‘Juro só cai quando expectativa de inflação para 2025 for menor que 3,5%’, diz ex-diretor do BC


Para Fabio Kanczuk, comunicado do Copom após a reunião desta quarta-feira foi mais duro do que o esperado

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:
Foto: Leonardo Martins/Divulgação
Entrevista comFabio Kanczuk, Head de macroeconomia da ASA Investments

Ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk avalia que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 21, veio mais duro do que o esperado por não sinalizar uma queda da taxa básica de juros (Selic) em agosto.

Na avaliação dele, o Copom apontou que só deve iniciar um processo de redução dos juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem mais baixas. “Eu não sei se (a queda) vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%”, afirma Kanczuk, atual líder da área de macroeconomia da ASA Investments.

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No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 19, os analistas consultados o projetavam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 em 3,8% — a meta para o ano é de 3%. “(A pressão) Já vai crescer amanhã (pela queda dos juros), porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar.”

Juro só cai quando expectativa de inflação de 2025 estiver abaixo de 3,5%, afirma Fabio Kanczuk Foto: Leonardo Martins/Divulgação

A seguir os principais pontos da entrevista ao Estadão.

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Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

O Copom foi muito mais duro do que as pessoas esperavam. Ele sumiu com as discussões de ter de elevar juros se o cenário piorar, também sumiu com aquele cenário alternativo, de manter juros constantes por um período infinito, super prolongado. Tirou as partes de possíveis elevações de juros. Isso todo mundo esperava. Houve surpresa (no comunicado) na parte em que não dá sinal de que pode reduzir juros em agosto. A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.

Havia espaço para dar essa sinalização de corte em agosto?

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A minha opinião é que o comunicado viria duro. E tem mais algumas observações. O Copom botou o foco nas expectativas longas. As expectativas em 2025 têm de estar próximas da meta, e elas não estão próximas da meta. Elas estão em 3,80%, e a meta em 3%. Tem de estar mais próxima da meta para permitir a queda de juros. O segundo ponto é olhar para as projeções (de inflação) que ele deu no modelo. A projeção para 2023 caiu bastante, foi para 5%, mas a projeção de 2024 não caiu bastante, não caiu proporcionalmente à de 2023.

O que isso quer dizer?

Um sinal de que as projeções mais longas não estão caindo é sugestivo, para mim, que o Banco Central mudou o juro neutro. O juro neutro é aquele juro que não torna nem apertada nem solta a política monetária. Pelo jeito das projeções, eu arrisco dizer que ele está usando um juro neutro mais alto. Isso dá um sinal de que, quando ele (BC) diminuir o juro, ele não vai poder reduzir tanto assim. Você está indo para um mundo onde o juro é mais alto. Mesmo quando a política monetária deixar de ser restritiva, ela vai para um nível mais alto do que se pensava antes.

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O sr. espera uma queda em setembro?

Eu não sei se vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%. É a minha opinião. Agora, eu não sei quando isso vai acontecer. Se acontecer em agosto, já pode reduzir em agosto. Se acontecer em setembro, reduz em setembro. Se não acontecer em setembro, nem em setembro reduz. Estou vinculado tudo a como vão estar as expectativas de inflação de 2025. Elas vão estar altas ou vão estar baixa? É baseado nisso que eu acho que ele vai reduzir juros ou não.

Se não reduzir nas próximas reuniões, como fica essa pressão para queda dos juros?

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Ela (pressão) já vai crescer amanhã, porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar. O comitê é super treinado para ser técnico, a escutar as opiniões da sociedade e do Congresso, que são legítimas, mas, no fim, a tomar uma decisão com base em questões técnicas. As opiniões não vão forçar o Banco Central a reduzir o juro como também não vão criar uma sensação de que ele não pode reduzir o juro. O Copom tem maturidade — e tenho certeza disso por já ter visto como todos os membros reagem — de ser técnico e atuar conforme o mandato. As opiniões são escutadas, mas não causam redução nem alta de juro.

Ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk avalia que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 21, veio mais duro do que o esperado por não sinalizar uma queda da taxa básica de juros (Selic) em agosto.

Na avaliação dele, o Copom apontou que só deve iniciar um processo de redução dos juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem mais baixas. “Eu não sei se (a queda) vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%”, afirma Kanczuk, atual líder da área de macroeconomia da ASA Investments.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 19, os analistas consultados o projetavam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 em 3,8% — a meta para o ano é de 3%. “(A pressão) Já vai crescer amanhã (pela queda dos juros), porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar.”

Juro só cai quando expectativa de inflação de 2025 estiver abaixo de 3,5%, afirma Fabio Kanczuk Foto: Leonardo Martins/Divulgação

A seguir os principais pontos da entrevista ao Estadão.

Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

O Copom foi muito mais duro do que as pessoas esperavam. Ele sumiu com as discussões de ter de elevar juros se o cenário piorar, também sumiu com aquele cenário alternativo, de manter juros constantes por um período infinito, super prolongado. Tirou as partes de possíveis elevações de juros. Isso todo mundo esperava. Houve surpresa (no comunicado) na parte em que não dá sinal de que pode reduzir juros em agosto. A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.

Havia espaço para dar essa sinalização de corte em agosto?

A minha opinião é que o comunicado viria duro. E tem mais algumas observações. O Copom botou o foco nas expectativas longas. As expectativas em 2025 têm de estar próximas da meta, e elas não estão próximas da meta. Elas estão em 3,80%, e a meta em 3%. Tem de estar mais próxima da meta para permitir a queda de juros. O segundo ponto é olhar para as projeções (de inflação) que ele deu no modelo. A projeção para 2023 caiu bastante, foi para 5%, mas a projeção de 2024 não caiu bastante, não caiu proporcionalmente à de 2023.

O que isso quer dizer?

Um sinal de que as projeções mais longas não estão caindo é sugestivo, para mim, que o Banco Central mudou o juro neutro. O juro neutro é aquele juro que não torna nem apertada nem solta a política monetária. Pelo jeito das projeções, eu arrisco dizer que ele está usando um juro neutro mais alto. Isso dá um sinal de que, quando ele (BC) diminuir o juro, ele não vai poder reduzir tanto assim. Você está indo para um mundo onde o juro é mais alto. Mesmo quando a política monetária deixar de ser restritiva, ela vai para um nível mais alto do que se pensava antes.

O sr. espera uma queda em setembro?

Eu não sei se vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%. É a minha opinião. Agora, eu não sei quando isso vai acontecer. Se acontecer em agosto, já pode reduzir em agosto. Se acontecer em setembro, reduz em setembro. Se não acontecer em setembro, nem em setembro reduz. Estou vinculado tudo a como vão estar as expectativas de inflação de 2025. Elas vão estar altas ou vão estar baixa? É baseado nisso que eu acho que ele vai reduzir juros ou não.

Se não reduzir nas próximas reuniões, como fica essa pressão para queda dos juros?

Ela (pressão) já vai crescer amanhã, porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar. O comitê é super treinado para ser técnico, a escutar as opiniões da sociedade e do Congresso, que são legítimas, mas, no fim, a tomar uma decisão com base em questões técnicas. As opiniões não vão forçar o Banco Central a reduzir o juro como também não vão criar uma sensação de que ele não pode reduzir o juro. O Copom tem maturidade — e tenho certeza disso por já ter visto como todos os membros reagem — de ser técnico e atuar conforme o mandato. As opiniões são escutadas, mas não causam redução nem alta de juro.

Ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk avalia que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 21, veio mais duro do que o esperado por não sinalizar uma queda da taxa básica de juros (Selic) em agosto.

Na avaliação dele, o Copom apontou que só deve iniciar um processo de redução dos juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem mais baixas. “Eu não sei se (a queda) vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%”, afirma Kanczuk, atual líder da área de macroeconomia da ASA Investments.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 19, os analistas consultados o projetavam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 em 3,8% — a meta para o ano é de 3%. “(A pressão) Já vai crescer amanhã (pela queda dos juros), porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar.”

Juro só cai quando expectativa de inflação de 2025 estiver abaixo de 3,5%, afirma Fabio Kanczuk Foto: Leonardo Martins/Divulgação

A seguir os principais pontos da entrevista ao Estadão.

Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

O Copom foi muito mais duro do que as pessoas esperavam. Ele sumiu com as discussões de ter de elevar juros se o cenário piorar, também sumiu com aquele cenário alternativo, de manter juros constantes por um período infinito, super prolongado. Tirou as partes de possíveis elevações de juros. Isso todo mundo esperava. Houve surpresa (no comunicado) na parte em que não dá sinal de que pode reduzir juros em agosto. A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.

Havia espaço para dar essa sinalização de corte em agosto?

A minha opinião é que o comunicado viria duro. E tem mais algumas observações. O Copom botou o foco nas expectativas longas. As expectativas em 2025 têm de estar próximas da meta, e elas não estão próximas da meta. Elas estão em 3,80%, e a meta em 3%. Tem de estar mais próxima da meta para permitir a queda de juros. O segundo ponto é olhar para as projeções (de inflação) que ele deu no modelo. A projeção para 2023 caiu bastante, foi para 5%, mas a projeção de 2024 não caiu bastante, não caiu proporcionalmente à de 2023.

O que isso quer dizer?

