Frete grátis, entrega imediata, carro elétrico: os planos do fundador do Mercado Livre para o País


Marcos Galperín diz que a empresa, como marketplace, se adapta às regras de cada país; segundo o executivo, empresa investe R$ 19 bilhões para ampliar a presença no Brasil, especialmente no Nordeste

Por Lucas Agrela
Atualização:
Foto: DANIEL TEIXEIRA
Entrevista comMarcos GalperínCofundador do Mercado Livre

Cofundador do Mercado Livre ao lado de Stelleo Tolda e Hernan Kazah, Marcos Galperín é o único do trio que segue à frente da companhia, que completa 24 anos em 2023. Consolidada como maior empresa do ramo do comércio eletrônico na América Latina, tendo o Brasil como principal mercado, a empresa teve faturamento de vendas de US$ 10 bilhões no segundo trimestre deste ano e vale US$ 71,93 bilhões no mercado de capitais.

Em entrevista ao Estadão, Galperín disse que investe R$ 19 bilhões (inclui tecnologia, logística e marketing) para ampliar a presença pelo País, especialmente no Nordeste, chamou o caso da Americanas de fraude e se posicionou a favor da isonomia de impostos para produtos nacionais e internacionais. “Se os impostos para estrangeiros caírem (acabarem), teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local”, disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

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Cofundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galderín, diz que ainda há oportunidades de crescimento no comércio eletrônico na América Latina  Foto: DANIEL TEIXEIRA

O Mercado Livre mantém um ritmo forte de crescimento. O volume de compradores únicos aumentou 17% no segundo trimestre. Isso ainda é efeito do aumento das compras online na pandemia?

Nós acreditamos que na América Latina o e-commerce tem muito espaço para continuar crescendo. A pandemia acelerou o crescimento do comércio eletrônico nessa região e em todo o mundo. Nos Estados Unidos, depois da pandemia, o comércio eletrônico caiu e voltou a ter a penetração que tinha antes. Ou seja, cresceu, caiu, mas manteve o crescimento que tinha tido sem pandemia. Na América Latina, houve aceleração e voltou ao ritmo de crescimento de antes da pandemia, mas nunca caiu. Foi como se tivéssemos alcançado o resto do mundo. Para nós, houve um antes e um depois da pandemia. Nosso volume é hoje mais do que o dobro que antes. A qualidade da experiência do nosso cliente também ficou muito melhor. Estávamos preparados para aquele momento. Tínhamos feito investimentos em logística, abastecimento, pagamento, financiamento e crédito. Quando as pessoas começaram a comprar duas vezes mais do que antes, pudemos responder a essa demanda.

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Com o avanço do e-commerce, como a empresa lida com o aumento de custo de aquisição de novos clientes?

Nosso custo não necessariamente está subindo. Não vemos que esse seja o caso. Temos muitos usuários que chegam ao Mercado Livre, chegam organicamente, por recomendação de amigos. Tivemos mais de 100 milhões de usuários usando nossos aplicativos na América Latina, o Mercado Livre e o Mercado Pago. Esse número continua a crescer a taxas similares ao que crescia antes da pandemia.

A disputa por galpões logísticos aumentou nos últimos anos. Como a empresa vem lidando com o aumento de custos de aluguéis desses espaços, decorrente dessa concorrência maior?

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Temos de fazer muitos investimentos nisso. Este ano, estamos investindo R$ 19 bilhões e uma parte importante disso vai para armazenamento e operação logística. Estamos anunciando dois novos centros de distribuição, um no Recife e outro no Rio, com quase mil novos postos de trabalho. Também investimos na Bahia. Estamos crescendo muito no Brasil, foram 30% no primeiro semestre ante igual período no ano passado, temos boa rentabilidade e fazemos cada vez mais investimentos, mantendo crescimento acima do mercado de e-commerce. O Mercado Pago também cresce muito rápido. O poder do nosso ecossistema joga a nosso favor.

O que a empresa faz para atrair mais pequenas e médias empresas para a plataforma de comércio eletrônico?

Nós sempre estivemos focados em democratizar o varejo. O elo mais difícil era o consumidor que vive longe dos centros urbanos e, por outro lado, os pequenos e médios varejistas, que não tinham capital para ter distribuição de produtos por todo o Brasil ou toda a América Latina. No marketplace, esses sempre foram nossos principais usuários, porque são os que mais se beneficiam dele. Quando tínhamos três ou quatro varejistas que dominavam um mercado, eles não queriam um marketplace. Mas agora todos têm o seu. Como dizem, ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Durante 15 anos, éramos os únicos a ter um marketplace. No ano passado, foram mais de 3 milhões de vendedores no Mercado Livre, e hoje temos 2 mil empresas de marcas, que são lojas oficiais, sendo que eram 800 há um ano.

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Há uma grande discussão no governo sobre a taxação das compras internacionais. O Mercado Livre também vende produtos de lojistas internacionais. Como o sr. vê essa questão?

Somos uma plataforma que opera em toda a América Latina. Há distintas regulamentações em países como Chile ou México, que têm impostos muito baixos, e, por isso, uma porcentagem muito alta das nossas vendas são de vendedores chineses. No México, isso é 15% do nosso volume. Temos um escritório na China e temos vendedores chineses que anunciam e enviam produtos para o México. Aqui no Brasil, historicamente houve maior proteção aos fabricantes brasileiros. Temos fabricantes brasileiros vendendo produtos no Mercado Livre. Agora, se os impostos (para produtos estrangeiros) caírem, teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local. O marketplace será tratado como é tratado nos diferentes países: atendendo às decisões de cada governo. Acreditamos que deva existir uma base de isonomia de impostos. Na hora em que o imposto vai a zero e vem só o ICMS de 17%, fica uma vantagem para os internacionais. Se não houver isonomia, o Mercado Livre vai trabalhar com fornecedores de fora para servir o mercado.

Como a reforma tributária e o início da trajetória de queda de juros prevista pelo Banco Central afetam o negócio do Mercado Livre?

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Com a baixa da Selic, o impacto será positivo para o consumo em geral e isso ajudará no crescimento do varejo online. Mas estamos com taxas de crescimento muito saudáveis. Na reforma tributária, defendemos uma simplificação para gerar mais empreendedorismo, mais negócios.

O caso da Americanas assustou o mercado no começo do ano. O Mercado Livre mudou algo na operação depois que a história veio à tona?

Esse foi um caso atípico. Foi uma fraude. Temos os controles que sempre tivemos e estamos muito tranquilos por não usar nenhuma das práticas que eles usavam.

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O que a empresa faz para equilibrar a ambição de ter entregas no mesmo dia ou no dia seguinte com a pressão pelo alto volume de entregas para os entregadores?

Tentamos fazer a maior quantidade de entregas possíveis todos os dias. Passamos de 80% em entregas no prazo de até dois dias. Metade das nossas entregas hoje acontecem no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. Com o novo programa de fidelidade Meli+, os consumidores poderão ter frete grátis de produtos de R$ 29,90 ou mais, desde que escolham o dia da entrega. Antes, o frete grátis era apenas para produtos com R$ 79,90.

