BRASÍLIA - Na tarde desta terça-feira, 3, a energia elétrica gerada a partir de painéis solares passou a ser a segunda maior fonte do País, ultrapassando a capacidade total de produção das usinas eólicas. Hoje, a energia solar só está atrás da geração hidrelétrica.
Os dados compilados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apontam que a fonte solar chegou a 23.854 megawatts (MW) de potência instalada, respondendo por 11,2% da capacidade nacional, contra 23.754 MW de energia eólica, equivalente a 11,1%. A energia hidrelétrica responde por 51,3% do parque nacional, com potência de 109.719 MW.
As demais fontes da matriz elétrica são, nesta ordem, usinas a gás natural (8,2%), biomassa (7,8%), diesel (4,%), carvão mineral (1,7%) e nuclear (0,9).
Dos 23,9 mil MW de potência instalada da fonte solar no País, 16,2 mil MW são da geração distribuída, aquela que está instalada em telhados e pequenos terrenos. Outros 7,7 mil MW têm como origem as grandes usinas centralizadas.
“O avanço da fonte solar no País é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. A tecnologia ajuda a diversificar a matriz elétrica do País, aumentar a segurança de suprimento, reduzir a pressão sobre os recursos hídricos e proteger a população contra mais aumentos na conta de luz. Também fortalece a sustentabilidade, a transição energética e a competitividade dos setores produtivos”, afirmou Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
Koloszuk afirmou que, para o Brasil se tornar a potência sustentável que se almeja, precisa inverter a lógica das políticas energéticas historicamente implementadas no território nacional. “É preciso diminuir subsídios, incentivos e desonerações às fontes fósseis e aumentar o apoio às fontes limpas e renováveis. É nesta direção que o mundo caminha e é isso que a sociedade brasileira e a comunidade internacional esperam de nossos líderes”, disse. “O Brasil possui um dos melhores recursos solares do planeta e, com boas políticas públicas, poderemos nos tornar em pouco tempo uma liderança solar internacional.”
No próximo dia 6 de janeiro, sexta-feira, acaba o prazo para os consumidores protocolarem o pedido de acesso da energia solar à rede das distribuidoras, para garantir as regras atuais do sistema que prevê subsídio para quem gerar sua própria energia. Esse sistema prevê que a energia produzida pelo dono dos painéis e que é injetada na rede geral seja convertida em créditos de volta ao gerador.
Leia Também:
O Brasil possui hoje mais de 1,5 milhão sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede de energia, com cerca de 2 milhões de unidades consumidoras. A tecnologia está presente em todos os Estados brasileiros, sendo os cinco maiores, em potência instalada, respectivamente, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.
A partir do dia 6, está prevista uma taxação em cima dessa energia injetada na rede, para quem protocolar o pedido de conexão de painéis. Antes desta data, fica garantida a regra atual até o ano de 2045.
Os dados da Absolar apontam que o setor atraiu mais de R$ 45,7 bilhões em investimentos em 2022, um número recorde que inclui obras de grandes usinas e os sistemas de geração em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O crescimento foi de 64% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2021 no País. O salto em capacidade foi de de 14,2 mil MW ao final de 2021 para os 23,9 GW ao final de 2022.
De acordo com a associação, os investimentos de 2022 criaram mais de 280 mil novos empregos no Brasil. Desde 2012, a fonte solar fotovoltaica movimentou mais de R$ 117,1 bilhões em negócios e gerou mais de 705,2 mil postos de trabalho.