‘Estamos chegando ao formato final do plano de recuperação judicial’, diz CEO da Americanas


Segundo Leonardo Coelho, conversa com credores tem sido ‘bastante boa’ e expectativa é que maior parte ‘embarque’ em proposta da empresa

Por Matheus Piovesana, Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt
Foto: Divulgação/Americanas
Entrevista comLeonardo CoelhoCEO da Americanas

A Americanas está próxima de fechar o plano de recuperação judicial com os credores, e discute apenas pontos do acordo que vai regê-lo. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, afirma que os números, como o do aporte de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, não mudarão.

“Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial”, afirmou ele ao Estadão/Broadcast. O executivo acaba de apresentar os números da empresa nos anos de 2021 e 2022, já com a contabilização da fraude bilionária que levou a Americanas à recuperação judicial.

Coelho afirmou que as vendas do Hortifrúti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co ainda podem acontecer, mas que para isso, a Americanas buscará propostas com preços adequados. “Fizemos um ‘market sound’ (sondagem), que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso”, disse.

continua após a publicidade

Enquanto as discussões sobre o plano chegam à etapa final, a empresa avança na reformulação de sua atuação, que deve levá-la aos indicadores que prometeu entregar ao mercado em 2025. Segundo Coelho, a Americanas vai inverter a lógica do que apresentou aos investidores na última década: sua força será o canal físico, complementado pelas vendas do online, e não o contrário.

“Nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro”, disse ele sobre a operação de varejo virtual da companhia. Daqui em diante, a Americanas oferecerá no estoque próprio do site o mesmo tipo de produto que vende nas lojas. O restante virá dos vendedores parceiros, em um modelo que a companhia acredita que será mais rentável.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

continua após a publicidade

Os credores financeiros estão totalmente de acordo com as condições do plano?

A minha experiência diz que totalmente de acordo eles só vão estar quando fizerem a votação na assembleia. Tirando esse conservadorismo quase que profissional, a conversa com todos eles tem sido bastante boa nas últimas duas semanas e estamos chegando a um formato final. Devemos ter a maior parte deles embarcada até o fim do trabalho.

Lojas Americanas está no processo de recuperação judicial desde janeiro Foto: PEDRO KIRILOS / Estadão Conteúdo 
continua após a publicidade

As divergências relativas a valores e condições de pagamento dos credores já estão pacificadas com os grandes credores, os bancos?

Está pacificado e na assembleia (geral de credores), por tudo o que temos hoje, o plano vai ser ratificado pelos credores. Basicamente, é isso. Obviamente, tenho de fazer essa ressalva, dentro de uma recuperação judicial não se consegue pagar todo mundo, então obviamente que tem gente que não foi contemplada com o melhor desenho possível, portanto não vai ter aprovação de 100%. Mas é um plano que está mais alinhado com os credores do que no passado.

Pode haver modificações em relação ao plano apresentado? Quais os pontos pendentes?

continua após a publicidade

Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial. A mecânica financeira e os passos do plano de recuperação judicial estão acertados. O que está faltando nesse momento é a redação jurídica das cláusulas.

Vocês esperam uma aprovação em Assembleia Geral de Credores (AGC) até o final do ano, mas ouvimos que talvez a AGC vá para o ano que vem. Tem uma chance grande disso acontecer?

Não trabalhamos com outro cenário que não seja a realização da AGC neste ano.

continua após a publicidade

Vocês soltaram comunicado sobre a desistência da venda da Hortifrúti e da Uni.co. Foi basicamente por preço?

Sim. Fizemos um market sound, que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso. Estamos com a liquidez equilibrada, e com o plano de recuperação judicial aprovado, essa liquidez continua equilibrada para o médio e longo prazo e, portanto, não há necessidade de fazer uma queima de ativo.

continua após a publicidade

Ou seja, não é uma decisão definitiva?

O plano de recuperação conta que HNT e Uni.co são ativos que estarão à venda caso haja um preço adequado.

Um preço adequado seria por volta de R$ 1 bilhão para Hortifrúti?

O que está escrito no plano de recuperação judicial é que o primeiro R$ 1 bilhão vai para os credores. O que sobejar (ultrapassar) esse valor vai para a companhia, da soma de HNT, Uni.co e aeronave.

O Citi continua com mandato para fazer as vendas?

Continua.

Os números de 2023 podem provocar mudanças no plano?

Não vai mudar, não tem a capacidade de mudar nada das discussões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 nós devemos apresentar rápido, até o final de dezembro. Todo o plano de recuperação judicial está ancorado nas demonstrações financeiras de 2021 e 2022, que tínhamos a obrigação de apresentar para que o mercado tivesse a segurança de que a fraude estava toda ali dentro, e no plano de longo prazo, de 2025 em diante.

Olhando para Americanas à frente, a estratégia de mudança no digital já começou?