O volume geral de vendas do Mercado Livre superou US$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2023, resultado recorde para a empresa. O crescimento foi puxado pelo aumento de vendas no Brasil e no México, que ultrapassou a Argentina como segundo maior mercado da companhia no mundo. O México deve permanecer como segundo maior mercado ou o país tem potencial de se tornar mais relevante do que o Brasil para o Mercado Livre?

O Brasil é o nosso principal país há mais de 10 anos. O México passou a Argentina há algum tempo. A Argentina tem um tipo de câmbio diferente. Se usamos o paralelo, o tamanho dela é bem maior do que pelo câmbio oficial. Mas o México tem quase duas vezes mais vendas diárias do que a Argentina.

A situação econômica da Argentina tem a ver com a perda da segunda posição na importância de países para a empresa?

Estamos na América Latina há 24 anos e olhamos para todos os países, particularmente para a Argentina, e o Mercado Livre sempre cresceu. Nós fazemos a democratização do varejo e dos serviços financeiros. Com toda a volatilidade econômica, muitas pessoas não têm acesso a serviços financeiros. Com o nosso custo bem mais baixo do que o mercado, podemos dar a elas o acesso a esses serviços. Obviamente, preferimos países com a economia estável, desenvolvida e em crescimento. Mas a verdade é que vimos de tudo nessas mais de duas décadas e seguimos evoluindo muito bem.

O comércio eletrônico é um negócio com margens de lucro apertadas e o crescimento demanda grande volume de investimentos. Como a empresa faz para se manter em crescimento?

Isso é resultado de um trabalho duro ao longo de 24 anos. Um negócio que está crescendo muito e gera boa rentabilidade é a publicidade. Lançamos agora o streaming do Mercado Play, que é gratuito, e a ideia é veicular anúncios nessa plataforma também. Também tivemos um trabalho forte de produtividade de custos em todas as áreas da empresa. Com isso, geramos caixa para reinvestir no negócio.

O plano para avançar em assinaturas do programa de fidelidade prevê a inclusão de mais benefícios?

Sim. O primeiro passo foi baixar o patamar de preço dos envios gratuitos. Adicionamos o aplicativo Deezer (gratuito por 12 meses) junto ao Disney+ e ao Star+ no programa. Também há descontos no HBO Max e no Paramount+.

O Mercado Pago é uma das principais áreas da empresa, com US$ 42 bilhões em pagamentos processados no segundo trimestre. Como a empresa planeja avançar no Brasil e como o Pix afeta essa estratégia?

O Mercado Pago tem ido muito bem, seja para pagamentos online ou offline, nos pontos de venda. O uso de pagamentos entre amigos e serviços públicos têm crescido muito, assim como empréstimos, cartões de crédito e seguros. Nosso sortimento de produtos hoje é o de um banco completo. O Pix tem impacto principalmente no uso do dinheiro, que foi reduzido, e no uso do cartão de débito.

O que esperar do futuro do Mercado Livre?

Há 24 anos, todas as possibilidades de crescimento eram apenas um sonho. Nos primeiros seis anos, tivemos perdas no negócio. Agora, imagino as mesmas possibilidades de crescimento porque as necessidades da América Latina são tão grandes quanto eram no passado, mas nossas capacidades de atendê-las são bem mais reais hoje. Temos 15 mil desenvolvedores, escritórios na América Latina toda, 120 milhões de pessoas usando nossos aplicativos todos os trimestres e a experiência de desenvolver soluções em escala. Vamos seguir com disciplina, controle, sem fraudes, com investimentos, tomando riscos e olhando o longo prazo.

Seguir o modelo de expansão da Amazon, que foi para a computação em nuvem, não inspira vocês?

A Amazon não tem o Mercado Pago, mas tem a AWS, e vice-versa. Não estamos focados na infraestrutura da computação em nuvem, mas em democratizar os pagamentos e o varejo na América Latina. Vemos muitas oportunidades de crescimento nessas áreas.

Quais esforços o Mercado Livre faz para reduzir a pegada de carbono das suas operações, como a logística?

Estamos fazendo um investimento muito grande em caminhonetes elétricas. Esse é o nosso principal foco: ter a maior quantidade possível de distribuição de forma eletrificada. Também temos centros de distribuição que compram energia renovável. Buscamos tratar de que daqui alguns anos toda a distribuição seja eletrificada. Mas hoje há mais demanda do que oferta de caminhonetes e caminhões elétricos. No Brasil e no México, temos 3 mil hectares em cada país para fazer o plantio de flora nativa. Além disso, o varejo online é mais eficiente, e por isso benéfico para o meio ambiente, do que o varejo tradicional.

Cofundador do Mercado Livre ao lado de Stelleo Tolda e Hernan Kazah, Marcos Galperín é o único do trio que segue à frente da companhia, que completa 24 anos em 2023. Consolidada como maior empresa do ramo do comércio eletrônico na América Latina, tendo o Brasil como principal mercado, a empresa teve faturamento de vendas de US$ 10 bilhões no segundo trimestre deste ano e vale US$ 71,93 bilhões no mercado de capitais.

Em entrevista ao Estadão, Galperín disse que investe R$ 19 bilhões (inclui tecnologia, logística e marketing) para ampliar a presença pelo País, especialmente no Nordeste, chamou o caso da Americanas de fraude e se posicionou a favor da isonomia de impostos para produtos nacionais e internacionais. “Se os impostos para estrangeiros caírem (acabarem), teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local”, disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Cofundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galderín, diz que ainda há oportunidades de crescimento no comércio eletrônico na América Latina  Foto: DANIEL TEIXEIRA

O Mercado Livre mantém um ritmo forte de crescimento. O volume de compradores únicos aumentou 17% no segundo trimestre. Isso ainda é efeito do aumento das compras online na pandemia?

Nós acreditamos que na América Latina o e-commerce tem muito espaço para continuar crescendo. A pandemia acelerou o crescimento do comércio eletrônico nessa região e em todo o mundo. Nos Estados Unidos, depois da pandemia, o comércio eletrônico caiu e voltou a ter a penetração que tinha antes. Ou seja, cresceu, caiu, mas manteve o crescimento que tinha tido sem pandemia. Na América Latina, houve aceleração e voltou ao ritmo de crescimento de antes da pandemia, mas nunca caiu. Foi como se tivéssemos alcançado o resto do mundo. Para nós, houve um antes e um depois da pandemia. Nosso volume é hoje mais do que o dobro que antes. A qualidade da experiência do nosso cliente também ficou muito melhor. Estávamos preparados para aquele momento. Tínhamos feito investimentos em logística, abastecimento, pagamento, financiamento e crédito. Quando as pessoas começaram a comprar duas vezes mais do que antes, pudemos responder a essa demanda.

Com o avanço do e-commerce, como a empresa lida com o aumento de custo de aquisição de novos clientes?

Nosso custo não necessariamente está subindo. Não vemos que esse seja o caso. Temos muitos usuários que chegam ao Mercado Livre, chegam organicamente, por recomendação de amigos. Tivemos mais de 100 milhões de usuários usando nossos aplicativos na América Latina, o Mercado Livre e o Mercado Pago. Esse número continua a crescer a taxas similares ao que crescia antes da pandemia.

