Taxa de desemprego fica em 7,7% em setembro, a menor desde fevereiro de 2015


Segundo dados do IBGE, população ocupada no País chegou a 99,8 milhões, o maior número desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012

Por Daniela Amorim
Atualização:

RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 8,0% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre deste ano, menor resultado desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se considerados apenas trimestres encerrados em setembro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,9%.

“Essa dinâmica positiva do mercado de trabalho que temos visto até agora pode ser explicada pelos dados de atividade econômica, que vieram mais fortes que o esperado no primeiro semestre. Daqui para frente, acreditamos que haverá uma desaceleração da economia. Essa perda de fôlego, entretanto, não deve fazer a taxa de desemprego subir”, previu, em comentário, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

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A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica aquecida, sobretudo em setores prestadores de serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. O avanço da renda e a abertura de novas oportunidades na formalidade sinalizam ainda um emprego de mais qualidade.

“A queda da taxa de desocupação foi principalmente impulsionada pela expansão da ocupação. Há mais pessoas na força de trabalho enquadradas como ocupadas”, lembrou Beringuy.

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Em apenas um trimestre, mais 929 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 99,838 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 331 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,316 milhões, menor patamar desde maio de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 222 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,829 milhões fora da força de trabalho.

Para o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, o recuo na taxa de desemprego, em termos gerais, é uma boa notícia e confirma a resiliência vista no mercado de trabalho em relação à política monetária restritiva.

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“Esperávamos que a economia ia desacelerar, dado a política monetária restritiva, e puxar o mercado de trabalho para baixo, aumentando o desemprego. Não foi isso que vimos”, disse Alves, que prevê novos recuos na taxa de desemprego, fechando 2023 em 7,5%, com contribuição das contratações relacionadas ao Natal e ao ano novo.

A manutenção da trajetória de expansão de postos de trabalho, apesar da base de comparação já elevada, ocorre via grupamentos mais ligados à prestação de serviços, de acordo com o IBGE.

Entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre deste ano, houve geração de postos de trabalho em sete das dez atividades econômicas: alojamento e alimentação (36 mil vagas a mais), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (420 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (207 mil), construção (99 mil), comércio (134 mil), agricultura (48 mil) e transporte e armazenagem (123 mil).

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“Cada vez mais as pessoas se inserem na ocupação através dos serviços, muitas delas através de carteira de trabalho assinada”, declarou Beringuy. “A gente tem uma expansão da ocupação muito focalizada dentro de serviços, e o fato interessante dessa ocupação é a permanência da carteira assinada. É um movimento muito positivo nesse sentido”, reforçou.

Nas demais três atividades, houve demissões, mas as variações não foram consideradas estatisticamente significativas, porque ficaram dentro da margem de erro da pesquisa: indústria (-66 mil vagas), serviços domésticos (-25 mil) e outros serviços (- 41 mil).

“As atividades econômicas não dispensaram trabalhadores. Nenhuma atividade teve queda significativa. As pessoas (trabalhadores) estão sendo retidas nas suas atividades econômicas”, opinou Beringuy.

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Como o crescimento do emprego está sendo acompanhado também pelo aumento do rendimento e pela expansão do trabalho com carteira assinada, há indícios de mais qualidade do emprego, apontou Beringuy.

“Você cria ali uma espécie de ciclo virtuoso: mais pessoas trabalhando, o rendimento pode crescer, que pode impulsionar consumo, que pode proporcionar maior possibilidade de oferta de bens e serviços”, enumerou a pesquisadora do IBGE.

Formalidade avança

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Em um trimestre, mais 299 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais, mas o total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período cresceu em 929 mil novos postos de trabalho.

Os dados mostram que a expansão da ocupação em um ano foi majoritariamente via carteira assinada no setor privado. Enquanto a população ocupada cresceu em 569 mil pessoas no total do mercado de trabalho, a abertura de postos com carteira assinada no setor privado somou 1,096 milhão de novas vagas, quase o dobro. Ou seja, a carteira assinada no setor privado absorveu trabalhadores de modalidades que registraram encolhimento no número de ocupados.

“A carteira no setor privado, sozinha, expandiu mais que a população ocupada como um todo”, frisou Beringuy. “É a carteira no setor privado que puxa a ocupação no trimestre, no ano, mas, principalmente, no ano”.

