THE NEW YORK TIMES - Em 10 de março, o Silicon Valley Bank, da Califórnia, conhecido como o “banco das startups”, entrou em colapso. Os reguladores americanos intervieram para acalmar os mercados e limitar o risco no sistema financeiro.
Desde então, os mercados financeiros têm vivido sob constante estresse, com temores relacionados à possibilidade de uma nova crise semelhante à de 2008. Veja aqui a linha do tempo dos principais eventos relacionados ao colapso do banco e suas consequências no mundo.
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8 de março
- O Silicon Valley Bank preocupou os investidores ao anunciar que precisava fortalecer seu balanço e levantar US$ 2 bilhões em capital. O banco foi forçado a vender uma carteira de títulos com prejuízo de US$ 1,8 bilhão.
- Em uma carta aos clientes, Greg Becker, CEO do Silicon Valley Bank, disse que o banco detinha uma boa posição financeira “para resistir às pressões sustentadas do mercado”, mas observou que os depósitos dos clientes ficaram abaixo do previsto em fevereiro. A Moody’s, uma empresa de classificação de risco, rebaixou a classificação dos títulos do banco e reduziu sua perspectiva de estável para negativa.
9 de março
- Durante uma teleconferência, Becker pediu às empresas de capital de risco que mantivessem a calma. O pânico se espalhou nas redes sociais entre os investidores. Bill Ackman, um investidor bilionário, sugeriu que o Silicon Valley Bank poderia falir e precisar de um resgate. Em uma nota enviada aos clientes, um executivo do Silicon Valley Bank escreveu que o banco era “realmente bastante sólido e é decepcionante ver tantos investidores inteligentes tuitarem o contrário”.
- O anúncio do SVB no dia anterior provocou outra onda de retiradas de recursos de clientes,e as ações do banco despencaram 60%.
10 de março
- O Silicon Valley Bank teve a quebra decretada, após uma forte corrida dos investidores aos seus depósitos. O banco tentou durante toda a manhã encontrar um comprador. Mas, no início da tarde, os reguladores americanos assumiram o controle da instituição, o 16º maior banco do país. A falência da instituição de 40 anos se tornou a maior quebra bancária desde a crise financeira de 2008 e colocou quase US$ 175 bilhões em depósitos de clientes sob o controle do Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC), entidade garantidora de crédito no sistema financeiro dos EUA.
- Os problemas do SVB reverberaram em partes do setor bancário, e os investidores começaram a se desfazer de ações de bancos, especialmente de médio porte, como o First Republic, Signature Bank e Western Alliance. Muitas dessas instituições atendem a clientes de nicho. Os maiores bancos do país pareciam isolados das consequências.
- A secretária do Tesouro, Janet Yellen, assegurou aos investidores que o sistema bancário era resiliente.
- O Signature Bank, uma instituição de 24 anos com sede em Nova York que emprestou principalmente a empresas imobiliárias e escritórios de advocacia, viu uma torrente de recursos de clientes saindo de seus cofres.
12 de março
- Para evitar a propagação do contágio bancário, os reguladores também decretaram a quebra do Signature Bank. De certa forma, o banco, que tinha 40 agências, foi vítima do pânico em torno do Silicon Valley Bank.
- O Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o Departamento do Tesouro e o FDIC anunciaram em conjunto que os depositantes teriam acesso “a todo o seu dinheiro a partir de segunda-feira, 13 de março” e que nenhuma perda decorrente da falência de qualquer um dos bancos seria “suportada pelo contribuinte”.
- O FDIC invocou uma “exceção de risco sistêmico”, que permite ao governo pagar os depositantes não segurados para evitar consequências terríveis para a economia ou instabilidade financeira. E o Fed anunciou que estabeleceria um programa de empréstimos de emergência, com a aprovação do Tesouro, para fornecer financiamento adicional aos bancos qualificados e ajudar a garantir que eles fossem capazes de “atender às necessidades de todos os seus depositantes”.
13 de março
- O presidente americano Joe Biden, em um discurso, disse que o sistema bancário dos EUA era seguro e insistiu que os contribuintes não pagariam por nenhum resgate. “Este é um ponto importante”, enfatizou. “Nenhuma perda será cobrada dos contribuintes.”
- As ações dos bancos regionais americanos despencaram nas bolsas, com o First Republic sofrendo a pior queda, caindo 60%.
- O HSBC disse que compraria a subsidiária britânica do Silicon Valley Bank. Nos EUA, buscava-se um comprador para a holding do Silicon Valley Bank, que inclui gerenciamento de ativos e uma divisão de valores mobiliários, e exclui o banco comercial, agora sob controle do FDIC.
14 de março
- As ações dos bancos recuperaram parte de suas perdas.
- O Departamento de Justiça e a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários americana) abriram investigações sobre o colapso do Silicon Valley Bank.
15 de março
- As ações do Credit Suisse caíram 24%, uma baixa recorde, depois que o principal acionista do banco disse que não faria nenhum novo aporte. A desconfiança em relação à saúde financeira do banco suíço provou pânico e derrubou as bolsas em todo o mundo, reacendendo os temores em relação a uma crise semelhante à de 2008.
- O Banco Nacional da Suíça (o BC do país) disse que iria intervir para fornecer apoio financeiro ao Credit Suisse, se necessário.
16 de março
- O Credit Suisse anuncia, na madrugada europeia, que vai tomar um empréstimo de US$ 53,7 bilhões do BC suíço. Notícia acalmou os mercados, e as ações do banco fecharam em alta de quase 20%.
- Um grupo de 11 bancos americanos que inclui instituições como JPMorgan, Citigroup e Bank of America, anuncia uma injeção de US$ 30 bilhões no First Republic Bank, com sede em São Francisco, para tentar salvar o banco, abalado pela quebra do SVB.
17 de março
- Mesmo com os movimentos de quinta-feira, desconfiança em relação aos bancos volta aos mercados financeiros e bolsas fecham em queda na Europa e nos Estados Unidos.
- O jornal Financial Times informa que o banco suíço UBS negocia a compra, total ou parcial, do Credit Suisse, com apoio das autoridades suíças, que temem o impacto de um colapso da instituição para a economia do país.
18 de março
- Reuniões são feitas durante todo o dia para possibilitar a fusão dos dois bancos suíços. Autoridades suíças trabalham para mudar a legislação do país e permitir o negócio em regime de urgência, sem que a proposta precise passar pelos acionistas.
19 de março
- O banco suíço UBS fechou a compra do seu rival menor, o Credit Suisse, por US$ 3,25 bilhões, em um esforço para evitar mais turbulências no mercado bancário global. O anúncio foi feito pelo presidente suíço, Alain Berset. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS