Copom deu recado de que não vê espaço para queda da Selic no curto prazo, diz Sérgio Goldenstein


Para estrategista-chefe da Warren Rena, comunicado do Copom foi bastante duro; queda dos juros só deve ocorrer após agosto, avalia

Por Luiz Guilherme Gerbelli
Atualização:
Foto: Fernando Nectoux/Divulgação/Warren Rena
Entrevista comSérgio GoldensteinEstrategista-chefe da Warren Rena

Na avaliação do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da reunião desta quarta-feira, 3, – que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano – foi bastante duro, e o recado dado pelo Banco Central é de que a Selic não deve cair tão cedo.

Goldenstein ainda aguarda a ata da reunião, mas diz que a sua previsão para o início do corte da taxa de juros em agosto deve ser postergada. Antes da reunião desta quarta, a Warren Rena estimava a Selic em 11,50% no fim do ano.

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“A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário”, diz Goldenstein, que foi chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC entre 2001 e 2005.

A seguir os principais trechos da entrevista.

Queda da Selic deve ficar para depois de agosto, diz Goldenstein Foto: Fernando Nectoux/Divulgação/Warren Rena
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Como o sr. avalia a decisão do BC e, sobretudo, o comunicado?

A decisão de manutenção já era completamente esperada. Então, a dúvida centrava-se no comunicado. E o comunicado manteve um tom bastante duro. Acho que tem uma combinação de detalhes que referendam essa interpretação.

Quais são esses detalhes?

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Quando a gente olha a descrição do balanço de riscos, a alteração foi bem discreta. O BC manteve como o risco altista a questão fiscal e, agora, aponta o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso. Ele não citou a eliminação do risco de cauda (com o arcabouço) de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB, manteve como risco altista a questão fiscal e, praticamente, desconsiderou o que aconteceu no mercado no período recente, com trajetória benigna da taxa de câmbio. O real se apreciou de forma relevante. A discussão do balanço de riscos continua um pouco dura. E outro ponto bem relevante é que o BC fala o seguinte, e isso uma novidade: o “Copom avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”.

Qual é o recado do Copom?

Para mim, ele dá um recado de que não vê espaço para iniciar o ciclo de queda da Selic no curto prazo. E isso também se vê pelo fato que ele manteve a possibilidade de voltar a subir a Selic. Ele fez um disclaimer de que é um cenário menos provável, mas muitos analistas entendiam que essa frase poderia ser excluída, inclusive a gente.

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Por que poderia ser excluída?

O novo arcabouço fiscal, apesar de ter sustentado diversas dúvidas e questionamentos, reduziu ou eliminou aquele risco de cauda de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB. O segundo ponto é que as expectativas de inflação nas últimas semanas se estabilizaram. Estão num patamar alto? Estão. Seria importante que elas declinassem. Mas qual seria o grande risco para o Banco Central? Seria a continuidade desse processo de piora das expectativas, o que não se legitimou.

O comunicado muda a sua projeção para a taxa de juros?

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Vamos esperar a ata para, se for o caso, fazer uma reavaliação. A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário.

Qual é a leitura da decisão do Fed de subir os juros em 0,25 ponto porcentual?

O mercado comprou a ideia de que é muito mais provável uma pausa na próxima reunião. Nesse sentido, isso é favorável para os ativos de risco. Hoje (quarta-feira), as moedas se valorizaram. Isso nos favorece, porque o que pode ajudar numa desinflação mais rápida do Brasil é uma depreciação adicional do real.

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O que precisa acontecer para o BC cortar juros?

Tem uma incerteza grande do lado fiscal. Tem muita dúvida com relação ao arcabouço e com a própria execução da política fiscal. Então, o primeiro ponto é que ocorra uma redução adicional dos riscos fiscais. Se isso acontecer, contribui não só para valorização do câmbio, mas pode ajudar para algum declínio das expectativas de inflação. O segundo ponto seria uma definição, o quanto antes, da meta de inflação. Nesse ambiente de incerteza, o mercado tende a ter uma postura mais pessimista. Vale lembrar que uma parcela relevante da desancoragem das expectativas de inflação decorreu dos ruídos e das discussões sobre a meta de inflação.

Qual pode ser o peso do cenário externo num eventual corte de juros?

