Economista e advogada

Opinião|Querida, encolhi o calendário


Não é novidade o petismo atribuir a culpa dos problemas que causou no passado aos outros

Por Elena Landau

A moda agora é atribuir a recessão histórica do governo Dilma à crise política. A tal da narrativa. Vai desde “a culpa do Aécio” até o impeachment. Fui contra o afastamento de Dilma exatamente por isso. Seu governo deveria ter ido até o fim para ficar clara a sua responsabilidade pela década perdida.

Não é novidade o petismo atribuir a culpa dos seus erros aos outros. No passado, o partido conseguiu emplacar a versão da herança maldita. Mas, para ter sucesso nessa empreitada, contou com a tibieza do PSDB. A imagem de Alckmin com a jaqueta e o boné das estatais é constrangedora até hoje. Nem as primeiras políticas de transferência de renda e as mudanças estruturais na saúde e na educação os tucanos foram capazes de chamar para si. Assim, o mote “nunca antes na história deste País” colou.

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Hoje, a narrativa tem outro propósito: serve apenas para abrir caminho para a repetição dos erros sem a necessidade de uma autocrítica. Nada mais conveniente do que pular os anos de 2010 a 2016 nas análises.

Lula resolveu até inocentar Dilma, passando por cima do Judiciário, que não julgou o mérito, e do Congresso, que a condenou por crime de responsabilidade. Vai abrir a porteira novamente. As pedaladas não existiram e “gasto é vida” foi interrompido precocemente por pressão de neoliberais fiscalistas.

PT ignora benefícios fiscais indiretos concedidos por financiamentos com juros abaixo do mercado pelo BNDES Foto: Fábio Motta / Estadão
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As centenas de bilhões derramadas no BNDES geraram crescimento e investimento, dizem os dirigentes atuais. Os subsídios implícitos de mais de R$ 300 bilhões nunca entram na conta. Para o governo, a capitalização da Eletrobras é crime de lesa-pátria, mas a destruição da empresa por conta da intervenção de Dilma via MP 579 foi esquecida. As nomeações de ministros para conselhos voltaram para complementar salários. A qualificação para o cargo não importa. Não por acaso, querem mais três assentos na Eletrobras privatizada. Multas, delações, acordos e ajustes em balanço não são consequência do “petrolão”, mas uma pantomina inventada pela oposição. As refinarias não custaram dezenas de bilhões em vão.

Contam com a parceria do Legislativo, interessado nos nacos do Orçamento. Mas o Judiciário dá sua ajuda. É uma sequência de processos arquivados, inclusive o da Transpetro, que já está convocada para construir navios e sondas de novo. O PAC está aí como se tivesse dado certo no passado.

Da mesma forma que as raízes da recessão foram plantadas no Lula 2, e aprofundadas por Dilma, vai demorar alguns anos para efeitos negativos deste governo aparecerem. E quem vai corrigir desta vez? Dilma 3? Seria uma reparação justa de Lula à companheira.

A moda agora é atribuir a recessão histórica do governo Dilma à crise política. A tal da narrativa. Vai desde “a culpa do Aécio” até o impeachment. Fui contra o afastamento de Dilma exatamente por isso. Seu governo deveria ter ido até o fim para ficar clara a sua responsabilidade pela década perdida.

Não é novidade o petismo atribuir a culpa dos seus erros aos outros. No passado, o partido conseguiu emplacar a versão da herança maldita. Mas, para ter sucesso nessa empreitada, contou com a tibieza do PSDB. A imagem de Alckmin com a jaqueta e o boné das estatais é constrangedora até hoje. Nem as primeiras políticas de transferência de renda e as mudanças estruturais na saúde e na educação os tucanos foram capazes de chamar para si. Assim, o mote “nunca antes na história deste País” colou.

Hoje, a narrativa tem outro propósito: serve apenas para abrir caminho para a repetição dos erros sem a necessidade de uma autocrítica. Nada mais conveniente do que pular os anos de 2010 a 2016 nas análises.

Lula resolveu até inocentar Dilma, passando por cima do Judiciário, que não julgou o mérito, e do Congresso, que a condenou por crime de responsabilidade. Vai abrir a porteira novamente. As pedaladas não existiram e “gasto é vida” foi interrompido precocemente por pressão de neoliberais fiscalistas.