Um sinal de que as projeções mais longas não estão caindo é sugestivo, para mim, que o Banco Central mudou o juro neutro. O juro neutro é aquele juro que não torna nem apertada nem solta a política monetária. Pelo jeito das projeções, eu arrisco dizer que ele está usando um juro neutro mais alto. Isso dá um sinal de que, quando ele (BC) diminuir o juro, ele não vai poder reduzir tanto assim. Você está indo para um mundo onde o juro é mais alto. Mesmo quando a política monetária deixar de ser restritiva, ela vai para um nível mais alto do que se pensava antes.

O sr. espera uma queda em setembro?

Eu não sei se vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%. É a minha opinião. Agora, eu não sei quando isso vai acontecer. Se acontecer em agosto, já pode reduzir em agosto. Se acontecer em setembro, reduz em setembro. Se não acontecer em setembro, nem em setembro reduz. Estou vinculado tudo a como vão estar as expectativas de inflação de 2025. Elas vão estar altas ou vão estar baixa? É baseado nisso que eu acho que ele vai reduzir juros ou não.

Se não reduzir nas próximas reuniões, como fica essa pressão para queda dos juros?

Ela (pressão) já vai crescer amanhã, porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar. O comitê é super treinado para ser técnico, a escutar as opiniões da sociedade e do Congresso, que são legítimas, mas, no fim, a tomar uma decisão com base em questões técnicas. As opiniões não vão forçar o Banco Central a reduzir o juro como também não vão criar uma sensação de que ele não pode reduzir o juro. O Copom tem maturidade — e tenho certeza disso por já ter visto como todos os membros reagem — de ser técnico e atuar conforme o mandato. As opiniões são escutadas, mas não causam redução nem alta de juro.

Ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk avalia que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 21, veio mais duro do que o esperado por não sinalizar uma queda da taxa básica de juros (Selic) em agosto.

Na avaliação dele, o Copom apontou que só deve iniciar um processo de redução dos juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem mais baixas. “Eu não sei se (a queda) vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%”, afirma Kanczuk, atual líder da área de macroeconomia da ASA Investments.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 19, os analistas consultados o projetavam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 em 3,8% — a meta para o ano é de 3%. “(A pressão) Já vai crescer amanhã (pela queda dos juros), porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar.”

Juro só cai quando expectativa de inflação de 2025 estiver abaixo de 3,5%, afirma Fabio Kanczuk Foto: Leonardo Martins/Divulgação

A seguir os principais pontos da entrevista ao Estadão.

Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

O Copom foi muito mais duro do que as pessoas esperavam. Ele sumiu com as discussões de ter de elevar juros se o cenário piorar, também sumiu com aquele cenário alternativo, de manter juros constantes por um período infinito, super prolongado. Tirou as partes de possíveis elevações de juros. Isso todo mundo esperava. Houve surpresa (no comunicado) na parte em que não dá sinal de que pode reduzir juros em agosto. A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.

Havia espaço para dar essa sinalização de corte em agosto?

A minha opinião é que o comunicado viria duro. E tem mais algumas observações. O Copom botou o foco nas expectativas longas. As expectativas em 2025 têm de estar próximas da meta, e elas não estão próximas da meta. Elas estão em 3,80%, e a meta em 3%. Tem de estar mais próxima da meta para permitir a queda de juros. O segundo ponto é olhar para as projeções (de inflação) que ele deu no modelo. A projeção para 2023 caiu bastante, foi para 5%, mas a projeção de 2024 não caiu bastante, não caiu proporcionalmente à de 2023.

O que isso quer dizer?

Um sinal de que as projeções mais longas não estão caindo é sugestivo, para mim, que o Banco Central mudou o juro neutro. O juro neutro é aquele juro que não torna nem apertada nem solta a política monetária. Pelo jeito das projeções, eu arrisco dizer que ele está usando um juro neutro mais alto. Isso dá um sinal de que, quando ele (BC) diminuir o juro, ele não vai poder reduzir tanto assim. Você está indo para um mundo onde o juro é mais alto. Mesmo quando a política monetária deixar de ser restritiva, ela vai para um nível mais alto do que se pensava antes.

O sr. espera uma queda em setembro?

Eu não sei se vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%. É a minha opinião. Agora, eu não sei quando isso vai acontecer. Se acontecer em agosto, já pode reduzir em agosto. Se acontecer em setembro, reduz em setembro. Se não acontecer em setembro, nem em setembro reduz. Estou vinculado tudo a como vão estar as expectativas de inflação de 2025. Elas vão estar altas ou vão estar baixa? É baseado nisso que eu acho que ele vai reduzir juros ou não.

Se não reduzir nas próximas reuniões, como fica essa pressão para queda dos juros?

