‘Tem muita gente querendo ser guru, ditar regras’, diz CEO da Arezzo


Empresário vê ‘banalização’ e ‘descompasso’ entre consumismo e riscos de aquecimento global

Por Sonia Racy
Foto: Daniel Teixeira / Estadão
Entrevista comAlexandre BirmanCEO da Arezzo & CO

Pode parecer pouco mineiro, mas o belo-horizontino Alexandre Birman decidiu inverter a famosa fórmula “ver para crer” para outra que talvez explique o seu sucesso: “Crer para ver”. E esclarece: “Você tem uma crença e trabalha duro para torná-la realidade”. A frase virou lema da sua empresa, a Arezzo.

Aos 47 anos, definindo-se como sapateiro desde criancinha, ele preside hoje um grupo que emprega 8 mil pessoas e tem 750 lojas físicas e 2.700 pontos de venda no País. Para dourar a pílula, alguns dos mais de 14 milhões de pares de sapatos vendidos por ano já foram parar nos pés de nomes como Julia Roberts ou Anne Hathaway.

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Definindo-se como “um cristão de formação espírita”, que faz todas as manhãs 15 minutos de meditação, Birman avisa, nesta entrevista ao Estadão, que vem ocorrendo no mundo “uma certa banalização do que é importante” e que “tem muita gente querendo ser guru, ditar regras”. Diz mais: que, no geral, os países “vivem um descompasso entre questões macroeconômicas, geopolíticas e climáticas”, num momento em que “temos um aquecimento global ocorrendo bem diante de nossos olhos”. E conclui: “Talvez esteja se desenhando, para um futuro próximo, um certo break down. E temos de nos preparar para isso”.

E o Brasil? “Aqui, a fotografia é melhor do que o previsto”, adverte. “Há indícios de que poderemos ter bons anos aí pela frente..., mas o nosso histórico é de tido muitas boas ideias que depois foram se atrapalhando.” A seguir, os melhores trechos da conversa.

Sapatos da Arezzo à venda em loja de Nova York Foto: Brendan McDermid / Reuters
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O que é que você está vendo de importante, hoje, no Brasil e no mundo?

Vou ser bem sincero, acho que houve uma certa banalização do que é importante. Muita gente querendo ser mentor, guru, criando lives, podcasts, querendo ser influencer de investimento, ditar regras. Não acho isso um caminho legal. Prefiro focar nas entregas à frente da Arezzo. Que, daqui a pouquinho, completa 51 anos.

Já 51? Quando ela surgiu você tinha quantos anos?

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Eu nasci em 1976, a empresa já tinha 4 anos. Ainda funcionava na garagem da casa do meu avô, em Belo Horizonte, com meu pai e meu tio produzindo com as próprias mãos os primeiros calçados Arezzo. Eu não sei o que é escolher profissão, eu não tive essa dúvida.

Nunca mesmo?

Nunca. Eu montava caixinha de sapato aos 5 anos de idade, e me formei praticamente aos 12 como sapateiro. Sempre quis ter a minha própria marca. Criei a Schutz aos 18 anos.

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Agora estamos em 2023. Quais os desafios a vencer depois da pandemia?

Eu acho que o mundo passa por uma certa desconexão entre a realidade de algumas questões muito sérias e o que as pessoas estão praticando no seu dia a dia. Veio a pandemia, tivemos um ano de dúvidas entre março de 2021 e de 2022. Aí veio a vacina, em 2022 começou uma ‘revanche buying’ e as pessoas começaram a gastar, viajar, aproveitar o tempo perdido...Mas acho que os indicadores macro não correspondem a essa realidade de consumo. Hotéis lotados, voos caríssimos e um descompasso entre questões mais amplas macroeconômicas, geopolíticas e climáticas. Tenho amigos nos Estados Unidos avisando que aquele incêndio em Maui, no Havaí, foi uma coisa séria. É o <CF742>global warming</CF> acontecendo bem na nossa frente – e o mundo vivendo de consumo, viagens, festas. E tem a desaceleração da China, grande compradora de commodities. O cenário que realmente se desenha num futuro próximo é de um certo break dow</CW>n. Você tem de se preparar para isso.

Como estão as vendas dos seus produtos?

