa a ser herança de uma atuação viesada das instituições jurídicas e parlamentares, e não de um diagnóstico econômico totalmente equivocado.

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Lula quer repetir em seu terceiro mandato tudo o que foi feito na economia deste País a partir de 2009, mas esperando um fim diferente. Afinal, só deu tudo muito errado por conta de dois golpes: o impeachment e, claro, a Lava Jato.

Se nem na ficção interferir na linha do tempo funciona, imagina na vida real. Hasta la vista, baby.

Uma das minhas séries favoritas quando criança era O Túnel do Tempo. Não havia qualquer efeito especial ou sofisticação na entrada da dupla de heróis em um corredor que parecia um rodamoinho. Mesmo assim, era fascinante a ideia de viajar pelo tempo, assistir a parte da história e, quem sabe, ainda corrigir alguns erros do passado.

No cinema, De volta para o Futuro também mostrava a busca do homem em interferir na sua linha do tempo. As reviravoltas que McFly vive mostram que o risco é acabar alterando seu destino na direção oposta do desejado.

Foi Schwarzenegger, em O Exterminador do Futuro, quem melhor representou a ideia da vinda do futuro para lutar uma batalha que poderia mudar o destino da humanidade. É tentadora essa busca de alterar o curso da história.

Lula parece estar querendo fazer o mesmo. Como não estamos no mundo do cinema, a realidade paralela vem sendo reescrita no gogó mesmo.

Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em Brasília. Foto: André Borges/Efe Foto: André Borges/EFE

O afastamento de Dilma por conta de crime de responsabilidade fiscal virou golpe de Estado. Ou seja, um processo que seguiu todas as formalidades processuais, tanto pelo Congresso Nacional quanto pelo STF, foi colocado no mesmo patamar que os eventos do dia 8 de janeiro.

Depois de esconder sua sucessora durante toda a campanha eleitoral, Lula resolveu reinventar o lugar de Dilma na história.

Óbvio que há uma estratégia por trás disso, afinal, Lula é, ou era, um dos políticos mais espertos do País. Pode ser para reforçar sua base de apoio, criando seu cercadinho, estimulando a polarização, onde ele se sente confortável politicamente. Só que, ao mesmo tempo, traz os golpistas para a base do governo. Difícil entender.

Na economia, parece haver mais lógica. Reescrever a história do impeachment traz consequências óbvias: a recessão histórica, o recorde de desemprego, a inflação e juros de dois dígitos não foram resultado da desastrosa política de Dilma. Ao contrário, foi o golpe contra a ex-presidente que destruiu a economia do País. A década perdida – queda de 9% do PIB per capita em apenas dois anos – passa a ser herança de uma atuação viesada das instituições jurídicas e parlamentares, e não de um diagnóstico econômico totalmente equivocado.

Lula quer repetir em seu terceiro mandato tudo o que foi feito na economia deste País a partir de 2009, mas esperando um fim diferente. Afinal, só deu tudo muito errado por conta de dois golpes: o impeachment e, claro, a Lava Jato.

Se nem na ficção interferir na linha do tempo funciona, imagina na vida real. Hasta la vista, baby.

Uma das minhas séries favoritas quando criança era O Túnel do Tempo. Não havia qualquer efeito especial ou sofisticação na entrada da dupla de heróis em um corredor que parecia um rodamoinho. Mesmo assim, era fascinante a ideia de viajar pelo tempo, assistir a parte da história e, quem sabe, ainda corrigir alguns erros do passado.

No cinema, De volta para o Futuro também mostrava a busca do homem em interferir na sua linha do tempo. As reviravoltas que McFly vive mostram que o risco é acabar alterando seu destino na direção oposta do desejado.

Foi Schwarzenegger, em O Exterminador do Futuro, quem melhor representou a ideia da vinda do futuro para lutar uma batalha que poderia mudar o destino da humanidade. É tentadora essa busca de alterar o curso da história.

Lula parece estar querendo fazer o mesmo. Como não estamos no mundo do cinema, a realidade paralela vem sendo reescrita no gogó mesmo.

Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia em Brasília. Foto: André Borges/Efe Foto: André Borges/EFE

O afastamento de Dilma por conta de crime de responsabilidade fiscal virou golpe de Estado. Ou seja, um processo que seguiu todas as formalidades processuais, tanto pelo Congresso Nacional quanto pelo STF, foi colocado no mesmo patamar que os eventos do dia 8 de janeiro.

Depois de esconder sua sucessora durante toda a campanha eleitoral, Lula resolveu reinventar o lugar de Dilma na história.

Óbvio que há uma estratégia por trás disso, afinal, Lula é, ou era, um dos políticos mais espertos do País. Pode ser para reforçar sua base de apoio, criando seu cercadinho, estimulando a polarização, onde ele se sente confortável politicamente. Só que, ao mesmo tempo, traz os golpistas para a base do governo. Difícil entender.

Na economia, parece haver mais lógica. Reescrever a história do impeachment traz consequências óbvias: a recessão histórica, o recorde de desemprego, a inflação e juros de dois dígitos não foram resultado da desastrosa política de Dilma. Ao contrário, foi o golpe contra a ex-presidente que destruiu a economia do País. A década perdida – queda de 9% do PIB per capita em apenas dois anos – passa a ser herança de uma atuação viesada das instituições jurídicas e parlamentares, e não de um diagnóstico econômico totalmente equivocado.

Lula quer repetir em seu terceiro mandato tudo o que foi feito na economia deste País a partir de 2009, mas esperando um fim diferente. Afinal, só deu tudo muito errado por conta de dois golpes: o impeachment e, claro, a Lava Jato.

Se nem na ficção interferir na linha do tempo funciona, imagina na vida real. Hasta la vista, baby.

Opinião por Elena Landau

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