Ele está mais favorável. O enfraquecimento global do dólar e essa sinalização do Fed de encerramento do ciclo de aperto monetário favorecem (o Brasil). E, no período recente, a gente vem observando uma queda relevante nos preços do petróleo e das commodities agrícolas. Isso também pode ajudar aqui no processo de desinflação.

Na avaliação do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da reunião desta quarta-feira, 3, – que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano – foi bastante duro, e o recado dado pelo Banco Central é de que a Selic não deve cair tão cedo.

Goldenstein ainda aguarda a ata da reunião, mas diz que a sua previsão para o início do corte da taxa de juros em agosto deve ser postergada. Antes da reunião desta quarta, a Warren Rena estimava a Selic em 11,50% no fim do ano.

“A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário”, diz Goldenstein, que foi chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC entre 2001 e 2005.

A seguir os principais trechos da entrevista.

Queda da Selic deve ficar para depois de agosto, diz Goldenstein Foto: Fernando Nectoux/Divulgação/Warren Rena

Como o sr. avalia a decisão do BC e, sobretudo, o comunicado?

A decisão de manutenção já era completamente esperada. Então, a dúvida centrava-se no comunicado. E o comunicado manteve um tom bastante duro. Acho que tem uma combinação de detalhes que referendam essa interpretação.

Quais são esses detalhes?

Quando a gente olha a descrição do balanço de riscos, a alteração foi bem discreta. O BC manteve como o risco altista a questão fiscal e, agora, aponta o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso. Ele não citou a eliminação do risco de cauda (com o arcabouço) de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB, manteve como risco altista a questão fiscal e, praticamente, desconsiderou o que aconteceu no mercado no período recente, com trajetória benigna da taxa de câmbio. O real se apreciou de forma relevante. A discussão do balanço de riscos continua um pouco dura. E outro ponto bem relevante é que o BC fala o seguinte, e isso uma novidade: o “Copom avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”.

Qual é o recado do Copom?

Para mim, ele dá um recado de que não vê espaço para iniciar o ciclo de queda da Selic no curto prazo. E isso também se vê pelo fato que ele manteve a possibilidade de voltar a subir a Selic. Ele fez um disclaimer de que é um cenário menos provável, mas muitos analistas entendiam que essa frase poderia ser excluída, inclusive a gente.

Por que poderia ser excluída?

O novo arcabouço fiscal, apesar de ter sustentado diversas dúvidas e questionamentos, reduziu ou eliminou aquele risco de cauda de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB. O segundo ponto é que as expectativas de inflação nas últimas semanas se estabilizaram. Estão num patamar alto? Estão. Seria importante que elas declinassem. Mas qual seria o grande risco para o Banco Central? Seria a continuidade desse processo de piora das expectativas, o que não se legitimou.

O comunicado muda a sua projeção para a taxa de juros?

Vamos esperar a ata para, se for o caso, fazer uma reavaliação. A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário.

Qual é a leitura da decisão do Fed de subir os juros em 0,25 ponto porcentual?

O mercado comprou a ideia de que é muito mais provável uma pausa na próxima reunião. Nesse sentido, isso é favorável para os ativos de risco. Hoje (quarta-feira), as moedas se valorizaram. Isso nos favorece, porque o que pode ajudar numa desinflação mais rápida do Brasil é uma depreciação adicional do real.

O que precisa acontecer para o BC cortar juros?

Tem uma incerteza grande do lado fiscal. Tem muita dúvida com relação ao arcabouço e com a própria execução da política fiscal. Então, o primeiro ponto é que ocorra uma redução adicional dos riscos fiscais. Se isso acontecer, contribui não só para valorização do câmbio, mas pode ajudar para algum declínio das expectativas de inflação. O segundo ponto seria uma definição, o quanto antes, da meta de inflação. Nesse ambiente de incerteza, o mercado tende a ter uma postura mais pessimista. Vale lembrar que uma parcela relevante da desancoragem das expectativas de inflação decorreu dos ruídos e das discussões sobre a meta de inflação.

Qual pode ser o peso do cenário externo num eventual corte de juros?

Ele está mais favorável. O enfraquecimento global do dólar e essa sinalização do Fed de encerramento do ciclo de aperto monetário favorecem (o Brasil). E, no período recente, a gente vem observando uma queda relevante nos preços do petróleo e das commodities agrícolas. Isso também pode ajudar aqui no processo de desinflação.

