Economista e advogada

Opinião|Passividade da oposição deu a Bolsonaro a sensação de que ele pode tudo


Bolsonaro não liga para leis ou regras, com a certeza de que as instituições não irão lhe colocar freios. Teme, e com razão, apenas as urnas. Daí o ataque permanente ao voto eletrônico

Por Elena Landau

As duas últimas semanas foram assustadoras para a democracia brasileira. O sinal passou de amarelo para vermelho. Para a aprovação de uma emenda constitucional que inventou um absurdo estado de emergência, os presidentes do Senado e da Câmara atropelaram regras fundamentais de representatividade no Congresso.

No Senado, foram necessárias apenas 48 horas para que duas sessões fossem realizadas. A emenda, “PEC Kamikaze”, suspendeu a proibição de gastos públicos em período eleitoral, que é necessária para manter o equilíbrio de forças na disputa. Mesmo diante da gravidade da mudança nas regras do jogo, não passou pela cabeça do senador Rodrigo Pacheco a convocação da Comissão de Constituição e Justiça, que, aliás, não se reúne há muito tempo. A razão é óbvia: trata-se de uma emenda evidentemente inconstitucional, que corria o risco de morrer na CCJ.

Na Câmara, o espetáculo foi ainda mais deprimente. Arthur Lira inventou e reinventou regras para garantir a votação. Ele já vinha abusando dos pedidos de urgência para as votações que lhe interessavam, exatamente para pular etapas importantes, como a convocação de comissões. Sem falar de mais de uma centena de pedidos de impeachment que ele ignora solenemente.

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'A passividade da oposição deu a Bolsonaro a sensação de que ele pode tudo' Foto: Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro vem testando os seus limites desde que assumiu. Convocou uma milícia civil, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, sem ver reação equivalente a tamanho absurdo. Foi seguindo o caminho da autocracia até a recente reunião com embaixadores. Não liga para leis ou regras, com a certeza de que as instituições não irão lhe colocar freios. Teme, e com razão, apenas as urnas. Daí o ataque permanente ao voto eletrônico. Agora foi além, avisou que não aceitará resultado adverso. Assumiu, com quatro meses de antecedência, a derrota. E prometeu um “terceiro turno”.

O livro Como as democracias morrem foi publicado em 2018, mesmo ano em que Bolsonaro foi eleito. De lá para cá, o Brasil seguiu todos os descaminhos ali descritos. A passividade da oposição, no Congresso e nas ruas, frente ao atropelo das regras básicas da democracia representativa deu ao presidente a sensação de que ele pode tudo.

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Com essa ilusão, deu um tiro no pé. Após o vexame com embaixadores, uma enxurrada de manifestações de confiança nas urnas eletrônicas veio em resposta; de juristas a funcionários da Abin.

Notas de repúdio não são mais suficientes. Lembrei, com saudades, de quando saímos todos de preto contra Collor. Em que momento a democracia passou a valer menos que um Fiat Elba?

As duas últimas semanas foram assustadoras para a democracia brasileira. O sinal passou de amarelo para vermelho. Para a aprovação de uma emenda constitucional que inventou um absurdo estado de emergência, os presidentes do Senado e da Câmara atropelaram regras fundamentais de representatividade no Congresso.

No Senado, foram necessárias apenas 48 horas para que duas sessões fossem realizadas. A emenda, “PEC Kamikaze”, suspendeu a proibição de gastos públicos em período eleitoral, que é necessária para manter o equilíbrio de forças na disputa. Mesmo diante da gravidade da mudança nas regras do jogo, não passou pela cabeça do senador Rodrigo Pacheco a convocação da Comissão de Constituição e Justiça, que, aliás, não se reúne há muito tempo. A razão é óbvia: trata-se de uma emenda evidentemente inconstitucional, que corria o risco de morrer na CCJ.

Na Câmara, o espetáculo foi ainda mais deprimente. Arthur Lira inventou e reinventou regras para garantir a votação. Ele já vinha abusando dos pedidos de urgência para as votações que lhe interessavam, exatamente para pular etapas importantes, como a convocação de comissões. Sem falar de mais de uma centena de pedidos de impeachment que ele ignora solenemente.

'A passividade da oposição deu a Bolsonaro a sensação de que ele pode tudo' Foto: Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro vem testando os seus limites desde que assumiu. Convocou uma milícia civil, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, sem ver reação equivalente a tamanho absurdo. Foi seguindo o caminho da autocracia até a recente reunião com embaixadores. Não liga para leis ou regras, com a certeza de que as instituições não irão lhe colocar freios. Teme, e com razão, apenas as urnas. Daí o ataque permanente ao voto eletrônico. Agora foi além, avisou que não aceitará resultado adverso. Assumiu, com quatro meses de antecedência, a derrota. E prometeu um “terceiro turno”.

O livro Como as democracias morrem foi publicado em 2018, mesmo ano em que Bolsonaro foi eleito. De lá para cá, o Brasil seguiu todos os descaminhos ali descritos. A passividade da oposição, no Congresso e nas ruas, frente ao atropelo das regras básicas da democracia representativa deu ao presidente a sensação de que ele pode tudo.

Com essa ilusão, deu um tiro no pé. Após o vexame com embaixadores, uma enxurrada de manifestações de confiança nas urnas eletrônicas veio em resposta; de juristas a funcionários da Abin.