A disputa por galpões logísticos aumentou nos últimos anos. Como a empresa vem lidando com o aumento de custos de aluguéis desses espaços, decorrente dessa concorrência maior?

Temos de fazer muitos investimentos nisso. Este ano, estamos investindo R$ 19 bilhões e uma parte importante disso vai para armazenamento e operação logística. Estamos anunciando dois novos centros de distribuição, um no Recife e outro no Rio, com quase mil novos postos de trabalho. Também investimos na Bahia. Estamos crescendo muito no Brasil, foram 30% no primeiro semestre ante igual período no ano passado, temos boa rentabilidade e fazemos cada vez mais investimentos, mantendo crescimento acima do mercado de e-commerce. O Mercado Pago também cresce muito rápido. O poder do nosso ecossistema joga a nosso favor.

O que a empresa faz para atrair mais pequenas e médias empresas para a plataforma de comércio eletrônico?

Nós sempre estivemos focados em democratizar o varejo. O elo mais difícil era o consumidor que vive longe dos centros urbanos e, por outro lado, os pequenos e médios varejistas, que não tinham capital para ter distribuição de produtos por todo o Brasil ou toda a América Latina. No marketplace, esses sempre foram nossos principais usuários, porque são os que mais se beneficiam dele. Quando tínhamos três ou quatro varejistas que dominavam um mercado, eles não queriam um marketplace. Mas agora todos têm o seu. Como dizem, ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Durante 15 anos, éramos os únicos a ter um marketplace. No ano passado, foram mais de 3 milhões de vendedores no Mercado Livre, e hoje temos 2 mil empresas de marcas, que são lojas oficiais, sendo que eram 800 há um ano.

Há uma grande discussão no governo sobre a taxação das compras internacionais. O Mercado Livre também vende produtos de lojistas internacionais. Como o sr. vê essa questão?

Somos uma plataforma que opera em toda a América Latina. Há distintas regulamentações em países como Chile ou México, que têm impostos muito baixos, e, por isso, uma porcentagem muito alta das nossas vendas são de vendedores chineses. No México, isso é 15% do nosso volume. Temos um escritório na China e temos vendedores chineses que anunciam e enviam produtos para o México. Aqui no Brasil, historicamente houve maior proteção aos fabricantes brasileiros. Temos fabricantes brasileiros vendendo produtos no Mercado Livre. Agora, se os impostos (para produtos estrangeiros) caírem, teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local. O marketplace será tratado como é tratado nos diferentes países: atendendo às decisões de cada governo. Acreditamos que deva existir uma base de isonomia de impostos. Na hora em que o imposto vai a zero e vem só o ICMS de 17%, fica uma vantagem para os internacionais. Se não houver isonomia, o Mercado Livre vai trabalhar com fornecedores de fora para servir o mercado.

Como a reforma tributária e o início da trajetória de queda de juros prevista pelo Banco Central afetam o negócio do Mercado Livre?

Com a baixa da Selic, o impacto será positivo para o consumo em geral e isso ajudará no crescimento do varejo online. Mas estamos com taxas de crescimento muito saudáveis. Na reforma tributária, defendemos uma simplificação para gerar mais empreendedorismo, mais negócios.

O caso da Americanas assustou o mercado no começo do ano. O Mercado Livre mudou algo na operação depois que a história veio à tona?

Esse foi um caso atípico. Foi uma fraude. Temos os controles que sempre tivemos e estamos muito tranquilos por não usar nenhuma das práticas que eles usavam.

O que a empresa faz para equilibrar a ambição de ter entregas no mesmo dia ou no dia seguinte com a pressão pelo alto volume de entregas para os entregadores?

Tentamos fazer a maior quantidade de entregas possíveis todos os dias. Passamos de 80% em entregas no prazo de até dois dias. Metade das nossas entregas hoje acontecem no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. Com o novo programa de fidelidade Meli+, os consumidores poderão ter frete grátis de produtos de R$ 29,90 ou mais, desde que escolham o dia da entrega. Antes, o frete grátis era apenas para produtos com R$ 79,90.

O volume geral de vendas do Mercado Livre superou US$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2023, resultado recorde para a empresa. O crescimento foi puxado pelo aumento de vendas no Brasil e no México, que ultrapassou a Argentina como segundo maior mercado da companhia no mundo. O México deve permanecer como segundo maior mercado ou o país tem potencial de se tornar mais relevante do que o Brasil para o Mercado Livre?

O Brasil é o nosso principal país há mais de 10 anos. O México passou a Argentina há algum tempo. A Argentina tem um tipo de câmbio diferente. Se usamos o paralelo, o tamanho dela é bem maior do que pelo câmbio oficial. Mas o México tem quase duas vezes mais vendas diárias do que a Argentina.

A situação econômica da Argentina tem a ver com a perda da segunda posição na importância de países para a empresa?

Estamos na América Latina há 24 anos e olhamos para todos os países, particularmente para a Argentina, e o Mercado Livre sempre cresceu. Nós fazemos a democratização do varejo e dos serviços financeiros. Com toda a volatilidade econômica, muitas pessoas não têm acesso a serviços financeiros. Com o nosso custo bem mais baixo do que o mercado, podemos dar a elas o acesso a esses serviços. Obviamente, preferimos países com a economia estável, desenvolvida e em crescimento. Mas a verdade é que vimos de tudo nessas mais de duas décadas e seguimos evoluindo muito bem.

O comércio eletrônico é um negócio com margens de lucro apertadas e o crescimento demanda grande volume de investimentos. Como a empresa faz para se manter em crescimento?

Isso é resultado de um trabalho duro ao longo de 24 anos. Um negócio que está crescendo muito e gera boa rentabilidade é a publicidade. Lançamos agora o streaming do Mercado Play, que é gratuito, e a ideia é veicular anúncios nessa plataforma também. Também tivemos um trabalho forte de produtividade de custos em todas as áreas da empresa. Com isso, geramos caixa para reinvestir no negócio.

O plano para avançar em assinaturas do programa de fidelidade prevê a inclusão de mais benefícios?

Sim. O primeiro passo foi baixar o patamar de preço dos envios gratuitos. Adicionamos o aplicativo Deezer (gratuito por 12 meses) junto ao Disney+ e ao Star+ no programa. Também há descontos no HBO Max e no Paramount+.

O Mercado Pago é uma das principais áreas da empresa, com US$ 42 bilhões em pagamentos processados no segundo trimestre. Como a empresa planeja avançar no Brasil e como o Pix afeta essa estratégia?

O Mercado Pago tem ido muito bem, seja para pagamentos online ou offline, nos pontos de venda. O uso de pagamentos entre amigos e serviços públicos têm crescido muito, assim como empréstimos, cartões de crédito e seguros. Nosso sortimento de produtos hoje é o de um banco completo. O Pix tem impacto principalmente no uso do dinheiro, que foi reduzido, e no uso do cartão de débito.

O que esperar do futuro do Mercado Livre?