A estratégia de mudança no estoque do digital já começou. A recuperação judicial causou um choque no digital e uma preocupação natural se Americanas seria capaz de entregar e da mesma forma será que fará o repasse. Tendo a notícia ruim desse primeiro impacto, isso nos proporcionou a oportunidade de fazer mudanças mais rápido também. Já está em andamento essa estratégia e temos vários fornecedores que já migraram para essa estratégia.

Isso levou vocês a fazer algum tipo de liquidação, queima de estoque de produtos?

Sim, tínhamos produtos em nosso estoque e viemos fazendo programas de liquidação inteligente desse estoque desde junho deste ano.

Sobre o papel das lojas físicas na estratégia da Americanas, parece que a lógica foi invertida agora e elas ganham peso. É uma volta da Americana às origens, ao básico?

É uma volta às origens, sim. Lá atrás, o desenho que foi colocado era para ganhar tamanho, dentro da premissa que o mercado digital seria aquele em que o vencedor leva tudo. E havia uma guerra dentro do mercado brasileiro, entre Mercado Livre, Americanas e talvez um pouco de Amazon. Nesse desenho, a Americanas seguiu fazendo uma estratégia de gastos relevantes em marketing, especialmente para gerar tráfico inorgânico para dentro de seu “marketplace” digital, para vender produtos de margem muito baixa, em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Quando se somava tudo isso, o resultado era que nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro. É isso que estamos revertendo hoje, essa campanha para ser uma vencedora desse mercado em que o vencedor leva tudo. A fortaleza do nosso digital é outra, é dar para os mais de 50 milhões de clientes da Americanas a capacidade de estender sua jornada de consumo da loja física para a loja digital. Se um consumidor nosso quer comprar móvel e pneu, itens que não temos em loja física, ele pode continuar comprando na Americanas no nosso marketplace.

Ainda sobre a retomada da venda de ativos, o fator decisivo será o preço ou estão condicionadas no plano de RJ?

Não tem valor mínimo. Mas obviamente a decisão de venda é da companhia. Esse conceito de que tem que ter um valor justo para os ativos, já está acordado com todos os credores.

Havia muitas dúvidas sobre a viabilidade operacional da Americanas antes da publicação dos balanços. A Americanas é viável?

Dividimos a apresentação aos analistas hoje em três partes. A primeira mostrando a dificuldade operacional que tem uma empresa que gera R$ 13 bilhões de prejuízos em 2022. Essa dificuldade, sob a ótica da estrutura de capital, será resolvida no plano de recuperação judicial. E ninguém coloca R$ 24 bilhões em uma empresa que vai falir. Do ponto de vista da estrutura de capital, essa resposta vem com a aprovação do plano. Do ponto de vista da operação, o plano é agressivo sim. Mas não no que se refere à capacidade de venda, e sim no que se refere à capacidade de vender com margem. As vendas são até conservadoras e tudo aquilo que envolve a nossa operação, ou seja, que está dentro do nosso telhado com a nova capacidade de execução, é agressivo. Todo mundo aqui dentro acredita que é capaz de entregar os resultados que foram colocados ali dentro.

A Americanas está próxima de fechar o plano de recuperação judicial com os credores, e discute apenas pontos do acordo que vai regê-lo. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, afirma que os números, como o do aporte de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, não mudarão.

“Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial”, afirmou ele ao Estadão/Broadcast. O executivo acaba de apresentar os números da empresa nos anos de 2021 e 2022, já com a contabilização da fraude bilionária que levou a Americanas à recuperação judicial.

Coelho afirmou que as vendas do Hortifrúti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co ainda podem acontecer, mas que para isso, a Americanas buscará propostas com preços adequados. “Fizemos um ‘market sound’ (sondagem), que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso”, disse.

Enquanto as discussões sobre o plano chegam à etapa final, a empresa avança na reformulação de sua atuação, que deve levá-la aos indicadores que prometeu entregar ao mercado em 2025. Segundo Coelho, a Americanas vai inverter a lógica do que apresentou aos investidores na última década: sua força será o canal físico, complementado pelas vendas do online, e não o contrário.

“Nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro”, disse ele sobre a operação de varejo virtual da companhia. Daqui em diante, a Americanas oferecerá no estoque próprio do site o mesmo tipo de produto que vende nas lojas. O restante virá dos vendedores parceiros, em um modelo que a companhia acredita que será mais rentável.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Os credores financeiros estão totalmente de acordo com as condições do plano?

A minha experiência diz que totalmente de acordo eles só vão estar quando fizerem a votação na assembleia. Tirando esse conservadorismo quase que profissional, a conversa com todos eles tem sido bastante boa nas últimas duas semanas e estamos chegando a um formato final. Devemos ter a maior parte deles embarcada até o fim do trabalho.

Lojas Americanas está no processo de recuperação judicial desde janeiro Foto: PEDRO KIRILOS / Estadão Conteúdo 

As divergências relativas a valores e condições de pagamento dos credores já estão pacificadas com os grandes credores, os bancos?

Está pacificado e na assembleia (geral de credores), por tudo o que temos hoje, o plano vai ser ratificado pelos credores. Basicamente, é isso. Obviamente, tenho de fazer essa ressalva, dentro de uma recuperação judicial não se consegue pagar todo mundo, então obviamente que tem gente que não foi contemplada com o melhor desenho possível, portanto não vai ter aprovação de 100%. Mas é um plano que está mais alinhado com os credores do que no passado.

Pode haver modificações em relação ao plano apresentado? Quais os pontos pendentes?

Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial. A mecânica financeira e os passos do plano de recuperação judicial estão acertados. O que está faltando nesse momento é a redação jurídica das cláusulas.

Vocês esperam uma aprovação em Assembleia Geral de Credores (AGC) até o final do ano, mas ouvimos que talvez a AGC vá para o ano que vem. Tem uma chance grande disso acontecer?

Não trabalhamos com outro cenário que não seja a realização da AGC neste ano.

Vocês soltaram comunicado sobre a desistência da venda da Hortifrúti e da Uni.co. Foi basicamente por preço?

Sim. Fizemos um market sound, que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso. Estamos com a liquidez equilibrada, e com o plano de recuperação judicial aprovado, essa liquidez continua equilibrada para o médio e longo prazo e, portanto, não há necessidade de fazer uma queima de ativo.

Ou seja, não é uma decisão definitiva?

O plano de recuperação conta que HNT e Uni.co são ativos que estarão à venda caso haja um preço adequado.

Um preço adequado seria por volta de R$ 1 bilhão para Hortifrúti?

O que está escrito no plano de recuperação judicial é que o primeiro R$ 1 bilhão vai para os credores. O que sobejar (ultrapassar) esse valor vai para a companhia, da soma de HNT, Uni.co e aeronave.

O Citi continua com mandato para fazer as vendas?

Continua.

Os números de 2023 podem provocar mudanças no plano?

Não vai mudar, não tem a capacidade de mudar nada das discussões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 nós devemos apresentar rápido, até o final de dezembro. Todo o plano de recuperação judicial está ancorado nas demonstrações financeiras de 2021 e 2022, que tínhamos a obrigação de apresentar para que o mercado tivesse a segurança de que a fraude estava toda ali dentro, e no plano de longo prazo, de 2025 em diante.

Olhando para Americanas à frente, a estratégia de mudança no digital já começou?

A estratégia de mudança no estoque do digital já começou. A recuperação judicial causou um choque no digital e uma preocupação natural se Americanas seria capaz de entregar e da mesma forma será que fará o repasse. Tendo a notícia ruim desse primeiro impacto, isso nos proporcionou a oportunidade de fazer mudanças mais rápido também. Já está em andamento essa estratégia e temos vários fornecedores que já migraram para essa estratégia.

Isso levou vocês a fazer algum tipo de liquidação, queima de estoque de produtos?

Sim, tínhamos produtos em nosso estoque e viemos fazendo programas de liquidação inteligente desse estoque desde junho deste ano.

Sobre o papel das lojas físicas na estratégia da Americanas, parece que a lógica foi invertida agora e elas ganham peso. É uma volta da Americana às origens, ao básico?

É uma volta às origens, sim. Lá atrás, o desenho que foi colocado era para ganhar tamanho, dentro da premissa que o mercado digital seria aquele em que o vencedor leva tudo. E havia uma guerra dentro do mercado brasileiro, entre Mercado Livre, Americanas e talvez um pouco de Amazon. Nesse desenho, a Americanas seguiu fazendo uma estratégia de gastos relevantes em marketing, especialmente para gerar tráfico inorgânico para dentro de seu “marketplace” digital, para vender produtos de margem muito baixa, em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Quando se somava tudo isso, o resultado era que nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro. É isso que estamos revertendo hoje, essa campanha para ser uma vencedora desse mercado em que o vencedor leva tudo. A fortaleza do nosso digital é outra, é dar para os mais de 50 milhões de clientes da Americanas a capacidade de estender sua jornada de consumo da loja física para a loja digital. Se um consumidor nosso quer comprar móvel e pneu, itens que não temos em loja física, ele pode continuar comprando na Americanas no nosso marketplace.

Ainda sobre a retomada da venda de ativos, o fator decisivo será o preço ou estão condicionadas no plano de RJ?

Não tem valor mínimo. Mas obviamente a decisão de venda é da companhia. Esse conceito de que tem que ter um valor justo para os ativos, já está acordado com todos os credores.

Havia muitas dúvidas sobre a viabilidade operacional da Americanas antes da publicação dos balanços. A Americanas é viável?