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Excelentes. Crescemos 21,4% no segundo trimestre de 2023. Independentemente do cenário, as pessoas querem marcas modernas. Mais de 20% da nossa receita vem do vestuário masculino.

O mercado calçadista cresceu como um todo? Como está a concorrência?

Não, o mercado diminuiu. No segmento de calçados da classe A/B, temos em torno de 36% de mercado. No vestuário masculino classe A/B, quase 12% – era zero há três anos. Hoje, realmente temos uma capacidade de crescer muito diferente do mercado.

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O que mais ajudou a empresa a crescer assim?

Eu citaria uma frase com inversão de ordem. Dizem que as pessoas têm de ver para crer. O nosso lema na Arezzo é ‘crer para ver’. Ou seja, você tem uma crença e trabalha duro para que ela se torne realidade. E é importante o entusiasmo, fazer girar a roda com energia.

Está otimista com o País?

A fotografia hoje é melhor do que o previsto. Há 60 dias vimos uma euforia no mercado pela rapidez com que a Câmara aprovou a reforma tributária que, para mim, está muito bem embasada. Mas no Senado não foi tão rápido assim. Tomara que se consiga concluir 2023 com as aprovações, para termos uma visão de médio e longo prazos. A autonomia do BC foi muito boa, para deixar o timing certo para começar a reduzir a taxa de juros. Mas ainda estamos em agosto, tem muita coisa para acontecer até o fim do ano.

Pode parecer pouco mineiro, mas o belo-horizontino Alexandre Birman decidiu inverter a famosa fórmula “ver para crer” para outra que talvez explique o seu sucesso: “Crer para ver”. E esclarece: “Você tem uma crença e trabalha duro para torná-la realidade”. A frase virou lema da sua empresa, a Arezzo.

Aos 47 anos, definindo-se como sapateiro desde criancinha, ele preside hoje um grupo que emprega 8 mil pessoas e tem 750 lojas físicas e 2.700 pontos de venda no País. Para dourar a pílula, alguns dos mais de 14 milhões de pares de sapatos vendidos por ano já foram parar nos pés de nomes como Julia Roberts ou Anne Hathaway.

Definindo-se como “um cristão de formação espírita”, que faz todas as manhãs 15 minutos de meditação, Birman avisa, nesta entrevista ao Estadão, que vem ocorrendo no mundo “uma certa banalização do que é importante” e que “tem muita gente querendo ser guru, ditar regras”. Diz mais: que, no geral, os países “vivem um descompasso entre questões macroeconômicas, geopolíticas e climáticas”, num momento em que “temos um aquecimento global ocorrendo bem diante de nossos olhos”. E conclui: “Talvez esteja se desenhando, para um futuro próximo, um certo break down. E temos de nos preparar para isso”.

E o Brasil? “Aqui, a fotografia é melhor do que o previsto”, adverte. “Há indícios de que poderemos ter bons anos aí pela frente..., mas o nosso histórico é de tido muitas boas ideias que depois foram se atrapalhando.” A seguir, os melhores trechos da conversa.

Sapatos da Arezzo à venda em loja de Nova York Foto: Brendan McDermid / Reuters

O que é que você está vendo de importante, hoje, no Brasil e no mundo?

Vou ser bem sincero, acho que houve uma certa banalização do que é importante. Muita gente querendo ser mentor, guru, criando lives, podcasts, querendo ser influencer de investimento, ditar regras. Não acho isso um caminho legal. Prefiro focar nas entregas à frente da Arezzo. Que, daqui a pouquinho, completa 51 anos.

Já 51? Quando ela surgiu você tinha quantos anos?

Eu nasci em 1976, a empresa já tinha 4 anos. Ainda funcionava na garagem da casa do meu avô, em Belo Horizonte, com meu pai e meu tio produzindo com as próprias mãos os primeiros calçados Arezzo. Eu não sei o que é escolher profissão, eu não tive essa dúvida.

Nunca mesmo?

Nunca. Eu montava caixinha de sapato aos 5 anos de idade, e me formei praticamente aos 12 como sapateiro. Sempre quis ter a minha própria marca. Criei a Schutz aos 18 anos.

Agora estamos em 2023. Quais os desafios a vencer depois da pandemia?