Há 24 anos, todas as possibilidades de crescimento eram apenas um sonho. Nos primeiros seis anos, tivemos perdas no negócio. Agora, imagino as mesmas possibilidades de crescimento porque as necessidades da América Latina são tão grandes quanto eram no passado, mas nossas capacidades de atendê-las são bem mais reais hoje. Temos 15 mil desenvolvedores, escritórios na América Latina toda, 120 milhões de pessoas usando nossos aplicativos todos os trimestres e a experiência de desenvolver soluções em escala. Vamos seguir com disciplina, controle, sem fraudes, com investimentos, tomando riscos e olhando o longo prazo.

Seguir o modelo de expansão da Amazon, que foi para a computação em nuvem, não inspira vocês?

A Amazon não tem o Mercado Pago, mas tem a AWS, e vice-versa. Não estamos focados na infraestrutura da computação em nuvem, mas em democratizar os pagamentos e o varejo na América Latina. Vemos muitas oportunidades de crescimento nessas áreas.

Quais esforços o Mercado Livre faz para reduzir a pegada de carbono das suas operações, como a logística?

Estamos fazendo um investimento muito grande em caminhonetes elétricas. Esse é o nosso principal foco: ter a maior quantidade possível de distribuição de forma eletrificada. Também temos centros de distribuição que compram energia renovável. Buscamos tratar de que daqui alguns anos toda a distribuição seja eletrificada. Mas hoje há mais demanda do que oferta de caminhonetes e caminhões elétricos. No Brasil e no México, temos 3 mil hectares em cada país para fazer o plantio de flora nativa. Além disso, o varejo online é mais eficiente, e por isso benéfico para o meio ambiente, do que o varejo tradicional.

Cofundador do Mercado Livre ao lado de Stelleo Tolda e Hernan Kazah, Marcos Galperín é o único do trio que segue à frente da companhia, que completa 24 anos em 2023. Consolidada como maior empresa do ramo do comércio eletrônico na América Latina, tendo o Brasil como principal mercado, a empresa teve faturamento de vendas de US$ 10 bilhões no segundo trimestre deste ano e vale US$ 71,93 bilhões no mercado de capitais.

Em entrevista ao Estadão, Galperín disse que investe R$ 19 bilhões (inclui tecnologia, logística e marketing) para ampliar a presença pelo País, especialmente no Nordeste, chamou o caso da Americanas de fraude e se posicionou a favor da isonomia de impostos para produtos nacionais e internacionais. “Se os impostos para estrangeiros caírem (acabarem), teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local”, disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Cofundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galderín, diz que ainda há oportunidades de crescimento no comércio eletrônico na América Latina  Foto: DANIEL TEIXEIRA

O Mercado Livre mantém um ritmo forte de crescimento. O volume de compradores únicos aumentou 17% no segundo trimestre. Isso ainda é efeito do aumento das compras online na pandemia?

Nós acreditamos que na América Latina o e-commerce tem muito espaço para continuar crescendo. A pandemia acelerou o crescimento do comércio eletrônico nessa região e em todo o mundo. Nos Estados Unidos, depois da pandemia, o comércio eletrônico caiu e voltou a ter a penetração que tinha antes. Ou seja, cresceu, caiu, mas manteve o crescimento que tinha tido sem pandemia. Na América Latina, houve aceleração e voltou ao ritmo de crescimento de antes da pandemia, mas nunca caiu. Foi como se tivéssemos alcançado o resto do mundo. Para nós, houve um antes e um depois da pandemia. Nosso volume é hoje mais do que o dobro que antes. A qualidade da experiência do nosso cliente também ficou muito melhor. Estávamos preparados para aquele momento. Tínhamos feito investimentos em logística, abastecimento, pagamento, financiamento e crédito. Quando as pessoas começaram a comprar duas vezes mais do que antes, pudemos responder a essa demanda.

Com o avanço do e-commerce, como a empresa lida com o aumento de custo de aquisição de novos clientes?

Nosso custo não necessariamente está subindo. Não vemos que esse seja o caso. Temos muitos usuários que chegam ao Mercado Livre, chegam organicamente, por recomendação de amigos. Tivemos mais de 100 milhões de usuários usando nossos aplicativos na América Latina, o Mercado Livre e o Mercado Pago. Esse número continua a crescer a taxas similares ao que crescia antes da pandemia.

A disputa por galpões logísticos aumentou nos últimos anos. Como a empresa vem lidando com o aumento de custos de aluguéis desses espaços, decorrente dessa concorrência maior?

Temos de fazer muitos investimentos nisso. Este ano, estamos investindo R$ 19 bilhões e uma parte importante disso vai para armazenamento e operação logística. Estamos anunciando dois novos centros de distribuição, um no Recife e outro no Rio, com quase mil novos postos de trabalho. Também investimos na Bahia. Estamos crescendo muito no Brasil, foram 30% no primeiro semestre ante igual período no ano passado, temos boa rentabilidade e fazemos cada vez mais investimentos, mantendo crescimento acima do mercado de e-commerce. O Mercado Pago também cresce muito rápido. O poder do nosso ecossistema joga a nosso favor.

O que a empresa faz para atrair mais pequenas e médias empresas para a plataforma de comércio eletrônico?

Nós sempre estivemos focados em democratizar o varejo. O elo mais difícil era o consumidor que vive longe dos centros urbanos e, por outro lado, os pequenos e médios varejistas, que não tinham capital para ter distribuição de produtos por todo o Brasil ou toda a América Latina. No marketplace, esses sempre foram nossos principais usuários, porque são os que mais se beneficiam dele. Quando tínhamos três ou quatro varejistas que dominavam um mercado, eles não queriam um marketplace. Mas agora todos têm o seu. Como dizem, ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Durante 15 anos, éramos os únicos a ter um marketplace. No ano passado, foram mais de 3 milhões de vendedores no Mercado Livre, e hoje temos 2 mil empresas de marcas, que são lojas oficiais, sendo que eram 800 há um ano.

Há uma grande discussão no governo sobre a taxação das compras internacionais. O Mercado Livre também vende produtos de lojistas internacionais. Como o sr. vê essa questão?

Somos uma plataforma que opera em toda a América Latina. Há distintas regulamentações em países como Chile ou México, que têm impostos muito baixos, e, por isso, uma porcentagem muito alta das nossas vendas são de vendedores chineses. No México, isso é 15% do nosso volume. Temos um escritório na China e temos vendedores chineses que anunciam e enviam produtos para o México. Aqui no Brasil, historicamente houve maior proteção aos fabricantes brasileiros. Temos fabricantes brasileiros vendendo produtos no Mercado Livre. Agora, se os impostos (para produtos estrangeiros) caírem, teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local. O marketplace será tratado como é tratado nos diferentes países: atendendo às decisões de cada governo. Acreditamos que deva existir uma base de isonomia de impostos. Na hora em que o imposto vai a zero e vem só o ICMS de 17%, fica uma vantagem para os internacionais. Se não houver isonomia, o Mercado Livre vai trabalhar com fornecedores de fora para servir o mercado.

Como a reforma tributária e o início da trajetória de queda de juros prevista pelo Banco Central afetam o negócio do Mercado Livre?