Massa de renda recorde

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 14,010 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 292,952 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 5,0% ante o mesmo período do ano anterior. Na comparação com o segundo trimestre, a massa de renda real subiu 2,7%, R$ 7,710 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,7% na comparação com o segundo trimestre, R$ 49 a mais, para R$ 2.982. Em relação ao trimestre encerrado em setembro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 4,2%, R$ 120 a mais.

O avanço na renda também é ajudado pela abertura de vagas com carteira assinada no setor privado.

“Tem a ver com a composição da população ocupada”, disse Adriana Beringuy, referindo-se ao aumento nas vagas formais, que costuma pagar maiores rendimentos do que as ocupações informais.

Para Claudia Moreno, do C6 Bank, o desemprego baixo somado ao aumento da renda real habitual deve comprometer a desaceleração da inflação de serviços, dificultando a convergência da inflação à meta. A economista estima que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promova um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião desta quarta-feira, 1º, repetindo a dose em dezembro, para o patamar de 11,75% ao ano ao fim de 2023./Colaborou Marianna Gualter

RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 8,0% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre deste ano, menor resultado desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se considerados apenas trimestres encerrados em setembro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,9%.

“Essa dinâmica positiva do mercado de trabalho que temos visto até agora pode ser explicada pelos dados de atividade econômica, que vieram mais fortes que o esperado no primeiro semestre. Daqui para frente, acreditamos que haverá uma desaceleração da economia. Essa perda de fôlego, entretanto, não deve fazer a taxa de desemprego subir”, previu, em comentário, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica aquecida, sobretudo em setores prestadores de serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. O avanço da renda e a abertura de novas oportunidades na formalidade sinalizam ainda um emprego de mais qualidade.

“A queda da taxa de desocupação foi principalmente impulsionada pela expansão da ocupação. Há mais pessoas na força de trabalho enquadradas como ocupadas”, lembrou Beringuy.

Em apenas um trimestre, mais 929 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 99,838 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 331 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,316 milhões, menor patamar desde maio de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 222 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,829 milhões fora da força de trabalho.

Para o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, o recuo na taxa de desemprego, em termos gerais, é uma boa notícia e confirma a resiliência vista no mercado de trabalho em relação à política monetária restritiva.

“Esperávamos que a economia ia desacelerar, dado a política monetária restritiva, e puxar o mercado de trabalho para baixo, aumentando o desemprego. Não foi isso que vimos”, disse Alves, que prevê novos recuos na taxa de desemprego, fechando 2023 em 7,5%, com contribuição das contratações relacionadas ao Natal e ao ano novo.

A manutenção da trajetória de expansão de postos de trabalho, apesar da base de comparação já elevada, ocorre via grupamentos mais ligados à prestação de serviços, de acordo com o IBGE.

Entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre deste ano, houve geração de postos de trabalho em sete das dez atividades econômicas: alojamento e alimentação (36 mil vagas a mais), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (420 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (207 mil), construção (99 mil), comércio (134 mil), agricultura (48 mil) e transporte e armazenagem (123 mil).

“Cada vez mais as pessoas se inserem na ocupação através dos serviços, muitas delas através de carteira de trabalho assinada”, declarou Beringuy. “A gente tem uma expansão da ocupação muito focalizada dentro de serviços, e o fato interessante dessa ocupação é a permanência da carteira assinada. É um movimento muito positivo nesse sentido”, reforçou.

Nas demais três atividades, houve demissões, mas as variações não foram consideradas estatisticamente significativas, porque ficaram dentro da margem de erro da pesquisa: indústria (-66 mil vagas), serviços domésticos (-25 mil) e outros serviços (- 41 mil).

“As atividades econômicas não dispensaram trabalhadores. Nenhuma atividade teve queda significativa. As pessoas (trabalhadores) estão sendo retidas nas suas atividades econômicas”, opinou Beringuy.

Como o crescimento do emprego está sendo acompanhado também pelo aumento do rendimento e pela expansão do trabalho com carteira assinada, há indícios de mais qualidade do emprego, apontou Beringuy.

“Você cria ali uma espécie de ciclo virtuoso: mais pessoas trabalhando, o rendimento pode crescer, que pode impulsionar consumo, que pode proporcionar maior possibilidade de oferta de bens e serviços”, enumerou a pesquisadora do IBGE.

Formalidade avança

Em um trimestre, mais 299 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais, mas o total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período cresceu em 929 mil novos postos de trabalho.

Os dados mostram que a expansão da ocupação em um ano foi majoritariamente via carteira assinada no setor privado. Enquanto a população ocupada cresceu em 569 mil pessoas no total do mercado de trabalho, a abertura de postos com carteira assinada no setor privado somou 1,096 milhão de novas vagas, quase o dobro. Ou seja, a carteira assinada no setor privado absorveu trabalhadores de modalidades que registraram encolhimento no número de ocupados.

“A carteira no setor privado, sozinha, expandiu mais que a população ocupada como um todo”, frisou Beringuy. “É a carteira no setor privado que puxa a ocupação no trimestre, no ano, mas, principalmente, no ano”.

Massa de renda recorde

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 14,010 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 292,952 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 5,0% ante o mesmo período do ano anterior. Na comparação com o segundo trimestre, a massa de renda real subiu 2,7%, R$ 7,710 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,7% na comparação com o segundo trimestre, R$ 49 a mais, para R$ 2.982. Em relação ao trimestre encerrado em setembro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 4,2%, R$ 120 a mais.

O avanço na renda também é ajudado pela abertura de vagas com carteira assinada no setor privado.

“Tem a ver com a composição da população ocupada”, disse Adriana Beringuy, referindo-se ao aumento nas vagas formais, que costuma pagar maiores rendimentos do que as ocupações informais.

Para Claudia Moreno, do C6 Bank, o desemprego baixo somado ao aumento da renda real habitual deve comprometer a desaceleração da inflação de serviços, dificultando a convergência da inflação à meta. A economista estima que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promova um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião desta quarta-feira, 1º, repetindo a dose em dezembro, para o patamar de 11,75% ao ano ao fim de 2023./Colaborou Marianna Gualter

RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 8,0% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre deste ano, menor resultado desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se considerados apenas trimestres encerrados em setembro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,9%.

“Essa dinâmica positiva do mercado de trabalho que temos visto até agora pode ser explicada pelos dados de atividade econômica, que vieram mais fortes que o esperado no primeiro semestre. Daqui para frente, acreditamos que haverá uma desaceleração da economia. Essa perda de fôlego, entretanto, não deve fazer a taxa de desemprego subir”, previu, em comentário, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica aquecida, sobretudo em setores prestadores de serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. O avanço da renda e a abertura de novas oportunidades na formalidade sinalizam ainda um emprego de mais qualidade.

“A queda da taxa de desocupação foi principalmente impulsionada pela expansão da ocupação. Há mais pessoas na força de trabalho enquadradas como ocupadas”, lembrou Beringuy.

Em apenas um trimestre, mais 929 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 99,838 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 331 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,316 milhões, menor patamar desde maio de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 222 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,829 milhões fora da força de trabalho.

Para o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, o recuo na taxa de desemprego, em termos gerais, é uma boa notícia e confirma a resiliência vista no mercado de trabalho em relação à política monetária restritiva.

“Esperávamos que a economia ia desacelerar, dado a política monetária restritiva, e puxar o mercado de trabalho para baixo, aumentando o desemprego. Não foi isso que vimos”, disse Alves, que prevê novos recuos na taxa de desemprego, fechando 2023 em 7,5%, com contribuição das contratações relacionadas ao Natal e ao ano novo.

A manutenção da trajetória de expansão de postos de trabalho, apesar da base de comparação já elevada, ocorre via grupamentos mais ligados à prestação de serviços, de acordo com o IBGE.

Entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre deste ano, houve geração de postos de trabalho em sete das dez atividades econômicas: alojamento e alimentação (36 mil vagas a mais), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (420 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (207 mil), construção (99 mil), comércio (134 mil), agricultura (48 mil) e transporte e armazenagem (123 mil).

“Cada vez mais as pessoas se inserem na ocupação através dos serviços, muitas delas através de carteira de trabalho assinada”, declarou Beringuy. “A gente tem uma expansão da ocupação muito focalizada dentro de serviços, e o fato interessante dessa ocupação é a permanência da carteira assinada. É um movimento muito positivo nesse sentido”, reforçou.

Nas demais três atividades, houve demissões, mas as variações não foram consideradas estatisticamente significativas, porque ficaram dentro da margem de erro da pesquisa: indústria (-66 mil vagas), serviços domésticos (-25 mil) e outros serviços (- 41 mil).