Eu acho que o mundo passa por uma certa desconexão entre a realidade de algumas questões muito sérias e o que as pessoas estão praticando no seu dia a dia. Veio a pandemia, tivemos um ano de dúvidas entre março de 2021 e de 2022. Aí veio a vacina, em 2022 começou uma ‘revanche buying’ e as pessoas começaram a gastar, viajar, aproveitar o tempo perdido...Mas acho que os indicadores macro não correspondem a essa realidade de consumo. Hotéis lotados, voos caríssimos e um descompasso entre questões mais amplas macroeconômicas, geopolíticas e climáticas. Tenho amigos nos Estados Unidos avisando que aquele incêndio em Maui, no Havaí, foi uma coisa séria. É o <CF742>global warming</CF> acontecendo bem na nossa frente – e o mundo vivendo de consumo, viagens, festas. E tem a desaceleração da China, grande compradora de commodities. O cenário que realmente se desenha num futuro próximo é de um certo break dow</CW>n. Você tem de se preparar para isso.

Como estão as vendas dos seus produtos?

Excelentes. Crescemos 21,4% no segundo trimestre de 2023. Independentemente do cenário, as pessoas querem marcas modernas. Mais de 20% da nossa receita vem do vestuário masculino.

O mercado calçadista cresceu como um todo? Como está a concorrência?

Não, o mercado diminuiu. No segmento de calçados da classe A/B, temos em torno de 36% de mercado. No vestuário masculino classe A/B, quase 12% – era zero há três anos. Hoje, realmente temos uma capacidade de crescer muito diferente do mercado.

O que mais ajudou a empresa a crescer assim?

Eu citaria uma frase com inversão de ordem. Dizem que as pessoas têm de ver para crer. O nosso lema na Arezzo é ‘crer para ver’. Ou seja, você tem uma crença e trabalha duro para que ela se torne realidade. E é importante o entusiasmo, fazer girar a roda com energia.

Está otimista com o País?

A fotografia hoje é melhor do que o previsto. Há 60 dias vimos uma euforia no mercado pela rapidez com que a Câmara aprovou a reforma tributária que, para mim, está muito bem embasada. Mas no Senado não foi tão rápido assim. Tomara que se consiga concluir 2023 com as aprovações, para termos uma visão de médio e longo prazos. A autonomia do BC foi muito boa, para deixar o timing certo para começar a reduzir a taxa de juros. Mas ainda estamos em agosto, tem muita coisa para acontecer até o fim do ano.

Pode parecer pouco mineiro, mas o belo-horizontino Alexandre Birman decidiu inverter a famosa fórmula “ver para crer” para outra que talvez explique o seu sucesso: “Crer para ver”. E esclarece: “Você tem uma crença e trabalha duro para torná-la realidade”. A frase virou lema da sua empresa, a Arezzo.

Aos 47 anos, definindo-se como sapateiro desde criancinha, ele preside hoje um grupo que emprega 8 mil pessoas e tem 750 lojas físicas e 2.700 pontos de venda no País. Para dourar a pílula, alguns dos mais de 14 milhões de pares de sapatos vendidos por ano já foram parar nos pés de nomes como Julia Roberts ou Anne Hathaway.

Definindo-se como “um cristão de formação espírita”, que faz todas as manhãs 15 minutos de meditação, Birman avisa, nesta entrevista ao Estadão, que vem ocorrendo no mundo “uma certa banalização do que é importante” e que “tem muita gente querendo ser guru, ditar regras”. Diz mais: que, no geral, os países “vivem um descompasso entre questões macroeconômicas, geopolíticas e climáticas”, num momento em que “temos um aquecimento global ocorrendo bem diante de nossos olhos”. E conclui: “Talvez esteja se desenhando, para um futuro próximo, um certo break down. E temos de nos preparar para isso”.

E o Brasil? “Aqui, a fotografia é melhor do que o previsto”, adverte. “Há indícios de que poderemos ter bons anos aí pela frente..., mas o nosso histórico é de tido muitas boas ideias que depois foram se atrapalhando.” A seguir, os melhores trechos da conversa.

Sapatos da Arezzo à venda em loja de Nova York Foto: Brendan McDermid / Reuters

O que é que você está vendo de importante, hoje, no Brasil e no mundo?

Vou ser bem sincero, acho que houve uma certa banalização do que é importante. Muita gente querendo ser mentor, guru, criando lives, podcasts, querendo ser influencer de investimento, ditar regras. Não acho isso um caminho legal. Prefiro focar nas entregas à frente da Arezzo. Que, daqui a pouquinho, completa 51 anos.