Notas de repúdio não são mais suficientes. Lembrei, com saudades, de quando saímos todos de preto contra Collor. Em que momento a democracia passou a valer menos que um Fiat Elba?

As duas últimas semanas foram assustadoras para a democracia brasileira. O sinal passou de amarelo para vermelho. Para a aprovação de uma emenda constitucional que inventou um absurdo estado de emergência, os presidentes do Senado e da Câmara atropelaram regras fundamentais de representatividade no Congresso.

No Senado, foram necessárias apenas 48 horas para que duas sessões fossem realizadas. A emenda, “PEC Kamikaze”, suspendeu a proibição de gastos públicos em período eleitoral, que é necessária para manter o equilíbrio de forças na disputa. Mesmo diante da gravidade da mudança nas regras do jogo, não passou pela cabeça do senador Rodrigo Pacheco a convocação da Comissão de Constituição e Justiça, que, aliás, não se reúne há muito tempo. A razão é óbvia: trata-se de uma emenda evidentemente inconstitucional, que corria o risco de morrer na CCJ.

Na Câmara, o espetáculo foi ainda mais deprimente. Arthur Lira inventou e reinventou regras para garantir a votação. Ele já vinha abusando dos pedidos de urgência para as votações que lhe interessavam, exatamente para pular etapas importantes, como a convocação de comissões. Sem falar de mais de uma centena de pedidos de impeachment que ele ignora solenemente.

'A passividade da oposição deu a Bolsonaro a sensação de que ele pode tudo' Foto: Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro vem testando os seus limites desde que assumiu. Convocou uma milícia civil, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, sem ver reação equivalente a tamanho absurdo. Foi seguindo o caminho da autocracia até a recente reunião com embaixadores. Não liga para leis ou regras, com a certeza de que as instituições não irão lhe colocar freios. Teme, e com razão, apenas as urnas. Daí o ataque permanente ao voto eletrônico. Agora foi além, avisou que não aceitará resultado adverso. Assumiu, com quatro meses de antecedência, a derrota. E prometeu um “terceiro turno”.

O livro Como as democracias morrem foi publicado em 2018, mesmo ano em que Bolsonaro foi eleito. De lá para cá, o Brasil seguiu todos os descaminhos ali descritos. A passividade da oposição, no Congresso e nas ruas, frente ao atropelo das regras básicas da democracia representativa deu ao presidente a sensação de que ele pode tudo.

Com essa ilusão, deu um tiro no pé. Após o vexame com embaixadores, uma enxurrada de manifestações de confiança nas urnas eletrônicas veio em resposta; de juristas a funcionários da Abin.

Notas de repúdio não são mais suficientes. Lembrei, com saudades, de quando saímos todos de preto contra Collor. Em que momento a democracia passou a valer menos que um Fiat Elba?

As duas últimas semanas foram assustadoras para a democracia brasileira. O sinal passou de amarelo para vermelho. Para a aprovação de uma emenda constitucional que inventou um absurdo estado de emergência, os presidentes do Senado e da Câmara atropelaram regras fundamentais de representatividade no Congresso.

No Senado, foram necessárias apenas 48 horas para que duas sessões fossem realizadas. A emenda, “PEC Kamikaze”, suspendeu a proibição de gastos públicos em período eleitoral, que é necessária para manter o equilíbrio de forças na disputa. Mesmo diante da gravidade da mudança nas regras do jogo, não passou pela cabeça do senador Rodrigo Pacheco a convocação da Comissão de Constituição e Justiça, que, aliás, não se reúne há muito tempo. A razão é óbvia: trata-se de uma emenda evidentemente inconstitucional, que corria o risco de morrer na CCJ.

Na Câmara, o espetáculo foi ainda mais deprimente. Arthur Lira inventou e reinventou regras para garantir a votação. Ele já vinha abusando dos pedidos de urgência para as votações que lhe interessavam, exatamente para pular etapas importantes, como a convocação de comissões. Sem falar de mais de uma centena de pedidos de impeachment que ele ignora solenemente.

'A passividade da oposição deu a Bolsonaro a sensação de que ele pode tudo' Foto: Adriano Machado/Reuters

Bolsonaro vem testando os seus limites desde que assumiu. Convocou uma milícia civil, na famosa reunião de 22 de abril de 2020, sem ver reação equivalente a tamanho absurdo. Foi seguindo o caminho da autocracia até a recente reunião com embaixadores. Não liga para leis ou regras, com a certeza de que as instituições não irão lhe colocar freios. Teme, e com razão, apenas as urnas. Daí o ataque permanente ao voto eletrônico. Agora foi além, avisou que não aceitará resultado adverso. Assumiu, com quatro meses de antecedência, a derrota. E prometeu um “terceiro turno”.

O livro Como as democracias morrem foi publicado em 2018, mesmo ano em que Bolsonaro foi eleito. De lá para cá, o Brasil seguiu todos os descaminhos ali descritos. A passividade da oposição, no Congresso e nas ruas, frente ao atropelo das regras básicas da democracia representativa deu ao presidente a sensação de que ele pode tudo.

Com essa ilusão, deu um tiro no pé. Após o vexame com embaixadores, uma enxurrada de manifestações de confiança nas urnas eletrônicas veio em resposta; de juristas a funcionários da Abin.

Notas de repúdio não são mais suficientes. Lembrei, com saudades, de quando saímos todos de preto contra Collor. Em que momento a democracia passou a valer menos que um Fiat Elba?

Opinião por Elena Landau

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