Dividimos a apresentação aos analistas hoje em três partes. A primeira mostrando a dificuldade operacional que tem uma empresa que gera R$ 13 bilhões de prejuízos em 2022. Essa dificuldade, sob a ótica da estrutura de capital, será resolvida no plano de recuperação judicial. E ninguém coloca R$ 24 bilhões em uma empresa que vai falir. Do ponto de vista da estrutura de capital, essa resposta vem com a aprovação do plano. Do ponto de vista da operação, o plano é agressivo sim. Mas não no que se refere à capacidade de venda, e sim no que se refere à capacidade de vender com margem. As vendas são até conservadoras e tudo aquilo que envolve a nossa operação, ou seja, que está dentro do nosso telhado com a nova capacidade de execução, é agressivo. Todo mundo aqui dentro acredita que é capaz de entregar os resultados que foram colocados ali dentro.

A Americanas está próxima de fechar o plano de recuperação judicial com os credores, e discute apenas pontos do acordo que vai regê-lo. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, afirma que os números, como o do aporte de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, não mudarão.

“Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial”, afirmou ele ao Estadão/Broadcast. O executivo acaba de apresentar os números da empresa nos anos de 2021 e 2022, já com a contabilização da fraude bilionária que levou a Americanas à recuperação judicial.

Coelho afirmou que as vendas do Hortifrúti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co ainda podem acontecer, mas que para isso, a Americanas buscará propostas com preços adequados. “Fizemos um ‘market sound’ (sondagem), que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso”, disse.

Enquanto as discussões sobre o plano chegam à etapa final, a empresa avança na reformulação de sua atuação, que deve levá-la aos indicadores que prometeu entregar ao mercado em 2025. Segundo Coelho, a Americanas vai inverter a lógica do que apresentou aos investidores na última década: sua força será o canal físico, complementado pelas vendas do online, e não o contrário.

“Nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro”, disse ele sobre a operação de varejo virtual da companhia. Daqui em diante, a Americanas oferecerá no estoque próprio do site o mesmo tipo de produto que vende nas lojas. O restante virá dos vendedores parceiros, em um modelo que a companhia acredita que será mais rentável.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Os credores financeiros estão totalmente de acordo com as condições do plano?

A minha experiência diz que totalmente de acordo eles só vão estar quando fizerem a votação na assembleia. Tirando esse conservadorismo quase que profissional, a conversa com todos eles tem sido bastante boa nas últimas duas semanas e estamos chegando a um formato final. Devemos ter a maior parte deles embarcada até o fim do trabalho.

Lojas Americanas está no processo de recuperação judicial desde janeiro Foto: PEDRO KIRILOS / Estadão Conteúdo 

As divergências relativas a valores e condições de pagamento dos credores já estão pacificadas com os grandes credores, os bancos?

Está pacificado e na assembleia (geral de credores), por tudo o que temos hoje, o plano vai ser ratificado pelos credores. Basicamente, é isso. Obviamente, tenho de fazer essa ressalva, dentro de uma recuperação judicial não se consegue pagar todo mundo, então obviamente que tem gente que não foi contemplada com o melhor desenho possível, portanto não vai ter aprovação de 100%. Mas é um plano que está mais alinhado com os credores do que no passado.

Pode haver modificações em relação ao plano apresentado? Quais os pontos pendentes?

Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial. A mecânica financeira e os passos do plano de recuperação judicial estão acertados. O que está faltando nesse momento é a redação jurídica das cláusulas.

Vocês esperam uma aprovação em Assembleia Geral de Credores (AGC) até o final do ano, mas ouvimos que talvez a AGC vá para o ano que vem. Tem uma chance grande disso acontecer?

Não trabalhamos com outro cenário que não seja a realização da AGC neste ano.

Vocês soltaram comunicado sobre a desistência da venda da Hortifrúti e da Uni.co. Foi basicamente por preço?

Sim. Fizemos um market sound, que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso. Estamos com a liquidez equilibrada, e com o plano de recuperação judicial aprovado, essa liquidez continua equilibrada para o médio e longo prazo e, portanto, não há necessidade de fazer uma queima de ativo.

Ou seja, não é uma decisão definitiva?

O plano de recuperação conta que HNT e Uni.co são ativos que estarão à venda caso haja um preço adequado.

Um preço adequado seria por volta de R$ 1 bilhão para Hortifrúti?

O que está escrito no plano de recuperação judicial é que o primeiro R$ 1 bilhão vai para os credores. O que sobejar (ultrapassar) esse valor vai para a companhia, da soma de HNT, Uni.co e aeronave.

O Citi continua com mandato para fazer as vendas?

Continua.

Os números de 2023 podem provocar mudanças no plano?

Não vai mudar, não tem a capacidade de mudar nada das discussões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 nós devemos apresentar rápido, até o final de dezembro. Todo o plano de recuperação judicial está ancorado nas demonstrações financeiras de 2021 e 2022, que tínhamos a obrigação de apresentar para que o mercado tivesse a segurança de que a fraude estava toda ali dentro, e no plano de longo prazo, de 2025 em diante.