Já 51? Quando ela surgiu você tinha quantos anos?

Eu nasci em 1976, a empresa já tinha 4 anos. Ainda funcionava na garagem da casa do meu avô, em Belo Horizonte, com meu pai e meu tio produzindo com as próprias mãos os primeiros calçados Arezzo. Eu não sei o que é escolher profissão, eu não tive essa dúvida.

Nunca mesmo?

Nunca. Eu montava caixinha de sapato aos 5 anos de idade, e me formei praticamente aos 12 como sapateiro. Sempre quis ter a minha própria marca. Criei a Schutz aos 18 anos.

Agora estamos em 2023. Quais os desafios a vencer depois da pandemia?

Eu acho que o mundo passa por uma certa desconexão entre a realidade de algumas questões muito sérias e o que as pessoas estão praticando no seu dia a dia. Veio a pandemia, tivemos um ano de dúvidas entre março de 2021 e de 2022. Aí veio a vacina, em 2022 começou uma ‘revanche buying’ e as pessoas começaram a gastar, viajar, aproveitar o tempo perdido...Mas acho que os indicadores macro não correspondem a essa realidade de consumo. Hotéis lotados, voos caríssimos e um descompasso entre questões mais amplas macroeconômicas, geopolíticas e climáticas. Tenho amigos nos Estados Unidos avisando que aquele incêndio em Maui, no Havaí, foi uma coisa séria. É o <CF742>global warming</CF> acontecendo bem na nossa frente – e o mundo vivendo de consumo, viagens, festas. E tem a desaceleração da China, grande compradora de commodities. O cenário que realmente se desenha num futuro próximo é de um certo break dow</CW>n. Você tem de se preparar para isso.

Como estão as vendas dos seus produtos?

Excelentes. Crescemos 21,4% no segundo trimestre de 2023. Independentemente do cenário, as pessoas querem marcas modernas. Mais de 20% da nossa receita vem do vestuário masculino.

O mercado calçadista cresceu como um todo? Como está a concorrência?

Não, o mercado diminuiu. No segmento de calçados da classe A/B, temos em torno de 36% de mercado. No vestuário masculino classe A/B, quase 12% – era zero há três anos. Hoje, realmente temos uma capacidade de crescer muito diferente do mercado.

O que mais ajudou a empresa a crescer assim?

Eu citaria uma frase com inversão de ordem. Dizem que as pessoas têm de ver para crer. O nosso lema na Arezzo é ‘crer para ver’. Ou seja, você tem uma crença e trabalha duro para que ela se torne realidade. E é importante o entusiasmo, fazer girar a roda com energia.

Está otimista com o País?

A fotografia hoje é melhor do que o previsto. Há 60 dias vimos uma euforia no mercado pela rapidez com que a Câmara aprovou a reforma tributária que, para mim, está muito bem embasada. Mas no Senado não foi tão rápido assim. Tomara que se consiga concluir 2023 com as aprovações, para termos uma visão de médio e longo prazos. A autonomia do BC foi muito boa, para deixar o timing certo para começar a reduzir a taxa de juros. Mas ainda estamos em agosto, tem muita coisa para acontecer até o fim do ano.

Pode parecer pouco mineiro, mas o belo-horizontino Alexandre Birman decidiu inverter a famosa fórmula “ver para crer” para outra que talvez explique o seu sucesso: “Crer para ver”. E esclarece: “Você tem uma crença e trabalha duro para torná-la realidade”. A frase virou lema da sua empresa, a Arezzo.

Aos 47 anos, definindo-se como sapateiro desde criancinha, ele preside hoje um grupo que emprega 8 mil pessoas e tem 750 lojas físicas e 2.700 pontos de venda no País. Para dourar a pílula, alguns dos mais de 14 milhões de pares de sapatos vendidos por ano já foram parar nos pés de nomes como Julia Roberts ou Anne Hathaway.