“As atividades econômicas não dispensaram trabalhadores. Nenhuma atividade teve queda significativa. As pessoas (trabalhadores) estão sendo retidas nas suas atividades econômicas”, opinou Beringuy.

Como o crescimento do emprego está sendo acompanhado também pelo aumento do rendimento e pela expansão do trabalho com carteira assinada, há indícios de mais qualidade do emprego, apontou Beringuy.

“Você cria ali uma espécie de ciclo virtuoso: mais pessoas trabalhando, o rendimento pode crescer, que pode impulsionar consumo, que pode proporcionar maior possibilidade de oferta de bens e serviços”, enumerou a pesquisadora do IBGE.

Formalidade avança

Em um trimestre, mais 299 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais, mas o total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período cresceu em 929 mil novos postos de trabalho.

Os dados mostram que a expansão da ocupação em um ano foi majoritariamente via carteira assinada no setor privado. Enquanto a população ocupada cresceu em 569 mil pessoas no total do mercado de trabalho, a abertura de postos com carteira assinada no setor privado somou 1,096 milhão de novas vagas, quase o dobro. Ou seja, a carteira assinada no setor privado absorveu trabalhadores de modalidades que registraram encolhimento no número de ocupados.

“A carteira no setor privado, sozinha, expandiu mais que a população ocupada como um todo”, frisou Beringuy. “É a carteira no setor privado que puxa a ocupação no trimestre, no ano, mas, principalmente, no ano”.

Massa de renda recorde

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 14,010 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 292,952 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 5,0% ante o mesmo período do ano anterior. Na comparação com o segundo trimestre, a massa de renda real subiu 2,7%, R$ 7,710 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,7% na comparação com o segundo trimestre, R$ 49 a mais, para R$ 2.982. Em relação ao trimestre encerrado em setembro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 4,2%, R$ 120 a mais.

O avanço na renda também é ajudado pela abertura de vagas com carteira assinada no setor privado.

“Tem a ver com a composição da população ocupada”, disse Adriana Beringuy, referindo-se ao aumento nas vagas formais, que costuma pagar maiores rendimentos do que as ocupações informais.

Para Claudia Moreno, do C6 Bank, o desemprego baixo somado ao aumento da renda real habitual deve comprometer a desaceleração da inflação de serviços, dificultando a convergência da inflação à meta. A economista estima que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promova um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião desta quarta-feira, 1º, repetindo a dose em dezembro, para o patamar de 11,75% ao ano ao fim de 2023./Colaborou Marianna Gualter

RIO - A taxa de desemprego no País caiu de 8,0% no segundo trimestre para 7,7% no terceiro trimestre deste ano, menor resultado desde fevereiro de 2015, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se considerados apenas trimestres encerrados em setembro, a taxa de desemprego é a mais baixa desde 2014, quando ficou em 6,9%.

“Essa dinâmica positiva do mercado de trabalho que temos visto até agora pode ser explicada pelos dados de atividade econômica, que vieram mais fortes que o esperado no primeiro semestre. Daqui para frente, acreditamos que haverá uma desaceleração da economia. Essa perda de fôlego, entretanto, não deve fazer a taxa de desemprego subir”, previu, em comentário, a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

A melhora no mercado de trabalho tem influência tanto da sazonalidade favorável quanto da atividade econômica aquecida, sobretudo em setores prestadores de serviços, avaliou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. O avanço da renda e a abertura de novas oportunidades na formalidade sinalizam ainda um emprego de mais qualidade.

“A queda da taxa de desocupação foi principalmente impulsionada pela expansão da ocupação. Há mais pessoas na força de trabalho enquadradas como ocupadas”, lembrou Beringuy.

Em apenas um trimestre, mais 929 mil pessoas passaram a trabalhar, totalizando um recorde de 99,838 milhões de trabalhadores ocupados no País. Ao mesmo tempo, 331 mil brasileiros deixaram o desemprego. A população desempregada desceu a 8,316 milhões, menor patamar desde maio de 2015. O total de inativos também diminuiu no trimestre, menos 222 mil pessoas nessa condição, totalizando 66,829 milhões fora da força de trabalho.

Para o economista Renan Alves, do banco Rabobank Brasil, o recuo na taxa de desemprego, em termos gerais, é uma boa notícia e confirma a resiliência vista no mercado de trabalho em relação à política monetária restritiva.