Com a baixa da Selic, o impacto será positivo para o consumo em geral e isso ajudará no crescimento do varejo online. Mas estamos com taxas de crescimento muito saudáveis. Na reforma tributária, defendemos uma simplificação para gerar mais empreendedorismo, mais negócios.

O caso da Americanas assustou o mercado no começo do ano. O Mercado Livre mudou algo na operação depois que a história veio à tona?

Esse foi um caso atípico. Foi uma fraude. Temos os controles que sempre tivemos e estamos muito tranquilos por não usar nenhuma das práticas que eles usavam.

O que a empresa faz para equilibrar a ambição de ter entregas no mesmo dia ou no dia seguinte com a pressão pelo alto volume de entregas para os entregadores?

Tentamos fazer a maior quantidade de entregas possíveis todos os dias. Passamos de 80% em entregas no prazo de até dois dias. Metade das nossas entregas hoje acontecem no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. Com o novo programa de fidelidade Meli+, os consumidores poderão ter frete grátis de produtos de R$ 29,90 ou mais, desde que escolham o dia da entrega. Antes, o frete grátis era apenas para produtos com R$ 79,90.

O volume geral de vendas do Mercado Livre superou US$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2023, resultado recorde para a empresa. O crescimento foi puxado pelo aumento de vendas no Brasil e no México, que ultrapassou a Argentina como segundo maior mercado da companhia no mundo. O México deve permanecer como segundo maior mercado ou o país tem potencial de se tornar mais relevante do que o Brasil para o Mercado Livre?

O Brasil é o nosso principal país há mais de 10 anos. O México passou a Argentina há algum tempo. A Argentina tem um tipo de câmbio diferente. Se usamos o paralelo, o tamanho dela é bem maior do que pelo câmbio oficial. Mas o México tem quase duas vezes mais vendas diárias do que a Argentina.

A situação econômica da Argentina tem a ver com a perda da segunda posição na importância de países para a empresa?

Estamos na América Latina há 24 anos e olhamos para todos os países, particularmente para a Argentina, e o Mercado Livre sempre cresceu. Nós fazemos a democratização do varejo e dos serviços financeiros. Com toda a volatilidade econômica, muitas pessoas não têm acesso a serviços financeiros. Com o nosso custo bem mais baixo do que o mercado, podemos dar a elas o acesso a esses serviços. Obviamente, preferimos países com a economia estável, desenvolvida e em crescimento. Mas a verdade é que vimos de tudo nessas mais de duas décadas e seguimos evoluindo muito bem.

O comércio eletrônico é um negócio com margens de lucro apertadas e o crescimento demanda grande volume de investimentos. Como a empresa faz para se manter em crescimento?

Isso é resultado de um trabalho duro ao longo de 24 anos. Um negócio que está crescendo muito e gera boa rentabilidade é a publicidade. Lançamos agora o streaming do Mercado Play, que é gratuito, e a ideia é veicular anúncios nessa plataforma também. Também tivemos um trabalho forte de produtividade de custos em todas as áreas da empresa. Com isso, geramos caixa para reinvestir no negócio.

O plano para avançar em assinaturas do programa de fidelidade prevê a inclusão de mais benefícios?

Sim. O primeiro passo foi baixar o patamar de preço dos envios gratuitos. Adicionamos o aplicativo Deezer (gratuito por 12 meses) junto ao Disney+ e ao Star+ no programa. Também há descontos no HBO Max e no Paramount+.

O Mercado Pago é uma das principais áreas da empresa, com US$ 42 bilhões em pagamentos processados no segundo trimestre. Como a empresa planeja avançar no Brasil e como o Pix afeta essa estratégia?

O Mercado Pago tem ido muito bem, seja para pagamentos online ou offline, nos pontos de venda. O uso de pagamentos entre amigos e serviços públicos têm crescido muito, assim como empréstimos, cartões de crédito e seguros. Nosso sortimento de produtos hoje é o de um banco completo. O Pix tem impacto principalmente no uso do dinheiro, que foi reduzido, e no uso do cartão de débito.

O que esperar do futuro do Mercado Livre?

Há 24 anos, todas as possibilidades de crescimento eram apenas um sonho. Nos primeiros seis anos, tivemos perdas no negócio. Agora, imagino as mesmas possibilidades de crescimento porque as necessidades da América Latina são tão grandes quanto eram no passado, mas nossas capacidades de atendê-las são bem mais reais hoje. Temos 15 mil desenvolvedores, escritórios na América Latina toda, 120 milhões de pessoas usando nossos aplicativos todos os trimestres e a experiência de desenvolver soluções em escala. Vamos seguir com disciplina, controle, sem fraudes, com investimentos, tomando riscos e olhando o longo prazo.

Seguir o modelo de expansão da Amazon, que foi para a computação em nuvem, não inspira vocês?

A Amazon não tem o Mercado Pago, mas tem a AWS, e vice-versa. Não estamos focados na infraestrutura da computação em nuvem, mas em democratizar os pagamentos e o varejo na América Latina. Vemos muitas oportunidades de crescimento nessas áreas.

Quais esforços o Mercado Livre faz para reduzir a pegada de carbono das suas operações, como a logística?

Estamos fazendo um investimento muito grande em caminhonetes elétricas. Esse é o nosso principal foco: ter a maior quantidade possível de distribuição de forma eletrificada. Também temos centros de distribuição que compram energia renovável. Buscamos tratar de que daqui alguns anos toda a distribuição seja eletrificada. Mas hoje há mais demanda do que oferta de caminhonetes e caminhões elétricos. No Brasil e no México, temos 3 mil hectares em cada país para fazer o plantio de flora nativa. Além disso, o varejo online é mais eficiente, e por isso benéfico para o meio ambiente, do que o varejo tradicional.

Cofundador do Mercado Livre ao lado de Stelleo Tolda e Hernan Kazah, Marcos Galperín é o único do trio que segue à frente da companhia, que completa 24 anos em 2023. Consolidada como maior empresa do ramo do comércio eletrônico na América Latina, tendo o Brasil como principal mercado, a empresa teve faturamento de vendas de US$ 10 bilhões no segundo trimestre deste ano e vale US$ 71,93 bilhões no mercado de capitais.

Em entrevista ao Estadão, Galperín disse que investe R$ 19 bilhões (inclui tecnologia, logística e marketing) para ampliar a presença pelo País, especialmente no Nordeste, chamou o caso da Americanas de fraude e se posicionou a favor da isonomia de impostos para produtos nacionais e internacionais. “Se os impostos para estrangeiros caírem (acabarem), teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local”, disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Cofundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galderín, diz que ainda há oportunidades de crescimento no comércio eletrônico na América Latina  Foto: DANIEL TEIXEIRA

O Mercado Livre mantém um ritmo forte de crescimento. O volume de compradores únicos aumentou 17% no segundo trimestre. Isso ainda é efeito do aumento das compras online na pandemia?