Olhando para Americanas à frente, a estratégia de mudança no digital já começou?

A estratégia de mudança no estoque do digital já começou. A recuperação judicial causou um choque no digital e uma preocupação natural se Americanas seria capaz de entregar e da mesma forma será que fará o repasse. Tendo a notícia ruim desse primeiro impacto, isso nos proporcionou a oportunidade de fazer mudanças mais rápido também. Já está em andamento essa estratégia e temos vários fornecedores que já migraram para essa estratégia.

Isso levou vocês a fazer algum tipo de liquidação, queima de estoque de produtos?

Sim, tínhamos produtos em nosso estoque e viemos fazendo programas de liquidação inteligente desse estoque desde junho deste ano.

Sobre o papel das lojas físicas na estratégia da Americanas, parece que a lógica foi invertida agora e elas ganham peso. É uma volta da Americana às origens, ao básico?

É uma volta às origens, sim. Lá atrás, o desenho que foi colocado era para ganhar tamanho, dentro da premissa que o mercado digital seria aquele em que o vencedor leva tudo. E havia uma guerra dentro do mercado brasileiro, entre Mercado Livre, Americanas e talvez um pouco de Amazon. Nesse desenho, a Americanas seguiu fazendo uma estratégia de gastos relevantes em marketing, especialmente para gerar tráfico inorgânico para dentro de seu “marketplace” digital, para vender produtos de margem muito baixa, em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Quando se somava tudo isso, o resultado era que nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro. É isso que estamos revertendo hoje, essa campanha para ser uma vencedora desse mercado em que o vencedor leva tudo. A fortaleza do nosso digital é outra, é dar para os mais de 50 milhões de clientes da Americanas a capacidade de estender sua jornada de consumo da loja física para a loja digital. Se um consumidor nosso quer comprar móvel e pneu, itens que não temos em loja física, ele pode continuar comprando na Americanas no nosso marketplace.

Ainda sobre a retomada da venda de ativos, o fator decisivo será o preço ou estão condicionadas no plano de RJ?

Não tem valor mínimo. Mas obviamente a decisão de venda é da companhia. Esse conceito de que tem que ter um valor justo para os ativos, já está acordado com todos os credores.

Havia muitas dúvidas sobre a viabilidade operacional da Americanas antes da publicação dos balanços. A Americanas é viável?

Dividimos a apresentação aos analistas hoje em três partes. A primeira mostrando a dificuldade operacional que tem uma empresa que gera R$ 13 bilhões de prejuízos em 2022. Essa dificuldade, sob a ótica da estrutura de capital, será resolvida no plano de recuperação judicial. E ninguém coloca R$ 24 bilhões em uma empresa que vai falir. Do ponto de vista da estrutura de capital, essa resposta vem com a aprovação do plano. Do ponto de vista da operação, o plano é agressivo sim. Mas não no que se refere à capacidade de venda, e sim no que se refere à capacidade de vender com margem. As vendas são até conservadoras e tudo aquilo que envolve a nossa operação, ou seja, que está dentro do nosso telhado com a nova capacidade de execução, é agressivo. Todo mundo aqui dentro acredita que é capaz de entregar os resultados que foram colocados ali dentro.

A Americanas está próxima de fechar o plano de recuperação judicial com os credores, e discute apenas pontos do acordo que vai regê-lo. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, afirma que os números, como o do aporte de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, não mudarão.

“Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial”, afirmou ele ao Estadão/Broadcast. O executivo acaba de apresentar os números da empresa nos anos de 2021 e 2022, já com a contabilização da fraude bilionária que levou a Americanas à recuperação judicial.

Coelho afirmou que as vendas do Hortifrúti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co ainda podem acontecer, mas que para isso, a Americanas buscará propostas com preços adequados. “Fizemos um ‘market sound’ (sondagem), que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso”, disse.

Enquanto as discussões sobre o plano chegam à etapa final, a empresa avança na reformulação de sua atuação, que deve levá-la aos indicadores que prometeu entregar ao mercado em 2025. Segundo Coelho, a Americanas vai inverter a lógica do que apresentou aos investidores na última década: sua força será o canal físico, complementado pelas vendas do online, e não o contrário.

“Nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro”, disse ele sobre a operação de varejo virtual da companhia. Daqui em diante, a Americanas oferecerá no estoque próprio do site o mesmo tipo de produto que vende nas lojas. O restante virá dos vendedores parceiros, em um modelo que a companhia acredita que será mais rentável.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Os credores financeiros estão totalmente de acordo com as condições do plano?

A minha experiência diz que totalmente de acordo eles só vão estar quando fizerem a votação na assembleia. Tirando esse conservadorismo quase que profissional, a conversa com todos eles tem sido bastante boa nas últimas duas semanas e estamos chegando a um formato final. Devemos ter a maior parte deles embarcada até o fim do trabalho.