PT ignora benefícios fiscais indiretos concedidos por financiamentos com juros abaixo do mercado pelo BNDES Foto: Fábio Motta / Estadão

As centenas de bilhões derramadas no BNDES geraram crescimento e investimento, dizem os dirigentes atuais. Os subsídios implícitos de mais de R$ 300 bilhões nunca entram na conta. Para o governo, a capitalização da Eletrobras é crime de lesa-pátria, mas a destruição da empresa por conta da intervenção de Dilma via MP 579 foi esquecida. As nomeações de ministros para conselhos voltaram para complementar salários. A qualificação para o cargo não importa. Não por acaso, querem mais três assentos na Eletrobras privatizada. Multas, delações, acordos e ajustes em balanço não são consequência do “petrolão”, mas uma pantomina inventada pela oposição. As refinarias não custaram dezenas de bilhões em vão.

Contam com a parceria do Legislativo, interessado nos nacos do Orçamento. Mas o Judiciário dá sua ajuda. É uma sequência de processos arquivados, inclusive o da Transpetro, que já está convocada para construir navios e sondas de novo. O PAC está aí como se tivesse dado certo no passado.

Da mesma forma que as raízes da recessão foram plantadas no Lula 2, e aprofundadas por Dilma, vai demorar alguns anos para efeitos negativos deste governo aparecerem. E quem vai corrigir desta vez? Dilma 3? Seria uma reparação justa de Lula à companheira.

A moda agora é atribuir a recessão histórica do governo Dilma à crise política. A tal da narrativa. Vai desde “a culpa do Aécio” até o impeachment. Fui contra o afastamento de Dilma exatamente por isso. Seu governo deveria ter ido até o fim para ficar clara a sua responsabilidade pela década perdida.

Não é novidade o petismo atribuir a culpa dos seus erros aos outros. No passado, o partido conseguiu emplacar a versão da herança maldita. Mas, para ter sucesso nessa empreitada, contou com a tibieza do PSDB. A imagem de Alckmin com a jaqueta e o boné das estatais é constrangedora até hoje. Nem as primeiras políticas de transferência de renda e as mudanças estruturais na saúde e na educação os tucanos foram capazes de chamar para si. Assim, o mote “nunca antes na história deste País” colou.

Hoje, a narrativa tem outro propósito: serve apenas para abrir caminho para a repetição dos erros sem a necessidade de uma autocrítica. Nada mais conveniente do que pular os anos de 2010 a 2016 nas análises.

Lula resolveu até inocentar Dilma, passando por cima do Judiciário, que não julgou o mérito, e do Congresso, que a condenou por crime de responsabilidade. Vai abrir a porteira novamente. As pedaladas não existiram e “gasto é vida” foi interrompido precocemente por pressão de neoliberais fiscalistas.

PT ignora benefícios fiscais indiretos concedidos por financiamentos com juros abaixo do mercado pelo BNDES Foto: Fábio Motta / Estadão

As centenas de bilhões derramadas no BNDES geraram crescimento e investimento, dizem os dirigentes atuais. Os subsídios implícitos de mais de R$ 300 bilhões nunca entram na conta. Para o governo, a capitalização da Eletrobras é crime de lesa-pátria, mas a destruição da empresa por conta da intervenção de Dilma via MP 579 foi esquecida. As nomeações de ministros para conselhos voltaram para complementar salários. A qualificação para o cargo não importa. Não por acaso, querem mais três assentos na Eletrobras privatizada. Multas, delações, acordos e ajustes em balanço não são consequência do “petrolão”, mas uma pantomina inventada pela oposição. As refinarias não custaram dezenas de bilhões em vão.

Contam com a parceria do Legislativo, interessado nos nacos do Orçamento. Mas o Judiciário dá sua ajuda. É uma sequência de processos arquivados, inclusive o da Transpetro, que já está convocada para construir navios e sondas de novo. O PAC está aí como se tivesse dado certo no passado.

Da mesma forma que as raízes da recessão foram plantadas no Lula 2, e aprofundadas por Dilma, vai demorar alguns anos para efeitos negativos deste governo aparecerem. E quem vai corrigir desta vez? Dilma 3? Seria uma reparação justa de Lula à companheira.

Opinião por Elena Landau

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