Nós acreditamos que na América Latina o e-commerce tem muito espaço para continuar crescendo. A pandemia acelerou o crescimento do comércio eletrônico nessa região e em todo o mundo. Nos Estados Unidos, depois da pandemia, o comércio eletrônico caiu e voltou a ter a penetração que tinha antes. Ou seja, cresceu, caiu, mas manteve o crescimento que tinha tido sem pandemia. Na América Latina, houve aceleração e voltou ao ritmo de crescimento de antes da pandemia, mas nunca caiu. Foi como se tivéssemos alcançado o resto do mundo. Para nós, houve um antes e um depois da pandemia. Nosso volume é hoje mais do que o dobro que antes. A qualidade da experiência do nosso cliente também ficou muito melhor. Estávamos preparados para aquele momento. Tínhamos feito investimentos em logística, abastecimento, pagamento, financiamento e crédito. Quando as pessoas começaram a comprar duas vezes mais do que antes, pudemos responder a essa demanda.

Com o avanço do e-commerce, como a empresa lida com o aumento de custo de aquisição de novos clientes?

Nosso custo não necessariamente está subindo. Não vemos que esse seja o caso. Temos muitos usuários que chegam ao Mercado Livre, chegam organicamente, por recomendação de amigos. Tivemos mais de 100 milhões de usuários usando nossos aplicativos na América Latina, o Mercado Livre e o Mercado Pago. Esse número continua a crescer a taxas similares ao que crescia antes da pandemia.

A disputa por galpões logísticos aumentou nos últimos anos. Como a empresa vem lidando com o aumento de custos de aluguéis desses espaços, decorrente dessa concorrência maior?

Temos de fazer muitos investimentos nisso. Este ano, estamos investindo R$ 19 bilhões e uma parte importante disso vai para armazenamento e operação logística. Estamos anunciando dois novos centros de distribuição, um no Recife e outro no Rio, com quase mil novos postos de trabalho. Também investimos na Bahia. Estamos crescendo muito no Brasil, foram 30% no primeiro semestre ante igual período no ano passado, temos boa rentabilidade e fazemos cada vez mais investimentos, mantendo crescimento acima do mercado de e-commerce. O Mercado Pago também cresce muito rápido. O poder do nosso ecossistema joga a nosso favor.

O que a empresa faz para atrair mais pequenas e médias empresas para a plataforma de comércio eletrônico?

Nós sempre estivemos focados em democratizar o varejo. O elo mais difícil era o consumidor que vive longe dos centros urbanos e, por outro lado, os pequenos e médios varejistas, que não tinham capital para ter distribuição de produtos por todo o Brasil ou toda a América Latina. No marketplace, esses sempre foram nossos principais usuários, porque são os que mais se beneficiam dele. Quando tínhamos três ou quatro varejistas que dominavam um mercado, eles não queriam um marketplace. Mas agora todos têm o seu. Como dizem, ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Durante 15 anos, éramos os únicos a ter um marketplace. No ano passado, foram mais de 3 milhões de vendedores no Mercado Livre, e hoje temos 2 mil empresas de marcas, que são lojas oficiais, sendo que eram 800 há um ano.

Há uma grande discussão no governo sobre a taxação das compras internacionais. O Mercado Livre também vende produtos de lojistas internacionais. Como o sr. vê essa questão?

Somos uma plataforma que opera em toda a América Latina. Há distintas regulamentações em países como Chile ou México, que têm impostos muito baixos, e, por isso, uma porcentagem muito alta das nossas vendas são de vendedores chineses. No México, isso é 15% do nosso volume. Temos um escritório na China e temos vendedores chineses que anunciam e enviam produtos para o México. Aqui no Brasil, historicamente houve maior proteção aos fabricantes brasileiros. Temos fabricantes brasileiros vendendo produtos no Mercado Livre. Agora, se os impostos (para produtos estrangeiros) caírem, teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local. O marketplace será tratado como é tratado nos diferentes países: atendendo às decisões de cada governo. Acreditamos que deva existir uma base de isonomia de impostos. Na hora em que o imposto vai a zero e vem só o ICMS de 17%, fica uma vantagem para os internacionais. Se não houver isonomia, o Mercado Livre vai trabalhar com fornecedores de fora para servir o mercado.

Como a reforma tributária e o início da trajetória de queda de juros prevista pelo Banco Central afetam o negócio do Mercado Livre?

Com a baixa da Selic, o impacto será positivo para o consumo em geral e isso ajudará no crescimento do varejo online. Mas estamos com taxas de crescimento muito saudáveis. Na reforma tributária, defendemos uma simplificação para gerar mais empreendedorismo, mais negócios.

O caso da Americanas assustou o mercado no começo do ano. O Mercado Livre mudou algo na operação depois que a história veio à tona?

Esse foi um caso atípico. Foi uma fraude. Temos os controles que sempre tivemos e estamos muito tranquilos por não usar nenhuma das práticas que eles usavam.

O que a empresa faz para equilibrar a ambição de ter entregas no mesmo dia ou no dia seguinte com a pressão pelo alto volume de entregas para os entregadores?

Tentamos fazer a maior quantidade de entregas possíveis todos os dias. Passamos de 80% em entregas no prazo de até dois dias. Metade das nossas entregas hoje acontecem no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. Com o novo programa de fidelidade Meli+, os consumidores poderão ter frete grátis de produtos de R$ 29,90 ou mais, desde que escolham o dia da entrega. Antes, o frete grátis era apenas para produtos com R$ 79,90.

O volume geral de vendas do Mercado Livre superou US$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2023, resultado recorde para a empresa. O crescimento foi puxado pelo aumento de vendas no Brasil e no México, que ultrapassou a Argentina como segundo maior mercado da companhia no mundo. O México deve permanecer como segundo maior mercado ou o país tem potencial de se tornar mais relevante do que o Brasil para o Mercado Livre?

O Brasil é o nosso principal país há mais de 10 anos. O México passou a Argentina há algum tempo. A Argentina tem um tipo de câmbio diferente. Se usamos o paralelo, o tamanho dela é bem maior do que pelo câmbio oficial. Mas o México tem quase duas vezes mais vendas diárias do que a Argentina.

A situação econômica da Argentina tem a ver com a perda da segunda posição na importância de países para a empresa?

Estamos na América Latina há 24 anos e olhamos para todos os países, particularmente para a Argentina, e o Mercado Livre sempre cresceu. Nós fazemos a democratização do varejo e dos serviços financeiros. Com toda a volatilidade econômica, muitas pessoas não têm acesso a serviços financeiros. Com o nosso custo bem mais baixo do que o mercado, podemos dar a elas o acesso a esses serviços. Obviamente, preferimos países com a economia estável, desenvolvida e em crescimento. Mas a verdade é que vimos de tudo nessas mais de duas décadas e seguimos evoluindo muito bem.

O comércio eletrônico é um negócio com margens de lucro apertadas e o crescimento demanda grande volume de investimentos. Como a empresa faz para se manter em crescimento?

Isso é resultado de um trabalho duro ao longo de 24 anos. Um negócio que está crescendo muito e gera boa rentabilidade é a publicidade. Lançamos agora o streaming do Mercado Play, que é gratuito, e a ideia é veicular anúncios nessa plataforma também. Também tivemos um trabalho forte de produtividade de custos em todas as áreas da empresa. Com isso, geramos caixa para reinvestir no negócio.

O plano para avançar em assinaturas do programa de fidelidade prevê a inclusão de mais benefícios?