Na avaliação do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da reunião desta quarta-feira, 3, – que manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano – foi bastante duro, e o recado dado pelo Banco Central é de que a Selic não deve cair tão cedo.

Goldenstein ainda aguarda a ata da reunião, mas diz que a sua previsão para o início do corte da taxa de juros em agosto deve ser postergada. Antes da reunião desta quarta, a Warren Rena estimava a Selic em 11,50% no fim do ano.

“A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário”, diz Goldenstein, que foi chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC entre 2001 e 2005.

A seguir os principais trechos da entrevista.

Queda da Selic deve ficar para depois de agosto, diz Goldenstein Foto: Fernando Nectoux/Divulgação/Warren Rena

Como o sr. avalia a decisão do BC e, sobretudo, o comunicado?

A decisão de manutenção já era completamente esperada. Então, a dúvida centrava-se no comunicado. E o comunicado manteve um tom bastante duro. Acho que tem uma combinação de detalhes que referendam essa interpretação.

Quais são esses detalhes?

Quando a gente olha a descrição do balanço de riscos, a alteração foi bem discreta. O BC manteve como o risco altista a questão fiscal e, agora, aponta o desenho final do arcabouço a ser aprovado pelo Congresso. Ele não citou a eliminação do risco de cauda (com o arcabouço) de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB, manteve como risco altista a questão fiscal e, praticamente, desconsiderou o que aconteceu no mercado no período recente, com trajetória benigna da taxa de câmbio. O real se apreciou de forma relevante. A discussão do balanço de riscos continua um pouco dura. E outro ponto bem relevante é que o BC fala o seguinte, e isso uma novidade: o “Copom avalia que a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”.

Qual é o recado do Copom?

Para mim, ele dá um recado de que não vê espaço para iniciar o ciclo de queda da Selic no curto prazo. E isso também se vê pelo fato que ele manteve a possibilidade de voltar a subir a Selic. Ele fez um disclaimer de que é um cenário menos provável, mas muitos analistas entendiam que essa frase poderia ser excluída, inclusive a gente.

Por que poderia ser excluída?

O novo arcabouço fiscal, apesar de ter sustentado diversas dúvidas e questionamentos, reduziu ou eliminou aquele risco de cauda de uma trajetória explosiva da relação dívida/PIB. O segundo ponto é que as expectativas de inflação nas últimas semanas se estabilizaram. Estão num patamar alto? Estão. Seria importante que elas declinassem. Mas qual seria o grande risco para o Banco Central? Seria a continuidade desse processo de piora das expectativas, o que não se legitimou.

O comunicado muda a sua projeção para a taxa de juros?

Vamos esperar a ata para, se for o caso, fazer uma reavaliação. A nossa expectativa era o início do ciclo de relaxamento em agosto. Pelo comunicado, a gente entende que essa probabilidade diminui dado o tom bem duro do Banco Central. O risco, hoje, é de uma postergação do ciclo de relaxamento monetário.

Qual é a leitura da decisão do Fed de subir os juros em 0,25 ponto porcentual?

O mercado comprou a ideia de que é muito mais provável uma pausa na próxima reunião. Nesse sentido, isso é favorável para os ativos de risco. Hoje (quarta-feira), as moedas se valorizaram. Isso nos favorece, porque o que pode ajudar numa desinflação mais rápida do Brasil é uma depreciação adicional do real.

O que precisa acontecer para o BC cortar juros?

Tem uma incerteza grande do lado fiscal. Tem muita dúvida com relação ao arcabouço e com a própria execução da política fiscal. Então, o primeiro ponto é que ocorra uma redução adicional dos riscos fiscais. Se isso acontecer, contribui não só para valorização do câmbio, mas pode ajudar para algum declínio das expectativas de inflação. O segundo ponto seria uma definição, o quanto antes, da meta de inflação. Nesse ambiente de incerteza, o mercado tende a ter uma postura mais pessimista. Vale lembrar que uma parcela relevante da desancoragem das expectativas de inflação decorreu dos ruídos e das discussões sobre a meta de inflação.

Qual pode ser o peso do cenário externo num eventual corte de juros?

Ele está mais favorável. O enfraquecimento global do dólar e essa sinalização do Fed de encerramento do ciclo de aperto monetário favorecem (o Brasil). E, no período recente, a gente vem observando uma queda relevante nos preços do petróleo e das commodities agrícolas. Isso também pode ajudar aqui no processo de desinflação.

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