Lojas Americanas está no processo de recuperação judicial desde janeiro Foto: PEDRO KIRILOS / Estadão Conteúdo 

As divergências relativas a valores e condições de pagamento dos credores já estão pacificadas com os grandes credores, os bancos?

Está pacificado e na assembleia (geral de credores), por tudo o que temos hoje, o plano vai ser ratificado pelos credores. Basicamente, é isso. Obviamente, tenho de fazer essa ressalva, dentro de uma recuperação judicial não se consegue pagar todo mundo, então obviamente que tem gente que não foi contemplada com o melhor desenho possível, portanto não vai ter aprovação de 100%. Mas é um plano que está mais alinhado com os credores do que no passado.

Pode haver modificações em relação ao plano apresentado? Quais os pontos pendentes?

Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial. A mecânica financeira e os passos do plano de recuperação judicial estão acertados. O que está faltando nesse momento é a redação jurídica das cláusulas.

Vocês esperam uma aprovação em Assembleia Geral de Credores (AGC) até o final do ano, mas ouvimos que talvez a AGC vá para o ano que vem. Tem uma chance grande disso acontecer?

Não trabalhamos com outro cenário que não seja a realização da AGC neste ano.

Vocês soltaram comunicado sobre a desistência da venda da Hortifrúti e da Uni.co. Foi basicamente por preço?

Sim. Fizemos um market sound, que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso. Estamos com a liquidez equilibrada, e com o plano de recuperação judicial aprovado, essa liquidez continua equilibrada para o médio e longo prazo e, portanto, não há necessidade de fazer uma queima de ativo.

Ou seja, não é uma decisão definitiva?

O plano de recuperação conta que HNT e Uni.co são ativos que estarão à venda caso haja um preço adequado.

Um preço adequado seria por volta de R$ 1 bilhão para Hortifrúti?

O que está escrito no plano de recuperação judicial é que o primeiro R$ 1 bilhão vai para os credores. O que sobejar (ultrapassar) esse valor vai para a companhia, da soma de HNT, Uni.co e aeronave.

O Citi continua com mandato para fazer as vendas?

Continua.

Os números de 2023 podem provocar mudanças no plano?

Não vai mudar, não tem a capacidade de mudar nada das discussões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 nós devemos apresentar rápido, até o final de dezembro. Todo o plano de recuperação judicial está ancorado nas demonstrações financeiras de 2021 e 2022, que tínhamos a obrigação de apresentar para que o mercado tivesse a segurança de que a fraude estava toda ali dentro, e no plano de longo prazo, de 2025 em diante.

Olhando para Americanas à frente, a estratégia de mudança no digital já começou?

A estratégia de mudança no estoque do digital já começou. A recuperação judicial causou um choque no digital e uma preocupação natural se Americanas seria capaz de entregar e da mesma forma será que fará o repasse. Tendo a notícia ruim desse primeiro impacto, isso nos proporcionou a oportunidade de fazer mudanças mais rápido também. Já está em andamento essa estratégia e temos vários fornecedores que já migraram para essa estratégia.

Isso levou vocês a fazer algum tipo de liquidação, queima de estoque de produtos?

Sim, tínhamos produtos em nosso estoque e viemos fazendo programas de liquidação inteligente desse estoque desde junho deste ano.

Sobre o papel das lojas físicas na estratégia da Americanas, parece que a lógica foi invertida agora e elas ganham peso. É uma volta da Americana às origens, ao básico?

É uma volta às origens, sim. Lá atrás, o desenho que foi colocado era para ganhar tamanho, dentro da premissa que o mercado digital seria aquele em que o vencedor leva tudo. E havia uma guerra dentro do mercado brasileiro, entre Mercado Livre, Americanas e talvez um pouco de Amazon. Nesse desenho, a Americanas seguiu fazendo uma estratégia de gastos relevantes em marketing, especialmente para gerar tráfico inorgânico para dentro de seu “marketplace” digital, para vender produtos de margem muito baixa, em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Quando se somava tudo isso, o resultado era que nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro. É isso que estamos revertendo hoje, essa campanha para ser uma vencedora desse mercado em que o vencedor leva tudo. A fortaleza do nosso digital é outra, é dar para os mais de 50 milhões de clientes da Americanas a capacidade de estender sua jornada de consumo da loja física para a loja digital. Se um consumidor nosso quer comprar móvel e pneu, itens que não temos em loja física, ele pode continuar comprando na Americanas no nosso marketplace.

Ainda sobre a retomada da venda de ativos, o fator decisivo será o preço ou estão condicionadas no plano de RJ?

Não tem valor mínimo. Mas obviamente a decisão de venda é da companhia. Esse conceito de que tem que ter um valor justo para os ativos, já está acordado com todos os credores.