Sim. O primeiro passo foi baixar o patamar de preço dos envios gratuitos. Adicionamos o aplicativo Deezer (gratuito por 12 meses) junto ao Disney+ e ao Star+ no programa. Também há descontos no HBO Max e no Paramount+.

O Mercado Pago é uma das principais áreas da empresa, com US$ 42 bilhões em pagamentos processados no segundo trimestre. Como a empresa planeja avançar no Brasil e como o Pix afeta essa estratégia?

O Mercado Pago tem ido muito bem, seja para pagamentos online ou offline, nos pontos de venda. O uso de pagamentos entre amigos e serviços públicos têm crescido muito, assim como empréstimos, cartões de crédito e seguros. Nosso sortimento de produtos hoje é o de um banco completo. O Pix tem impacto principalmente no uso do dinheiro, que foi reduzido, e no uso do cartão de débito.

O que esperar do futuro do Mercado Livre?

Há 24 anos, todas as possibilidades de crescimento eram apenas um sonho. Nos primeiros seis anos, tivemos perdas no negócio. Agora, imagino as mesmas possibilidades de crescimento porque as necessidades da América Latina são tão grandes quanto eram no passado, mas nossas capacidades de atendê-las são bem mais reais hoje. Temos 15 mil desenvolvedores, escritórios na América Latina toda, 120 milhões de pessoas usando nossos aplicativos todos os trimestres e a experiência de desenvolver soluções em escala. Vamos seguir com disciplina, controle, sem fraudes, com investimentos, tomando riscos e olhando o longo prazo.

Seguir o modelo de expansão da Amazon, que foi para a computação em nuvem, não inspira vocês?

A Amazon não tem o Mercado Pago, mas tem a AWS, e vice-versa. Não estamos focados na infraestrutura da computação em nuvem, mas em democratizar os pagamentos e o varejo na América Latina. Vemos muitas oportunidades de crescimento nessas áreas.

Quais esforços o Mercado Livre faz para reduzir a pegada de carbono das suas operações, como a logística?

Estamos fazendo um investimento muito grande em caminhonetes elétricas. Esse é o nosso principal foco: ter a maior quantidade possível de distribuição de forma eletrificada. Também temos centros de distribuição que compram energia renovável. Buscamos tratar de que daqui alguns anos toda a distribuição seja eletrificada. Mas hoje há mais demanda do que oferta de caminhonetes e caminhões elétricos. No Brasil e no México, temos 3 mil hectares em cada país para fazer o plantio de flora nativa. Além disso, o varejo online é mais eficiente, e por isso benéfico para o meio ambiente, do que o varejo tradicional.

Cofundador do Mercado Livre ao lado de Stelleo Tolda e Hernan Kazah, Marcos Galperín é o único do trio que segue à frente da companhia, que completa 24 anos em 2023. Consolidada como maior empresa do ramo do comércio eletrônico na América Latina, tendo o Brasil como principal mercado, a empresa teve faturamento de vendas de US$ 10 bilhões no segundo trimestre deste ano e vale US$ 71,93 bilhões no mercado de capitais.

Em entrevista ao Estadão, Galperín disse que investe R$ 19 bilhões (inclui tecnologia, logística e marketing) para ampliar a presença pelo País, especialmente no Nordeste, chamou o caso da Americanas de fraude e se posicionou a favor da isonomia de impostos para produtos nacionais e internacionais. “Se os impostos para estrangeiros caírem (acabarem), teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local”, disse.

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Cofundador e CEO do Mercado Livre, Marcos Galderín, diz que ainda há oportunidades de crescimento no comércio eletrônico na América Latina  Foto: DANIEL TEIXEIRA

O Mercado Livre mantém um ritmo forte de crescimento. O volume de compradores únicos aumentou 17% no segundo trimestre. Isso ainda é efeito do aumento das compras online na pandemia?

Nós acreditamos que na América Latina o e-commerce tem muito espaço para continuar crescendo. A pandemia acelerou o crescimento do comércio eletrônico nessa região e em todo o mundo. Nos Estados Unidos, depois da pandemia, o comércio eletrônico caiu e voltou a ter a penetração que tinha antes. Ou seja, cresceu, caiu, mas manteve o crescimento que tinha tido sem pandemia. Na América Latina, houve aceleração e voltou ao ritmo de crescimento de antes da pandemia, mas nunca caiu. Foi como se tivéssemos alcançado o resto do mundo. Para nós, houve um antes e um depois da pandemia. Nosso volume é hoje mais do que o dobro que antes. A qualidade da experiência do nosso cliente também ficou muito melhor. Estávamos preparados para aquele momento. Tínhamos feito investimentos em logística, abastecimento, pagamento, financiamento e crédito. Quando as pessoas começaram a comprar duas vezes mais do que antes, pudemos responder a essa demanda.

Com o avanço do e-commerce, como a empresa lida com o aumento de custo de aquisição de novos clientes?

Nosso custo não necessariamente está subindo. Não vemos que esse seja o caso. Temos muitos usuários que chegam ao Mercado Livre, chegam organicamente, por recomendação de amigos. Tivemos mais de 100 milhões de usuários usando nossos aplicativos na América Latina, o Mercado Livre e o Mercado Pago. Esse número continua a crescer a taxas similares ao que crescia antes da pandemia.

A disputa por galpões logísticos aumentou nos últimos anos. Como a empresa vem lidando com o aumento de custos de aluguéis desses espaços, decorrente dessa concorrência maior?

Temos de fazer muitos investimentos nisso. Este ano, estamos investindo R$ 19 bilhões e uma parte importante disso vai para armazenamento e operação logística. Estamos anunciando dois novos centros de distribuição, um no Recife e outro no Rio, com quase mil novos postos de trabalho. Também investimos na Bahia. Estamos crescendo muito no Brasil, foram 30% no primeiro semestre ante igual período no ano passado, temos boa rentabilidade e fazemos cada vez mais investimentos, mantendo crescimento acima do mercado de e-commerce. O Mercado Pago também cresce muito rápido. O poder do nosso ecossistema joga a nosso favor.

O que a empresa faz para atrair mais pequenas e médias empresas para a plataforma de comércio eletrônico?

Nós sempre estivemos focados em democratizar o varejo. O elo mais difícil era o consumidor que vive longe dos centros urbanos e, por outro lado, os pequenos e médios varejistas, que não tinham capital para ter distribuição de produtos por todo o Brasil ou toda a América Latina. No marketplace, esses sempre foram nossos principais usuários, porque são os que mais se beneficiam dele. Quando tínhamos três ou quatro varejistas que dominavam um mercado, eles não queriam um marketplace. Mas agora todos têm o seu. Como dizem, ‘se não pode vencê-los, junte-se a eles’. Durante 15 anos, éramos os únicos a ter um marketplace. No ano passado, foram mais de 3 milhões de vendedores no Mercado Livre, e hoje temos 2 mil empresas de marcas, que são lojas oficiais, sendo que eram 800 há um ano.

Há uma grande discussão no governo sobre a taxação das compras internacionais. O Mercado Livre também vende produtos de lojistas internacionais. Como o sr. vê essa questão?

