Os pedidos de recuperação judicial registraram leve crescimento em outubro, mas especialistas afirmam que a tendência permanece de números baixos neste fim de ano, período sazonalmente favorável para a atividade econômica. A partir do ano que vem, mesmo com a vacinação em estágio mais avançado, a expectativa é de uma mudança de rota com o baixo crescimento econômico, juros mais elevados e possível aumento da inadimplência.
Dados do Serasa Experian obtidos pelo Estadão/Broadcast mostram crescimento de 5,3% nos pedidos de recuperação judicial feitos por empresas em outubro, em relação ao mês anterior. No acumulado de janeiro a outubro deste ano foram 756 pedidos, uma baixa de 28% sobre o mesmo período do ano passado (1.054). Os números eram ainda maiores em 2019, quando foram feitos 1.154 pedidos de janeiro a outubro, conforme os dados da Serasa.
Baixa.
Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, explica que os números vêm em queda desde meados do ano. Para ele, o pequeno incremento de outubro pode ser lido como estabilidade. O economista afirma que o resultado reflete medidas tomadas pelo governo federal durante a pandemia, como a facilitação do acesso ao crédito, a flexibilização da jornada de trabalho e o auxílio emergencial destinado aos trabalhadores informais.
“Os pedidos de recuperação judicial só vão entrar em tendência de alta quando a inadimplência piorar, o que deve acontecer no início de 2022”, afirma Rabi, citando o encarecimento das despesas financeiras das empresas com a alta dos juros.
Sócios do escritório Marcello Macêdo Advogados, Guilherme Macêdo e Uri Wainberg concordam que a pandemia não provocou a dispara esperada de pedidos de recuperação judicial e também de falência no País. Dados levantados pelo escritório mostram que 68% dos pedidos realizados de janeiro a setembro deste ano são de micro e pequenas empresas e 21% de empresas de médio porte – 73% são de empresas de serviços e comércio. “Os varejistas que estavam mais avançados no processo de digitalização conseguiram, atravessar bem a pandemia”, afirma Wainberg.