Havia muitas dúvidas sobre a viabilidade operacional da Americanas antes da publicação dos balanços. A Americanas é viável?

Dividimos a apresentação aos analistas hoje em três partes. A primeira mostrando a dificuldade operacional que tem uma empresa que gera R$ 13 bilhões de prejuízos em 2022. Essa dificuldade, sob a ótica da estrutura de capital, será resolvida no plano de recuperação judicial. E ninguém coloca R$ 24 bilhões em uma empresa que vai falir. Do ponto de vista da estrutura de capital, essa resposta vem com a aprovação do plano. Do ponto de vista da operação, o plano é agressivo sim. Mas não no que se refere à capacidade de venda, e sim no que se refere à capacidade de vender com margem. As vendas são até conservadoras e tudo aquilo que envolve a nossa operação, ou seja, que está dentro do nosso telhado com a nova capacidade de execução, é agressivo. Todo mundo aqui dentro acredita que é capaz de entregar os resultados que foram colocados ali dentro.

A Americanas está próxima de fechar o plano de recuperação judicial com os credores, e discute apenas pontos do acordo que vai regê-lo. O CEO da varejista, Leonardo Coelho, afirma que os números, como o do aporte de R$ 12 bilhões pelo trio de acionistas de referência, não mudarão.

“Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial”, afirmou ele ao Estadão/Broadcast. O executivo acaba de apresentar os números da empresa nos anos de 2021 e 2022, já com a contabilização da fraude bilionária que levou a Americanas à recuperação judicial.

Coelho afirmou que as vendas do Hortifrúti Natural da Terra (HNT) e da Uni.co ainda podem acontecer, mas que para isso, a Americanas buscará propostas com preços adequados. “Fizemos um ‘market sound’ (sondagem), que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso”, disse.

Enquanto as discussões sobre o plano chegam à etapa final, a empresa avança na reformulação de sua atuação, que deve levá-la aos indicadores que prometeu entregar ao mercado em 2025. Segundo Coelho, a Americanas vai inverter a lógica do que apresentou aos investidores na última década: sua força será o canal físico, complementado pelas vendas do online, e não o contrário.

“Nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro”, disse ele sobre a operação de varejo virtual da companhia. Daqui em diante, a Americanas oferecerá no estoque próprio do site o mesmo tipo de produto que vende nas lojas. O restante virá dos vendedores parceiros, em um modelo que a companhia acredita que será mais rentável.

Confira a seguir os principais trechos da entrevista:

Os credores financeiros estão totalmente de acordo com as condições do plano?

A minha experiência diz que totalmente de acordo eles só vão estar quando fizerem a votação na assembleia. Tirando esse conservadorismo quase que profissional, a conversa com todos eles tem sido bastante boa nas últimas duas semanas e estamos chegando a um formato final. Devemos ter a maior parte deles embarcada até o fim do trabalho.

Lojas Americanas está no processo de recuperação judicial desde janeiro Foto: PEDRO KIRILOS / Estadão Conteúdo 

As divergências relativas a valores e condições de pagamento dos credores já estão pacificadas com os grandes credores, os bancos?

Está pacificado e na assembleia (geral de credores), por tudo o que temos hoje, o plano vai ser ratificado pelos credores. Basicamente, é isso. Obviamente, tenho de fazer essa ressalva, dentro de uma recuperação judicial não se consegue pagar todo mundo, então obviamente que tem gente que não foi contemplada com o melhor desenho possível, portanto não vai ter aprovação de 100%. Mas é um plano que está mais alinhado com os credores do que no passado.

Pode haver modificações em relação ao plano apresentado? Quais os pontos pendentes?

Do ponto de vista dos números, não muda nada. O que está se discutindo agora é a redação jurídica do acordo que rege como vai ser o plano de recuperação judicial. A mecânica financeira e os passos do plano de recuperação judicial estão acertados. O que está faltando nesse momento é a redação jurídica das cláusulas.

Vocês esperam uma aprovação em Assembleia Geral de Credores (AGC) até o final do ano, mas ouvimos que talvez a AGC vá para o ano que vem. Tem uma chance grande disso acontecer?

Não trabalhamos com outro cenário que não seja a realização da AGC neste ano.

Vocês soltaram comunicado sobre a desistência da venda da Hortifrúti e da Uni.co. Foi basicamente por preço?

Sim. Fizemos um market sound, que trouxe preço quase que de ativo em liquidação, o que não é o caso. Estamos com a liquidez equilibrada, e com o plano de recuperação judicial aprovado, essa liquidez continua equilibrada para o médio e longo prazo e, portanto, não há necessidade de fazer uma queima de ativo.

Ou seja, não é uma decisão definitiva?

O plano de recuperação conta que HNT e Uni.co são ativos que estarão à venda caso haja um preço adequado.

Um preço adequado seria por volta de R$ 1 bilhão para Hortifrúti?