Definindo-se como “um cristão de formação espírita”, que faz todas as manhãs 15 minutos de meditação, Birman avisa, nesta entrevista ao Estadão, que vem ocorrendo no mundo “uma certa banalização do que é importante” e que “tem muita gente querendo ser guru, ditar regras”. Diz mais: que, no geral, os países “vivem um descompasso entre questões macroeconômicas, geopolíticas e climáticas”, num momento em que “temos um aquecimento global ocorrendo bem diante de nossos olhos”. E conclui: “Talvez esteja se desenhando, para um futuro próximo, um certo break down. E temos de nos preparar para isso”.

E o Brasil? “Aqui, a fotografia é melhor do que o previsto”, adverte. “Há indícios de que poderemos ter bons anos aí pela frente..., mas o nosso histórico é de tido muitas boas ideias que depois foram se atrapalhando.” A seguir, os melhores trechos da conversa.

Sapatos da Arezzo à venda em loja de Nova York Foto: Brendan McDermid / Reuters

O que é que você está vendo de importante, hoje, no Brasil e no mundo?

Vou ser bem sincero, acho que houve uma certa banalização do que é importante. Muita gente querendo ser mentor, guru, criando lives, podcasts, querendo ser influencer de investimento, ditar regras. Não acho isso um caminho legal. Prefiro focar nas entregas à frente da Arezzo. Que, daqui a pouquinho, completa 51 anos.

Já 51? Quando ela surgiu você tinha quantos anos?

Eu nasci em 1976, a empresa já tinha 4 anos. Ainda funcionava na garagem da casa do meu avô, em Belo Horizonte, com meu pai e meu tio produzindo com as próprias mãos os primeiros calçados Arezzo. Eu não sei o que é escolher profissão, eu não tive essa dúvida.

Nunca mesmo?

Nunca. Eu montava caixinha de sapato aos 5 anos de idade, e me formei praticamente aos 12 como sapateiro. Sempre quis ter a minha própria marca. Criei a Schutz aos 18 anos.

Agora estamos em 2023. Quais os desafios a vencer depois da pandemia?

Eu acho que o mundo passa por uma certa desconexão entre a realidade de algumas questões muito sérias e o que as pessoas estão praticando no seu dia a dia. Veio a pandemia, tivemos um ano de dúvidas entre março de 2021 e de 2022. Aí veio a vacina, em 2022 começou uma ‘revanche buying’ e as pessoas começaram a gastar, viajar, aproveitar o tempo perdido...Mas acho que os indicadores macro não correspondem a essa realidade de consumo. Hotéis lotados, voos caríssimos e um descompasso entre questões mais amplas macroeconômicas, geopolíticas e climáticas. Tenho amigos nos Estados Unidos avisando que aquele incêndio em Maui, no Havaí, foi uma coisa séria. É o <CF742>global warming</CF> acontecendo bem na nossa frente – e o mundo vivendo de consumo, viagens, festas. E tem a desaceleração da China, grande compradora de commodities. O cenário que realmente se desenha num futuro próximo é de um certo break dow</CW>n. Você tem de se preparar para isso.

Como estão as vendas dos seus produtos?

Excelentes. Crescemos 21,4% no segundo trimestre de 2023. Independentemente do cenário, as pessoas querem marcas modernas. Mais de 20% da nossa receita vem do vestuário masculino.

O mercado calçadista cresceu como um todo? Como está a concorrência?

Não, o mercado diminuiu. No segmento de calçados da classe A/B, temos em torno de 36% de mercado. No vestuário masculino classe A/B, quase 12% – era zero há três anos. Hoje, realmente temos uma capacidade de crescer muito diferente do mercado.

O que mais ajudou a empresa a crescer assim?

Eu citaria uma frase com inversão de ordem. Dizem que as pessoas têm de ver para crer. O nosso lema na Arezzo é ‘crer para ver’. Ou seja, você tem uma crença e trabalha duro para que ela se torne realidade. E é importante o entusiasmo, fazer girar a roda com energia.

Está otimista com o País?

A fotografia hoje é melhor do que o previsto. Há 60 dias vimos uma euforia no mercado pela rapidez com que a Câmara aprovou a reforma tributária que, para mim, está muito bem embasada. Mas no Senado não foi tão rápido assim. Tomara que se consiga concluir 2023 com as aprovações, para termos uma visão de médio e longo prazos. A autonomia do BC foi muito boa, para deixar o timing certo para começar a reduzir a taxa de juros. Mas ainda estamos em agosto, tem muita coisa para acontecer até o fim do ano.

Entrevista por Sonia Racy

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