Somos uma plataforma que opera em toda a América Latina. Há distintas regulamentações em países como Chile ou México, que têm impostos muito baixos, e, por isso, uma porcentagem muito alta das nossas vendas são de vendedores chineses. No México, isso é 15% do nosso volume. Temos um escritório na China e temos vendedores chineses que anunciam e enviam produtos para o México. Aqui no Brasil, historicamente houve maior proteção aos fabricantes brasileiros. Temos fabricantes brasileiros vendendo produtos no Mercado Livre. Agora, se os impostos (para produtos estrangeiros) caírem, teremos mais vendedores chineses. Como marketplace, nos adaptamos às taxas impositivas que existem em cada país. Cabe ao governo entender se quer fomentar mais o consumo de produtos chineses ou a fabricação local. O marketplace será tratado como é tratado nos diferentes países: atendendo às decisões de cada governo. Acreditamos que deva existir uma base de isonomia de impostos. Na hora em que o imposto vai a zero e vem só o ICMS de 17%, fica uma vantagem para os internacionais. Se não houver isonomia, o Mercado Livre vai trabalhar com fornecedores de fora para servir o mercado.

Como a reforma tributária e o início da trajetória de queda de juros prevista pelo Banco Central afetam o negócio do Mercado Livre?

Com a baixa da Selic, o impacto será positivo para o consumo em geral e isso ajudará no crescimento do varejo online. Mas estamos com taxas de crescimento muito saudáveis. Na reforma tributária, defendemos uma simplificação para gerar mais empreendedorismo, mais negócios.

O caso da Americanas assustou o mercado no começo do ano. O Mercado Livre mudou algo na operação depois que a história veio à tona?

Esse foi um caso atípico. Foi uma fraude. Temos os controles que sempre tivemos e estamos muito tranquilos por não usar nenhuma das práticas que eles usavam.

O que a empresa faz para equilibrar a ambição de ter entregas no mesmo dia ou no dia seguinte com a pressão pelo alto volume de entregas para os entregadores?

Tentamos fazer a maior quantidade de entregas possíveis todos os dias. Passamos de 80% em entregas no prazo de até dois dias. Metade das nossas entregas hoje acontecem no mesmo dia ou no dia seguinte à compra. Com o novo programa de fidelidade Meli+, os consumidores poderão ter frete grátis de produtos de R$ 29,90 ou mais, desde que escolham o dia da entrega. Antes, o frete grátis era apenas para produtos com R$ 79,90.

O volume geral de vendas do Mercado Livre superou US$ 10 bilhões no segundo trimestre de 2023, resultado recorde para a empresa. O crescimento foi puxado pelo aumento de vendas no Brasil e no México, que ultrapassou a Argentina como segundo maior mercado da companhia no mundo. O México deve permanecer como segundo maior mercado ou o país tem potencial de se tornar mais relevante do que o Brasil para o Mercado Livre?

O Brasil é o nosso principal país há mais de 10 anos. O México passou a Argentina há algum tempo. A Argentina tem um tipo de câmbio diferente. Se usamos o paralelo, o tamanho dela é bem maior do que pelo câmbio oficial. Mas o México tem quase duas vezes mais vendas diárias do que a Argentina.

A situação econômica da Argentina tem a ver com a perda da segunda posição na importância de países para a empresa?

Estamos na América Latina há 24 anos e olhamos para todos os países, particularmente para a Argentina, e o Mercado Livre sempre cresceu. Nós fazemos a democratização do varejo e dos serviços financeiros. Com toda a volatilidade econômica, muitas pessoas não têm acesso a serviços financeiros. Com o nosso custo bem mais baixo do que o mercado, podemos dar a elas o acesso a esses serviços. Obviamente, preferimos países com a economia estável, desenvolvida e em crescimento. Mas a verdade é que vimos de tudo nessas mais de duas décadas e seguimos evoluindo muito bem.

O comércio eletrônico é um negócio com margens de lucro apertadas e o crescimento demanda grande volume de investimentos. Como a empresa faz para se manter em crescimento?

Isso é resultado de um trabalho duro ao longo de 24 anos. Um negócio que está crescendo muito e gera boa rentabilidade é a publicidade. Lançamos agora o streaming do Mercado Play, que é gratuito, e a ideia é veicular anúncios nessa plataforma também. Também tivemos um trabalho forte de produtividade de custos em todas as áreas da empresa. Com isso, geramos caixa para reinvestir no negócio.

O plano para avançar em assinaturas do programa de fidelidade prevê a inclusão de mais benefícios?

Sim. O primeiro passo foi baixar o patamar de preço dos envios gratuitos. Adicionamos o aplicativo Deezer (gratuito por 12 meses) junto ao Disney+ e ao Star+ no programa. Também há descontos no HBO Max e no Paramount+.

O Mercado Pago é uma das principais áreas da empresa, com US$ 42 bilhões em pagamentos processados no segundo trimestre. Como a empresa planeja avançar no Brasil e como o Pix afeta essa estratégia?

O Mercado Pago tem ido muito bem, seja para pagamentos online ou offline, nos pontos de venda. O uso de pagamentos entre amigos e serviços públicos têm crescido muito, assim como empréstimos, cartões de crédito e seguros. Nosso sortimento de produtos hoje é o de um banco completo. O Pix tem impacto principalmente no uso do dinheiro, que foi reduzido, e no uso do cartão de débito.

O que esperar do futuro do Mercado Livre?

Há 24 anos, todas as possibilidades de crescimento eram apenas um sonho. Nos primeiros seis anos, tivemos perdas no negócio. Agora, imagino as mesmas possibilidades de crescimento porque as necessidades da América Latina são tão grandes quanto eram no passado, mas nossas capacidades de atendê-las são bem mais reais hoje. Temos 15 mil desenvolvedores, escritórios na América Latina toda, 120 milhões de pessoas usando nossos aplicativos todos os trimestres e a experiência de desenvolver soluções em escala. Vamos seguir com disciplina, controle, sem fraudes, com investimentos, tomando riscos e olhando o longo prazo.

Seguir o modelo de expansão da Amazon, que foi para a computação em nuvem, não inspira vocês?

A Amazon não tem o Mercado Pago, mas tem a AWS, e vice-versa. Não estamos focados na infraestrutura da computação em nuvem, mas em democratizar os pagamentos e o varejo na América Latina. Vemos muitas oportunidades de crescimento nessas áreas.

Quais esforços o Mercado Livre faz para reduzir a pegada de carbono das suas operações, como a logística?

Estamos fazendo um investimento muito grande em caminhonetes elétricas. Esse é o nosso principal foco: ter a maior quantidade possível de distribuição de forma eletrificada. Também temos centros de distribuição que compram energia renovável. Buscamos tratar de que daqui alguns anos toda a distribuição seja eletrificada. Mas hoje há mais demanda do que oferta de caminhonetes e caminhões elétricos. No Brasil e no México, temos 3 mil hectares em cada país para fazer o plantio de flora nativa. Além disso, o varejo online é mais eficiente, e por isso benéfico para o meio ambiente, do que o varejo tradicional.

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Entrevista por Lucas Agrela

Repórter de economia & negócios, pós-graduado em administração e marketing e em mídias digitais.

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