“Esperávamos que a economia ia desacelerar, dado a política monetária restritiva, e puxar o mercado de trabalho para baixo, aumentando o desemprego. Não foi isso que vimos”, disse Alves, que prevê novos recuos na taxa de desemprego, fechando 2023 em 7,5%, com contribuição das contratações relacionadas ao Natal e ao ano novo.

A manutenção da trajetória de expansão de postos de trabalho, apesar da base de comparação já elevada, ocorre via grupamentos mais ligados à prestação de serviços, de acordo com o IBGE.

Entre o segundo trimestre e o terceiro trimestre deste ano, houve geração de postos de trabalho em sete das dez atividades econômicas: alojamento e alimentação (36 mil vagas a mais), informação, comunicação e atividades financeiras, profissionais e administrativas (420 mil), administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (207 mil), construção (99 mil), comércio (134 mil), agricultura (48 mil) e transporte e armazenagem (123 mil).

“Cada vez mais as pessoas se inserem na ocupação através dos serviços, muitas delas através de carteira de trabalho assinada”, declarou Beringuy. “A gente tem uma expansão da ocupação muito focalizada dentro de serviços, e o fato interessante dessa ocupação é a permanência da carteira assinada. É um movimento muito positivo nesse sentido”, reforçou.

Nas demais três atividades, houve demissões, mas as variações não foram consideradas estatisticamente significativas, porque ficaram dentro da margem de erro da pesquisa: indústria (-66 mil vagas), serviços domésticos (-25 mil) e outros serviços (- 41 mil).

“As atividades econômicas não dispensaram trabalhadores. Nenhuma atividade teve queda significativa. As pessoas (trabalhadores) estão sendo retidas nas suas atividades econômicas”, opinou Beringuy.

Como o crescimento do emprego está sendo acompanhado também pelo aumento do rendimento e pela expansão do trabalho com carteira assinada, há indícios de mais qualidade do emprego, apontou Beringuy.

“Você cria ali uma espécie de ciclo virtuoso: mais pessoas trabalhando, o rendimento pode crescer, que pode impulsionar consumo, que pode proporcionar maior possibilidade de oferta de bens e serviços”, enumerou a pesquisadora do IBGE.

Formalidade avança

Em um trimestre, mais 299 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais, mas o total de vagas no mercado de trabalho como um todo no período cresceu em 929 mil novos postos de trabalho.

Os dados mostram que a expansão da ocupação em um ano foi majoritariamente via carteira assinada no setor privado. Enquanto a população ocupada cresceu em 569 mil pessoas no total do mercado de trabalho, a abertura de postos com carteira assinada no setor privado somou 1,096 milhão de novas vagas, quase o dobro. Ou seja, a carteira assinada no setor privado absorveu trabalhadores de modalidades que registraram encolhimento no número de ocupados.

“A carteira no setor privado, sozinha, expandiu mais que a população ocupada como um todo”, frisou Beringuy. “É a carteira no setor privado que puxa a ocupação no trimestre, no ano, mas, principalmente, no ano”.

Massa de renda recorde

Com mais pessoas trabalhando, a massa de salários em circulação na economia aumentou em R$ 14,010 bilhões no período de um ano, para o nível recorde de R$ 292,952 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 5,0% ante o mesmo período do ano anterior. Na comparação com o segundo trimestre, a massa de renda real subiu 2,7%, R$ 7,710 bilhões a mais.

O rendimento médio dos trabalhadores ocupados teve uma alta real de 1,7% na comparação com o segundo trimestre, R$ 49 a mais, para R$ 2.982. Em relação ao trimestre encerrado em setembro de 2022, a renda média real de todos os trabalhadores ocupados subiu 4,2%, R$ 120 a mais.

O avanço na renda também é ajudado pela abertura de vagas com carteira assinada no setor privado.

“Tem a ver com a composição da população ocupada”, disse Adriana Beringuy, referindo-se ao aumento nas vagas formais, que costuma pagar maiores rendimentos do que as ocupações informais.

Para Claudia Moreno, do C6 Bank, o desemprego baixo somado ao aumento da renda real habitual deve comprometer a desaceleração da inflação de serviços, dificultando a convergência da inflação à meta. A economista estima que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promova um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic, na reunião desta quarta-feira, 1º, repetindo a dose em dezembro, para o patamar de 11,75% ao ano ao fim de 2023./Colaborou Marianna Gualter

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