O que está escrito no plano de recuperação judicial é que o primeiro R$ 1 bilhão vai para os credores. O que sobejar (ultrapassar) esse valor vai para a companhia, da soma de HNT, Uni.co e aeronave.

O Citi continua com mandato para fazer as vendas?

Continua.

Os números de 2023 podem provocar mudanças no plano?

Não vai mudar, não tem a capacidade de mudar nada das discussões. Os números dos nove primeiros meses de 2023 nós devemos apresentar rápido, até o final de dezembro. Todo o plano de recuperação judicial está ancorado nas demonstrações financeiras de 2021 e 2022, que tínhamos a obrigação de apresentar para que o mercado tivesse a segurança de que a fraude estava toda ali dentro, e no plano de longo prazo, de 2025 em diante.

Olhando para Americanas à frente, a estratégia de mudança no digital já começou?

A estratégia de mudança no estoque do digital já começou. A recuperação judicial causou um choque no digital e uma preocupação natural se Americanas seria capaz de entregar e da mesma forma será que fará o repasse. Tendo a notícia ruim desse primeiro impacto, isso nos proporcionou a oportunidade de fazer mudanças mais rápido também. Já está em andamento essa estratégia e temos vários fornecedores que já migraram para essa estratégia.

Isso levou vocês a fazer algum tipo de liquidação, queima de estoque de produtos?

Sim, tínhamos produtos em nosso estoque e viemos fazendo programas de liquidação inteligente desse estoque desde junho deste ano.

Sobre o papel das lojas físicas na estratégia da Americanas, parece que a lógica foi invertida agora e elas ganham peso. É uma volta da Americana às origens, ao básico?

É uma volta às origens, sim. Lá atrás, o desenho que foi colocado era para ganhar tamanho, dentro da premissa que o mercado digital seria aquele em que o vencedor leva tudo. E havia uma guerra dentro do mercado brasileiro, entre Mercado Livre, Americanas e talvez um pouco de Amazon. Nesse desenho, a Americanas seguiu fazendo uma estratégia de gastos relevantes em marketing, especialmente para gerar tráfico inorgânico para dentro de seu “marketplace” digital, para vender produtos de margem muito baixa, em 12 vezes sem juros e com frete grátis. Quando se somava tudo isso, o resultado era que nós gastávamos dinheiro para perder dinheiro. É isso que estamos revertendo hoje, essa campanha para ser uma vencedora desse mercado em que o vencedor leva tudo. A fortaleza do nosso digital é outra, é dar para os mais de 50 milhões de clientes da Americanas a capacidade de estender sua jornada de consumo da loja física para a loja digital. Se um consumidor nosso quer comprar móvel e pneu, itens que não temos em loja física, ele pode continuar comprando na Americanas no nosso marketplace.

Ainda sobre a retomada da venda de ativos, o fator decisivo será o preço ou estão condicionadas no plano de RJ?

Não tem valor mínimo. Mas obviamente a decisão de venda é da companhia. Esse conceito de que tem que ter um valor justo para os ativos, já está acordado com todos os credores.

Havia muitas dúvidas sobre a viabilidade operacional da Americanas antes da publicação dos balanços. A Americanas é viável?

Dividimos a apresentação aos analistas hoje em três partes. A primeira mostrando a dificuldade operacional que tem uma empresa que gera R$ 13 bilhões de prejuízos em 2022. Essa dificuldade, sob a ótica da estrutura de capital, será resolvida no plano de recuperação judicial. E ninguém coloca R$ 24 bilhões em uma empresa que vai falir. Do ponto de vista da estrutura de capital, essa resposta vem com a aprovação do plano. Do ponto de vista da operação, o plano é agressivo sim. Mas não no que se refere à capacidade de venda, e sim no que se refere à capacidade de vender com margem. As vendas são até conservadoras e tudo aquilo que envolve a nossa operação, ou seja, que está dentro do nosso telhado com a nova capacidade de execução, é agressivo. Todo mundo aqui dentro acredita que é capaz de entregar os resultados que foram colocados ali dentro.

Entrevista por Matheus Piovesana

Matheus Piovesana é repórter do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Responsável por cobrir bancos, pagamentos e seguros, é formado em jornalismo pela UFPR, tem especialização em jornalismo econômico pela FGV-SP e cursa MBA em Mercado Financeiro e de Capitais no Mackenzie. Ganhador de dois Prêmios Abecip de Jornalismo.

Altamiro Silva Junior

Altamiro Silva Junior é repórter especial do Broadcast. Responsável pela cobertura de negócios e bancos de investimento, é formado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com mestrado em Economia pela mesma universidade. Foi correspondente da Agência Estado em Nova York por quatro anos e seis meses, entre 2012 e 2017.

Cynthia Decloedt

Cynthia Decloedt é repórter especial, com foco na cobertura de mercado financeiro e de capitais

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.