Ela (pressão) já vai crescer amanhã, porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar. O comitê é super treinado para ser técnico, a escutar as opiniões da sociedade e do Congresso, que são legítimas, mas, no fim, a tomar uma decisão com base em questões técnicas. As opiniões não vão forçar o Banco Central a reduzir o juro como também não vão criar uma sensação de que ele não pode reduzir o juro. O Copom tem maturidade — e tenho certeza disso por já ter visto como todos os membros reagem — de ser técnico e atuar conforme o mandato. As opiniões são escutadas, mas não causam redução nem alta de juro.

Ex-diretor do Banco Central, Fabio Kanczuk avalia que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 21, veio mais duro do que o esperado por não sinalizar uma queda da taxa básica de juros (Selic) em agosto.

Na avaliação dele, o Copom apontou que só deve iniciar um processo de redução dos juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem mais baixas. “Eu não sei se (a queda) vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%”, afirma Kanczuk, atual líder da área de macroeconomia da ASA Investments.

No último relatório Focus, divulgado na segunda-feira, 19, os analistas consultados o projetavam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 em 3,8% — a meta para o ano é de 3%. “(A pressão) Já vai crescer amanhã (pela queda dos juros), porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar.”

Juro só cai quando expectativa de inflação de 2025 estiver abaixo de 3,5%, afirma Fabio Kanczuk Foto: Leonardo Martins/Divulgação

A seguir os principais pontos da entrevista ao Estadão.

Como o sr. avalia o comunicado do Copom?

O Copom foi muito mais duro do que as pessoas esperavam. Ele sumiu com as discussões de ter de elevar juros se o cenário piorar, também sumiu com aquele cenário alternativo, de manter juros constantes por um período infinito, super prolongado. Tirou as partes de possíveis elevações de juros. Isso todo mundo esperava. Houve surpresa (no comunicado) na parte em que não dá sinal de que pode reduzir juros em agosto. A mediana das pessoas estava esperando alguma sinalização de que haveria um movimento para baixo em agosto, mas (o BC) não deu sinal nenhum.

Havia espaço para dar essa sinalização de corte em agosto?

A minha opinião é que o comunicado viria duro. E tem mais algumas observações. O Copom botou o foco nas expectativas longas. As expectativas em 2025 têm de estar próximas da meta, e elas não estão próximas da meta. Elas estão em 3,80%, e a meta em 3%. Tem de estar mais próxima da meta para permitir a queda de juros. O segundo ponto é olhar para as projeções (de inflação) que ele deu no modelo. A projeção para 2023 caiu bastante, foi para 5%, mas a projeção de 2024 não caiu bastante, não caiu proporcionalmente à de 2023.

O que isso quer dizer?

Um sinal de que as projeções mais longas não estão caindo é sugestivo, para mim, que o Banco Central mudou o juro neutro. O juro neutro é aquele juro que não torna nem apertada nem solta a política monetária. Pelo jeito das projeções, eu arrisco dizer que ele está usando um juro neutro mais alto. Isso dá um sinal de que, quando ele (BC) diminuir o juro, ele não vai poder reduzir tanto assim. Você está indo para um mundo onde o juro é mais alto. Mesmo quando a política monetária deixar de ser restritiva, ela vai para um nível mais alto do que se pensava antes.

O sr. espera uma queda em setembro?

Eu não sei se vai ser em setembro ou não. Eu acho que ele só vai reduzir os juros quando as expectativas de inflação para 2025 estiverem menores do que 3,5%. É a minha opinião. Agora, eu não sei quando isso vai acontecer. Se acontecer em agosto, já pode reduzir em agosto. Se acontecer em setembro, reduz em setembro. Se não acontecer em setembro, nem em setembro reduz. Estou vinculado tudo a como vão estar as expectativas de inflação de 2025. Elas vão estar altas ou vão estar baixa? É baseado nisso que eu acho que ele vai reduzir juros ou não.

Se não reduzir nas próximas reuniões, como fica essa pressão para queda dos juros?

Ela (pressão) já vai crescer amanhã, porque não tem sinalização de que vai cair em agosto. Esta semana vamos ver a temperatura aumentar. O comitê é super treinado para ser técnico, a escutar as opiniões da sociedade e do Congresso, que são legítimas, mas, no fim, a tomar uma decisão com base em questões técnicas. As opiniões não vão forçar o Banco Central a reduzir o juro como também não vão criar uma sensação de que ele não pode reduzir o juro. O Copom tem maturidade — e tenho certeza disso por já ter visto como todos os membros reagem — de ser técnico e atuar conforme o mandato. As opiniões são escutadas, mas não causam redução nem alta de juro.

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